O oportunista

sábado, 3 de setembro de 2011

Tinha um sujeito na pacata cidade de Cabribó que se acomodava a quaisquer circunstâncias para se chegar mais facilmente a um resultado que lhe favorecesse. Sentado num  pequeno banco de madeira ao lado da Câmara de Vereadores, usando gravata sobre a camisa social  branca  e calças  jeans desbotada,  assistia a tudo,  sempre atento a pequenos detalhes. Ouvia todos os dias a gritaria dentro da Câmara, pois naquela semana estavam discutindo sobre impedimento do Prefeito em face de  irregularidades praticadas na Prefeitura, ainda assim, ele ficava ali impassível. Algumas pessoas que passavam pareciam lhe nutrir uma justificável raiva e a outras ele despertava certa simpatia desinteressada, entretanto, continuava ali, como quem não queria nada, geralmente disfarçado de executivo. Escutava o debate, anotava alguma coisa e levava para o Prefeito que em contrapartida lhe oferecia algumas “benesses”.

Quando jogava futebol no campo de terra da fazenda Bambuzal se achava um atacante nato e a palavra oportunista era para ele o maior elogio. Só o atacante podia ser oportunista e esse mérito ninguém lhe tirava. Tinha tanta certeza que nem corria, ficava o tempo todo parado na área até que uma bola o procurasse, com um lançamento em profundidade feito por um meia-esquerda ou cruzamento perfeito de um ponta-direita. Fazia alguns gols para que o resto time não viesse a odiá-lo. Um dia resolveu se candidatar a vereador por pelo seu Partido que era adversário do outro candidato a Prefeito, o qual, antes mesmo de iniciar a disputa, começou a liderar as pesquisas eleitorais e aí Carlão não titubeou, passou a apoiar o candidato adversário no afã de conseguir mais tarde, caso não fosse eleito, um cargo melhor ou ser mantido no atual.  Na realidade aquele oportunista não se importava com os mexericos que corriam de boca a boca e nem para as notícias divulgadas incansavelmente pelo pequeno jornal da cidade. Ele simplesmente esperava a oportunidade lhe procurar, como a bola o procurava naquele campo de terreno batido.
Moral da história: A nossa política atual está parecida com aquela do sujeito oportunista, pois pessoas que antes eram adversárias, hoje ao verem o candidato vitorioso, descem do muro, procuram os jornais para  manifestar apoio e até falam mal de seus companheiros de Partido para sustentar sua tese de apoio; outras saltam de seus pára-quedas e descem sobre a arena palaciana como se fossem anjos. Como instrumento de defesa, entendo que o candidato eleito deve pegar uma peneira recheada de razão e balançá-la rumo ao vento da verdade para que possam cair sobre a terra somente aqueles que abraçaram a campanha desde o início, sem medo, podendo-se, claro, incluir aqueles líderes competentes que, sem mechas de traidores, sem práticas de politicagem e de forma desinteressada, tiverem condições de colaborar de modo efetivo, eficaz e zelosamente com o novo Governo, principalmente quando este assume um dívida  astronômica deixado de forma irresponsável pelo governo anterior. É hora de todos se unirem.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA. Advogado, escritor e diretor jurídico da UBE – União Brasileira de Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com

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