Reprisando sonhos represados...

sábado, 6 de setembro de 2014



Buscar incessantemente sonhos ainda não realizados sempre foi meu desejo. Aos doze anos de idade anos já deixava de brincar nas ruas poeirentas e com uma caixa de engraxar sapatos me aventurava em meio à agitação da vida urbana. Solitário, perambulava pelas ruas da cidade à busca do famigerado dinheiro para ajudar no sustento da família e como me cansava! O sol queimava meu rosto, mas não queixava, pois era única testemunha da minha labuta diária e vontade de vencer. Caminhava a passos lentos e a cada sombra, deleitava-me e sonhava... Sonhava alto... Primeiro em concluir o ensino médio, feito sem muita cobrança por parte de minha mãe, que por sinal, nem tinha tempo para isso. Cuidava-se de nove filhos, todos menores. Aos treze anos abandonei a caixa de madeira que carregava sobre o ombro, bem como, a tabuinha de pirulito, o carrinho de esterco, e aos quinze, a bicicleta, que usava para fazer cobrança para uma joalheria. Nessa loja, assumi a vaga de atendente na carteira de cobrança e a bicicleta, logicamente, a partir daquele dia, passou para o meu substituto, um garoto franzino. O meu sonho começava a se realizar. Sentia que o meu futuro seria promissor e aí agarrei com “unhas e dentes” aquele trabalho e no mesmo ano tive que me apresentar ao Exército, optando pela FAB – Força Aérea Brasileira, mas, meses depois, pego de surpresa pela saudade da família, retornei! De volta à Goiânia onde tudo começou, voltei a trabalhar na área administrativa, com a mesma visão de crescimento profissional, assumindo a convite do mesmo proprietário, e por méritos, a chefia de carteira de cobrança e crediário de outra grande rede de lojas – a Jóia Lar Ltda. Tudo começava a tomar um novo rumo.

Sempre muito organizado, prestativo e carregando uma conduta ilibada, mais tarde, um dos sócios, eleito Presidente de uma entidade, me convidou a assumir a Secretaria Executiva do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás, onde trabalhei por quase oito anos. Depois fui Gerente de várias lojas comerciais, de Bancos e Secretário Executivo de outras entidades sindicais. Formando em direito exerci a advocacia por quase trinta e dois anos e nesse interregno, assumi também vários cargos importantes tanto como servidor efetivo da Assembleia Legislativa, ou comissionado, na Administração Pública Municipal e Estadual, sempre procurando fazer um bom trabalho. Posso afirmar que durante a minha lida profissional e ou mesmo pessoal, foram momentos fantásticos inesquecíveis e não me arrependo de nada. Fui agraciado com muitos diplomas de honra ao mérito, títulos honoríficos, troféus, medalhas... Tudo que fazia era feito com muito ordenamento, dedicação e probidade administrativa. O destino que tem o costume de mudar vida de pessoas, no que tange a minha, não mudou e quando mudou, foi para melhor...

Mesmo em alguns momentos vivendo a vida a 360º e já com o rosto já carcomido pelas intempéries do tempo nunca deixei de sonhar e continuo sonhando, e hoje, com o poder a escrita, vou rabiscando, redesenhando caminhos, reprisando sonhos represados, procurando novos rumos e Deus onipotente, que sempre esteve comigo em todos os momentos, deu-me e continua dando-me a sabedoria de usar as entrelinhas do meu silêncio e delas, extraírem coisas boas. Com ELE me amparando, tornou-me forte e aí brinco sério com as palavras e não escrevo por escrever. Disse certa vez, numa crônica anterior, que não me arrependo do que escrevo, porque penso antes de escrever e quando a mente cansa, procuro usar as asas da imaginação para alcançar o imprevisível. Quando falo por falar, sinto que pode ocorrer um equívoco, me arrependo e, uma vez que falo, não posso "desdizer", voltar atrás e pedir desculpas, porque me soa mal, muito mal. Por isto é que prefiro escrever, pois escrevendo tenho mais chances de corrigir meu pensamento, colocar no lugar certo os pontos e vírgulas e até reticências para não soarem como as pausas que preciso para que todos me entendam. Reflito e me questiono mais ao escrever. Escrevo, apago alguns textos quando os acho infantis, outros, inéditos e profundos, me comovo, e em certos momentos, excluo novamente frases inteiras para depois, escrever de novo. São os ócios do ofício de um escritor, de cronistas. Não sei se um dia vou aprender a arte de bem falar, mesmo sabendo que não falo tão mal assim e expresso bem o que escrevo, porque sai do fundo da alma, mas quando se trata de falar de sonhos, repriso alguns e represo outros, para depois, devagar, devagarzinho, abrir as comportas para alcançar outros sonhos...

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