Mundo desigual

domingo, 18 de dezembro de 2016


Voltar ao passado depois de viver décadas à procura do saber, de entender as pessoas é como decifrar sinais sem ter tido a sapiência necessária para, pelo menos, tentar saber o que querem da vida e o que pretendem enxergar no futuro. Voltar a ser de repente tão frágil como a uma criança seria como forçar a barra diante de Deus. Impossível! E é isso o que eu sinto neste momento de reflexão... E refletindo vou me enredando, conspirando, intrigando, juntando, ligando, maquinando, prendendo, tramando, unindo, urdindo diante do meu próprio universo. Em certos momentos, ao trazer de volta alguns pensamentos arquivados num mundo incógnito comecei a refletir: “Deus é isto. Deus é beleza que se ouve e se manifesta no silêncio”. E eu ali debruçado na janela pensando: Quanto mais desciam águas pelo vão quadriculado entendia o motivo daqueles minúsculos espelhos d’água se debater sobre ela. Tudo ali parecia orquestrado pela natureza que tentava me convencer que eu vivia num mundo desigual. Que vivia no planeta do absurdo, e o pior que é verdade. Mas o mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos era clarividente a desigualdade, infelizmente. Ele mostrava seu contraste longe ali, lá e acolá ou até onde meus olhos alcançava

Mundo desigual mesmo. Doenças que se alastram e algumas incuráveis, que deixam as pessoas desnorteadas tornando-as deficientes ou incapazes para o trabalho. Mas ali do alto da janela meus olhos desfrutavam de tanta beleza que jamais imaginaria outras coisas a nós impostas, e às vezes, achava serem apenas cenas represadas no meu subconsciente, mas não eram. Como contestar isso se os meios de comunicação mostram fatos novos todos os dias como: crianças e mulheres que se prostituem para sobreviverem; crimes de pedofilia, chacinas, roubos sequestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos favorecidos. Isto realmente não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana. E é aí que tento refletir sobre isso, mas às vezes sinto os meus passos regredirem quando muitos outros avançam; vejo pássaros adentrarem em ninhos como o sangue faz em nossas veias, mas este, sempre com o rumo certo: o coração. Até mesmo as rédeas que nos amarra podem estar unindo também nossos destinos. É como se a gente fosse um diamante bem lapidado brilhando em almas serenas.

Como pode a gente ter sentimentos e não ter a capacidade de discernimento, nem o mais claro proceder ou amplitude do que pensamos de nós mesmos. Nem o mais claro proceder, nem o pensamento mais amplo é capaz de se firmar, tudo muda quando trata-se de mero assistente e não condescendente. Geralmente nos distanciamos dos rancores e da violência, pois acreditamos que só o amor como a ciência nos tornam tão inocentes. O amor é turbilhão de pureza original, assim como o animal que mesmo feroz sussurra adocicado. Deu um tempo raça humana! Liberta-te dos jugos, das arrogâncias, dos fingimentos e insensatez! Ainda há tempo de amar, usar suas dedicatórias para Deus e voltar a ser menino. Ainda há tempo... Sim, a ampla janela aberta, talvez como se fosse pura magia, Deus entrará por ela com o seu manto o protegerá das manhãs frias e das incertezas de um novo amanhã..

Ao ver a multidão perdida na escuridão da vida e sem a presença de Deus, preocupei-me sobremaneira de ver muitos deles perderem a sua ligação com a igreja na qual foram batizados. Outros, sentindo-se excluídos pela sociedade, violentados moralmente e impossibilitados de terem acesso aos bens necessários para a sua sobrevivência, ficam frustrados e se deixam tomar pelo desânimo, deturpam-se as mentes e deturpadas, partem para as formas mais fáceis de ganhar dinheiro, exemplificado no tráfico de drogas, que tem levado muitos jovens ao crime e à morte prematura. Alguns, sem a orientação eficaz, mudam de religião como se estivessem trocando de roupa ou sem esperança, tornam-se indiferente a tudo, fato que a igreja deve procurar saber para obter uma resposta mais adequada para combater os desafios aqui constatados.

Neste momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e o sopro do vento que vem de um céu coberto por nuvens, comecei a entender realmente que não só a sociedade brasileira está na UTI, mas todo o planeta Terra. A doença do egoísmo e da maldade domina todo o sistema, onde, de forma excludente, não se consegue realçar a solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um mundo mais humano e fraterno. È necessário que a perda progressiva do seu senso ético e o próprio individualismo como se fosse uma doença incurável, possa ser retirada com a inserção do bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça, que está sendo vilipendiada dia a dia possa se recuperar diante da opinião pública, deixar bons exemplos para que o povo sofrido, o indefeso, os mais fracos e os menos favorecidos possam enxergar uma luz no fim do túnel e quiçá, um dia, o mundo deixe de ser desigual.


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