Existir, eis a questão.

quarta-feira, 6 de junho de 2018



Há tantos anos um amor inócuo e profundo vem persistindo tão constante quanto à existência do mundo. Eu nasci, lutei, vivi, sobrevivi e até chequei perto da morte. Não entendia o porquê de ter sido tão abençoado durante o meu existir. Foram incontáveis os anos vividos cheio de nuances que nem deu para contabilizá-las. Sonhei, deixe amontoar em minha mente versos e mais versos que fazia sem me inspirar no clarão da lua ou de um belo amanhecer. Quando escrevia me sentia voando, alcançar o imaginário e vibrar com aquele imenso espaço que eu mesmo criava em meu subconsciente, tudo com intuito de superar dores, buscar alegrias e coragem suficiente para um viver melhor. Mas tem dia que chega o momento da gente não mais poder voar, desaparecer, ir à busca de um mundo inóspito ou subir ao cosmo e brilhar como a lua e as estrelas, e tentar aportar perto de cada um deles e ver suas sombras cobrirem a imensidão do universo.

Não sei dizer se o meu existir me cansa ou se eu é que me sinto fadigado diante da minha existência. Repito sempre, ou quase, sobre os lamentos do dia-a-dia, desde o momento em que me levanto e vou ao trabalho, do regresso de um lugar aprazível ou quando descanso no dia seguinte para começar tudo de novo. Essa é a mudança que muitos não aceitam de forma alguma, principalmente se uma oportunidade lhes é ofertada. Ter que recomeçar alguma coisa ou tudo de novo, abala-me e sei que acontece com muita gente, pois assim é a vida, corriqueira e imutável, que pode trazer segurança, mostrar os caminhos, os atalhos, os desvios e as curvas que muitos devem evitar.

Avançar, recomeçar é preciso, principalmente quando o que temos já não nos satisfaz. Recomeçar é sempre possível quando colocamos de lado as dúvidas, pois perdedor na vida não é quem tentou e não conseguiu, mas sim aquele que abandonou a coragem e perdeu a fé. Sei que o mundo me prefere com dois braços e duas pernas, mas poderia ser muito mais. Sorrir às vezes cansa. Chorar também. Mas o que mais cansa é procurar desesperadamente um intermediário e esquecer que o mundo é mais que aparências. Eu procuro ser correto. Mas ser correto demais diante de um mundo profano em que hoje vivemos também cansa. Porque ninguém leva a sério alguém que passa a semana reclamando pra ficar bem na semana seguinte. É como se a gente fosse ser feliz pra sempre ou triste pra sempre.

Eu gosto do diferente, às vezes canso do igual, de sonhos iguais, de vestimentas iguais e de conversas iguais. Cansei de virar as páginas da minha vida. Estou na hora de mudar de livro e folhear outros e roçar meus pensamentos com novas idéias. É gostoso sentir essa vontade mesmo sabendo que sempre me senti muito bem vivendo cheio de certezas e dos momentos que inventei para ser o que hoje sou. Sei que faz muito tempo, mas viver repaginando os meus e outros livros, tem-me deixado tão leve que parece fácil continuar, totalmente diferente na minha existência que, além do azedo que talvez possa estar carregando nas minhas entranhas, ainda assim queria que as lembranças azedas fossem excluídas de minha mente e nelas incluídas, mais além daquilo que gosto. Talvez eu esteja sendo pretensioso demais ao projetar neste texto um modo de viver e de existir, pois é sabido que a vida é muito mais que só existir.



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