Ainda existe luz no fim do túnel

quinta-feira, 19 de julho de 2018


Naquele quarto frio, iluminado por uma pequena lamparina, parede construída de puro adobe, porta com tramelas, crianças desnutridas, amontoadas em pequenos colchões, vislumbra-se a figura angustiada de um homem trabalhador a espera de dias melhores e da realização de seu maior sonho: ter sua casa própria.

Anestesiado pela dor que pune as paredes estomacais pela falta ingestão de alimentos, aquele trabalhador possuído por uma impropriedade mundana corroída  pelas intempéries do tempo, ainda consegue assistir na sua pequena TV em preto em branco, além de  sussurros, maledicências, também as descrições  metafóricas das sandices de locutores esportivos criticando os jogadores brasileiros.  Ele assistia estupefato ao jogo ruim e à desclassificação da seleção brasileira e outros comentários sobre atos de corrupção na CBF e ou mesmo do presidente da república que nem tava aí pra seleção e se o Brasil se encontrava em estado de penúria, eram comentários que mais  parecia uma cena de filme de ficção, mostrando uma desfaçatez absurda e curiosa que não se limitam a própria esfera de seu infortúnio político.

Não mais suportando estas decepções que a vida nos prega, tento corroborar a tentativa fajuta de escape de minha circunstância natural refutada pela aversão ontológica daqueles que escarnecem do eleitor, do trabalhador, do honrado, do honesto, do... Aqueles que se esbravejam diante das minhas minúcias; aqueles inescrupulosos desguarnecidos em seu próprio habitat, que fugidamente retroagem aos gêneses dos ritmos das marchas fúnebres. Tudo parece pousar na personagem maculada dos observadores mais atentos, a figura de  um corrupto, de um rosto-preguiça pálido sentado em poltronas de anos de maledicências, mostrando uma silhueta disposta ao ridículo.

Naquele rosto desguarnecido de qualquer compostura e respeito ao povo brasileiro e diante de uma seleção desclassificada, estampado na primeira página de um jornal, se vislumbrava uma profunda abstração em forma de pintura de escárnio, tal como aquela dor que sobe por nosso estômago e que muitas vezes nos levam ao vômito.

O Brasil está fora das finais da Copa do Mundo, mas esquecem que isto fortaleceu patriotismo, rejuvenescerá e se estenderá até outubro, quando o povo escalará um time que, mais do que levantar uma taça, poderá erguer o País e dizimar de vez essa corja corrupta que vem saqueando os cofres públicos. Hoje até podemos não estar respirando melhor a nossa dor. Hoje até podemos não contrair nossos músculos de moralidade, mas de uma coisa tenho certeza, pois em outubro usaremos nossa arma, o voto para eliminar de vez os políticos que não respeitam a coisa pública. Depois de outubro retornamos a um novo tempo, tempo do trabalho, da recuperação do crédito e do trabalho honesto, tempo de podermos pagar em dia as nossas dívidas e  na certeza de que, as lágrimas derramadas com a derrota da seleção brasileira significarão e muito, pois delas surgirão sorrisos e vitórias e todos se sentirão felizes e capazes de verificar que ainda existe luz no fim do túnel antes mesmo que estas linhas sejam denotadas de melancolia, dor e decepção.

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