Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Minutos de reflexão.

domingo, 28 de dezembro de 2014

Preocupado com o ano que se aproximava, sentei-me à beira daquele rio, sem anzol, sem iscas, sem nada. Nada mesmo! Apenas ele, a natureza e eu. Ele nem era piscoso e há muito não atraía pescadores. Mas era um local aprazível, encantador, sempre me sentia bem quando ia lá. Próprio para meditar ou refletir. Naquele dia levei comigo apenas o pensamento e este, sem se importunar com os cânticos entoados pelas araras, ia e voltava na velocidade da luz, tão veloz que meus olhos jamais podiam imaginar e aí, restou-me apenas manter meus olhos fixos sobre as águas que recebiam cintilantes raios de sol, e depois, curvar o meu rosto sobre os joelhos e refletir. Em certo momento, ao trazer de volta alguns pensamentos que retornavam de um mundo incógnito comecei a refletir: “Deus é isto. Deus é beleza que se ouve e se manifesta no silêncio”. Quanto mais desciam águas pelo leito íngreme entendia o motivo daqueles minúsculos espelhos d’água se debater sobre ele. Tudo ali parecia orquestrado pela natureza que tentava me convencer que eu vivia num mundo desigual. No planeta do absurdo, e o pior que era verdade. Mas o mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos era bastante clarividente, infelizmente, ele mostrava seus contrastes longe dali: doenças que se alastram e algumas incuráveis, que deixam as pessoas desnorteadas tornando-as deficientes ou incapazes para o trabalho. Mas ali diante dos meus olhos era tanta beleza que jamais imaginaria outras coisas impostas e às vezes, achava serem apenas cenas represadas no meu sub consciente, mas não eram. Como contestar isso se os meios de comunicação mostram fatos novos todos os dias como: crianças e mulheres que se prostituem para sobreviverem; crimes de pedofilia, chacinas, roubos seqüestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos favorecidos. Isto realmente não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana.

Ultimamente tenho pensado demais. E pensar, sentado naquele barranco, era melhor que qualquer conceito e vivenciá-lo seriam o máximo; seria uma forma tão natural e tranqüila quanto o correr das águas daquele rio. Sabemos muito bem que não há fórmulas mágicas para a felicidade principalmente que se vê um ano novo chegar. Mas arrisco a dizer que um de nossos principais desafios talvez seja a maneira como a gente se aceitou ou chegamos a aceitar as derrotas e vitórias ao longo desses anos. Sobre isso, se me permitem, gostaria de dizer: o jeito como muitos buscam a felicidade. É um tema bem abrangente e pessoal. Espero que eu possa contribuir com meus pontos de vista. Primeiramente, observo aqueles que são mais receptivos às bênçãos que a vida tem a oferecer. Vejo neles uma relação de opinião própria, inclusive acreditam que suas vidas poderiam melhorar, entretanto, a princípio estão satisfeitos e felizes com o que têm. Em suma: “o que vier é lucro”, diriam. O que seria pouco para muitos, para esses já é o suficiente. 

Em outra análise estão os seres em transição, quando tudo está para vir a ser, em constante processo de construção. Não prevalece uma correspondência de valores, vínculos de felicidade. O contraditório disso é que essas pessoas demonstram ser infelizes. E aí hei de concordar. Mas, se observamos as causas de suas ações, essa busca de um mundo idealizado comprova que desejam e lutam por se sentirem felizes. O problema é que podem atolar profundamente nessa fase. Nota-se, principalmente, entre indivíduos que ainda não aprenderam a dosar as suas ambições, sejam elas quais forem: materiais, intelectuais ou espirituais.

Por fim, o que eu diria uma síntese dos dois primeiros, presente entre aqueles que encontraram um meio-termo sobre o qual alicerçaram seus desejos e sonhos. Melhor, uma estratégia pessoal do bem viver. Que não significa que são acomodados. O contrário. A diferença é que adquiriram mais sabedoria para definir as suas escolhas. Têm plena consciência da multiplicidade de caminhos e estão satisfeitos com os caminhos que escolheram, ou os caminhos que devem seguir. Nada é impositivo conseqüência ou reação da vida, mas uma opção perfeitamente possível e otimista.

Alguém realmente feliz deseja partilhar os seus momentos com as pessoas a sua volta. Quando adquire uma espiritualidade a ponto de ser menos egoísta, deixando de enxergar aquilo que é bom apenas para sua própria vida a fim de colaborar com a felicidade alheia. Nesse momento é que compreendemos o verdadeiro sentido da felicidade. E é essa felicidade que soa tão natural em tudo que fazemos quando paramos por uns minutos para refletir seja ou não na beira de um rio.



Deixando o vento me levar...

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Se na infância fui ou não como outros meninos, não me lembro bem, minha memória é meia vaga, mas sei que nunca enxergava o mundo como os outros viam, mas os outros também não enxergavam o que eu via. Desde pequeno eu já via o bonito e o lado poético das coisas, assim como via quando o vento que soprava ou assoviada; sabia que rumo tomava e a suavidade com que levava consigo as folhas secas para, depois, sairmos voando, sem rumo. Nada mais triste era levar comigo folhas mortas e saber que mais adiante poderíamos nos separar dada a força do vento e a fragilidade delas. Quanta vez amparando minhas mãos no pequeno muro daquele quintal, com o olhar entristecido como a de um poeta aprendiz, senti-me como a própria folha, e aí não via à hora do vento passar e quando passava sentia-o triste também, pois não conseguira levar até a janela de minha amada o perfume das ressequidas folhas, o cheiro gostoso de jasmim ou das pétalas das rosas que rolavam pelo chão. Se ela pelos menos pudesse enxergar a folha, ou o meu olhar marejado detrás do muro, perdido no meio dos raios solares que se confundia com as cores, mas bastava um simples gesto dela para me fazer renascer e a vida faria de nós um elo, pois sabia que ainda havia esperança. Esperança em um mundo melhor, mais justo, humano e fraterno, onde, talvez, por descrença, o vento ao passar por algumas estações devia ter ficado angustiado, sentimental e viu que não havia elo nenhum. Talvez entendesse que minhas angústias, paixões e sentimentos não podiam ser levados por ele, apenas eu. Eu apenas para ser mais claro. O vento não tinha culpa.

O vento não tinha culpa e não podia saber a origem de tudo que corroia a nossa alma, e às vezes, não me interessava saber de onde ele vinha, mas quando passava acariciando o meu rosto o meu coração acordava para a alegria. O vento foi meu cúmplice e tudo o que amei, ele sabe que amei sozinho. Sabe fui um sonhador. Assim, na minha infância, nas garras da tormentosa vida, ergui-me, no bem, no mal, de cada abismo, a encadeei-me, o meu mistério. Prendi-me a sete chaves. Aquietei-me num recanto só meu. Às vezes quando deixava o vento me levar sei que vinha recheado de cheiro das verdes matas, que trazia a calmaria dos rios e o canto dos pássaros; sei que se ungia nas fontes da vida e veloz, descia da rubra escarpa da montanha beijando o sol, para depois afagar meu rosto com suavidade, me envolvendo em outonais clarões dourados; livrando-me dos relâmpagos vermelhos que o céu inteiro incendiava; dos trovões, das tempestades, das nuvens que se alternavam e traziam escuridão. Só no amplo azul do céu puríssimo, como a um anjo e ante meus olhos, levava em seu colo a pequena folha seca e as pétalas de rosas que se desalinhavam no chão. Folhas caídas e pétalas, mas que conhecem todas as estações da vida e os motivos que as fazem ficarem assim, mortas, jogadas, espalhadas pelos terrenos férteis e inférteis, simplesmente ao léu, pisadas por pés apressados e levadas por ventos que não eram os meus. Ficava entristecido a cada estação do ano, e não suportava ver a manhã seguinte, quando não via as folhas, pétalas sobre as calçadas, jardins floridos e sem saber para onde teriam ido. Eis a vida, acho que a vida é assim, penso eu, e por isso, mesmo caminhando sóbrio sobre terrenos férteis, entendia que devia deixar o vento me levar também.

Tendo-se razão ou não, assim é na vida. O vento não te levará e nem a sua casa se fores firme e construí-la sobre a rocha; o vento de sua vida será verdejante como a uma densa mata; o vento de sua vida não o sugará da terra se tiveres alicerçado com amor, então, sendo sua vida assim construída, suportará não somente o vento manso, mas também os vendavais, ventanias, tempestades, que poderá até balançar sua estrutura, mas se sua vida for bem regrada não será fácil você cair, sentir o impacto, e não se desmanchará em pó tão facilmente. Podem vir primaveras, verões, outonos e invernos, mas se os homens tornarem-se apenas folhas aí sim deverá temer qualquer ventinho que não tardarão chegar. Assim é a vida..., mas nos anos que virão entendo que não será tão necessário renovar apenas guarda-roupas ou comprar veículo novo, mas sim, deixar que o vento nos leve para renovar o nosso espírito e ampliar a nossa fé em Cristo; deixar que ele nos ensine a dar uma faxina em nossas vidas; deixar que possa revermos tudo que aconteceu de ruim e anotarmos na agenda de nossa existência, as palavras amor, paz, fraternidade, solidariedade e justiça para que tudo possa, daqui por diante, ser diferente. 

Vaidoso, sou, mas não sou egoísta, nem prepotente ou arrogante e no passo da fuligem, da folha seca, de algo quase inexistente, tomo o meu destino e procuro ser humilde. Absolutamente humilde. Sabes por quê? Explico: Porque sei que sou a folha que voa mansa amparada pelo vento; porque não sei quantas primaveras, verões, outonos, invernos terei; quanta tarde passarei no jardim de minha existência; quanta força advinda de vento poderia suportar. Resta-me então pedir ao meu Pai Celestial que jamais deixe a janela do universo fechada para mim. Pode acontecer que as folhas, as pétalas, assim como eu, percamos nossas forças numa manhã ou tarde e quando chegar ao entardecer não estarmos todos caídos enfeitando o leito. Estranho é vermos o tempo passar, trazer o entardecer e não ser compreendido que havia um sentimento profundo entre eles e que o trem da ventania poderia levá-la intempestivamente junto com aquelas passageiras estendidas no meio desse tempo. Você, caro leitor, um dia, também será passageiro desse trem ventania e pelo ar será levado em direção à rua onde mora sua amada, mas como não terás destino, quem sabe se o vento se perde na curva e o arremessará fazendo-o entrar por outra janela, vê-la no seu quarto, deleitando-se na cama.

E quando você chegar e antes de apreciar a lua, contar as estrelas e sonhar com os mistérios da noite, certamente ficará observando a sua amada e assim como eu começará a escrever alguma coisa numa pequena folha de papel. Talvez escreva: Ah, se pudesse ser levado ao vento igual às folhas e pétalas, então meu destino seria igual a elas, que são apenas folhas ao vento, mas no nosso mundo imaginário sabemos que são apenas folhas, mas amadas pelo vento. E eu usando as asas de minha imaginação estarei bem ao lado da janela, voando baixo, esperando que ela me veja, me segure, me carregue, me aconchegue em seu colo, para depois, me guardar dentro do seu diário, como uma folha que não precisa de vento.




Quando a vitória é dos derrotados.

domingo, 14 de dezembro de 2014

A vitória de Dilma ocorrida no Congresso Nacional onde se viu aprovada a PLN 36 que altera a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias pareceu até engraçada à maneira que fizeram para aprová-la, uma palhaçada mesmo! Para mim que fui criado dentro dos princípios da honestidade, seriedade e respeito à pessoa humana e à coisa pública, achei seriíssimo o que aconteceu no plenário daquela Casa Legislativa. Artimanhas foram encenadas e no palco, nada mais que uma grande demonstração de interesses pessoais e partidários. O governo federal para sair vitorioso ofereceu através de emendas, uma verba polpuda de R$ 740 mil reais para cada parlamentar, os quais, em razão disso, chegaram ao cúmulo do absurdo de gritarem seguidas vezes em plenário: coloca logo em votação Presidente! Para eles era só ganhar e pronto! Pronto é claro para receber além da verba os cargos negociados com a Presidente. Ganhar ou perder, eis a questão. Esta é a análise que ora faço. A derrota pode ser analisada de forma inversa. Teve tempero melodramático, foi trágica, mas alcançou o fundo da alma. Teve um impacto impressionante. Explico por quê: Nas derrotas é que aparecem heróis e não é por acaso que em muitos romances e filmes o enredo principal são sobre derrotados e não sobre vencedores. A vitória que se obtém no dia a dia não basta; é preciso que o mundo as reconheça, mas ela, na maioria das vezes, é contabilizada apenas como mera estatística, já a derrota, vai para o mundo da literatura. Sim, os derrotados, pessoas, partidos ou não, principalmente no caso ocorrido no Congresso Nacional, passa a serem heróis nacionais e para nos escritores e poetas, heróis literários. Os vitoriosos, são aqueles que, mesmo com a derrota, saem por cima. E é isto o que sinto em relação à votação no Congresso Nacional e a vitória de Dilma no último pleito. Tanto num episódio como noutro, senti-me confortado e até me considerei vitorioso por não votar nela. Explico: Não fui cúmplice e nem conivente com a corrupção que hoje se vê confirmada com as denúncias que continuam chegando ao conhecimento público da forma mais inusitada, nojenta e escabrosa. Faltaram aos vitoriosos além de respeito ao povo brasileiro, darem uma lição de humildade.

Quanto ao quadro político a que me propus a comentar, digo e reafirmo que quando um grande debate termina, as faces dos vitoriosos compõem um quadro de histeria insolente. No quadro político dos vencedores encontramos réplicas e mais réplicas do mesmo sorriso. Um sorriso sarcástico que ancora na boca resquícios de baba. Quanto ao semblante do quadro de derrotados observamos detalhes diferentes. Tal como as impressões digitais, os rostos dos derrotados são sempre diferentes uns dos outros. No quadro político perdedor não vemos sarcasmos e nem histerias coletivas; vemos semblantes do dever cumprido; vemos dramas individuais em conexão com seus partidos e simpatizantes; vemos dramas pessoais e intransmissíveis, mas todos com os mesmo sentimentos de vitória, pois sabem que lutaram até em último recurso em prol daquilo que entendia correto e em favor de seu país, assim como, fazer entender aos que assistiam o debate, que o histórico bastão empunhado pela PT, em parte, perdeu sua identidade após estes doze anos de governo; ou pelo menos não é mais uma identificação mais próxima como um dia já foi. Antes de assumirem o poder iam às ruas falando em moral e ética, mas agora, além do famigerado “Mensalão”, a Polícia Federal com a operação denominada de “lava jato” descobriu milhões em depósitos feitos em bancos de outros países e o pagamento de propinas a políticos do PT, PMDB, PP, conforme delação do próprio Diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, pessoa que sabemos ter sido íntima de Lula e Dilma. Aí pergunto: Onde está à ética tão propalada pelos petistas antes de assumirem o poder? Onde está à ética de muitos daqueles deputados e senadores que votaram a favor da alteração da LDO e hoje estão sendo denunciados pelo Ministério Publico Federal por receberem propinas da Petrobrás?

Naquela noite tenebrosa, mas clara para milhares de telespectadores que assistiam ao debate, viram líderes da oposição usar de palavras eloquentes para tentar explicar que o PT passou a ser reconhecido como partido dos trabalhadores para se tornar um partido da ordem, que governa para os capitalistas, com alguma política social enganadora. Prova disso é que Dilma venceu apenas na faixa da população que recebe até dois salários mínimos, composta da grande massa de pobres urbanos e dos setores operários mais precarizados, principalmente os do norte e nordeste. A contradição é que ainda na maioria dessas concentrações operárias o PT segue dirigindo os sindicatos a partir da CUT.
Uma das dificuldades que o partido deve cruzar no próximo governo é que perde espaço onde poderia ter mais solidez, mais organicidade, já que o apoio dos setores mais rotativos da economia e também dos pobres urbanos, é mais pragmático, e tende a oscilar de forma mais rápida de acordo com as oscilações da economia, que anda em franco declínio (“quem pode manter meus benefícios?”). Questão com a qual o PT dialogou durante a campanha dizendo que Aécio cortaria estes benefícios, mas ao custo de gerar ilusões que provavelmente não vai poder cumprir.

Para um governo de mais crise, com recessão econômica e a necessidade de ajustes econômicos que virão cedo ou tarde, a tendência é que esse questionamento seja ainda superior, e pode atingir mais claramente também a burocracia sindical dirigida pelo PT, que domina a CUT. Resta saber então para onde será canalizado este questionamento. Por isso a necessidade de se construir uma forte alternativa da classe trabalhadora, independente das burocracias e patrões, enraizada no movimento operário, que retome os sindicatos como ferramentas de luta. Se eu os convencer com essas poucas palavras o meu fetiche pelos derrotados, então, entendo não ser assim tão estranho quando penso, em certas vitórias, como no caso em tela, onde senti que foram vencedores os derrotados.



Indignado e chocado igual a um pinto!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Terça e quarta-feira findas ao assistir a TV Senado, fiquei indignado com as manobras do Presidente da Casa Renan Calheiros para aprovação da PLN 36 que altera a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias. Em primeiro ato, negou pedido de trinta e seis parlamentares da oposição e de alguns da situação que pediram a abertura das galerias do plenário; em segundo ato, além da arrogância que lhe é peculiar, cinismo e falta de respeito aos eleitores brasileiros que presenciaram ele atender apenas um pedido, por sinal, de uma deputada petista que pediu a retirada dos manifestantes porque se sentia ofendida, e Renan, de forma ditatorial determinou aos seguranças que retirasse as pessoas da galeria que assistiam ao debate, o que foi feito com agressividade e covardia. Uma senhora de setenta e nove anos foi agredida brutalmente e de forma covarde. O presidente foi obrigado a encerrar a sessão, a qual teve continuidade no dia seguinte e sob suas ordens, fecharam-se todas as entradas e nenhuma pessoa pôde ter acesso ao Congresso Nacional – a casa do povo. Fiquei deveras indignado!

A lei em discussão que neste momento que escrevo ainda está inconclusa, mas se aprovada, concederá uma anistia à Presidente Dilma pelo não cumprimento da meta fiscal. Na realidade, os partidos da situação votaram pela aprovação de uma lei que nada mais é do que uma fraude à fiscalização para evitar que a presidente venha responder por crime de responsabilidade fiscal. O exemplo que a chefe do Executivo dá aos brasileiros é o pior possível, pois não haverá mais Lei de Responsabilidade Fiscal. Ninguém vai ter mais autoridade de cobrar de um prefeito ou de um governador que cumpra também os seus percentuais mínimos de investimento em saúde e educação. Por que a presidente pode descumprir e o Congresso Nacional dar a ela esta anistia, e os prefeitos respondem inclusive criminalmente se não cumprirem as suas metas? Disse Ronaldo Caiado em seu pronunciamento: “Se esta Lei for aprovada, os governadores e prefeitos, virão na esteira do mal feito”. “É a contabilização da propina”. “É a desoneração mais as obras do PAC transformando propina em investimento”. “Os deputados e senadores que votarem a favor desta Lei está conivente com a corrupção”. É verdade! Não falou mais que a verdade!

Caro leitor, estamos vivenciando um caos político, econômico e social. Partidos se vendem em troca de emendas parlamentar e cargos públicos para seus comandantes e apaziguados. Quando usamos da escrita ou da fala, não bastam somente críticas e reclamações porque elas podem se transformar em autopromoção, principalmente se insistirmos em ficar de braços cruzados. Importante é que saiamos em busca de informação, e se constatarmos que algum ato político nefasto interferiu em nossos direitos que acionemos a justiça na forma da lei. Seja individualmente ou em grupos, mas é fundamental que manifestemos concretamente a nossa insatisfação, e não nos resignar ante os obstáculos! Não adianta resmungar e calar! Um país jamais será democrático se não nos permitir agir conforme o procedimento legal que o rege, e um povo jamais será livre e soberano se não for capaz de obter civilizadamente a justiça. Já disse várias vezes e repito: A pior cegueira de um governo ou de uma parte da sociedade que não vê, ou finge não enxergar; surda, ou finge não ouvir; muda, mas que não admite ser; mentirosa, porque engana a si própria que se diz cega e que não deveria se dobrar ao poder aquisitivo lícito ou não de alguns. A sociedade brasileira deve ser igual para todos, independentemente de sexo, raça, classe social, religião ou região; não importam se são brasileiros nascidos no sul, centro, norte ou nordeste. O importante que é que não nos curvemos à tirania de pseudo-populistas e ditadores disfarçados que se autodenominam democráticos, e que se dizem conhecedor dessas dificuldades que não vivencia.

O importante também é que avaliemos o rumo das coisas sem perdermos o foco na imprescindibilidade de garantir a todos os mesmos direitos, já que deveres obrigatórios têm que cumprir. Que a corrupção de toda espécie que contamina o Brasil seja punida de maneira igualitária, sem direito a imunidades parlamentares ou o que quer que se assemelhe. Não podemos permitir mais vergonha e desonra a esta nação! Que a justiça seja feita baseada na coerência exigida para cada caso. Não importa se roubaram um milhão ou um tostão. Importa sim que se penalize da forma estabelecida sem privilégios calcados em propinas, delações premiadas e agrados financeiros. Estou indignado e chocado igual a um pintinho, mas sei que esta indignação vai exigir que eu continue lutando e não venha cruzar os braços. Vou valer do que me é de direito e continuar cumprindo aquilo que for dever. Serei justo, pois é isto que o Brasil espera de mim!


Existem senhas para mortes encomendadas ou premeditadas?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A imortalidade é algo intuitivo na criatura humana. No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem inteiramente o processo e o que nos espera no mundo espiritual. O título desta crônica parece meio estranho, mas assim o fiz no intuito de alertar as autoridades quanto aos temores vividos pela sociedade de um modo geral e inibir os constrangimentos e medos que a perturba dia a dia. De forma racional e sem querer interferir na sensibilidade de cada um, quis também, com ela, esclarecer acerca da sobrevivência da alma e a forma do descerramento da cortina codificada que separa esses dois mundos: o bem e o mal. Quando se fala do mal ou mundo do crime, este não precisa de senha e nem é preciso agendar, entrar em fila, contar com a sorte, acordar cedo e pegar senha para ser morto. Será que existem senhas? A possibilidade de recomeço e de viver está disponível o tempo todo, na maior parte dos casos. Mas não é tão bem assim. Tem lá seus mistérios que somente a polícia cabe desvendar. Há casos de existência de senhas ou códigos que vêm sem embrulho, apenas com a ordem de matar. E os cumpridores da ordem soltam bravatas e matam apenas para ouvir o gemido do desafeto. Não mostram nenhum constrangimento. Ficam tranqüilos como se fosse normal o ato criminoso que cometeram. Curtem a façanha criminosa, riem para as câmaras, debocham, desdenham da polícia e esta ao soltar o menor infrator ou criminoso sem o fragrante delito, crítica a nossa frágil lei penal.

Tenho acompanhado com a máxima atenção o aumento dos crimes cometidos por menores, tráfico de drogas, estupro e assassinatos. É comum nestes crimes a constatação de que tem o mesmo resultado, independentemente de idade do infrator, e a total impossibilidade de fazer com que o criminoso pague pelos seus crimes. O menor estupra, espanca, trafica, mata é protegida pelo Estatuto do Menor e da Adolescência. A polícia prende a justiça manda soltar. O povo pede o fim da impunidade, leis mais severas, mas os políticos continuam sentados em seus gabinetes refrigerados e nenhuma providência toma, alguns, ainda, dizem que esta Lei é de “primeiro mundo”. Grande besteira! No primeiro mundo o menor criminoso é julgado como adulto e punido de acordo com o crime cometido. Lá, no verdadeiro primeiro mundo, um assassino é um assassino. A maioridade penal nesses países varia entre 7 a 14 anos, e aí pergunto: será somente o Brasil que está certo ou é o primeiro mundo que está errado?

Quantos tiveram mortes anunciadas, encomendadas ou premeditadas pelos seus desafetos? Muitos eu creio e isso vem ocorrendo diariamente. Basta ler os jornais ou assistir a TV. E quando falo em senhas e códigos, que são palavras previamente convencionadas entre as partes como forma de reconhecimento, que não é a situação em comento, em todo caso, me fez lembrar de certo menino, o Ítalo Pezão, pertencente à classe média baixa, de cabelos longos caídos sobre o ombro; usava uniforme impecavelmente limpo, mochila jeans surrada e no seu semblante, a imensa solidão que o precedia. Era silencioso até nos passos. Não discutia, não falava com ninguém. Algumas vezes, com o olhar absorto, ficava parado à beira do alambrado olhando o vazio. Não era um aluno bom, nem ruim. Passava sempre nas matérias, mas não fazia trabalhos em grupo. Não se misturava com ninguém… No esporte, principalmente o futebol, que praticava no chão batido, era diferente, sentia-se no seu habitat. Lá ele fazia a bola rolar com maestria, cadenciava as jogadas para municiar os companheiros e possuía um chute desconcertante, certeiro. Era o artilheiro do time. Lá podia sair um pouco do seu silêncio, balbuciava algumas palavras, mesmo sabendo que todos ouviam o seu silêncio. Antes de cada jogo, à beira do campo, sonhava um dia calçar chuteiras coloridas e se tornar um Ronaldo, um Neymar, um Kaká, um Lionel Messi... Pura ingenuidade. Em nosso país onde paira a corrupção generalizada, onde acontecem coisas que nos deixam indignados, onde parece não ter importância ser honesto e dignidade é uma mera retórica, sabia ser difícil. E é realmente difícil, pois vivemos diante de um confronto social difícil e violento quando saímos às ruas, e pior ainda, é quando se vive numa grande cidade, como a nossa, onde pouco se pode fazer. Você dá de cara com crianças maltrapilhas que são obrigadas pelos pais viciados e paupérrimos a mendigar. Nem precisamos andar muito pela cidade e logo damos de cara com gente de todas as idades, passando fome, doentes, drogadas, algumas com feridas esparramadas por todo o corpo, faixas de publicidade no pescoço, às vezes, mutilados de uma guerra apenas quixotesca. Nas esquinas, nas pontes e postes, dentro de caixas, atrás de muros, junto com os ratos de esgoto, ficam ali jogados os pacotes de lixo-gente. Muitos deles aprendem e sobrevivem com seus vira-latas como se estivessem sendo empurrados pela mão invisível do destino.

A história de Ítalo Pezão é ficcional, mas extraída de fatos reais e se existir crime idêntico, é mera coincidência. Mas é fato. O jovem além calado era arredio, sorumbático. Possuía olhos castanhos profundos e penetrantes que substituíam as palavras. Ele dava medo, às vezes. Todos tinham pena, muita pena, dele. Olhavam para ele e viam nele somente tristeza. O olhar profundo lembrava desesperos, parecia pedir socorro, mas ninguém durante sua existência tinha parado para escutá-lo. Esta é a pior cegueira da sociedade que não vê, ou finge não enxergar; surda, ou finge não ouvir; muda, mas que não admite ser; mentirosa, porque engana a si própria. Quanta vez esperou que alguém lhe estendesse a mão, quanta vez olhou para quadro negro tentando decifrar o significado por trás de cada palavra ali exposta pelo mestre; quanta vez leu e releu na esperança enxergar um gesto cordial, uma frase qualquer que pudesse significar que a sociedade não estava fingindo de cega ou de surda. Nada. Ítalo se viu tão solitário assim como suas idéias se tornaram incompreensíveis.

Certo dia, num campinho de periferia, por insistência de uns “amigos”, cheirou pela primeira vez o pó, depois cocaína e crack. Tornou-se um viciado. A droga o deixava meio maluco e suas pupilas dilatavam, ficava excitado e suava intensamente. Começou aí a decadência do menino bom de bola; sua vida deixou de florescer e conseqüentemente, veio à dificuldade de retirar dela os galhos podres para poder sobreviver com mais dignidade e escapar dos percalços nefastos que o vício lhe impôs. Infelizmente não conseguiu. Certo dia, ao denunciar um traficante que o perseguia por não pagar uma pequena quantidade de “pedras” de crack que comprara, recebeu como recado a sentença de morte. E foi numa manhã primaveril. Eu como de costume, peguei o jornal e logo vi estampado na capa em letras garrafais à notícia sobre a morte de um jovem e que seu corpo fora encontrado num beco escuro: Era o de Ítalo Pezão. Se fora um crime premeditado ou encomendado, para a polícia não havia dúvidas. Ele recebeu vários tiros à queima-roupa, e no peito, um recibo de quitação, cuja assinatura fora substituída por uma caveira, símbolo da morte. Senha, código ou não, a data e hora de sua morte ficou registrada naquele pedaço de papel.



Olhar de poeta em cárcere privado.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Na janela do lado de lá tem um poeta. Tem um poeta na janela do lado de cá. Encostado no tapume da favela tem outro poeta e mais além, outro sentado na escada da subida do morro. Estão emudecidos. Apenas ouvem ecoarem no morro rajadas de balas cintilantes que riscam a noite. Alguém tinha um revólver na mão, mas não era o poeta do lado de lá. A sua única arma era a caneta e na sua intimidade, usava apenas um calção surrado e estava com o tronco nu exposto aos trópicos. Também não era o poeta do lado de cá, pois mesmo com os olhos embaçados não o vi manejar qualquer arma. Observava também que estava desarmado o poeta do tapume bem como o da escada. Na realidade eles tinham que ficar quietos para não serem alvejados pelos traficantes ou policiais que subiam o morro. Diante daquele calor agonizante ouvia outros zumbidos, mas de sexo, cerveja e risadinhas sarcásticas de bandidos que se escondiam com suas amadas nos becos escuros.

Só não digo que sou cego, porque tenho dois olhos perfeitamente sãos mesmo usando óculos de grau. Só que naquele dia da invasão do Morro do Alemão tinha esquecido o danado sobre a escrivaninha. Sei que vivia num dilema conflituoso… Meus ouvidos eram aguçados e escutavam passos. Ouvia-os até de muito distante. Tinha uma boa audição. Mas meus olhos embaçados não podiam ver o que os ouvidos ouviam… Escutar minhas aflições, meus dilemas, escutar o meu coração a bater, escutar o meu próprio caminhar. Mas não podia ver nada disso, nem mesmo meus passos. O engraçado é que não conseguia ver nem a mim mesmo. Pensava: Será que estava invisível!

As mãos do poeta da janela do lado de cá tocavam em alguém, seus lábios a beijavam, seu corpo parecia inebriar. Sentia o vento roçar seus cabelos, mas se ela estava realmente ao lado dele até seria capaz de sentir, mas não a via. Meus olhos de poeta estavam embaçados de tal forma que eu não podia ver o mundo com sentimento de destruição. Contabilizei e cheguei à conclusão de que tinha captado cinco sentidos: inexatos, confusos, impróprios, relevantes, surpresos… que me levavam a sentir; sentir apenas o que eu queria e o que eu podia sentir cujos sentimentos sabiam serem somente meus porque sou ser humano.

O poeta da janela do lado de lá passou para a janela do lado de cá e os dois se cumprimentaram e conversaram. Um era esquelético e o outro mais troncudo. Um vestia calção a camiseta surrada, o outro, calças jeans, mas com o tronco nu exposto aos trópicos. Da minha janela quase não os via. Os outros poetas ouvindo tiros subiram a escadaria e juntaram-se aos outros se ajeitando no vão da janela defrontando-se com policia que subia as escadarias com passos curtos e cadenciados se esgueirando nas paredes dos casebres. Na janela do lado de cá parecia que havia uma cumplicidade entre os quatro poetas, como se fossem executivos em torno de uma mesa. Um parecia brincar com uma arma, fazendo girar no dedo como naqueles filmes de caubói que ele assistiu, eu assisti e que todos assistiram. Tentava esfregar meus olhos e o fazia em círculos como fazia e faz o relojoeiro quando dá corda ao tempo. Rodava. Parava. Rodava como nos filmes. E, de novo, outro poeta, com a flanela nas mãos, limpava a arma, como a um experiente zelador que lava e limpa uma vidraça. Da minha janela via aqueles quatro vultos e á pouco metros de mim cinco policiais. Com os ouvidos aguçados, dei um passo para trás e entrei no meu casebre. Lá de cima os meus amigos poetas não podiam ver o que de minha janela repetidamente via. A rigor, nem olhavam para a favela, que teriam que ver, mas não viam.

Da janela do meu barraco via outros personagens na cena. Uns subindo e outros descendo vagarosamente pela escada. Via um ou outro favelado. Um parava, olhava o outro que estava armado, mas continuava em frente como nada tivesse visto. É coisa comum na favela. Nada de espanto. Nada constrangimento. Mas ouvia e via algo mais que eles. Via o vulto de uma criança voltando do colégio. Sentia-a sorridente mesmo com o sol lhe queimando o rosto. Ouvia-a subir calmamente, e depois o seu vulto parava diante dos três homens de calção e dorso nu. Dizia qualquer coisa ao que brincava com a arma como quem podia a bênção ao pai ou saudava uma linda recepcionista. Olhava a arma como quem via um fruto amadurecendo. Como quem olhava um instrumento de trabalho de adulto. Com o mesmo pasmo do filho olhando os objetos usados pelo pai marceneiro.

Da minha janela agora dou conta que todos somos prisioneiros de nós mesmos. Eu ali na parte de baixo contemplando de um ângulo os homens seminus, suas armas e nas janelas lá de cima, num outro ângulo, igualmente agudo, os meus amigos poetas podiam ver os policiais com armas em punho, intranqüilos, amedrontados. Nós poetas éramos prisioneiros em cárceres privados diante daquele visual ante-social, real, pervertido. E a ansiedade não se alojava apenas no ângulo de meus olhos embaçados, mas de meus amigos também. Olhava o rapaz de calção e sua arma, como quem olhava qualquer força da natureza. Hoje ou amanhã, à noite, ele sairá com sua arma, como se fosse normal. Talvez encontre na rua ou numa travessia escura uma pessoa incauta e lhe abra a cabeça com a bala de sua fúria. Ele não dará tempo ao infeliz e atirará sem pestanejar ou apenas para ouvir o gemido do desafeto. Mas se isso vir acontecer com os poetas, comigo, com você ou com qualquer outra pessoa, não estarão mais aqui aqueles para contar o acontecido e nem eu terei mais olhos para ver.




NATAL SOLIDÁRIO 2014

domingo, 23 de novembro de 2014

Será que estou antecipando esta mensagem de Natal? Acredito que não, pois falta apenas trinta dias para comemorarmos o nascimento de Jesus e neste lapso de tempo devemos aproveitar para encher nossa “caixinha” solidária; tempo também de sabermos que é o momento do perdão, da compreensão, da tolerância, do carinho; tempo de levar e receber o abraço amigo e acima de tudo o amor. Temos então, apenas trinta dias para isso e quando ELE nascer, haveremos de ter cumprido essa nossa missão. Você que agora que assisti a este vídeo, sei que ficou sensibilizado e com vontade de ajudar a encher a “caixinha solidária”. Então faça isso! Depois, compartilhe com o rol de pessoas amigas e verá que em pouco tempo a caixa se tornará pequena, mas certo de que muitas outras surgirão.

Chikungunya, o primo do Aedes.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Nem bem acabei de assistir um noticiário sobre a doença do ebola na África, no mesmo canal, um comentarista antecipou dizendo que tínhamos que nos preocupar era com o mosquito Aedes Aegypti, causador da dengue, ainda mais agora que conta com o apoio do seu primo Chikungunya de origem africana e que chegou recentemente ao Brasil. O comentarista informou que esse mosquito tem a mesma característica e aparência física do Aedes, mas dotado de uma picada mortal que trará conseqüências imprevisíveis à saúde da população brasileira. É claro que me preocupei com a notícia veiculada. As ameaças destes pequenos e invulneráveis insetos alcançarão grandes proporções e se não forem eliminados, trarão sérios transtornos ao País, cuja saúde já está um caos. Os órgãos responsáveis pelo combate da doença terão dificuldades para saná-las, pois sabem que esses mosquitos procriam facilmente. Na realidade, parecem até imortais. Quanto ao combate à dengue eu procuro fazer a minha parte conservando meu ambiente sempre limpo e para não ser picado pelo inseto, evito passar perto de pneus abandonados, lotes baldios e até refugo quando vejo passar por mim um mosquito magricela. Ademais, é importante frisar que a pessoa só é picada em face desleixo, da falta de cuidados e zelo com os seus próprios quintais.

Destarte, concordo com o comentarista quando disse que a população brasileira deveria estar mais preocupada com a dengue que com o ebola.  De acordo com as estatísticas a dengue mata muito menos que o ebola, mas os mosquitos que a transmitem estão por todo canto. E agora, como se não bastassem à proliferação do Aedes Aegypti em nossos quintais, chegou ao Brasil o seu primo, o africano Chikungunya. A doença transmitida por esse mosquito provoca febre alta, dores articulares terríveis e até invalidez. E o pior é que ele está se alastrando rapidamente pelo país, depois de chegar à América Central no final de 2013. No trimestre seguinte, pessoas que se infectaram na região do Caribe trouxeram o vírus para o Brasil. Esses mosquitos terroristas picaram esses viajantes e passaram a transmitir a doença no Brasil.

O Ministério da Saúde, através de seus órgãos controladores estaduais e municipais devem agir com rapidez, pois em menos de um mês depois da ocorrência do primeiro caso de transmissão de Chikungunya em território nacional, já foi registrou 337 casos. Quinze estados já foram afetados. A Bahia, com 281 registros, tem o maior número de infecções. Com 274 casos confirmados, a cidade baiana de Feira de Santana já vive uma epidemia.

A origem do estranho nome Chikungunya é africana. No idioma makonde, significa “aqueles que se dobram”. É uma referência à postura dos doentes. Com dores articulares fortíssimas, os infectados andam curvados. Essas dores podem persistir por longos meses. Em alguns casos, elas se tornam crônicas. Em outros, o enrijecimento das articulações é tão intenso que a pessoa deixa de andar. Procurem saber mais como se proteger desse mosquito, pois com o verão chegando e tanto mosquito por aí, essa sim é uma ameaça real. Se você já leu sobre o ebola, então tudo bem, mas hoje deve continuar se preocupando com o Aedes e seu primo.

Caro leitor, são público e notório que o governo deve criar um projeto permanente de prevenção para eliminar os criadouros, mas, em nada resultará ou adiantará se o morador não colaborar com a limpeza dos seus quintais, dos vasos, pneus, garrafas, copos, calhas e caixas de água; de nada valerá o trabalho da vigilância sanitária, pois, todos sabem que eles alojam e procriam até em tampinhas.



O grito silencioso da mãe natureza.

sábado, 8 de novembro de 2014

Em qualquer lugar do planeta terra, sejam nas florestas, serrados, montanhas, vales, rios, mares ou oceanos, encontramos preciosas lições que dizem que o verdadeiro poder anda de mãos dadas com a quietude. São muitos os acontecimentos que se dão em silêncio. Pois bem. Reparem que o sol nasce e se põe em profunda calma, penetra suavemente pela vidraça de uma janela, sem a quebrar, mas antes, acaricia as pétalas de uma rosa que se abre numa floreira, sem a ferir, depois, passa pelo vão quadriculado, beija a nossa face, sem nos acordar. Lá no infinito universo as estrelas e as galáxias giram em torno de suas órbitas com extraordinária velocidade pelas inexploradas vias do cosmo, mas, por incrível que pareça e até em respeito aos seres humanos e extraterrestres sei lá se existem, nunca dão sinal de sua presença pelo mais leve ruído. E veja o oxigênio que respiramos o poderoso mantenedor da vida, este penetra em nossos pulmões, circula discretamente pelo nosso corpo e nem lhe notamos a presença.

Hoje, ao ver os reservatórios de águas se esvaziando em face da escassez de chuvas, situação provocada pelo próprio homem em face do desmatamento, queimadas e descarga de resíduos poluentes nos rios, hão de convir que a maioria dos seres humanos ainda não aprenderam a ouvir o silêncio da natureza, o seu clamor, o seu pedido socorro e nem captar os sons interiores da sua alma. Aprender a ouvir; aprender a respeitar o seu eu, aprender a valorizá-la e voltar a ser verdadeiramente humano e não um animal irracional, um depredador; aprender a respeitar o templo em que vive – a terra, o seu próprio corpo e o santuário que é a vida; aprender com o silêncio da natureza a valorizar o seu dia; aprender a enxergar em você às qualidades que possui e descobrir as imperfeições, despertando a sua consciência ambientalista em prol de um mundo melhor e daquilo que precisa ser aprimorado em se tratando a proteção à natureza.

Estas e tantas outras são as razões para aprendermos com o seu silêncio, sabendo que ela produz o nosso alimento, nos dá vida e nós só precisamos fazer a nossa parte de modo racional, olhar o lado certo e não destruí-la como fazem muitas pessoas em tudo o mundo. Porque não procuramos ouvir e entender o seu silêncio, quando tenta nos mostrar que a falta de chuvas são ocasionadas em razão das áreas devastadas e que, sem vegetação, ficam completamente desprotegidas provocando erosões e outras catástrofes naturais. Toda a terra que se desgasta logicamente vai para as áreas mais baixas, como o leito dos rios, causando inundações. Sem falar da queda de barreiras nas estradas de onde se desprendem enormes pedras que caem sobre as rodovias, assim como de desmoronamentos de construções nas encostas que provocam tragédias fatais quando ocorrem chuvas torrenciais ou as finas ininterruptas.  
    
Outros exemplos de impactos ambientais são aqueles gerados pelas atividades industriais e veículos, que através das emissões gasosas de suas chaminés e canos de escapamento provocam a chuva ácida, que nada mais é que a queima do carvão e de combustíveis fósseis e os poluentes industriais lançam dióxido de enxofre (SO2) e de nitrogênio (NO2) na atmosfera. Esses gases parecem ter combinado à surdina com o hidrogênio presente na atmosfera sob a forma de vapor de água. O resultado são as chuvas ácidas: as águas de chuva, assim como a geada, neve e neblina ficam carregadas de ácido sulfúrico e/ou ácido nítrico. Ao caírem nas superfícies, alteram a composição química do solo e das águas, atingem as cadeias alimentares, destroem florestas, lavouras, atacam estruturas metálicas, monumentos e edificações.

Caro leitor, quando assisti através da televisão reservatórios e rios secando por falta de chuvas, lembre-se de que a culpa é do próprio ser humano que não a respeita e nunca procurou aprender a ouvi-la, mas se ela pudesse gritar sabe que de nada adiantaria e nem traria o respeito que ela merece. Ela quer apenas que a ouçamos e entendamos o porquê do seu silêncio. Se pudesse se manifestar coitado dos depredadores! Ela quer que aprendamos a aceitar o fato de que nós é que a estamos destruindo e nunca reparamos o mal que lhe causamos e nem valorizamos a beleza que ela nos oferece. Tudo tem um ciclo, como as marés que insistem em ir e vir, como os pássaros que migram e voltam ao mesmo lugar, e ou mesmo como a Terra, que faz a volta completa sobre seu próprio eixo.

Mesmo sendo um ambientalista sinto-me impotente diante de tantas atrocidades e desrespeito com a natureza e às vezes, sou obrigado a ficar em silêncio como ela, mas em certos momentos, ainda tento compreender os desabafos do já silenciado monjolo, que se apodrece em barros fétidos, porque o rego de água também secou. Fico em silêncio para poder ouvir o cântico   enlutados dos pássaros  que se aglomeram nos galhos secos de uma árvore milenar. Fico em silêncio porque vejo a fauna, flora e florestas destruídas, rios secando, hidrovias paralisadas e alguém ainda querendo fazer transposição de um rio importante que há anos pede socorro. E como não se lembrar dos pilões que socavam  milhos, arroz, café e amendoim que se sucumbiram ao  tempo, marginalizados, esquecidos... E quantas famílias sobreviveram do trabalho gratuito do monjolo, dos moedores de cana que produziam aguardente e rapadura, que hoje perambulam pelos campos à mercê da fome, do frio e da doença, por mero descaso daqueles que, dotados de espírito corrupto, egoístas, desumanos e sede de poder, por ausência absoluta de Deus, continuam gerando e massacrando esse povo trabalhador, deixando-os amordaçados como aconteceu com os “monjolos da vida”...

Diante deste silêncio que paira na natureza, eu e você temos que continuar firmes sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolência. Jesus demonstrou a Sua grandeza, permanecendo sempre em harmonia, sem perturbar-Se em momento algum. Então caro leitor, prossigamos, buscando sempre que possível, o colo, a paz espiritual e o recolhimento que a mãe natureza nos oferece, mas aprendendo a respeitá-la, escutá-la e defendê-la. Não somos donos do mundo e o que o homem faz com ela é inadmissível e se continuar a desrespeitá-la, estará cavando a sua própria sepultura.



Passagem para além de mais além...

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

O Dia de Finados é um adjetivo que qualifica algo, alguém que finou ou que chegou ao fim, que está morto, mas também foi criado para que, neste dia, honremos e lembremos-nos das pessoas que já faleceram, e para tanto, inicio este texto citando parte do poema escrito pelo padre Zuca intitulado “O nascer para o além...”: “Há quem morra todos os dias. Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza. Morre um dia, mas nasce no outro. Morre a semente, mas nasce a flor. Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus”. É verdade! A cada dia aprendo a viver, aprendo que a morte é algo inevitável, tão inevitável que às vezes, se for preciso, peço a Deus para, ao invés de morrer, nascer de novo, como nascem às flores, os dias e noites. Ninguém acostuma com a morte mesmo sabendo que está na terra somente de passagem. Não tenho medo, mas não quero me acostumar e nem procurar entender esse mistério que é a morte a não ser quando Deus entender ser o meu momento e me enviar a passagem para que eu possa “viajar” para além de mais além.

O Apóstolo Paulo certo dia perguntou a si mesmo: Onde está, ó morte, o teu aguilhão?  Com esta frase bíblica ele quis apenas demonstrar que a fé raciocinada e praticada supera os temores e angústias da grande transição, dando-nos a compreensão de que o fenômeno chamado morte nada mais é do que o passaporte para a verdadeira vida. É o conhecimento de tudo o que nos espera, e a disposição de lutarmos para que nos espere o melhor. De outra parte, um dos maiores motivos de sofrimento no além túmulo é o apego aos bens terrenos e muitas pessoas não aceitam as normas estabelecidas pela aduana do túmulo, que não nos permite levar os bens materiais no momento em que passamos para o outro lado. Isso demonstra que tais pessoas ainda não entenderam que os bens materiais nos são emprestadas por Deus como meio de progresso, e que os teremos que devolver, mais cedo ou mais tarde.

Já disse certa vez que é importante refletirmos sobre tudo isso, não nos deixando possuir pelos bens dos quais somos apenas usufrutuários. Um dos motivos de sofrimento dos que ficam, é o fato de não terem se dedicado o quanto deviam àqueles dos quais se despedem. Por isso, convém que, enquanto estamos a caminho, façamos de modo cadenciado como qualquer dançarino o faz no seu palco, o melhor que possamos fazer aos nossos entes queridos, para que o remorso não nos dilacere a alma depois. Sabemos que nos deixará saudades, mas sentir saudade do que nos faz bem ameniza o coração; sentir saudade de um ente querido que um dia fez-nos sentir vivo, nos acalenta nos provoca sorrisos e até choros, mas é bom. Sentir saudades das conversas, de sua voz ao longe nos chamando para saborear o café da manhã; sentir saudade dos pequenos gestos, das grandes ações é inesquecível. Sentir saudade das histórias contadas à beira do fogão de lenha enquanto os biscoitos eram fritos na panela de ferro é gratificante, assim como, fazia bem o cheiro do mato verde e das cores de flores do campo. Saudade que me é importante e que todo dia 15 de novembro, data do falecimento de minha mãe Carolina, lembramo-nos com saudade. Falta que dói, mas sei que nunca mais a teremos de novo.

Quase impossível passar o dia de finados sem pensar nela, noutros entes queridos e na própria morte. Estamos constantemente envolvidos por mortes naturais e prematuras, causadas pelas doenças, pela violência, pelo trânsito, por falta de recursos necessários à vida, por acidentes diversos... Mas hão de se convir que a celebração de finados nos ofereça profunda reflexão sobre a vida presente e futura, do hoje e do amanhã. Por mais que a humanidade queira saber e por mais que a medicina e a ciência avancem, a vida futura sempre será uma incógnita, uma incerteza.  Mesmo diante dessa dúvida, a vida presente tem de ser acolhida e vivida intensamente. 

O único tempo que temos certeza nos pertencer é o presente... O passado, que pode nos deixar lições, já foi e não nos pertence mais, o futuro está nas mãos de DEUS. Uma certeza inquestionável: um dia, mais cedo ou mais tarde, queiramos ou não, teremos que passar pela transição... Ela não exclui religião, nem etnia, nem gênero, nem riqueza e tem hora incerta, é implacável. Desde o nascimento, estamos caminhando para ela, que nos aguarda com todo o seu mistério, mas nem sempre nos conformamos com isso... O escritor israelense Amós OZ disse uma pequena frase sobre morte que é hoje muito pertinente:  "Nós vivemos até o dia em que a última pessoa que se lembra de nós"... Ou seja, segundo ele, nós não morremos no dia do nosso último suspiro, mas quando morre a última pessoa que carrega consigo nossa lembrança...




Desistir do Brasil, jamais!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014


Nesta segunda-feira, não foi um dia de luto, foi um dia de reflexão e quiçá, buscar motivos para este questionamento: Até que ponto vale a pena ser honesto? Até que ponto vale à pena lutar, ser brasileiro, ter esperanças? Hoje, sei que a metade dos brasileiros está frustrada e a outra metade festejando. Será que é assim que funciona a democracia? Mas festejando o que? A vitória da Dilma ou de não perderem a Bolsa Família com a vitória dela? As pessoas de baixo poder aquisitivo beneficiadas por essa bolsa dificilmente terão condições de mudar de vida, ter um trabalho digno ou demarcar um norte para suas vidas, pois o governo não tem interesse por questões óbvias e essa ajuda é e sempre será um cabresto eleitoral. A Bolsa deveria ser emergencial, jamais permanente. Ele mata a fome e escraviza! O governo usa a ignorância do povo e o prende numa armadilha desonesta. Mas, enfim, passadas as eleições, não vamos deixar que haja uma polarização e que ela se transforme numa violência descabida; vamos ficar na esperança de que não haja continuidade das zombarias de ambos os lados e ou mesmo boicotes. Ao lado perdedor cabe continuar fiscalizando, cobrando o que mais de funesto vem ocorrendo no Brasil: a corrupção generalizada e perda de valores éticos e religiosos, tão visíveis durante a campanha eleitoral, como ocorreu com a apresentação do projeto pelo deputado Jean Wyllys, apoiado pela Presidente com intuito de profissionalização da prostituição, da liberação das drogas, cirurgia de mudança de sexo para pré-adolescentes pelo SUS e descriminalização do aborto. Ele, além desse absurdo, é árduo defensor da distribuição do "Kit Gay" nas escolas. Esse indivíduo é o mesmo que disse: “A bíblia é uma piada, quem crê nela é uma palhaço, e as igrejas são uns circos. Pronto falei!” Pasmem! E é esse crápula que o Lula disse numa reunião ser líder da juventude brasileira.

Amigos leitores, o Brasil continuará seguindo seu rumo seja leste, oeste, sul ou norte, mas sempre em frente, nunca dividido como quer a Presidente. O importante mesmo é que façamos a nossa parte e como disse uma amiga, trabalhadora incansável, de ilibada conduta moral e profissional: “Agora é continuar levantando cedo e ir para o trabalho no afã de ajudar a melhorar este País, acabar com os corruptos e corruptores, sabendo que metade dos brasileiros já faz isso, enquanto outra metade espera a bolsa família... A outra parte, 30 milhões de pessoas (votos brancos e nulos) estarão à espreita contra os atos de improbidade da Presidente, isto tenho absoluta certeza. Ainda bem que, depois da eleição, ficamos equilibrados não? Desistir do Brasil jamais! Eles não esperavam esta reação do povo brasileiro e vão ter que repensar tudo, e se não fizerem, continuará cobrando de cada eleitor petista a malversação do dinheiro público praticados por eles.”

Não importa qual rumo ou lado estamos. O importante é seguir em frente e fazer a nossa parte, trabalhando com foco. Imbuídos de desiderato de bem servir a Pátria, sermos honestos, defender nossas famílias, amar a Cristo e procurar extrair desta terra varonil a alegria de viver. Qualquer governo, por mais que votemos usando a razão, pode ajudar ou atrapalhar, todavia, é importante sabermos que quem constrói o nosso futuro somos nós mesmos. E, para finalizar, restou-me então lembrar-lhes de finais de novelas globais dizendo-lhes: Emoções mais fortes ainda estão por vir no capítulo seguinte e uma delas será quando o povo, que é o personagem principal, descobrir que viveu e vive a jornada de um imbecil.


No último limiar da dor

segunda-feira, 20 de outubro de 2014


A dor é um sintoma frequente nas neoplasias malígnas. É talvez o sintoma mais temido da doença neoplásica. Existe o conceito popular de que a dor no câncer é terrível e incontrolável. Um conceito verdadeiro, porque já acompanhei e acompanho vários casos de pessoas amigas, cujos relatos são surpreendentes, algumas já se foram para outra dimensão, assim como, o meu amigo Ildeu Dornelas que mesmo desenganado pelos médicos, brincava com a dor e nos recebia sempre com um sorriso nos lábios, fato comovia a todos e que me fez debruçar sobre letras, escrever e publicar no DM em 6 de junho de 2014 um artigo intitulado: “Carta ao Grupo Superação...”, e hoje, neste pequeno texto, não somente falar que ele vivia no último limiar da dor, que a morfina às vezes não conseguia diminuir, mas também de gratidão. Embora este temor tenha fundamento, é possível sim reduzir a dor de modo significativo dizem os especialistas, com avaliação e tratamentos adequados. Os sintomas álgicos somam-se às incapacidades primariamente relacionadas à neoplasia e seu tratamento pode ser causa de insônia, anorexia, confinamento ao leito, perda do convívio social, redução das atividades profissionais e de lazer. A dor do câncer é vista como desumana e acarreta grande estresse e sofrimento aos doentes e aos que os rodeiam. Este quadro, freqüentemente, resulta em perspectivas emocionais, sociais e econômicas desfavoráveis ao doente e seus familiares.

Às vezes não importa falar o que sentimos ou quando escrevemos aleatoriamente dezenas de textos; às vezes não nos basta apenas um abraço, um beijo no rosto, um afago, um aceno ou um olhar complacente. Às vezes o que importa é procuramos enxergar o lado de lá, o lado de alguém que precisa da gente, nem que seja para receber de nós apenas uma palavra de carinho. Ninguém sente o vazio do vento quando ele passa soprando amor e solidariedade, não é verdade? Os gestos que impomos, tornam-se inúteis e as palavras ditas, apenas diminutos sons, que se misturam no silencio do turbilhão de sentimentos. Nenhuma expressão feita com os olhos ou bocas poderiam mostrar o quão importante é estar sempre junto de pessoas que estão precisando da gente, mesmo sabendo que também precisamos de tempo. Infelizmente, o tempo tem seu próprio tempo, como nós temos à hora plantar e colher nos galhos da vida, bons frutos, para, no final, partirmos para outra dimensão com espírito leve, solto, dever cumprido, sem culpa, cuja “viajem” sabemos que não dependerá muito da vontade da gente.

Em certos momentos acho que não preciso chorar para mostrar que estou triste e fico angustiado quando me sinto impotente para ajudar alguém a carregar sua dor, principalmente quando se trata de pessoas com câncer. Solto um grito silencioso para que não saibam o que sinto. Solto um sorriso de felicidade à aqueles que me cercam apenas para disfarçar o que sinto, pois preciso realmente aparentar ser e demonstrar estar. Meu mundo acontece aqui dentro de mim mesmo. E ele não é menor ou maior que o seu: é simplesmente o meu. Ele é meu com todas as letras, porque eu o controlo e procuro administrá-lo da melhor maneira possível; ele é meu em cada palavra, em cada gesto, em cada olhar, em cada silêncio. Às vezes ouço choros e escuto gritos silenciosos e nem sei de onde eles vêm, e quando sinto dor, diminuo-a soltando gargalhos embebidos de paz espiritual tão preciso que evito invadir o mundo dos outros; evito emitir coisas vãs, mas tão minhas que as excluo, são coisas minhas e algumas tão sem nexo que nem merecem serem citadas, são coisas minhas, tão findas, que mesmo sem querer, sinto-as repetirem infinitamente dentro de mim

Se uma pessoa lhe disser que está sentindo uma dor proveniente do mal do século, apascente o coração dela, estenda sua mão, dê apoio moral e espiritual, fique em silencio e procure sentir a dor dela, e se chorar que seja em agradecimento á DEUS por ainda estarem vivos. Se sofrer em razão da situação dela, é justo saber que DEUS te ama e a ela também. Talvez você não consiga ver, não consiga entender, mas DEUS sabe o que está fazendo, então, se hoje você chora e uma dor te sufoca, dê Glória a DEUS por isto, porque amanhã o SENHOR te dará um sorriso abundante, o qual ninguém poderá roubar de você, ninguém poderá roubar o que Deus tem para você, então, não questione, apenas louve ao Senhor, adore-O e agradeça-O por mais um dia que ELE te concedeu, assim como, concedeu a ela também. Deus sente a sua dor, quando ninguém pode te entender, quando ninguém sabe o que está acontecendo com você, mas DEUS tudo vê e sabe o que passa em seu coração. Ele chora por você e sabe também o quanto dói a sua dor.


Delação premiada e a indignação do povo brasileiro.

terça-feira, 14 de outubro de 2014


Estamos vivendo numa total secura, não só em relação ao tempo seco ou da falta de chuvas e de águas em reservatórios, estamos vivendo uma secura de ética, de ideias; secura de desculpas não convincentes; securas relativas a falhas que cometemos; securas do não comprometimento com a situação política momentânea, corrompida em que passa nosso País. Confesso que, ultimamente, em face da campanha eleitoral, não ando tão ocupado assim que não possa manifestar meu descontentamento com tudo isso e assim, vou liberando os feixes de pensamentos que se acumulam na região recôndita de meu cérebro, cronometrada pelo parco tempo que juro ainda ter. Todas as parafernálias eletrônicas diante de mim estão empenhadas a me ajudarem a matar esse tempo, mais precisamente no Facebook, que é para nós internautas, uma espécie de redutor de espaço que nos aproximam diariamente principalmente com aqueles que compartilhamos nossos ideais, pensamentos e ideias.

As ideias, às vezes, se não forem bem expressadas podem nos levar ao silêncio e às desconfianças, e talvez por faltarem conteúdos, evitamos ser ditas, não merecem a menor a atenção, nem uma nota ou uma pontuação qualquer. Pode ser tarde demais quando pensamos em dizer algo e sem sentir, já dissemos. Em conjunto, essa produção industrial de bobagens e reduções explícitas da realidade replicadas na rede nos dá a sensação de preenchimento de um tempo. De tempo encurtado. De tempo útil. De vida bem vivida.

Se quiser saber a dimensão do tempo e só ficar um minuto em silêncio, diziam os sábios, que talvez, não suportavam passar alguns minutos sem a tal comunicação. Isto acontece com a gente também, principalmente quando conferimos as últimas mensagens no celular que vibram nos bolsos ou na carteirinha que carregamos fixa no cinto. O meu só vibra quando está vazio ou quando um chato de nome Max Gehringer me tira do sério de hora em hora para fazer suas propagandas. Não consegui excluí-lo até hoje e o homem só pode ser sócio da Vivo. Fica tudo travado. Só tenho sossego quando o celular descarrega. São horas de abstinência que se manifesta toda vez que o coloco para carregar e aí me lembro de que nossas vidas pedem barulho e transbordamento o tempo todo. Elas estão secas demais para suportar algumas horas de silêncio, mesmo que este seja premiado.

E por falar silêncio, um que nos deixa estarrecido é a tal de delação premiada. Recentemente, em um noticiário televisivo, assisti um ex-diretor de abastecimento e refino da Petrobras Paulo Roberto Costa durante a sessão da CPI mista do Congresso Nacional ficar calado, situação que aumentava a pressão dos parlamentares pelo teor dos depoimentos de sua delação junto a Policia Federal do Estado do Paraná. Observei que aquele depoimento estava a dezessete dias das eleições e a oposição, insistentemente, tentava tomar conhecimento das informações repassadas pelo ex-diretor à Justiça Federal. Paulo Roberto Costa prestou e vem prestando depoimentos para esclarecer o esquema de lavagem de dinheiro que desviou cerca de R$ 10 bilhões dos cofres públicos, principalmente da Petrobras. Parte do dinheiro teria confessado o delator, iria para políticos e partidos aliados do governo. (PMDB, PP e PT). A CPI, que formalizou pedido, dificilmente terá acesso à delação premiada e ao inquérito da Operação Lava Jato. Esse indivíduo, além de tudo isso, se comprometeu a pagar uma indenização de R$ 5 milhões, garantia de outros bens e ainda, devolver a União cerca de US$ 23 milhões de dólares mantidos na Suíça e US$ 2,8 milhões mantidos em nome de “parentes” no Royal Bank OF Canadá das Ilhas Cayman, paraíso fiscal no Caribe.

Ao usar o direito constitucional de permanecer calado, o ex-diretor agradou ao Palácio do Planalto, que teme que novas informações sangrem ainda mais o escândalo da Petrobras e venha prejudicar a reeleição de Dilma, o que de fato, já prejudicou. Mas não é só por causa disso, a corrupção é tanta que não dá para nominar todas em apenas numa folha de papel. E o resultado disso são as últimas pesquisas de segundo turno. Há uma demonstração cabal de que o povo quer mudança. Infelizmente, no que se refere às informações de delação premiada sabemos serem sigilosas e a legislação pertinente é bastante clara quando dispõe: “A lei que disciplina a questão da delação premiada impõe sigilo a todos os envolvidos. A lei impede que qualquer pessoa se refira à eventual delação e ao seu conteúdo. É imposição de sigilo legal”. Objeto de enormes discussões, a Delação Premiada é daqueles institutos permeados de controvérsias, que instituída pelo ordenamento jurídico pátrio através da lei 8.072 de 1990, prevê em seu artigo 8º, parágrafo único, que: "o participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando o seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços". A delação premiada tem sido alvo de inúmeras críticas, principalmente devido a sua inegável carga moral, ética e religiosa.

Pode ser uma delação premiada e silenciosa, mas o que já vazou através da mídia é o suficiente para mostrar o rombo astronômico na Estatal e que a Petrobras pode ir à falência nos próximos dois anos e esta chance, diz a consultora Norte Americana Macroaxis, é de 32,4%. Segundo os critérios adotados, só uma empresa com mais de 90% de riscos de falência têm grande chance de quebrar nos próximos dois anos. Por outro lado, empresas com menos de 15% de probabilidade de falência têm tendência a apresentar crescimento nos próximos dois anos. Hão de se convir que os pilares da justiça social, os princípios éticos e morais norteiam a construção de uma sociedade mais humana e fundada no valor máximo por excelência, o ser humano, não se enquadram dentro do teor eticamente reprovável da delação premiada, assim como, a necessidade de se legitimar a consecução dos fins individuais e preservar o restante de dignidade do potencial delator – o que consistiria na proibição de um ser humano agir contrariamente ao fim de sua natureza, assegurando consequentemente a sua auto- preservação moral e daí insistirmos que a aplicação deste instituto deve ser relativizada e restringida sempre que possível, e se não isso não ocorrer, restará realmente ao povo brasileiro soltar o seu grito de indignação através das urnas.

Família Bandico, resgatando a arte e a cultura em Mineiros.

domingo, 5 de outubro de 2014


Colocar no papel coisas que observo principalmente no que tange ao convívio entre pessoas, sempre fez parte da minha vida. Curioso, anotava tudo sobre uma pequena agenda, impressões, raivas, dores, angústias e até alegrias; não sabia desabafar, o papel e a caneta eram meus cúmplices, nunca parei e foi daí que resolvi me tornar escritor. Tenho a certeza que ainda tenho muito a aprender e digo sempre que sou um eterno aprendiz. Quantos contratempos e tormentas vividas, mas tudo fez nascer em mim uma enxurrada de momentos poéticos, crônicas iluminadas e aí passei a sentir mais a dor e alegria dos outros, registrava tudo, escrevia como se esse “tudo” que colocava no papel fosse extirpado da minha alma. Não entendia e não entendo porque sempre as coisas emotivas faziam e me faz escrever mais, talvez o choro, o grito e a dor fossem embora na poesia, numa obra ou crônica escrita, e quando as publicava, sentia que não me pertenciam mais, alguém já se identificara com elas, ou apenas passava como uma escrita qualquer entre tantas. Escrever é complicado eu sei. É delicado também e de uma responsabilidade imensa, as palavras são armas, tanto na defesa quanto no ataque, podem amenizar dores, acalentar pessoas, apaixonar-se e quiçá, capazes de se transformarem numa guerra e é em razão disso que o escritor deve tomar certo cuidado. Não saberia viver sem a escrita, sem as minhas poesias e crônicas do cotidiano. Posso afirmar que em relação ao que escrevo hoje faço com um coração bem mais leve, solto e amadurecido.

Confesso que torço para que tudo continue assim. Seja numa festa de família, seja num boteco qualquer ou num clube favorito. Sem nenhuma pretensão de criticar ou me envolver publicamente para não atrapalhar um bate papo agradável, despretensioso, especial para o momento dou uma pausa. Não é a toa que a idealização de certo tipo de festa gera tanto fascínio. E foi o que aconteceu comigo no último dia 27 de setembro, em Mineiros, quando me vi diante de cenas incríveis, apaixonantes, criadas pela comissão organizadora do 3.ª Encontro da Família Bandico, onde ela teve a preocupação de resgatar do passado à cultura, a arte, a música e principalmente, a religiosidade e a família em si. Reviveram a história de Hildebrando Alves de Souza, mais conhecido como Bandico, que em 1902, já com 17 anos de idade saiu da cidade de Sacramento em Minas Gerais na companhia de seus pais Manoel Alves de Souza e Maria Salomé e se estabeleceram em Mineiros e aos 22 anos de idade, casou-se com Dona Maria Francisca Guimarães, com tinha apenas 17 anos de idade. Tiveram os filhos: Ibrantina, Maria Salomé, Francisca, José, Valtercides, Miguel, Antônio, Manoel, Terezinha e Joaquim. A bondosa e habilidosa matriarca Vovó Maria, mulher versátil, se destacava no manuseio do tear, na tecelagem, corte, costura, plantio de horta e exímia no forno e fogão a lenha e dali, saía o gostoso polvilho, a farinha de mandioca e milho. Vovô Bandico, homem sensato, honesto, trabalhador faleceu em virtude de um câncer aos 64 anos de idade, mas deixou um grande legado: a união da família. Enquanto as filhas ajudavam a mãe, os filhos cuidavam da olaria que produzia entre 800 a 1200 telhas por dia. Era, além do plantio de arroz, feijão, milho e pequeno gado leiteiro, o único meio de sobrevivência dessa grande prole, hoje integrada por 410 pessoas vivas.

Mas, voltando ao que me interessou e muito, notei que aquele encontro tudo fora feito de forma tão espontânea e especial que me deixou boquiaberto. Acredito que espontaneidade e premeditação não andam juntas. É espontâneo exatamente porque não se deve programar, e torna-se especial exatamente porque é espontâneo. Programado e espontâneo ao mesmo tempo, foi aquele bonito gesto de carinho de um grupo de crianças que saiu desfilando, umas carregando peças antigas, algumas feitas por artesão, outras, além da imagem de Nossa Senhora, os trabalhos manuais feitos pelas fiandeiras nos monumentais teares que ainda sobrevivem às intempéries do tempo e vão passando de geração a geração. A cada passo, as crianças iam colocando a postos, a enxada, o machado, o ferro a carvão, a matraca, o berrante, o bule, o balaio, a peneira, o pilão, a panela de barro, de ferro, as cabaças, o facão, a miniatura de um carro de boi, de um monjolo, máquina de costura, peças de olaria, tecelagem e fiação. A cada apresentação do grupo e a cada nova experiência trazida à nossa visão, especialmente as não programadas, restou-me finalizar esta crônica, dizendo: Abençoados foram os momentos em que resgataram a arte, a cultura, a música e a coragem da família que, mesmo diante de tantos percalços sofridos, não se deixou endurecer na estrada que Jesus os levou a trilhar.


Senhores Candidatos: Não sou bobo e nem meu ouvido é penico

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Faltam poucos dias para a eleição, e finalmente, vemos o fim do famigerado programa eleitoral gratuito. Hoje, dia 1.º de outubro, você e eu, que de certa forma parecíamos desinteressados pela campanha eleitoral, agora, na verdade, sentimo-nos aliviados, mas preocupados. Por que isso acontece? Ainda é cedo para pensarmos em desinteresse, pois domingo iremos à urna depositar o nosso voto. Temos que votar usando a razão e não a emoção. É isso mesmo! O Brasil é grande demais e cheio de problemas para entregar na mão de qualquer pessoa. Mas quando se fala em votar quão é difícil esquecer alguns dos candidatos que passaram pelo programa televisivo – ou, melhor, nem queria pensar a respeito, mas sou obrigado pensar e escrever. E logicamente para escrever esta porcaria de crônica tive que tirar um tempinho para assistir um programa eleitoral. E que sofrimento! Afinal a gente tem ou não a ver com isso, não é mesmo?... Não sou candidato e nem você, mas de certo modo fazemos o papel cabos eleitorais virtuais e temos opiniões diferentes, mas “aquilo” que a gente assiste deixa-nos estarrecidos. São tantas baboseiras ditas, maltratam o português, fazem propostas mirabolantes sem nenhuma consistência. Na minha modesta opinião os programas eleitorais não deviam ser gratuitos, porque se fossem pagos, ficaríamos livres de alguns candidatos, que além de não terem a mínima condição financeira, são totalmente despreparados e alguns, por incrível que pareça, mal dão conta de ler o que passa diante do vídeo.

Hoje eles nem se dão ao respeito de pedir licença para entrar em nossos lares. Pensam que somos bobos e nosso ouvido é penico. Gente, quanta falta de criatividade! E a impostação de voz, ou de vozes? Cruz credo! Mais parecem piadas, que nem vale a pena ver ou ouvir de novo, e nem tem como, porque, alguns só conseguem gravar poucas vezes. Ainda bem. Diante de tantos candidatos, fica mesmo difícil escolher o pior. Se fizermos anotações das esdrúxulas frases e separar as vozes “taquaras rachadas” que aparecem, a maioria está eliminada. Por curiosidade procuro observar se o candidato inova. E vejo que não inova nada! São os mesmo chavões e depois vem e diz na maior “cara de pau” que vai trabalhar em prol da saúde, educação, segurança, transporte e habitação (claro que nem sempre nesta mesma ordem). Tem candidato que fala que vai trabalhar pela saúde e na sua boca falta dentes; tem candidato que fala sobre educação e sequer tem o primário; tem candidato que fala sobre habitação, mas está desempregado e nem moradia tem; tem candidato que diz: se eleito vou melhorar minha vida, de minha família e de meus amigos; tem candidato que está há mais de quatro mandatos no poder e diz que vai fazer isso ou aquilo e até salvar a CELG. Uai! Porque não fez durante o tempo em que está no poder; tem um que quando o seu partido foi governo mandou vender a hidrelétrica cachoeira dourada e agora vem e diz se for eleito, vai salvar a CELG; tem candidato do Partido dos Trabalhadores que se diz na telinha ser honesto, ético, incorruptível, mas esquece que foi visto recebendo propina do tal Cachoeira, tudo gravado; tem candidata que diz na maior cara de pau que o seu governo combate duramente a corrupção, sendo que é o inverso de tudo isso; tem candidato que começa o seu texto assim: Eu como candidato... (?) Será que come tanto candidato assim? Por que não diz se eleito for...

Com relação ao programa eleitoral sou crítico mesmo! Abstenho-me de dizer nomes nesta crônica porque não quero fazer propaganda gratuita. Aqueles que acompanham a política há bastante tempo sabem que tem candidato que, antes de o ser, já criticava duramente todo mundo, dizendo que a maioria dos políticos comprava votos, mas ele, no seu primeiro programa, prometeu doar 100% do seu salário para custear tratamento de saúde de pessoas que têm o mesmo problema seu. No Programa seguinte, foi suspenso pela Justiça Eleitoral. Bem feito! Ele não tem proposta e parece que se candidatou apenas para denegrir a imagem de um candidato a governador. Uma rixa antiga, que ao eleitor não interessa. O eleitor quer ouvir é proposta e não agressões verbais. Este fato é pequeno em relação a outros candidatos. Durante horário eleitoral gratuito em que me propus ouvir, sei que foi um castigo que impus aos meus ouvidos e minha sensibilidade e com a caneta em punho, fui anotando e selecionado alguns “chavões” até chegar à escolha do “faz-me rir”. Então vai: Vocês se lembram dos candidatos que diziam assim: Eu sou aquele cantor que assovia e depois, assoviava mesmo! Os outros, um berranteiro e um cantor sertanejo que mais parecia o Sinhozinho Malta. Eram tantas jóias nos dedos, punho e pescoço que fiquei com inveja. E quantas promessas vazias foram feitas por todos eles.

Para não tomar o tempo do caro eleitor faço aqui em tópicos separados um resumo das palavras “sábias” desses candidatos, alguns sem a mínima estrutura para fazer quaisquer tipos de promessas: 1) Eu sou a cara do povo; 2) Vou lutar contra a fome, a pobreza, a burocracia e corrupção; 3) Vou lutar pela redução da maioridade penal; 4) Sou um político de “cara nova”: 5) Sou vendedor de picolé; sou aquele do lanche, sou o do sacolão, sou o da vassoura... E pasmem! Todos eram candidatos a Deputado Federal. Não tenho nada contra a profissão de cada um, porque eu mesmo já fui engraxate, vendedor de pirulitos, cobrador, etcétera e tal, mas o Congresso Nacional precisa de gente com capacidade mais intelectiva, que tenha certa noção de administração pública e não se envolva com falcatruas e peripécias políticas prati
cadas no Congresso Nacional. Tal situação acontece porque partidos pequenos, mas conhecidos como “partidos de aluguel” captam essas humildes pessoas para completar seus quadros de candidatos, e alguns sequer conseguem ter mais de um. Vi o sofrimento de uma jovem pedindo voto (texto lido) várias vezes e ao que parece, o seu partido só tinha ela.

Infelizmente temos alguns eleitores que se assemelham, à minha visão quando o uso óculos de grau, àqueles caras estressados que trabalham na bolsa de valores correndo de um lado para outro. Muitos deles estão trocando seus votos por uma cesta básica, por uma casa própria, por um vale alimentação. Isso é fato e pesa em favor dos investidores. Resultado disso: no dia da eleição, já não existe mais a lembrança do valor do “negócio”, mas o “santinho” do candidato que segue enroladinho, entre os calos da mão do eleitor, objeto da maior confiança dos candidatos que investiram nele.




 
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