Voltar ao passado depois de viver décadas à procura do saber, de
entender as pessoas é como decifrar sinais sem ter tido a sapiência necessária
para, pelo menos, tentar saber o que querem da vida e o que pretendem enxergar
no futuro. Voltar a ser de repente tão frágil como a uma criança seria como
forçar a barra diante de Deus. Impossível! E é isso o que eu sinto neste
momento de reflexão... E refletindo vou me enredando, conspirando,
intrigando, juntando, ligando, maquinando, prendendo, tramando, unindo, urdindo
diante do meu próprio universo. Em certos momentos, ao trazer de volta alguns
pensamentos arquivados num mundo incógnito comecei a refletir: “Deus é isto.
Deus é beleza que se ouve e se manifesta no silêncio”. E eu ali debruçado na
janela pensando: Quanto mais desciam águas pelo vão quadriculado entendia o
motivo daqueles minúsculos espelhos d’água se debater sobre ela. Tudo ali
parecia orquestrado pela natureza que tentava me convencer que eu vivia num
mundo desigual. Que vivia no planeta do absurdo, e o pior que é verdade. Mas o
mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos era clarividente a
desigualdade, infelizmente. Ele mostrava seu contraste longe ali, lá e acolá ou
até onde meus olhos alcançava
Mundo desigual mesmo. Doenças que se alastram e algumas incuráveis,
que deixam as pessoas desnorteadas tornando-as deficientes ou incapazes para o
trabalho. Mas ali do alto da janela meus olhos desfrutavam de tanta beleza que
jamais imaginaria outras coisas a nós impostas, e às vezes, achava serem apenas
cenas represadas no meu subconsciente, mas não eram. Como contestar isso se os
meios de comunicação mostram fatos novos todos os dias como: crianças e
mulheres que se prostituem para sobreviverem; crimes de pedofilia, chacinas,
roubos sequestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos
favorecidos. Isto realmente não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma
realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria
espécie humana. E é aí que tento refletir sobre isso, mas às vezes sinto os
meus passos regredirem quando muitos outros avançam; vejo pássaros adentrarem
em ninhos como o sangue faz em nossas veias, mas este, sempre com o rumo certo:
o coração. Até mesmo as rédeas que nos amarra podem estar unindo também nossos
destinos. É como se a gente fosse um diamante bem lapidado
brilhando em almas serenas.
Como
pode a gente ter sentimentos e não ter a capacidade de discernimento, nem o
mais claro proceder ou amplitude do que pensamos de nós mesmos. Nem o mais
claro proceder, nem o pensamento mais amplo é capaz de se firmar, tudo muda
quando trata-se de mero assistente e não condescendente. Geralmente nos
distanciamos dos rancores e da violência, pois acreditamos que só o amor como a
ciência nos tornam tão inocentes. O amor é turbilhão de pureza original, assim
como o animal que mesmo feroz sussurra adocicado. Deu um tempo raça humana! Liberta-te
dos jugos, das arrogâncias, dos fingimentos e insensatez! Ainda há tempo de
amar, usar suas dedicatórias para Deus e voltar a ser menino. Ainda há tempo...
Sim, a ampla janela aberta, talvez como se fosse pura magia, Deus entrará por
ela com o seu manto o protegerá das manhãs frias e das incertezas de um novo
amanhã..
Ao ver a
multidão perdida na escuridão da vida e sem a presença de Deus, preocupei-me
sobremaneira de ver muitos deles perderem a sua ligação com a igreja na qual
foram batizados. Outros, sentindo-se excluídos pela sociedade, violentados
moralmente e impossibilitados de terem acesso aos bens necessários para a sua
sobrevivência, ficam frustrados e se deixam tomar pelo desânimo, deturpam-se as
mentes e deturpadas, partem para as formas mais fáceis de ganhar dinheiro,
exemplificado no tráfico de drogas, que tem levado muitos jovens ao crime e à
morte prematura. Alguns, sem a orientação eficaz, mudam de religião como se
estivessem trocando de roupa ou sem esperança, tornam-se indiferente a tudo,
fato que a igreja deve procurar saber para obter uma resposta mais adequada
para combater os desafios aqui constatados.
Neste
momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e o sopro do
vento que vem de um céu coberto por nuvens, comecei a entender realmente que
não só a sociedade brasileira está na UTI, mas todo o planeta Terra. A doença
do egoísmo e da maldade domina todo o sistema, onde, de forma excludente, não
se consegue realçar a solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um
mundo mais humano e fraterno. È necessário que a perda progressiva do seu senso
ético e o próprio individualismo como se fosse uma doença incurável, possa ser
retirada com a inserção do bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça,
que está sendo vilipendiada dia a dia possa se recuperar diante da opinião
pública, deixar bons exemplos para que o povo sofrido, o indefeso, os mais
fracos e os menos favorecidos possam enxergar uma luz no fim do túnel e quiçá,
um dia, o mundo deixe de ser desigual.
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