Certo
dia eu perguntei a mim mesmo: Quem sou eu? Pensei um pouco e respondi: Acho que
sou aqueles rastros que deixei sobre a areia esbranquiçada da praia que se
perderam ou foi apagada pelas ondas, ou talvez, aquela concha oca abandonada em
formato de caramujo, cujo bico estava cheio de terra molhada, mas que se
estivesse limpo, talvez me levasse ao vazio do nada. Mas onde estavam meus
rastros, pedaços de uma minha vida, e que, por onde caminhava, sem vê-los,
mesmo assim, me lembrava com saudade de cada passo. As ondas que molhavam meus
pés recuavam, mas deixavam sobre eles alguns sonhos que jamais se acabaram,
Sabia que a cada passo ficava um vazio imenso, uma vontade férrea de parar e
desistir de tudo, mas o oceano insistia em me enviar um conjunto de emoções
negativas que talvez atuasse sobre mim e eu não sabia. Acho que todos possuem
um vazio dentro de si mesmo, um período difícil em suas vidas, onde as horas se
tornam minutos e os segundos sequer movem. Daí a gente não consegue progredir,
vem à falta de vontade e motivação. A vida carece de sentido, vem uma sensação
de desamparo e até falta de fé, de não acreditar na existência de Deus.
Chegamo-nos a fechar a porta para tudo e para todos, como se nada importasse ou
tivesse valor algum.
Questiono-me
novamente: Porque será que muitas coisas em que acredito chegam ao fim?
Será que não acredito na felicidade eterna, em um novo sonho que possa surgir?
Talvez cheguem de mansinho e sem pedir, vão abrindo os cadeados de meu coração.
Mas ele está trancado e ao abri-lo, vem-me um enorme medo, medo do novo, medo
da alma estar doente, medo de um sonho de não conseguir realizar sonho algum.
Medo que me faz mexer com as emoções adormecidas, esquecidas, perdidas, mas
possíveis de me trazê-las volta, de viver com intensidade e recomeçar tudo de
novo. Este recomeçar nada mais é que dar uma nova chance a mim mesmo,
renovar-me e por fim acreditar num mundo melhor. É nesta hora onde tudo
ressurge é que devemos procurar entender que podemos avaliar melhor sobre a
nossa vida, procurar entender como devemos transformar pequenos instantes em
grandes momentos, eliminar tudo que atrapalha o desenvolvimento do corpo e do
espírito, dando lugar somente ao que nos engrandece como seres humano e filhos
de Deus. Hoje não sinto vazio dentro de mim e meus sonhos não estão nas nuvens
e nem me preocupei porque estou no lugar certo construindo meu alicerce para
ultrapassar as nuvens e me agasalhar no céu.
É
certo que sentimos um vazio. Não aquele vazio sem coração, mas um vazio de
alguém que se sente solitário sem saber por quê. Olhamos ao nosso redor e não
conseguimos ver ninguém, apenas um espaço vazio. Reclamamos demais da vida, uma
vida que Deus nos concedeu. Andamos ao lado de pessoas, onde não sentimos mais
aquela liberdade de falar o que pensamos. Passamos a ter medo delas. Andamos em
um mundo onde só nos existimos, só nós podemos nos sentir bem. Às vezes vem à
vontade de querer ter coragem de contar tudo que nós pensamos e o
livre-arbítrio para dizer o que pensamos, e o que nos decidimos. Difícil esta
querência, pois estamos presos por dois cadeados, bem trancados.
Até
ontem era apenas eu, e o meu pequeno escritório. Onde nele nem mais segurança
tem, entram, bisbilhotam minha estante, fecham a porta na hora que quiserem,
tirando-me a concentração, como se quisessem saber o que estou pensando ou
mandassem em mim. Mas hoje, comecei a crer em algo, em alguém que eu tenho a
plena certeza que não vai me decepcionar. Que vai estar comigo, que sabe amar,
que sabe perdoar. Que tem fé, Que está comigo para o der e vier; que me entende
e estende sua mão a todo o momento. Eu falo de Deus, pois Ele é o meu melhor
amigo e seu também e que a tudo vê e jamais nos deixa na mão. Quando começo a
sentir um vazio dentro de mim, talvez por faltar algo grandioso que eu sequer
sei o que é então sinto que é preciso deter esse meu vicio de querer coisas que
também não sei o que é. Essa é essa minha eterna busca por coisas imaginárias,
surreais.
Sinto
que é preciso mudar, crescer, amadurecer, mas nunca deixar ser criança. Tem
certos momentos que nem eu me entendo, não sei o que quero ou que preciso.
Parece que me encontro perdido sem ter a mínima ideia pra onde ir. A única
coisa que eu sei é que não posso ficar parado. Sinto que preciso ser ágil e
correr atrás dos sonhos talvez achasse perdidos. Preciso imediatamente de vida,
tenho sede de vida, tenho fome de aventura, tenho desejo de ir, mas quando
retornar, voltar de novo, renovado, até onde as minhas pernas ou veículos
possam me levar. Sei que é preciso dessa mistura: que eu chore mais, que eu
sorria mais, que eu sinta mais a vida, que deixe o estresse e venha entender
melhor o que é a vida, o que se passa dentro de mim e de cada pessoa com quem
convivo. Necessito entender certas coisas, entender mesmo, mas em seguida,
esquecer tudo. Preciso de sei lá o que, mas preciso, todavia não sei o que é.
Preciso viver além do que imagino e ir viver o surreal para além de mais além,
onde eu jamais imaginei que iria. Quero viver cada aventura que o mundo possa
me proporcionar, quero viver para ver o que o universo inteiro tem. Quero viver
tudo em uma só vida, mas é claro, se Deus assim o permitir.
Não
sei se é preciso para conviver com esse vazio, mas às vezes é necessário que
algo morra dentro de mim para voltar a viver, talvez retornando por outra porta
sem cadeados ou trancas, na esperança de encontrar alguém que me reconheça.
Abrir a porta, parar e olhar se existe um vazio do outro lado para poder
mostrar quem não é ou quem sou. Quanto a mim só sei que retornei ao meu mundo
que pensava não existir, pois vi que ele tinha um significado. Não morri, mas
tenho certeza que o meu vazio está escrito na lápide de um campo santo
qualquer. Acho que nasci de novo e do lado de cá fico esperando que alguém me
chame com calma, pois não sei se vou passar pela porta devagar ou rápido
demais.
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