Pessoas
que leram algumas crônicas e poesias minhas comentam que não é fácil
entender até onde quero chegar, mesmo sendo elas escritas de forma simples, mas
são mistérios captados pela minha mente, que na verdade, não se pode perceber
ou decifrar. Será que minhas crônicas, poesias ou livros de romance são enigmas
das quais posso estar exigindo muito do escasso tempo das pessoas que leem e
tentam decifrar os meus escritos, ou me decifrar. Se chegarem a alguma
conclusão fática ou não, posso afirmar que eu e minha forma de escrever podemos
nos tornar um pesadelo em noites de lua cheia ou serem atacadas por sósias nas
ruas desertas que estão à procura da decifração de nossas próprias almas. Não
contradito muito, mas contradito o suficiente e chego ser a revolta que se
esconde dentro de mim mesmo. Admito que já vivi o bastante, mas quero viver
mais, talvez o suficiente para entender-me com tudo aquilo que cerca. Diante do
meu pequeno mundo acho que tenho brilho e quero manter esse brilho, mas de que
vale tudo isso se a gente desperdiça o nosso tempo com pessoas inúteis,
fingidas, despreparadas? Se existe algum detalhe extra a meu respeito, eu não
sei explicar e nem explicar a mim mesmo. Jamais me privo de desejos que possam
me arrancar um sorriso porque eu me previno de decepções.
Quando
estiver lendo analise bem o que escrevo e antes de julgar-me olhará no espelho
da vida e verá o seu próprio reflexo e a quem cujo texto realmente está
julgando. No entanto, eu e você caro leitor somos também como a um enigma, cada
um com o seu segredo a decifrar; têm gente que se apega por quem os trata mal,
por quem se briga, todavia, eu sou o contrário de tudo isso, pois me apego por
quem me trata bem, e se grita ou me trata mal me afasto e ignoro, pois o tempo
encarregará de desfazer qualquer mal feito. Quando alguém dá “patadas” eu me
recuo, sabendo que a “patada” ou jeito torto de agredir pode ter sido impensada
e desculpando-se, me ganha de novo, recupera a amizade. Gosto de pessoas assim
verdadeiras, sem falsetes, pois é nesse sentido que deve haver os sentimentos
que temos sem fingir situações.
É lendo, dialogando,
olhando nos olhos que enxergamos ser possível aprender a ver e decifrar a
própria alma, que não é somente ver; que não é simplesmente perceber com os
olhos. Ver é perceber com a alma, com o espírito; é deixar-se envolver-se; é
deixar-se cativar. Muitos são os que olham e nada vêem, pois não se emocionam
da maneira que as imagens representam. Uma visão fria sem um ponto de
equilíbrio final. Não sabem, talvez, que é possível mudar a maneira de enxergar
o que o mundo nos proporciona. Ou se sabem não se interessam por isso; estão
tão acostumados com a frieza de seu próprio olhar que finge não ver o que está
à sua frente, por mais bela que a imagem for, talvez, até desconheça a forma de
como ela se apresenta diante deles, negando-se a ver a beleza nela
contida.
Eu aprendi a
decifrar olhares e através deles pude observar que havia janelas e através
delas, chegar até a alma. Aprendi a interpretar
semblantes, entender silêncios, compreender, perdoar erros, prevenir quedas;
aprendi a levantar-me, erguer cabeça e erguida, sempre mantendo o pensamento
positivo; aprendi localizar de onde vêm as “tempestades” de palavras que magoam
e constrangem; aprendi a manter-me calmo quando humilhado; compreendi que,
quando se escreve um livro de poesia, de romance, um artigo ou crônica, alguns
leitores não gostam de ler e nem dá a mínima a certos textos; mas aprendi a não
me apoquentar com nada, pois procuro manter sempre a cabeça erguida, mas fico
curioso para entender os porquês. Escrevendo diariamente aprendi alcançar
corações de pessoas que sofrem e apequenar suas dores e secar suas lágrimas;
aprendi a conhecer e conviver com pessoas tal como elas são; aprendi a
compreender onde elas tens estado e onde estão seus lucros e fracassos; aprendi
a celebrar com elas mesmas, seja virtualmente ou não, as suas alegrias e
compartilhar suas dores e jamais julgá-las, pois todos somos sujeitos a erros.
Aprendi a sentir saudades iguaiszinhas a você que lê esta crônica agora.
É público e notório que o olhar tem que ser
treinado, pois geralmente uma mesma imagem pode ou não representar a mesma
sensação. Cada olhar é um fenômeno diferente do outro, mesmo que se olhe para o
mesmo objeto no mesmo lugar, repetidamente. É como aquela pessoa que antes
havia entrado no mar. Observou-se posteriormente que nem o mar era o mesmo de
quando ela havia entrado nele. Ele se modifica com o tempo ou o tempo o
modifica.
Urge então que a
gente consiga decifrar a nossa própria alma; urge aprender a conhecer a nós
mesmos, de onde vêm nossas raízes, e o nascedouro de nossos princípios. Hoje,
de certa forma inquieto, achei por bem abrir as comportas do meu coração e as
janelas de minha alma. Transformar a minha escrita, o meu olhar em algo
substancial, nutritivo, pois eles que proverão minha alma de imagens a serem
decodificadas. Achei por bem também de transformar minha alma num núcleo
formador de benevolência, para que possam me decifrar, e tudo que nela for
incorporada por meio do olhar me deleite, me deixe embevecido, satisfeito.
Assim me transformarei ainda mais numa pessoa melhor e poderei ajudar as
pessoas com as quais convivo. Acredito que quanto mais pessoas estiverem
pensando, enxergando e decifrando assim, melhor será a nossa sociedade.
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