Quando
ficamos à espera de algo extremamente importante costuma trazer certa tensão.
Esse algo traz à tona sentimentos que exigem da gente muita paciência e
dependendo da situação até orações e pedidos ao Pai Celestial. Quando
falo em longa espera ou orações, estou falando do nascimento de meus netos
gêmeos Davi e Letícia que estão a caminho, e, enquanto a família os espera
ansiosos, para aquietar o meu coração o jeito foi pôr-me a escrever.
Logicamente o título ou tema acima foi inevitável e não era pra menos. Essa
espera é, sem dúvida, angustiante, mas de certo forma prazerosa; uma espera que
requereu de mim muita apreensão, e nessa contagem regressiva o jeito foi contabilizar o tempo, dias, horas e minutos que restam para o nascimento deles
e me preparar pra o que der e vier pela frente, mas certo de que tudo correrá
bem e que cada um possa se esforçar o suficiente para dar o seu melhor e no
momento certo, tudo venha a ocorrer da forma que todos esperam. Sabemos serem
raros esses sonhos – o nascimento de gêmeos, cujas expectativas às vezes não
serão condizentes com a realidade em que vivemos.
Ao
fim da angustiante ou prazerosa espera, precisamos separar o que é mesmo uma
satisfação daquilo que, na verdade, já vinha fazendo parte do nosso mundo
fantástico: a vinda de gêmeos, que há meses, de uma forma ou outra, estamos nos
preparando para recepcioná-los e que cheguem sadios e ponto final. Nesse
ponto final ou fim de uma espera onde algo pode se tornar surpreende de forma
positiva, caberá somente aos pais decidirem como criá-los, continuarem
acreditando no poder da oração e voltarem a sonhar, sem precisar esperar.
Está
próximo o fim da ansiedade da espera, está próxima a sensação da ausência, da
expectativa de ver in loco, de tocar
naqueles corpinhos recém-nascidos, enfim, aqueles meses de gestação pareciam
transformar numa eternidade. Corações vão se amiudar, mas quem pode segurá-los
no ninho como se fossem passarinhos empenados que também vêm para contemplar o
azul do céu e o longínquo infinito como um mundo novo a ser desbravado?
Distantes
da mamadeira e da submissão paterna uma dia ganharão o mundo. Não importa para
onde eles irão, afinal, este mundo a eles pertencerão. A força física e a
irreverência da juventude lhes serão peculiares. Da beleza sou suspeito de
falar, pois ela é herança de família. Quantas foram às noites que, no silêncio
de um fingido sono, lado a lado, os pais passaram boa parte rolando de um lado
para o outro, pensando como estão as pessoinhas acomodadas no útero com zelo e
carinho? E onde a mãe foi buscar tanta força para seguir em frente com a
gravidez conseguida por inseminação artificial como se, o seu caso fosse normal
como as outras, mas não foi?
Até o
nascimento tudo bem. Depois podem acontecer vôos curtos, pois vão e voltam do
colo ao berço e vice-versa. Logo crescerão e são dois seres humanos. Vão
estudar fora, longe dos olhos e aí o bicho pega. No início, a mãe poderá até
tentar controlar a vida deles como se possível fosse. Mas logo ela percebe que
seus rebentos querem liberdade, quer ser dono de seu próprio nariz. Quer correr
o próprio risco e provar, para ela e para o mundo, que sabe se cuidar e não
precisa mais da tutela de ninguém. É nessa hora que eu procuro pensar em
algumas palavras apropriadas e ensinamentos aprendidos ao longo da vida. Tais
como: “criamos nossos filhos para o mundo, os entregue para Deus cuidar, porque
nossa parte nós já fizemos. “Filhos são como flechas: uma vez lançadas, nunca
mais voltam ao ponto de partida. “Filhos, nem tê-los, nem perdê-los”. Eis a
questão.
O tempo
desprendido aos pais é curto. Eles, assim como eu, foram como os meus filhos,
têm pressa. Sabem que quando se tornarem adolescentes a prioridade é dos
amigos. É pura realidade. Os pais, principalmente a mãe, se contentam apenas
com um beijo na chegada e outro na partida, quase sempre no último minuto do
segundo tempo, quando já anunciada a segunda e última chamada para o embarque
para seguir a estrada de sua vida. Com o coração em pedaços ela diz: Vão com
Deus, meus filhos, vivam com intensidade seus momentos porque o mais importante
da vida é a largura e não o comprimento, mas fiquem sempre sabendo que estarei
sempre à espera.
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