Todos nós
somos fortes o suficiente pra suportar a falta que alguém nos faz. No tocante a
mim sempre procurei ser forte pra nunca voltar atrás e jamais me arrepender do
que fiz e ou mesmo daquilo que deixei de fazer. No entanto, quando escrevia
este texto comecei a pensar que não era tão forte assim, e queria apenas
entender o que ainda me prendia aqui no meu recanto. Por que razão? Será assim
tão forte? Eu procurava fazer de tudo do meu tudo, mas nada aliviava a falta
que sentia talvez indecifrável, incompreensível para mim mesmo. Quem deveria se
importar com meu tudo se desconhecia fatos e razões, mas isso não me importava,
porque simplesmente estava me cansando de ser forte, todavia, sem me tornar
totalmente fraco, pois a estrutura que adquiri durante minha existência não me
deixou jogar fora a chance que dei e continuo dando a mim de me fazer feliz.
Tudo, do meu tudo mesmo eu me abstinha de absorver em sua totalidade era para
não sofrer diante de um acontecimento qualquer, inusitado. Hoje, entender o que
acontece com a gente é o mais essencial para cada um de nós. Às vezes ignoramos
o que nos transmite um olhar, um aceno, um afago, um sorriso, uma mensagem
postada. Rimos e choramos, mas, possivelmente, expressando no rosto risos ou
choros superficiais.
Cansei,
mas não é de caminhar. O meu cansaço não é físico, é espiritual. Tão espiritual
que não consigo me achar nos meandros de uma mansa correnteza, nem os meus
devaneios imaginários que escrevia em folhas de papel, e de outra parte,
recuperar os sonhos sonhados em noites primaveris ou aquietar-me diante de
tantos pesadelos. Não obstante isso, cansado ou não, procuro sempre trazer um
sorriso no rosto, mas acho que com o passar dos tempos estou me tornando uma
imagem turva. Mas existe o tal do bem-querer que tenta deixar a gente forte,
mas como ser humano que sou, fraquejo, e fraco, às vezes não consigo; não
consigo nem sonhar com frio olhar de alguém que se esconde por detrás um muro
intransponível.
Cansei de
ser forte, porque ultimamente tem sido difícil manter tudo ao meu redor
congelado. Esbarro nas pessoas como se fossem seres estranhos, mas sabendo que
não são. Mas o mundo fez e continua fazendo grandes mudanças em nós e a gente
tem dificuldade de aceitar alguém como uma pessoa comum, normal, que às vezes
se destoa, não deixando bem o final de sua história. Torna-se ainda mais
estranho é o jeito frio, jeito de não se importar muito com as coisas que se
seguem até os dias de hoje, todavia, temos de acreditar que exista alguém, um
Ser Supremo, com capacidade para mudar tudo isso.
Em busca
de memórias boas e reflexivas para inserir neste texto, lembrei-me de muitas.
Na verdade, mesmo cansado de tudo, eu nunca me esqueci de nada, apenas tirei do
meu foco as mazelas e iniquidades que vem ocorrendo no mundo e em nosso País.
Não foi tão foi difícil retirar isso e até me confortou, mesmo estando cansado
disso e de tudo mais. É estranho quando alguém que estamos acostumados a
dialogar discorda da gente, se contraria com qualquer coisa dita e escrita, e
até some da nossa vida, mas deixam os rastros, gestos e palavras como
lembranças. Acredito que foi através delas que encontrei forças para não deixar
outras pessoas irem e dar valor às mais próximas, sem sentimento de culpa por
ter sumido por um tempo de suas vidas. Só que hoje, de alguma forma, estou
pagando por ter deixado algumas irem, e foi assim que descobri que ainda me
restavam forças, que eu não sabia de onde tirava, mas certo de que elas
chegavam para ocupar espaços que não eram meus, mas que eu amei ocupá-los.
E por mais
que eu tentei enterrar o meu passado, acredito que sempre irá despertar reações
estranhas em mim porque ele foi mais positivo que negativo. Tenho de convir que
não seja somente eu, mas todo ser humano em geral precisará mais do que uma
imagem para se satisfazer de seus anseios e vontade própria para consecução de
seus sonhos e objetivos.
Até onde
cheguei tive que ser ou mostrar-me forte, aliás, tive que aprender a ser forte
e para isso passei por grandes tempestades, tive muitas decepções, engoli muita
coisa, deixei de engolir outras e passei por cima de tantas e tantas outras sem
ferir ninguém. Em determinados momentos me vi obrigado a construir a minha
própria muralha. Se não bastasse, fui obrigado a andar sobre pedras
pontiagudas, passar por barreiras quase intransponíveis que encurtavam o meu
caminho e ainda, driblar todas as outras que foram aparecendo durante minha
existência. Aprendi a ensinar meus ouvidos a ouvirem somente aquilo que me
interessava e que fosse útil; aprendi a ensinar minha boca a falar somente o
necessário e quando não ocorria me calava deixando apenas que o meu silêncio
falasse por mim. Guardei segredos, ocultei palavras e às vezes as escondia em
compartimento onde só eu e Deus tinha acesso. Por isso caro leito e leitora
podem não gostar de meus textos que acredito serem às vezes sem nexo, mas não
me julgue sem a devida sensatez, nem arremesse pedras ou palavras que me firam,
pois poucos não viveram o que eu vivi, não passaram por tudo aquilo que eu
passei, não sabe o quanto eu lutei para realizar um bom combate, chegar até
onde cheguei e nem mesmo sentir na pele o que eu sentia. Eu posso dizer que já
pensei até em parar de escrever e que cansei de tudo aquilo que passa ao meu
redor, principalmente em relação à política rasteira e o dividido e conturbado
judiciário brasileiro, mas é normal que todo mundo cansa, mesmo os esquerdistas
e outros que se dizem contrários, mas antes que a gente fale um do outro,
voltemos no tempo e caminhemos pela estrada da nossa vida, aquela que
construímos durante toda nossa existência, pois só ela é capaz de repaginar a
nossa história, e caminhando, teremos condições de dizer se praticamos o bem e
alcançamos o sucesso e objetivos que tanto almejamos.
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