Simplesmente cansei II

domingo, 18 de junho de 2017


Todos nós somos fortes o suficiente pra suportar a falta que alguém nos faz. No tocante a mim sempre procurei ser forte pra nunca voltar atrás e jamais me arrepender do que fiz e ou mesmo daquilo que deixei de fazer. No entanto, quando escrevia este texto comecei a pensar que não era tão forte assim, e queria apenas entender o que ainda me prendia aqui no meu recanto. Por que razão? Será assim tão forte? Eu procurava fazer de tudo do meu tudo, mas nada aliviava a falta que sentia talvez indecifrável, incompreensível para mim mesmo. Quem deveria se importar com meu tudo se desconhecia fatos e razões, mas isso não me importava, porque simplesmente estava me cansando de ser forte, todavia, sem me tornar totalmente fraco, pois a estrutura que adquiri durante minha existência não me deixou jogar fora a chance que dei e continuo dando a mim de me fazer feliz. Tudo, do meu tudo mesmo eu me abstinha de absorver em sua totalidade era para não sofrer diante de um acontecimento qualquer, inusitado. Hoje, entender o que acontece com a gente é o mais essencial para cada um de nós. Às vezes ignoramos o que nos transmite um olhar, um aceno, um afago, um sorriso, uma mensagem postada. Rimos e choramos, mas, possivelmente, expressando no rosto risos ou choros superficiais.

Cansei, mas não é de caminhar. O meu cansaço não é físico, é espiritual. Tão espiritual que não consigo me achar nos meandros de uma mansa correnteza, nem os meus devaneios imaginários que escrevia em folhas de papel, e de outra parte, recuperar os sonhos sonhados em noites primaveris ou aquietar-me diante de tantos pesadelos. Não obstante isso, cansado ou não, procuro sempre trazer um sorriso no rosto, mas acho que com o passar dos tempos estou me tornando uma imagem turva. Mas existe o tal do bem-querer que tenta deixar a gente forte, mas como ser humano que sou, fraquejo, e fraco, às vezes não consigo; não consigo nem sonhar com frio olhar de alguém que se esconde por detrás um muro intransponível.

Cansei de ser forte, porque ultimamente tem sido difícil manter tudo ao meu redor congelado. Esbarro nas pessoas como se fossem seres estranhos, mas sabendo que não são. Mas o mundo fez e continua fazendo grandes mudanças em nós e a gente tem dificuldade de aceitar alguém como uma pessoa comum, normal, que às vezes se destoa, não deixando bem o final de sua história. Torna-se ainda mais estranho é o jeito frio, jeito de não se importar muito com as coisas que se seguem até os dias de hoje, todavia, temos de acreditar que exista alguém, um Ser Supremo, com capacidade para mudar tudo isso.

Em busca de memórias boas e reflexivas para inserir neste texto, lembrei-me de muitas. Na verdade, mesmo cansado de tudo, eu nunca me esqueci de nada, apenas tirei do meu foco as mazelas e iniquidades que vem ocorrendo no mundo e em nosso País. Não foi tão foi difícil retirar isso e até me confortou, mesmo estando cansado disso e de tudo mais. É estranho quando alguém que estamos acostumados a dialogar discorda da gente, se contraria com qualquer coisa dita e escrita, e até some da nossa vida, mas deixam os rastros, gestos e palavras como lembranças. Acredito que foi através delas que encontrei forças para não deixar outras pessoas irem e dar valor às mais próximas, sem sentimento de culpa por ter sumido por um tempo de suas vidas. Só que hoje, de alguma forma, estou pagando por ter deixado algumas irem, e foi assim que descobri que ainda me restavam forças, que eu não sabia de onde tirava, mas certo de que elas chegavam para ocupar espaços que não eram meus, mas que eu amei ocupá-los.

E por mais que eu tentei enterrar o meu passado, acredito que sempre irá despertar reações estranhas em mim porque ele foi mais positivo que negativo. Tenho de convir que não seja somente eu, mas todo ser humano em geral precisará mais do que uma imagem para se satisfazer de seus anseios e vontade própria para consecução de seus sonhos e objetivos.

Até onde cheguei tive que ser ou mostrar-me forte, aliás, tive que aprender a ser forte e para isso passei por grandes tempestades, tive muitas decepções, engoli muita coisa, deixei de engolir outras e passei por cima de tantas e tantas outras sem ferir ninguém. Em determinados momentos me vi obrigado a construir a minha própria muralha. Se não bastasse, fui obrigado a andar sobre pedras pontiagudas, passar por barreiras quase intransponíveis que encurtavam o meu caminho e ainda, driblar todas as outras que foram aparecendo durante minha existência. Aprendi a ensinar meus ouvidos a ouvirem somente aquilo que me interessava e que fosse útil; aprendi a ensinar minha boca a falar somente o necessário e quando não ocorria me calava deixando apenas que o meu silêncio falasse por mim. Guardei segredos, ocultei palavras e às vezes as escondia em compartimento onde só eu e Deus tinha acesso. Por isso caro leito e leitora podem não gostar de meus textos que acredito serem às vezes sem nexo, mas não me julgue sem a devida sensatez, nem arremesse pedras ou palavras que me firam, pois poucos não viveram o que eu vivi, não passaram por tudo aquilo que eu passei, não sabe o quanto eu lutei para realizar um bom combate, chegar até onde cheguei e nem mesmo sentir na pele o que eu sentia. Eu posso dizer que já pensei até em parar de escrever e que cansei de tudo aquilo que passa ao meu redor, principalmente em relação à política rasteira e o dividido e conturbado judiciário brasileiro, mas é normal que todo mundo cansa, mesmo os esquerdistas e outros que se dizem contrários, mas antes que a gente fale um do outro, voltemos no tempo e caminhemos pela estrada da nossa vida, aquela que construímos durante toda nossa existência, pois só ela é capaz de repaginar a nossa história, e caminhando, teremos condições de dizer se praticamos o bem e alcançamos o sucesso e objetivos que tanto almejamos.


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