Eu vencedor de mim.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Não sei se esta é a opinião de todos os poetas, mas entendo que poesia é uma arma poderosa que o poeta tem nas mãos para conscientização, moralização, união e libertação. Ela ultrapassa fronteiras, vence obstáculos e discriminações. Como a uma semente ela é capaz de brotar no coração, chegar às mãos dos poetas para se explodirem em versos.
Não é à toa que cheguei até aqui. Há tempos venho batalhando para sair do meu casulo poético para vencer os obstáculos que possivelmente eu poderia encontrar no meu caminho. Como mero aprendiz de poeta eu pude contracenar com o real e o surreal, fiz peraltices nos tablados da vida, como quem não queria nada, mas sempre escancarando um sorriso singular no rosto. Certo dia, diante do espelho, olhava a minha silhueta, e de repente apareceram o meu rosto imberbe, e nele, meus olhos pareciam perturbados, admitindo uma vontade férrea de enxergar o óbvio com o auxilio das retinas. Velhas malícias por mim conhecidas iam surgindo como quem está fascinado com uma obra de arte. O espelho ao refletir-me, por si só, já era o caos, e eu ri. Ri de mim, esnobei a minha silhueta e fui à luta. Venci meus medos e em razão disso, eu fui vencedor de mim.

Não quero usar do plural porque neste texto estou falando somente de mim. Não quero falar nada de coisas que já fiz noutros dias, pois elas não valeram à pena. Nem quando escrevi pela primeira um livro de romance e diante de textos poéticos sem nexo, inacabados. Pena de mim e nem vergonha eu não tive, pois era o meu primeiro livro. Pena eu não tive e não tenho, pois não sou egocêntrico e nem metido a sabichão, pois aqueles que me conhece sabem disso. Exigente eu sou e até demais, chegando a me reconhecer como a um ser irracional, todavia, hão de entender que isso é apenas uma parte de mim.

Saibam, porém, que não tenho desenhado em minha mente as ilusões. Mas constantemente transformo a carga pesada em duas situações para serem mais fáceis de carregar. A primeira, o amor, é garra e gana por lutar para deixar de ser um simples escriba. A segunda é saber reconhecer todas as belezas que existem fora do meu casulo e dos sons que são propagados pelo mundo.

Aqui, escancarado no meu recanto sonhador, entre paredes acinzentadas, eu me escasso de perguntas e respostas. Estou farto de muitas coisas que vem acontecendo com o nosso País, sem poder fazer nada ou dar respostas convincentes a alguém. Estou procurando vencer a mim primeiro para depois poder questionar a existência de outros obstáculos que me cerca. Neste momento estou com os meus pensamentos embriagados, a boca seca e a respiração ofegante, pareço estar trazendo as sujeiras das ruas, os resquícios de tempestades e de temporais que procuro exterminar no meu recanto quando estou escrevendo algo. São momentos que a minha bela loucura vem à tona, pois aparecem fantasmas, fragmentos do passado que mais parecem tralhas obsoletas que tentam enfeitar o meu cotidiano, que talvez possa até trazer a admirável e eterna companheira: a paz. Admito que esses fragmentos possam até perturbar a organização do meu ambiente que é mais uma de minhas manias, manias porque não suporto meus livros guardados de forma incorreta, sem ordem ou amontoados numa estante qualquer.

Fecho a porta do meu casulo, deixo a chuva se estilhaçar na vidraça da janela e o vento que penetra por ela levar tudo aquilo que não me serve mais. Dentro do casulo há amor e sei que ele é capaz de vencer o mal, de enfrentar obstáculos e ultrapassar todos os limites, barreiras e adversidades. Esse amor que carrego comigo já venceu o medo, eliminou dúvidas, ódios, lágrimas, saudade, e enfim, eu o levo comigo porque não só venceu como vencerá tudo e me ajudará a tornar vencedor de mim. Junto com esse amor vem à fé que me fortalece a transpor qualquer obstáculo que possa aparecer durante a minha caminhada e me ajudará a escalar qualquer montanha e a superar qualquer problema que surgir.

Achando-me vencedor, certo dia, o caminhar por uma estrada deserta eu vi uma imagem me chamou bastante à atenção. Flores nasciam em terreno infértil, num lugar deserto onde só havia pedras e, aparentemente, onde não poderia haver nenhum tipo de beleza, crescia uma florzinha. Pasmo, perguntei a mim mesmo que poder existia dentro daquela semente ali plantada ou deixada cair por alguém. Assim somos nós. Assim é o ciclo da vida. Pode haver espinhos, dificuldades, doenças, perdas, e por fim, pode haver inúmeros motivos para ficarmos parados, desanimados, mas dentro da gente está a vida e Deus nos capacita nos encoraja e nos conforta para que possamos vencer até a nós mesmos. Os obstáculos que encontramos pela frente têm duas funções em nossa vida: Parar-nos, ou fazer-nos seguir para ultrapassá-los. Nenhum obstáculo será tão grande se a nossa vontade de vencer for maior, e junto com ela a atitude, o otimismo, a perseverança e a fé.


0 comentários:

Postar um comentário

 
Vanderlan Domingos © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions