Tempos
idos os pais não se preocupavam se o seu filho poderia sair sossegado, à noite,
assistir filmes e shows musicais; andar sem medo pelas calçadas, pois naquele
tempo não existiam pivetes, assaltantes, usuários de drogas e traficantes. Não
se importavam com a filha que ia a pé ou de ônibus até a escola ou outro
destino qualquer?! Nem celular tinham! Naquele tempo, ao lado de uma agitação
que era considerada como normal tudo acontecia sem grandes sobressaltos. A
televisão que era em preto e branco, não mostrava cenas horripilantes como hoje
e são repetidas sem a anuência do telespectador, tudo em nome da mídia. Adultos
e adolescentes caminhavam pelas ruas de madrugada, sem medo de serem felizes,
cantavam para as estrelas e nem ouviam os roncos de motores, buzinas ou latidos
de cães. A cidade era pacata. Hoje tudo é diferente. E pra pior, é claro!
Podemos enumerar uma série de vantagens, mas na certeza de que o sol hoje não
brilhará como antes. As fumaças que saem das queimadas, chaminés, veículos, sobem
aos céus e tapam-lhe os seus olhos flamejantes. O céu, que outrora se
apresentava estupidamente azul, claro e limpo, hoje se encontra coberto de
poeira e gases carbônicos, produzindo o efeito estufa que a deixa ruborizado.
As nuvens, nem se fala, quando caem, trazem borrascas inesperadas e incontidas.
Ainda me
lembro dos dias em que passeava nos parques, provando deliciosas maçãs do amor,
pipocas e o famoso refrigerante Grapette, à sombra das árvores que o tempo
permitiu crescerem e hoje, pela insensatez humana, muitas foram derrubadas e em
seu lugar, construíram famigerados parques de diversão, prédios e condomínios
de luxo. Quanto bem fazia aquela sombra fresca durante o solstício de verão que
parecia querer esconder detrás dela os meus sonhos de menino.
Fora
daquele parque dos sonhos vivia o autoritarismo e a ditadura. Talvez fosse
verdade e até ocorria poucos casos de homicídios e crimes hediondos, mas já
passaram alguns anos e hoje o que mais há são esses acontecimentos. Vivemos num
país onde o crime acontece todos os dias e em toda a parte. Assaltam-se bancos
explodindo caixas eletrônicos, assaltam postos de gasolina, e roubam dos
seguranças mal treinados e levam suas armas; estupram crianças e ainda
constatamos a existência de rixas entre gangues e de crime organizado; filhos
matam pais e vice versa; mulheres são espancadas pelos maridos e pessoas são
assassinadas sem pena ou dó e o criminoso, insensível, parece sentir prazer de
ouvir o gemido do desafeto; assaltam-se carros de valores e ninguém é culpado
de nada. O que se nos dá a conhecer é o outro lado da questão. Empolga-se o
caso deste ou daquele criminoso estar doente, ter sido atingido por uma bala ou
saber a razão pela qual aconteceu ter-se atingido mortalmente um rapaz que
estava associado a um assalto. Só falta começarmos a defender os criminosos e
condenar os que sofrem na pele às arbitrariedades dos assassinos e assaltantes.
Ninguém se
sente seguro em lado algum. Já não falo de políticos e afins, pois esses andam
sempre com guarda-costas. Tem grana para pagar e o pior, é que sai de nosso
bolso. Por outro lado, é justo pararmos no sinaleiro e ter receio de um assalto
e ainda dar dinheiro ao elemento para alimentar o seu vício. Temos consciência
de que muitos caixas de banco são explodidos no Brasil e com a maior das
facilidades. Eles nem se preocupam. O banco está com apólice de seguro e ainda
quem paga o prejuízo somos nós. Podem notar que tudo o que é mal acontece ao
Brasil, e rapidamente. O pior é que ninguém faz nada. O combate deveria ser
eficaz, rápido, duro e desmotivador para quem estivesse a pensar fazer alguma
malandragem. A segurança é urgente e necessária. Não podemos andar numa
insegurança total pelas ruas das cidades, esperando ser atacado por alguém que
sabe nada vai lhe acontecer, mesmo que seja apanhado. Pagam uma mísera fiança e
fica solto. A impunidade não pode ser prêmio de criminosos, não importa qual seja
o crime.
Afinal
onde está a segurança? Que País é este que de um dia para o outro se
transformou de tal forma que mais parece uma penitenciária, onde existe um
amontoado de gente e tudo acontece. Mata-se, estupra-se, droga-se, corrompe-se,
invadem terras, prédios abandonados, matam, destroem propriedades ninguém se
importa ou interfere. E o Poder Público onde está? É com muita pena que tenho
de admitir que detrás da sombra de meus sonhos parecesse existir um amontoado
de sentimentos frustrantes, depressões, desamor, confrontando-se com
sentimentos de amor, amizade, paz, todos eles comuns à humanidade como a um
todo, e o fio êmulo, resistente, que talvez ainda os unam no espaço sem luz
ocupado por um corpo opaco, todos deveriam se agarrar e ao serem amparados pelo
bastão da benevolência, procurar encenar no palco da vida um novo modelo para
sociedade para que ela se torne mais justa, humana e fraterna... Aliás, se isso
não acontecer, nem o sol e a lua voltarão a brilhar como antes e as árvores
milenares morriam mesmo com as chuvas de verão.
MUITO BM, tamanha riqueza de detalhes, MEU AMADO POETA!
ResponderExcluirMUITO BM, tamanha riqueza de detalhes, MEU AMADO POETA!
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