Eu queria que todos
estivessem aqui neste exato momento que escrevo. Eu queria que todas as pessoas
amigas observassem se o tempo me rodeia ou se estou a orbitar; se algo orbita à
minha volta, se estou sendo influenciado
por alguém deste mundo ou por um ser desconhecido, extraterrestre. Neste
instante me sinto fora de órbita, é como se eu estivesse realizando uma
trajetória curva em torno de mim mesmo, sob ação de uma força estranha vindo de
um espaço que não consigo definir no universo. Estou como aquele sujeito que descansa à sombra de uma árvore
florida, sem pressa de sair ou qual direção a tomar. Eu queria que todos
estivessem aqui neste meu recanto nostálgico, saíssem do outro lado de seus
monitores e aparecessem da forma como os vejo para me ajudassem a ficar em
órbita, em minha órbita.
Eu
procuro sempre me manter calmo mesmo fora de órbita, porque de outra forma como
descobriria onde vocês orbitam e a fórmula secreta que uso para decifrar e
buscar as pistas que coloco através das palavras que lanço na telinha do meu
computador. São mistérios eternos, faço delas quebra-cabeças indecifráveis,
charadas insolúveis para que eu possa entendê-los e vocês a mim. Na realidade,
ao escrever, não procuro ser sabichão, nem manter-me ignorante, bobo, e com as
mãos leves, mas calejadas, poder alcançar o outro lado da telinha e
cumprimentá-los, agradecê-los. Eu queria que fosse assim, escrever pouco,
enrolar um pouco mais, mas não consigo, pois o mundo gira à minha volta
roubando-me preciosos minutos e aí seria tarde demais se eu não saísse dessa minha
órbita e me comunicasse com vocês.
Para
dizer a verdade eu queria todos vocês em um só movimento orbital eterno de
translação desenhassem contornos reais e surreais, expandindo-os até a minha
órbita e não me deixassem fora dela, vigiando a minha loucura, e alimentando-a,
sei lá como. Eu queria que todos estivessem ao alcance das pontas de meus
dedos, mas sei que é impossível, pois estão do outro lado que nem sei onde
fica. Eu queria dar uma pausa pausar, mas ainda vejo sorrisos se transbordarem,
novas mensagens, curtidas, então, o jeito é continuar na minha órbita e aí
pergunto a mim mesmo: será que todos fazem como eu ou como nós, escrevemos,
lemos e procuramos interpretar ou entender o sentido dado ao texto por menor
que seja.
Eu
queria parar de escrever, dar uma pausa por um bom tempo, mas certo dia, alguém
do outro lado da telinha reclamou, e não foi primeira, nem a segunda vez...,
então o jeito foi continuar, mesmo que muitos não venham gostar daquilo que
escrevo, ou talvez, tenham preguiça de ler. É normal, talvez o tempo deles seja
escasso. Foi no início do ano que pretendi parar, pois até nós, simples
escribas, cansam daquilo que escrevem, pois algumas palavras vão ficando
repetitivas, mas, enfim, a paixão pela escrita me move de tal maneira que
inundem o lago dos seus olhos e seus reflexos, ora bisonhos, mas cheios de
nostalgias, são derramados no coração, que ao receber essa ducha cheia de
mensagens amorosas, bate compassado e me acalma. O bom seria poder conhecer
pessoalmente todas as pessoas amigas virtuais, para, imbuído de uma vontade
férrea, incontrolável, mesmo que seja para um simples cumprimento ou
confirmação do semblante, do sorriso, ou quiçá, saber pelo menos o que dizer
sem tropeçar nas palavras. Hoje, eu queria desacelerar o tempo pra fazer durar
a doçura, o respeito, o carinho que é ter vocês no meu rol de amigos, mesmo
sendo virtuais, mas, infelizmente, não posso, pois no momento me sinto fora de
órbita.
Impulso irresistível nas entrelinhas da vida e dos sentimentos obrigando os viventes a viver e os escritores a escrever... O que fazer?! continuar vivendo e escrevendo, ora essa!
ResponderExcluirVerdade! Pensei em dar uma pausa, mas não resisti. Senti fome de escrever
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