É assim que a gente
leva a vida. Quando conseguimos tirar a tranca que nos prende por dentro, mais
adiante tropeçamos num tronco ou despencamos num barranco. Nesta crise em que
estamos passando, tanto financeiramente como politicamente, sentimos revelar dentro
de nós a força de inquietas almas, que querem vencer, sobrepor obstáculos, que,
mesmo consciente das fraquezas e das dificuldades encontradas, conseguem
conhecer o caminho da perseverança, do prosseguir, do continuar, do ir até o
fim.
Seria ótimo se fosse
tudo muito fácil na vida de um cristão. Durante a caminhada dele para Deus nada
sai do lugar, tudo permanece tranquilo como um lago, calmo como a brisa, e como
descansar numa rede frente à praia. Na verdade, às vezes, como bom cristão, eu
experimento outra realidade. Sinto-me trancado dentro de mim mesmo e aos
“trancos e barrancos”, eu ouso cair, mas levanto-me, pra continuar a enfrentar
as batalhas do cotidiano, que sabemos sem fim, e no meu cansaço que não
descansa, labuto para começar ou recomeçar tudo de novo, no desejo constante de
ser fiel; caminhar sem forças, esperando sempre além de mais além do que a
gente almeja, às vezes conseguimos ir mais longe do que nossos olhos possam
enxergar, andar a esmo e testemunhar tudo que estiver desabando, sem aviso
prévio, sem chance de voltar.
Abrindo a tranca,
pulando os troncos caídos na estrada de nossa vida é um verdadeiro martírio, é
como a gente viver num mar agitado por ondas funestas, diante de uma ventania
de medos e de uma experiência onde não temos como apoiar o cansado corpo ou mesmo
o coração desgastado pelas intempéries do tempo e o sangue que circulam em
nossas veias. Nesta crise quem quer “sombra e água fresca” não deve se meter
com cúmulo do absurdo. Não é verdade?
A verdade é porque
Deus tem a capacidade de nos desinstalar continuamente de nossas seguranças, de
fazer o mundo girarem de cabeça para baixo, de testar os limites da nossa
lógica, de desfazer qualquer planejamento em fração de segundos e de recomeçar,
minutos depois, todo o processo. Tudo isso porque Ele mandou seu filho Jesus
Cristo para nos salvar. Então, se Ele perder o controle das nossas vidas, o
mundo pode cair e desabar aconteça o que acontecer, e seja o que for, temos que
prosseguir em busca de Sua Graça e que nada possa impedir que a vontade Dele se
cumpra em um coração sofrido a ir até o fim.
Quanto mim, quando
menos tenho forças, para receber a Graça curvo-me diante da minha pequenez,
como a um grão de mostarda. Gosto de conversar baixinho com DEUS para que
escute pelo menos um pedido meu não por presunção, mas por vocação, e mesmo que
o mundo venha abaixo, quero, desejo e preciso prosseguir em busca do meu
desiderato, nem que tenha que quebrar a tranca que prende a mim mesmo, de
retirar os troncos da estrada da minha vida que me impedem de seguir em frente
e alinhá-los um a um, transformando-os em uma ponte rígida para que eu possa
ultrapassar todos os barrancos e limites que a vida impõe.
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