Há tantos anos um
amor inócuo e profundo vem persistindo tão constante quanto à existência do
mundo. Eu nasci, lutei, vivi, sobrevivi e até chequei perto da morte. Não
entendia o porquê de ter sido tão abençoado durante o meu existir. Foram
incontáveis os anos vividos cheio de nuances que nem deu para contabilizá-las.
Sonhei, deixe amontoar em minha mente versos e mais versos que fazia sem me
inspirar no clarão da lua ou de um belo amanhecer. Quando escrevia me sentia
voando, alcançar o imaginário e vibrar com aquele imenso espaço que eu mesmo
criava em meu subconsciente, tudo com intuito de superar dores, buscar alegrias
e coragem suficiente para um viver melhor. Mas tem dia que chega o momento da
gente não mais poder voar, desaparecer, ir à busca de um mundo inóspito ou
subir ao cosmo e brilhar como a lua e as estrelas, e tentar aportar perto de
cada um deles e ver suas sombras cobrirem a imensidão do universo.
Não sei dizer se o
meu existir me cansa ou se eu é que me sinto fadigado diante da minha
existência. Repito sempre, ou quase, sobre os lamentos do dia-a-dia, desde o
momento em que me levanto e vou ao trabalho, do regresso de um lugar aprazível
ou quando descanso no dia seguinte para começar tudo de novo. Essa é a mudança
que muitos não aceitam de forma alguma, principalmente se uma oportunidade lhes
é ofertada. Ter que recomeçar alguma coisa ou tudo de novo, abala-me e sei que
acontece com muita gente, pois assim é a vida, corriqueira e imutável, que pode
trazer segurança, mostrar os caminhos, os atalhos, os desvios e as curvas que
muitos devem evitar.
Avançar, recomeçar é
preciso, principalmente quando o que temos já não nos satisfaz. Recomeçar é
sempre possível quando colocamos de lado as dúvidas, pois perdedor na vida não
é quem tentou e não conseguiu, mas sim aquele que abandonou a coragem e perdeu
a fé. Sei que o mundo me prefere com dois braços e duas pernas, mas poderia ser
muito mais. Sorrir às vezes cansa. Chorar também. Mas o que mais cansa é
procurar desesperadamente um intermediário e esquecer que o mundo é mais que
aparências. Eu procuro ser correto. Mas ser correto demais diante de um mundo
profano em que hoje vivemos também cansa. Porque ninguém leva a sério alguém
que passa a semana reclamando pra ficar bem na semana seguinte. É como se a
gente fosse ser feliz pra sempre ou triste pra sempre.
Eu gosto do
diferente, às vezes canso do igual, de sonhos iguais, de vestimentas iguais e
de conversas iguais. Cansei de virar as páginas da minha vida. Estou na hora de
mudar de livro e folhear outros e roçar meus pensamentos com novas idéias. É
gostoso sentir essa vontade mesmo sabendo que sempre me senti muito bem vivendo
cheio de certezas e dos momentos que inventei para ser o que hoje sou. Sei que
faz muito tempo, mas viver repaginando os meus e outros livros, tem-me deixado
tão leve que parece fácil continuar, totalmente diferente na minha existência
que, além do azedo que talvez possa estar carregando nas minhas entranhas,
ainda assim queria que as lembranças azedas fossem excluídas de minha mente e
nelas incluídas, mais além daquilo que gosto. Talvez eu esteja sendo
pretensioso demais ao projetar neste texto um modo de viver e de existir, pois
é sabido que a vida é muito mais que só existir.
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