
Este jovem humilde, líder comunitário, ambientalista por natureza, porque em suas veias corre sangue indígena; brasileiro que tem fé no amanhã, que acredita nas pessoas e que, muitas vezes, no afã de protegê-las, é obrigado a agarrar-se num cipó imaginário, sem arco e flecha, voar com o auxílio do vento e célere, passar rente à selva de pedra que o rodeia e mais adiante, descer sereno sobre casas humildes de periferia com o desiderato de levar esperanças àquele povo sofrido. Momentos como este não se repetem facilmente nesta paisagem urbana bucólica e só mesmo usando o mundo da imaginação para conseguir o seu intento. Mas, ele, um destemido preservador da natureza, mesmo de cabelos grisalhos, ainda consegue mostrar ao homem branco o quão é importante zelar pelo planeta terra. Hoje, sem pés descalços, ainda sobe em árvores e colhe seus frutos ou simplesmente brinca com um pequeno mico num bosque qualquer da cidade. Nos longínquos rincões, toma banho em cachoeira e explora trilhas desconhecidas e que só ele grande guerreiro consegue enxergar. Ao ver tudo que o ele realiza, às vezes, penso que a selva de pedra engoliu o que nós tínhamos de melhor: a nossa essência.
O que me apraz a escrever sobre ele é que já vivenciei e vivencio uma experiência como defensor da natureza: Nela nunca me sinto só, mas numa cidade sinto-me como estivesse no deserto. Porque é assim que eu sinto a diferença entre o viver numa cidade ou embrenhado na natureza e o que assistimos numa cidade, é a intoxicação social e a perda de valores humanos. O que adianta viver rodeado de pessoas, se elas não utilizam a comunicação, para simplesmente dizer bom dia, boa tarde e boa noite. Hoje a nossa vivência é “robótica”. Fora da selva de Pedra percebemos uma magia de sons, cores, que provoca a quem assiste, uma mística de pureza misturada com alegria e felicidade. Para aqueles que nunca tiveram como experiência esta “gratuita emoção”, certamente não irão saber distinguir o sentido da vida com a sua própria realidade. Quando vislumbramos a natureza no topo de uma montanha, respiramos ar puro, ficamos maravilhados com a deslumbrante vista, os caudalosos rios, vales, planície, florestas e um enorme conjunto de tipos variados de árvores e plantas que se esparramam pelo cerrado.
A medalha de honra ao mérito é o reconhecimento a uma luta incessante, a uma tenacidade, a um trabalho desenvolvido em prol da comunidade carente, ou para alguém que luta contra os desmandos e a insensatez humana em destruir a natureza. Mas, Nilson Candido Teixeira teve seu dia especial. Vestindo a caráter como exige o figurino de solenidade, pegou novamente o seu cipó imaginário, voou e desceu na cidade de Goiás para receber a Medalha de Mérito Anhanguera pelos relevantes serviços prestados ao Governo de Goiás. Esta pessoa agraciada e merecedora todos chamam de Índio.
VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. Presidente da ONG Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Escreve as quartas-feiras. Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com.
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