Para
intitular este artigo assim “Dê a seta o que é de seta” busquei no texto
bíblico a famosa frase “Dê a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”.
Intitulei dessa maneira mais para chamar à atenção dos leitores motoristas que
trafegam por nossa Capital. Essa frase foi de suma importância para definir o
raciocínio de Jesus Cristo já que todos os imperadores romanos tinham o titulo
de Cesar. Portanto ao proferir essa frase Jesus queria dizer que não era contra
e nem queria peitar o império romano. O raciocínio Dele era assim: Dê a Cesar
os impostos, as contribuições, que as leis exigiam e dê a Deus as orações, as
adorações. Isso ele repassou aos seus discípulos, somente com a intenção de não
misturar estado e religião. E é assim que eu entendo, mas no caso em tela, “dê
seta o que é de seta”, dê mesmo principalmente quando for virar à esquerda ou à
direita, porque Deus não quer misturar as coisas e deixar tudo ao seu livre
arbítrio.
E foi
nessa intenção de não querer peitar ninguém, apenas orientar e sensibilizar aos
motoristas que não dão a mínima para a danada da setinha. Quando viajam por
esse Brasil afora muitos deveriam fazer alguma coisa para melhorar a sua saúde,
mas não fazem, ou seja, não procuram dormir bem e nem se alimentam melhor, não
avisam aos familiares que vão chegar atrasados. Quanto ao sono, este é um
assassino que não tem arma, mas se descuidarem, ele mata. No que se refere ao
trânsito dentro de uma bela cidade como Goiânia, por exemplo, o sono não tem
arma, mas o usuário de bebida alcoólica tem e mata, assim como, a danada da
seta se não for usada pode causar acidente sério e matar. Não dar seta se
tornou uma rotina e os motoristas sabem que não custa nada subir ou descer a
alavanquinha. Para quem não sabe o que é seta, digo sem medo de errar que é
aquela alavanquinha logo ao lado do volante, que, quando a gente aciona pra
cima ou pra baixo acende uma luzinha do lado de fora do carro, sinalizando para
quem vem atrás alertar que você vai virar à direita ou à esquerda. Pois bem,
mas aqui em Goiânia a maioria não usa, tem preguiça de usar ou é imperícia
mesmo. Além dessa alavanquinha tem um monte de outras
coisas que as pessoas por aqui fazem, deixam de fazer e não deviam no
trânsito. A seta é item de fábrica, vem em todo carro, sem exceção, está ali ao
alcance da mão, é só esticar os dedos para movê-la de um lado pra outro, não
desgasta por excesso de uso, não faz barulho e nem requer nenhuma habilidade
especial para seu correto manuseio. No entanto, alguns motoristas de
Goiânia simplesmente preferem ignorar sua existência. Será que querem
transformar a experiência de dirigir no trânsito caótico desta cidade em algo
inusitado, lúdico e surpreendente, tipo: ‘Para onde será que a seta vai
agora?
Quando
você está ao volante à coisa funciona mais ou menos assim: alguém está à
sua frente, ameaça mudar de pista, fazer uma conversão qualquer; ameaça
encostar, sair da vaga, entrar na vaga, o sujeito fica indeciso, esquece da
seta, cabendo a você, e tão somente você, adivinhar qual a intenção dele. Nem
adianta meter a mão na buzina, piscar o farol ou lembrar-se carinhosamente da
mãe dele, pois não vai se abalar por conta disso. Você que vem atrás é que se
vire ou se preocupe a tomar as devidas precauções.
Mas seria
extremamente injusto de minha parte insinuar que os motoristas de Goiânia nunca
dão seta. Essa seria uma generalização muito perigosa e, além disso, falsa.
Claro que os motoristas daqui sinalizam de vez em quando como acontece com
outras cidades. Por exemplo, aqui na Capital sempre avisam quando vão fazer
alguma coisa que é proibida ou mal feita, ou seja, quando vão parar em fila
dupla, frente a uma escola ou na porta da garagem. Ligam o pisca - alerta, como
se avisando “vou ali rapidinho e logo estou de volta, agüenta aí colega”! E pra
fazer uma conversão proibida. Aí não se esquece da seta e ainda usa as mãos pra
fora para reforçar a sinalização que sabe proibida. O pior é quando vão
encostar pra pegar um passageiro na calçada que não possui acostamento. É uma
pista à direita e logo atrás estão muitos carros que precisam frear bruscamente
pra não encher a traseira do sem-noção.
Quando
você não é um sem-noção, um daqueles alienígenas esquisitos que sinalizam
regularmente e o que vão fazer obedecem ao que é proibido, aí ninguém leva
muita fé, acham que você está fazendo hora com a cara dos outros. Colam no seu
pára-choque (seu não, digo, o do carro) porque não é possível que aquela seta
pra direita signifique que você vai virar à direita de verdade, vêm a mil por
hora porque não acreditam que você esteja realmente reduzindo a velocidade. E
ainda passam metendo a mão na buzina dizendo: ô roda dura! Então você me
pergunta: mas onde estão os valorosos agentes do trânsito, que deveriam ver
essas coisas e botar ordem no boteco? Estão multando carros estacionados sem
talão de Faixa Azul, porque multar carro em movimento dá uma trabalheira
danada. Sim, esta é uma cidade que fechou a praça cívica onde estacionavam mais
de dois mil veículos causando um transtorno danado no centro. Caro leitor, eu
simplesmente cansei. Cansei de tudo, do mundo real, do palpável, do prático, do
imaginário, do surreal. Cansei da visão fantasiosa sempre contrária ao mundo
real. Cansei do trabalho maçante e de tudo aquilo que estressa; cansei de
reclamar do errado e das coisas erradas, cansei daqueles que fazem denúncias
vazias, caluniosas, difamatórias e não enxergam o seu próprio umbigo. Cansei da
escada tortuosa construída até aquele andar onde esperava alguém descer, apenas
descer. Cansei de passar pelo mesmo trajeto onde passam os imprudentes que
irresponsavelmente fazem ziguezague com seus veículos na avenida. Cansei do
bonito que a natureza mostra, mas sempre é desrespeitada; cansei da ilusão de
beleza que se vê em cada rosto. Cansei, cansei mesmo! Então, o jeito é mudar
para o interior, onde deva existir apenas uma rua, sem sinalização, sem cruzamento
ou acostamento proibido, e lá, com meu possante, serei rei, mas não como os
Césares Romanos
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