Quando se
trata de parceria em prol de uma sociedade mais justa, humana, fraterna ou para
ajudar as pessoas com as quais convivo, eu não meço esforços, vou além das
montanhas porque lá posso receber o sopro do vento, um local aprazível, onde os
pássaros não se assustam, a noite é uma mansidão, o sol não queima o rosto e se
acanha diante da gente. Se precisar, fantasiosa ou não, vou até a lua, e para
iluminar o caminho do povo sofrido faço parceria com ela, como também, com as
estrelas que cintilam na redoma celeste, e lá, posso ficar noites inteiras
apreciando sem me preocupar em contabilizar as horas. Talvez seja inspiração,
amizade, realidade, imaginação, parcialidade, atração, maturidade, penação e
serenidade, junções que me levam a ser parceiro até do universo. A união dessas
junções de acontecimentos eu relaciono em catálogos, cuja lista final sempre se
desponta uma sociedade hipócrita, enquanto minha vida, cheia de sentimentos
compostos, causa reações inesperadas, como se fosse uma mistura do que é real e
surreal. Nesse mundo paralelo em que vivemos onde nada é tudo e tudo é nada, e
do pouco que temos é perto do nada, para mim pode ser muito, mas o muito,
diante do meu pouco se torna nada. Então, procuro sair dessa parceria
fantasiosa, ir para além de mais além, flutuar, sentir, pensar, refletir. Volto
a ser parceiro da monotonia e rotinas de vida que ora vivo, as quais se tornam
para mim uma verdadeira festa, é como estar acordado, com os olhos vidrados na
luz do firmamento e ouvidos aguçados nos sons que nem sei de onde vêm. Mas,
após o fechar de olhos e não mais retornar ao meu mundo, talvez sem escolhas, o
meu corpo poderá seguir por caminhos desconhecidos, cujo mistério, ao final, só
eu poderei desvendar.
Há tempos,
sem ser fantasioso, aprendi a ser parceiro, mas também que ninguém precisava
saber por que estava triste ou o que fazia de minha vida. Aprendi, há décadas,
seja lá qual era o problema, era minha responsabilidade, pertencia a mim e eu é
que tinha que solucionar. Com o passar dos tempos aprendi guardar minhas dores
e momentos difíceis só pra mim. E quantas dores e momentos difíceis eu tive.
Aprendi também que os melhores textos que escrevia, seja lá qual padrão, saíam
sempre dos momentos em que me trancava por dentro e como companhia, apenas o
silêncio, a solidão e o barulho dos dedos batendo em cada tecla procurando
escrever algo novo que pudesse alcançar o coração do meu povo. Às vezes, abatia
tristeza, oriunda de um trabalho mal sucedido. Mas aprendi também à época que
ninguém se importava como a gente se encontrava, e como era nosso dia. Aprendi
que poucos valorizam o que nós fazemos por elas, e poucos valorizam a nossa
companhia. Aprendi a não me importar com pessoas da mesma forma que agem comigo
e a não guardar magoas no coração. Aprendi, ah, se aprendi... Aprendi tanto que
hoje procuro trazer felicidade em meu sorriso.
Na
sociedade consumista em que vivemos é claro que a beleza, em primeiro momento,
chama a atenção, mas quando provida da realidade, sem fantasia e possuir
qualidades como: a parceria, a amizade, a cumplicidade, o caráter, o
companheirismo e a inteligência, são fundamentais para o amadurecimento de
qualquer cidadão. Como disse Charles Chaplin: “Uma pessoa pode ter uma infância
triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade... Da mesma forma
pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida.”
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