Já lidei
várias vezes e bem de perto com a morte. Todo o dia relembro-me dos momentos
fatídicos, seja do primeiro acidente que sofri junto com outros amigos quando o
veículo em que viajávamos capotou; seja durante as várias cirurgias que fiz com
grau de risco muito grande, cujos desfechos provam que lidei de perto com ela,
ou expressando melhor, ela é que esteve muito perto de mim... Sei que ela
existe e isso ninguém pode negar e que, inevitavelmente, apesar de ser a maior
inimiga da nossa existência, vida e morte andam lado a lado e o jeito é não
vacilar, respeitando a Vida e encarando a Morte com naturalidade, mas sem
subestimá-la e desrespeitá-la. A nossa vida pertence a Deus e só ELE pode
tirá-la de nós e qual o momento de nos enviar a “passagem”.
Já lidei
de perto com a morte desde criança. Quantos entes queridos e amigos que se
foram para outra dimensão, como a minha mãe, por exemplo, que deixou para os
filhos e netos o legado de mulher guerreira e que fora levada pelo tempo, sem
motivo, como se ela fosse uma simples folha seca... Era uma mulher sem realeza,
que à noite, assim como nós, mesmo com os olhos embaçados, também debruçava na
janela, sem nada a reclamar, sem expressar sorrisos, ou sem sentir-se dominada
por um exército de gente que não procurou entender e nem saber que ela também
sonhava. Quanto ao meu pai que faleceu ainda jovem e eu só tinha apenas cinco
anos, então, nesse caso, não posso dizer que não cheguei a lidar com a morte.
Lidei sim! Tenho uma vaga lembrança dele, inclusive, do dia em que o vi pela
ultima vez com o corpo estirado no chão sendo queimado por fios elétricos de
alta tensão. É vago, mas minha mente ainda relembra os matos verdes
e capins que não resistiam e quedavam-se diante das labaredas elétricas. Devo
confessar que nem chorei, porque os caríssimos leitores hão de compreender que
era apenas uma criança e para mim aquilo era surreal, incompreensível. Parecia
um filme de terror que a mim devia ser proibido. Diria até que o que senti era
apenas uma forma heurística, uma verdade que não aceitava e que podia me
inculcar ou quedar-me diante de um exercício de alquimia, mas era pequeno
demais para entender aquilo, sobre o que é ser morte ou sobre a existência ou
não de coisas filosofais. Era pequeno demais para entender aquela cena e
compreensível os fantasmas não me perseguirem e não quererem me adotar. Achei
esquisito como a morte se apresentou para mim pela primeira vez, daquele modo,
ainda criança, de forma tão violenta e cruel. Eu era apenas um menino a
ser lapidado que necessitava primeiro ser carbono, ter a temperatura elevada
para me tornar valioso, pois a ausência nem sempre evolui para a saudade, mas
em relação ao meu pai, as duas evoluíam sim. Foi uma experiência pela qual
passei, mas que de uma forma mesmo vaga relembro, abraçando com minha irmã caçula como se tivesse acontecido à
outro ser vivente e não em relação a mim.
É correto
e entendível dizer que quando uma pessoa morre o mundo não morre com ele. A
vida continua, é como se nada tivesse acontecido, é como se a Terra
contabilizasse menos um ser vivo a habitá-la. Quando uma pessoa morre se de
forma violenta, ou calmamente, na UTI de um hospital, em casa rodeada pelos
seus familiares ou num beco frio e escuro, acredito que não seja difícil pra
ela. Morreu e pronto! Mas existem pessoas que antecipam sua morte, quer por
depressão, motivo vil, transtornos mentais ou psíquicos, suicida-se. Morte
natural, acidental ou suicídio todos param de pensar, de respirar, de falar, de
sentir... A morte não é difícil para os partem para outra dimensão, mas
para os ficam sim. Para nós viventes o mundo não pára. O mundo não pára assim
como a Terra também não, mas toda a vida dos que permanecem e assistem à
partida de um dos seus entes queridos, pára, mas é compreensível. Para eles a
vida pode parar, mas teimoso que sou e de ter vivenciado tantas mortes e
sobrevivido a tantas em relação ao que passei, descobri através da escrita a
fórmula mágica de entender tudo isso e de alguma forma levar mensagens de fé,
otimismo, esperança e dias melhores às mais longínquas regiões do mundo. È
importante salientar que enquanto milhões de seres vivos na terra deixam de
respirar, outros milhões ou quiçá, bilhões nascem. Mas no meio desses milhões
quando alguém próximo de nós morre tudo é diferente... Sentimos a dor da morte
desse alguém que amamos é pesaroso, o coração dói e lágrimas saem. Por
momentos, desejamos poder partir também ou imploramos para aquele que partiu
para outra dimensão, volte.
Com o seu
passamento derramamos lágrimas de pesar, mesmo que essa forma de expressão nos
pareça pouca para tanta dor e sofrimento que sentimos. Vêm notícias que nos
pegam de surpresa: a perda de entes queridos, mais uma pessoa amada, mais uma
alma que se vai. Ouço pessoas amigas dizerem que perdeu uma avó, pais perderam
mães, filhos em acidentes e vice versa. A TV ou em jornais noticiam que o mundo
perdeu uma pessoa extraordinária, uma celebridade, no entanto, a vida continua.
É horrível dizer isso, é doloroso, mas não temos alternativa para expressar
palavras mais acalentadoras. É horrível sim perder alguém que foi tão especial
para nós. É horrível não saber o que fazer para consolar a pessoa amiga que
acabou de perder parte de si.
Mas
acredito que todos nós temos uma alma. E que a morte não é o fim. Não
verdadeiramente. Devemos acreditar que a alma dos avôs, dos pais e dos filhos
que se foram está neste momento no Paraíso, felizes, talvez como nunca
estiverem antes. Suas vidas foram desatadas e chegaram ao fim, mas todos irão
continuar a viver no coração de cada um de nós. Não se vive para sempre, mas
deve-se viver no coração das pessoas que os amavam. Uma pessoa nunca morre
realmente se a mantermos viva em nossa mente e coração.
Muito bom!Acredito que a morte do corpo, é o início para um novo trabalho. Acredito também que ninguém é esquecido,mas nem sempre é lembrado com amor.
ResponderExcluirMuito bom!Acredito que a morte do corpo, é o início para um novo trabalho. Acredito também que ninguém é esquecido,mas nem sempre é lembrado com amor.
ResponderExcluir