“Palavras
erradas costumam machucar para o resto da vida, já o silêncio certo pode ser a
resposta de muitas perguntas”. (padre Fábio de Melo). Ao me lembrar desta frase
preocupei-me e antes de começar a escrever procurei uma posição mais
confortável para manusear o mouse. Acomodei-me na poltrona giratória, fiquei
parado por alguns minutos, fechei os olhos e concentrei-me amparado pelo
silêncio que orbitava à minha volta. Com a mente alimentada notei que a nossa
vida também gira e nós nos tornamos um mero arrendamento provisório - pequenos
parênteses entre dois insondáveis infinitos, mas antes que caluniem o meu
silêncio e o meu escrito, respiro o ar que penetra pela janela e de forma arguta
olho a lua soberba rodeada de estrelas num universo sem fim; ouço o meu próprio
silêncio e me lembro novamente de outra frase dita por Pascal: "O silêncio
eterno desses espaços infinitos me apavora". Novamente senti um baque na
memória e tudo que orbitava ao meu redor continuava ali inerte, mas, pareciam
rir de mim. Voltei à escrivaninha e olhei fixamente para o monitor e notei que
ainda não havia nenhuma frase lá. Novamente, respirei fundo. Coloquei os dedos
sobre o teclado e minha mão direita pousou sobre mouse e sem pestanejar
manuseie-o para que o cursor me auxiliasse nas entrelinhas do silêncio que
também pairava sobre o monitor. Silenciei-me e tudo que girava em minha órbita
silenciou porque sabia que podia ouvir a voz de Deus e ELE me fazer enxergar o
universo que eu vira através da janela onde pude atingir o ápice mais alto do
pensamento que um ser humano pode alcançar. Todavia, parecia sentir que faltava
algo aos seres humanos naquele momento de lucidez. Analisei a situação atual da
humanidade, assim como, de que forma todos poderiam colaborar, mesmo alguns com
tenra idade. Imaginei um mundo sem corrupção, sem ira, sem ódio sem inveja e
sem maldade, foi difícil, mas imaginei. Só a honra de cada cidadão cumprindo
seus direitos e deveres com serenidade e sempre em busca do bem comum poderia
trazer paz. Pensei realmente na paz em plenitude que pode gerar e em como
alcançá-la aplicando no dia a dia certas atitudes. Acreditava e ainda acredito
que não seria tão difícil e de certa forma maravilhoso se fosse possível
acontecer. Qualquer um pode colaborar com um comportamento honroso e só assim
sentir-se-á que a vida terá sentido de verdade. Entendo que cada um tem que
cumprir a sua parte e de alguma forma, proporcionar paz, pois em fazendo isso,
todos verão a felicidade que isso traz.
Quando
escrevo “às vezes” é como estivesse colocando nas entrelinhas um silêncio
imenso e maravilhoso, carregado de um olhar complacente e sorriso enigmático,
de pensamentos imperfeitos e frases sem sentido, sem nexo. Quando digo que “às
vezes” a melhor resposta é o silêncio é porque vemos ocorrer no mundo um
turbilhão de maldades, homens e mulheres mutilados em razão de guerras entre
nações e facções; famílias inteiras soterradas, crianças retiradas de
escombros... Aí não tem como ficar em silêncio e o grito de revolta vêm sem a
gente perceber. Por favor, não queiras que eu compartilhe com vocês quando
estiver assim. Quando me silencio ou me revolto em relação a uma resposta que
não consigo dar é porque a minha mente está conturbada, cheia de piedade pelos
que sofrem essas atrocidades, pelos orgulhosos, pelos vaidosos, pelos que não
sabem olhar para cima e que só enxergam as miudezas da vida, pelos que se
angustia por qualquer besteira, que na realidade, essas pessoas não sabem ser
humildes. Mas, afinal, como podemos definir o silêncio dos que sofrem ou dos
humildes? Quando a esta pergunta ninguém definiu melhor e sabiamente quanto o
Sr. Emmanuel, guia de Chico Xavier: "Humildade é o reconhecimento de nossa
pequenez diante do Universo". Melhor definição como esta não podia ter
porque ele se colocava como a um grão de areia. A humildade de que se fala não
deve ser confundida com servidão ou subserviência, pois ela é filha da
sabedoria e é através do silêncio do saber que obtemos a melhor resposta. Olhar
a vida com humildade e aprender escutar o seu silêncio é acordar para uma
realidade: quanto mais crescemos, quanto mais nos elevamos, quanto mais nos
conscientizamos da nossa diminuta condição diante do Cosmo, quanto mais vivemos
olhando sem rumo, ora pra frente, ora pra trás, ora para os lados ou para o
chão não conseguimos perceber a misteriosa grandiosidade que se encontra sobre
suas cabeças.
A melhor
resposta sobre tudo isso é mantermos em silêncio e refletir, assim como, a
melhor atitude que devemos tomar diante do espetáculo do mundo é manter esse
silêncio e regozijar, pois tudo é um mistério para nós. A verdade é que o
infinitamente grande e o infinitamente pequeno se confundem e nos assustam. Às
vezes nos espantamos com o espetáculo sideral e não nos lembramos que dentro
dele há também um universo imenso, formado de trilhões de células, desconhecido
também de todos nós. É preciso, vez por outra, olhar as estrelas no céu, a lua
e o sol cumprindo suas rotas ou o universo em si e fazer uma reflexão sobre a
nossa vida e a pobre e ridícula vaidade do ser humano.
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