Quando
menos se espera a imprensa escrita e televisiva noticia sobre corrupção e
desvio de dinheiro público. Têm certas notícias que gente se surpreende porque
alguns desses políticos estiveram em nosso convívio e alguns, até pedimos votos
pra eles. Que decepção! É tanta a decepção que a gente não sabe mais em quem
acreditar e saber quem tem ficha limpa e vai continuar, depois de eleito,
limpo. Candidatos enchem a página da internet e a maioria deles nunca vi falar
em seus nomes e o que fizeram de bom pra suas cidades. Há casos de vereadores
que estavam desaparecidos e preocupados ficamos, mas vêm as eleições e eles
aparecem na maior cara de pau. Pergunto: que devemos fazer? Deixar de votar?
Está difícil de escolher, está difícil de esquecer as mazelas, está complicado
esquecer o desrespeito ao erário público e da urucubaca política que eles
fazem. Não está fácil mesmo! Será que devemos desistir e deixar de lado a
cobrança interna, desconhecer que existe a dívida interna e externa? Fico com a
minha eterna dúvida? Viver essa política e não acreditar em ninguém hoje está
realmente difícil e não há como negar. Há momentos que a gente procura
desligar-se do mundo, no entanto, é preciso saber se desligar. Acho fácil? Nem
tanto. Há momentos que procuramos descobrir de como agir dentro do nosso tempo
que é tarefa nobre, pois exige um grande conhecimento sobre a gente mesmo. Aí,
acredito, talvez, seja mais fácil, no entanto, será fácil para quem conhece a
si mesmo. Já pensei até em parar o relógio ou esquecer-se de colocá-lo no pulso
ou na estante. De tanto tentar descobri que meu tempo está dentro de mim e
cheguei conviver com o dito cujo ao pé do ouvido e ainda temos o danado do
celular na mão, que, por sinal, tem um despertador perturbador. Evito agendar
números de telefones para que o mesmo não ocupe do meu tempo sem querer,
querendo, pois pode ter alguém especial tentando se comunicar comigo. Será que
o fazedor de tic-tac quer ficar lugar do coração? São sons diferentes! Pedi aos
dois que respeitassem minha hora e meu tempo porque pretendia desacelerar tudo,
entretanto, pensei: mais do que aprender a correr, é preciso saber parar.
Não
adianta manusear com perfeição o mouse, viver como se eu fosse um
piloto-automático e não se deixasse de sorrir, nem tirar folga ou levar uma
enorme culpa dentro da mala. O mundo lá fora exige produtividade e imediatismo.
Aqui dentro, no meu recanto poético, corpo e alma pedem menos, muito menos.
Como fazer, então, para conciliar tempos tão diferentes? A resposta não está em
livros, jornais ou revistas, mais dentro de cada um de nós. Entendeu o que eu
disse? Se você não entendeu, quer tentar? Respire fundo, então. Desencane.
Liberte-se do tempo que te rodeia e, sobretudo, perca seu tempo somente com
você! É uma responsabilidade enorme desconectar-se, disso eu sei, mas a vida ao
vivo é pra quem tem coragem. Coragem de arriscar, mas sempre com o cuidado em
saber a hora certa de parar. Difícil não é mesmo? Pode ser pra alguns, mas não
para muitos malucos que brincam com a vida, fazendo dela um brinquedo. É um
exercício diário que exige confiança e um amor incondicional por tudo o que
somos e acreditamos. É uma aceitação suave dos próprios defeitos que temos ou
um rir da gente mesmo, um desaprender contínuo ou um aprender sem fim sobre o
que queremos da vida.
Caro
leitor, não importa se tudo parecer errado e o mundo virar a cara pra você.
Esqueça e faça de conta que não tem ninguém à sua frente. Se esqueça. Hora de
se perdoar, renascer. Leio muito, mas posso afirmar que ainda nada sei da vida,
pois ela é um mistério, no entanto, uma frase eu sigo à risca: é preciso
respeitar o próprio tempo. E eu respeito e muito! Eu acredito no que diz o
silêncio na hora em que a minha massa cefálica se cala, pois ali está toda a
engrenagem controladora de meus pensamentos, bons ou ruins. De outra parte, o
meu silêncio que não tão é mudo assim, em compasso com a mente, vive dizendo
com voz desafiante: confie em ti mesmo. Quebre a rigidez. Ouse mais. Vença mais
obstáculos. Viva com mais leveza. Desligue-se, e se puder, adormeça nos braços
do tempo, pois só assim você vai transformar vida em letra e letra em vida.
Tenha coragem e fôlego pra ser você mesmo, pois saberá que sob qualquer ângulo
em que esteja situado no universo para considerar esta questão, chegar-se-á ao
mesmo resultado execrável: a surpresa de ver várias pessoas amigas enroladas
com a corrupção e o governo da imensa maioria das massas populares se fazendo
passar por uma minoria privilegiada. Essa minoria, porém, dizem os marxistas:
compõe-se de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão
logo se tornam governantes ou representantes do povo, deixou de ser operários e
por-se-ão a observar o mundo proletário de cima para baixo ou acima do Estado;
não mais representando o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo
usando meios fraudulentos e corrupção para se perpetuarem no poder. Quem duvida
do que eu falo não conhece a natureza humana, por isso, ando desacreditando de
tudo.
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