Nos dias
17 e 18 de novembro, na Vila Cultural Cora Coralina, será realizado o 1.º
Encontro das Comissões Municipais de Folclore com participação de várias
cidades, sob a coordenação da Comissão Goiana de Folclore, presidida pela
senhora Izabel Signorelli. Seja através do folclore ou não, sabemos que a arte
é uma forma de o ser humano expressar suas emoções, sua história e sua
cultura através de alguns valores estéticos, como beleza, jeito de vestir,
harmonia, equilíbrio. A arte pode ser representada através de várias formas, em
especial, na escultura, na pintura, no cinema, e principalmente, no que tange
ao folclore, que é o tema do qual ora pretendo comentar. Sabemos também que há
milhares de anos a arte foi se evoluindo e ocupando um importantíssimo espaço
na sociedade, haja vista que algumas representações de artes são indispensáveis
para muitas pessoas nos dias atuais. Esses trabalhos artísticos assim como o
folclore, são capazes de nos deixar boquiabertos, sejam diante de telas, sejam
através de trajes típicos, sejam através das danças e estilos musicais
regionais, todos massageiam o nosso ego, trazendo pura magia e expressões
surrealistas que nos deixam atônitos, encantados. Em seu artigo “O folclore
avança em Goiás” o escritor Bariani Ortêncio disse: “O folclore é a sabedoria
do povo. E esta sabedoria vem passando das pessoas simples que recebem dos seus
ancestrais, de geração a geração, dos analfabetos até os instruídos. “E o
folclore não fica só com o povo simples, sem instrução; chega à sociedade, às
camadas cultas, influi e incentiva as letras e as artes”. È a mais pura
verdade!
Muitas
pessoas dizem não ter interesse pelo folclore ou por movimentos ligados a ele,
porém o que elas não imaginam é que esta arte nada mais é que a tradição e usos
populares, constituído pelos costumes
e tradições transmitidos de geração em geração. Todos os municípios sejam de qualquer parte
do Brasil possuem suas tradições, crenças e superstições,
que se transmitem através das tradições, lendas, contos, provérbios, canções, danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas e dialetos característicos,
adivinhações, festas e outras atividades culturais que nasceram e se
desenvolveram com o povo. A
arte folclórica é praticada em todo o mundo, em diferentes culturas. Quando
Bariani disse em seu artigo que o folclore incentiva as letras e outras artes,
concordei plenamente, pois foi através dele também que me enveredei pelo mundo
das letras, escrevendo crônicas, poesias e romances, sempre tendo nas
entrelinhas de cada texto um pouco dessa arte milenar. É importante observar
que essas coisas não se governam, elas tomam conta da gente e fazem a gente
sonhar com o possível e o impossível.
Os
artigos, crônicas e poesias escritas semanalmente em jornais por grandes
escritores e articulistas, também é uma arte que muitas vezes nos trazem o
espanto, um sentimento corriqueiro ou um acontecimento inusitado que pode
abalar a sociedade em razão de sua contundência. Os escritores que escrevem no
seu habitat gostam do silêncio porque ele o faz viajar no mundo da imaginação e
o barulho, por menor que seja, os espantam, tiram deles a máquina imaginária
que poderia trazer, no último flash, uma resposta plausível à sociedade. A Arte
seja a pintura, a música, a dança, o cinema, de uma maneira geral é uma coisa
imprevisível, é descoberta, é uma invenção da vida, já o folclore, vai mais
além disso, pois ele é sinônimo de cultura popular e
representa a identidade social de uma comunidade através de suas criações
culturais, coletivas ou individuais, e é também uma parte essencial da cultura
de cada nação.
A arte
está em toda parte e, por mais simplórios que possamos ser, por mais
embrutecidos que venhamos a ser, cada um de nós tem a noção da beleza e a arte
atua em nossa vida, nas suas mais variadas formas. Todas elas são necessárias,
porque é só através da arte que o homem inventa o mundo em que vive e todos nós
estamos em maior ou menor grau, dependentes dela. Observem que o homem do
sertão, que por si só, já é um artista por natureza, pois quando ouve o cantar
dos pássaros sabe que já é época de acasalamento ou de alçar os primeiros voos
ou quando se reúne em volta da fogueira para contar seus causos de saci, onça
pintada, vampiros, quadrilha, festa junina, tudo é folclore, o qual nada mais é
do que a reinvenção da vida através da beleza da arte.
Todos nós
artistas sabemos que a arte trabalha com outros elementos que não a razão e
emoção e quanto a isso devemos lembrar que o folclore não é um conhecimento
cristalizado, embora se enraíze em tradições antigas, mas ele se transforma no
contato entre culturas distintas, entre migrações, e hoje graças aos meios de
comunicação principalmente através internet é que vemos expandir essa arte que
pode ser vista ou vivida por pessoas que dizem desconhecer. Cabe a UNESCO orientar as comunidades no
sentido de bem administrar sua herança folclórica, sabendo que o progresso e as
mudanças que ele provoca podem tanto enriquecer uma cultura como destruí-la
para sempre. A arte folclórica não quer agradar, ela não busca o agrado, ela
busca um sentimento que nos tire do chão, que nos leve para um lugar onde não
frequentamos em nossos dias comuns; ele nos entorta a cabeça, nos faz pensar, e
às vezes, duvidar de tudo aquilo que presenciamos a olho nu. A vida, comum, não
é o suficiente, deve-se procurar algo além dela, pois se ficarmos parado, mesmo
que metaforicamente, é o primeiro passo rumo à morte e isso o artista não
almeja. Se o artista optar apenas pela sobrevivência e não pela expressão
máxima do que é o prazer pela própria vida de nada adiantará uma bela
apresentação sobre um palco, ruas ou praças. E como disse Bariani Ortêncio:
“Estudar o folclore é estudar o próprio povo, com tudo o que lhe diz respeito.
É o exemplo, como vimos, de tudo o que vem do passado, transmitido
através das gerações”. Mais uma verdade dita pelo mestre, pois o folclore no
eleva e nos transporta a um mundo surreal, e é graças a ele que nos escritores
romancistas e poetas viajamos em busca do improvável e isto nos deixa encantados
e fascinados pela vida.
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