Olhando
para universo que não sei discernir, restou-me aquecer da leveza do momento que
de tão imenso o silêncio notei que este não quebrou os sons vindos das terras
devastadas pela ação do homem, mas, felizmente, me senti preenchido pelas
batidas do meu coração e pela voz infantil de uma criança que brincava do outro
lado do mundo. Queria apenas enxergar o bonito. Meu coração começou a bater no
ritmo suave de um mar sem pedras ou barrancos a impedir, e me sentia feliz. De
meu posto privilegiado do alto de uma serra íngreme acompanhava os pontos
enfeitados do universo, talvez usando mais o espírito do que com a consciência.
Navegava com os olhos e não via naves espaciais enfeitarem a paisagem estelar,
apenas aviões despejando bombas e matando gente inocente em terras do
oriente. Mas o meu mundo estava ali e não do outro lado e a cada olhar,
procurava o meu porto seguro ou achar uma nave qualquer, sei lá, mas sem
pressa, sabendo que meu destino não se resumia apenas deixar ou pegar
passageiros errantes, gente sofrida e crianças desnutridas amontoadas nas
beiradas daquele mundo inóspito, sem estação espacial.
Do alto
dava pra ver que a nossa vida não era totalmente linear, todavia, com o
pensamento positivo almejava o ano de 2017, com mais amor, dignidade, respeito
ao ser humano, e com o mesmo sol que dá vida ao nosso planeta, como também,
desejava que a chuva derramasse mansa, sem destruir nada, para que eu pudesse
ficar aconchegado no meu recanto nostálgico e escrever, e à noite, sob o som
das gotas de chuva debater-se no vidro da janela, abraçar meus lençóis, colocar
a cabeça sobre o travesseiro e dormir, sem pressa. Mas antes de o sono vir e
tomar o meu corpo eu queria arquivar na região recôndita do meu cérebro ideias
novas para passar para as colunas jornais e revistas, para que jamais faltem
àqueles dias em que as palavras tomam chá de sumiço, desaparecem de nossa mente
como a um passe de mágica, situação que me traz desespero por não saber o que
escrever. São, justamente, esses dias que me fazem perceber que não estou no
controle de nada, não me sinto com condições de ajudar a ninguém e os altos e baixos
se instalam, vem o bloqueio criativo, travam tudo, torpedeando horas e horas
dias a minha produção literária, momentos em que não escrevo uma linha sequer.
Para mim é sempre um martírio!
Quando
consigo escrever e posto no BLOG e FACEBOOK espero que meus amigos não tenham
preguiça de ler. Que continuem lendo, mesmo sendo um texto sem nexo. Que
promovam curto-circuito nos seus CPUs e WHATSAPP, mas que, sobretudo, sejam
compreensivos quando eu decido ficar em silêncio.
Eu 2016
assistimos horrorizados muitas guerras, destruição e mortes, no entanto, lá do
alto almejava o melhor para o ano de 2017, um mundo com mais tolerância. É
certo que na teoria existe uma enorme propaganda de aceitação do outro com tudo
que ele faz, mas, na prática, a humanidade é péssima em acolher quem não
compactua com o que pensamos, e aí vemos uma luta de pessoas em busca ou manter
o poder pelo poder, vem à discriminação, preconceitos com quem não carrega o
mesmo tom de pele ou com quem não tem a mesma opção sexual que a nossa. O mundo
girou, passaram décadas e décadas e ainda não aprendemos lidar com a
diversidade que o planeta comporta. Não obstante tudo isso eu quero dias
calmos, pitadas de ociosidade, tranqüilidade, leveza, não sempre, mas quero.
Também, como perfeccionista, sou feito de urgências, de natureza criativa,
produtiva e de realizações. Realizar é um verbo que conjugo fácil e me veste
bem. E abusando desse verbo, em 2017 quero ler, quero me aperfeiçoar, quero me
movimentar no universo cultural, quero vontades, quero sonhos alcançáveis,
publicar meu livro e como ele, continuar com meus pensamentos em alta voltagem.
Quero
continuar tendo discernimento para enxergar meus erros, quero ter a humildade
de pedir desculpas, eu quero ser grato a aqueles que me estenderem as mãos e
sempre que possível, eu estender as minhas a eles, seja ou não diante de um ato
de solidariedade. Quero continuar sendo eu, esse ser passível de falhas, de
erros, cheio de imperfeições, que abre lacunas, espaços, vãos, brechas, hiatos,
qualquer coisa que sinalize que ainda a algo a ser preenchido, mas, sobretudo,
que não me falte à persistência, a vontade de viver, a loucura pela liberdade,
a disciplina e a alternância, seja mantendo os pés no chão ou bem longe dele.
Por tudo isso é
necessário que entendamos também que Deus, o arquiteto do universo providenciou
para que a gente tivesse o livre arbítrio, e quando em dificuldades,
estivéssemos na mesma hora e no lugar certo: um, para receber ajuda; outro,
para dá-la. No fundo sabemos que o mais afortunado foi aquele que aproveitou a
oportunidade para ajudar. E eu o fiz oferecendo meus préstimos às pessoas
carentes e contribuindo de certa forma com a sociedade em que participo.
Portanto, quero que você em 2017 faça isso também, pois pode ser que, talvez,
venha a precisar de algum desconhecido. Se entender isso, então quero que saia do seu conforto e insista para que a
pessoa espere pela sua nave espacial, talvez até imaginária, porque sempre
chegará o dia em que todos precisarão de ajuda, e não importa quanto tempo
passemos sentado na beira de nosso mundinho, nem quanto peso carregaremos e
quantos minutos havemos de precisar para apreciar um final de tarde, um pôr do
sol, ou o nascer da lua. Podem ter a certeza de que ao final todos nós
pegaremos a mesma nave e seguiremos a mesma rota e teremos o mesmo destino.
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