Os atos de
violência que vem acontecendo nos presídios brasileiros são mais perniciosos
que as catástrofes naturais, como os furacões e terremotos, porque ao contrário
das vítimas de um desastre natural, as de violências praticadas por detentos
pertencentes a facções, se sentem intencionalmente escolhidas como alvos de uma
crueldade de difícil controle. Esta situação que vem ocorrendo em vários
presídios despedaça as crenças sobre a confiabilidade entre pessoas e desperta
a insegurança intramuros, crenças que as catástrofes naturais deixam intactas,
mas em presídios não. O mundo social está se tornando um lugar perigoso, onde
os próprios seres humanos, se assim podemos dizer, são ameaças potenciais à sua
própria segurança. Todos os dias a gente vê noticiados em jornais e televisão
crueldades, matança e chacinas indescritíveis praticadas por facções criminosas
que infestam os presídios, as quais ficam registradas na memória do tempo,
marcando as vítimas, e quando fatais, as próprias famílias deles, como se
fossem cenas de um filme de terror que nos faz encarar o medo como qualquer
coisa semelhante ao próprio ataque traiçoeiro do mal que vem afligindo não só o
Brasil assim como em todo o mundo.
A
sociedade organizada e a polícia instalam câmeras de segurança com capacidade
de desenvolver capturas faciais adequadas para o reconhecimento automatizado do
indivíduo para que os delitos sejam esclarecidos num curto espaço de tempo, que
são caras e onerosas. Não obstante essa assertiva de policiamento via câmeras,
entende-se que outros instrumentos de apoio à investigação precisam ser
empregados para permitir a captura ou descrição dos criminosos, bem como a
inserção de dados biométricos dos envolvidos em agressões, mortes ou quaisquer
outros delitos internos, cujo material auxiliará de forma efetiva e rápida a
identificação positiva dos indivíduos em arquivos criminais de porte e com isso
evitarão entrar nos presídios drogas, armas, objetos cortantes, celulares e
outros. O retrato falado situa-se como um destes instrumentos, importante na
elucidação de crimes porque além da televisão, temos a internet para divulgar
essas fotos. Entretanto, além da confecção, que depende de razoável precisão
biométrica, tem-se que abrir uma divulgação intensiva para interação com fontes
de informações públicas e pesquisas que transforme o produto gráfico em
identificação positiva do suspeito em arquivos fotos-criminais.
Não me
lembro de nos últimos tempos ter tido um ano com tantos crimes violentos e
macabros aqui no Brasil. Não só a matança nos presídios, mas vemos pais e mães
que matam filhos, filhos que matam pais, amigos que matam amigos, maridos
violentam suas mulheres, mulheres que esquartejam maridos, pais que estupram as
próprias filhas, menores que roubam e matam porque sabem que não cumprirão
penas e ainda sorriem diante das câmeras de TV. Contabilizo essas perdas aos
amigos que foram assinados covardemente e que durante décadas eu cultivei suas
amizades em meu coração. Restou-me, então, durante este lapso de tempo, orar
por essas vítimas e momentaneamente, até sonhar que um dia uma borboleta
pudesse pousar em minha mão, todavia, o que poderia ter se tornado apenas um
desejo, se materializou, se tornou real, pois quando li certo dia num jornal,
na coluna policial, eu tive que quedar-me inerte sobre a poltrona e dias
depois, felizmente, sentir um alívio quando vi noticiar que a polícia tinha
localizado o criminoso que matou o meu amigo.
O
interessante é quando vemos lençóis e vestimentas desses criminosos penduradas
nas grades das celas não enxergamos nenhuma peça que pertençam aos criminosos
de “colarinho branco”; não vemos vestimentas ligadas às facções, nenhuma peça
daqueles que praticam o peculato de toda a espécie; não vemos presos como outro
elemento qualquer; não vemos políticos que praticam a corrupção ativa e
passiva, desvio de verbas públicas ou a errada aplicação de recursos, fraudes
em concorrências, prevaricações, desmandos administrativos, nomeações ilegais,
concussão, cerceamento à liberdade, homicídios e tantas outras mazelas. Na
realidade, a maior parte destes crimes não vem à tona e os que surgem são
abafados pelos próprios mecanismos estatais ou por influência política.
Destarte, o banditismo, armado com armas de grosso calibre, metralhadoras
e granadas, explodem caixas de bancos, outros, às vezes, matam somente para
ouvir o gemido do desafeto; elementos saem às ruas e deixa a população em
polvorosa, que intimidada, ela se tranca dentro de sua própria casa, não
podendo sequer sair às ruas, enquanto a polícia persegue pessoas incautas que
são jogadas nas prisões ao lado dos piores marginais.
Caro
leitor, tudo o que se vê é fruto de uma política criminal errada, injusta,
implantada através de uma legislação esdrúxula, defasada, irresponsável e que
precisa ser modificada urgentemente pelo Congresso Nacional. O juízo jurídico
colocado em prática pelo legislador funciona como um juízo de valor, não se
limita a comprovar a existência das causas, mas, valora-as, para fins de
repressão, o que pode ocorrer, em muitos casos, em vez de extinguir ou reduzir
o crime, venha estimular ou eliminar um e criar outro. Daí urge, para amenizar
um pouco esta situação, além da prática da religiosidade entre os presos,
também o trabalho prisional intramuros, com incentivo especial à formação de
mão de obra especializada, por maiores de cursos profissionalizantes, em
parcerias com escolas técnicas públicas e privadas e ainda, a construção de
presídios mais humanizados com o objetivo de desafogar a lotação excedente,
cujo ambiente atual deteriora mais ainda a mente humana. Em fazendo isso,
acredito que trará mais socialização aos presos e segurança aos cárceres.
Nestas
minhas andanças pelas periferias da região metropolitana de Goiânia sempre me
preocupei com o ser humano, apesar de que, algumas vezes, sentir-me incapaz de
solucionar algumas situações encontradas e, quando isso acontecia, recorria e
recorro a amigos, porque é meu jeito de ser, de uma pessoa temente a Deus e que
sempre carreguei e carregarei comigo o princípio básico de fazer o bem sem
olhar a quem, frase que sempre norteou a minha caminhada.
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