Não
queria entrar no mérito desta palavra que em termos mais amplo trata-se de ação
de trair alguém; perda completa da lealdade que resulta de uma ação traiçoeira,
como também se pode considerá-la como um crime que se configura pela ameaça à
segurança da pátria ou de suas instituições, todavia, em relação à minha pessoa
há anos essa palavra vem me corroendo a alma porque, infelizmente, vivemos num
mundo onde existem muitas falsidades, tapetes para serem puxados para que
ninguém cresça ou se sobressaia dentro da sociedade em que vive, seja qual ela
for. Vamos supor que o trabalho que você faz cause inveja a um “amigo”, pois
está se sobressaindo mais que ele em face do seu dinamismo peculiar, que veio
do berço, que enxerga o mundo de uma forma diferente e procura sempre ciscar
pra dentro e não pra fora. Ao tentar captar mais companheiros pra fazer parte
da sociedade cultural da qual participa pode gerar ciúmes em relação a sua
atuação e em face disso pode vir à famigerada traição. Passado alguns meses ou
anos suponhamos que a pessoa que lhe causou esse dissabor esteja acometida por
um arrependimento, amargando um tremendo remorso e se afogando num mar de
culpa… aquele que traiu ou continua falseando ou traindo um companheiro de
trabalho ainda tão comum hoje em dia, jamais terá a dimensão exata do buraco
que cava no peito daquele que foi traído.
Quando
nos sentimos traídos é como se a nossa confiança fosse roubada pelas costas.
Nem temos nem tempo pra dizer: Até tu cara! É como se a nossa inteligência
fosse também subestimada e a nossa autoestima picada em pedacinhos. Quando isso
acontece cava-se um grande buraco no peito, principalmente quando a pessoa
acreditava que aquela outra era realmente amiga. Vem à dor e ela dói muito. A
dor da traição e da falsidade é geralmente complexa porque destroem no interior
das pessoas traídas os alicerces que construíram em prol do desenvolvimento de
uma entidade, dentro da qual nasceu a relação de amizade. Podemos afirmar com
certeza que a intensidade da decepção é proporcional à amizade, ao afeto, ao
amor e ao carinho que temos por quem nos proporcionou tal dor, assim como,
dizer também, que quem engana um amigo verdadeiro trai a si próprio.
Quando
se tem um projeto de crescimento, ao sermos enganados por alguém tudo altera a
capacidade de interpretação dos próprios sentimentos, pois eles ficam frágeis,
confusos e chegamos até a ter dificuldades em discernir o que é real e o porquê
de um projeto não ser aceito, de um sonho destruído. Não raras vezes, aquele
que é traído acaba buscando em seu comportamento, em suas atitudes a razão para
saber a verdade, o real motivo sobre tudo o que aconteceu; sente-se até
suspeito do mal feito causado pelo alheio. A traição dói principalmente em
todos aqueles que têm objetivos e projetos salutares destinados ao crescimento
da entidade da qual participa. Traição dói por tantas outras razões. Dói porque
é desnecessário, dói porque diminui a importância da história partilhada que
estava em pleno desenvolvimento, dói porque não há nada que justifique a quebra
de confiança.
A
traição é a mais covarde das escolhas, principalmente quando você é tomado de
surpresa pela ação pretensiosa do “amigo” que simplesmente lhe comunica que seu
cargo foi oferecido à outra pessoa para uma possível negociação e espertamente,
prejudicar registro de outra chapa concorrente, e de certo modo, evitar também
que a outra pessoa concorra ao pleito eleitoral com outra chapa. Isto está
ocorrendo em todo meio social. É o poder pelo poder. É a opção do “amigo” pelo
caminho mais fácil. É a forma encontrada por ele para retirar do seu caminho um
possível adversário, o qual, no caso, deveria é ser honrado e mostrado o seu
valor. Perdoar esse tipo de traição foge à nossa capacidade racional. E quando
acaba acontecendo, muitas vezes é porque existe nessa atitude uma esperança em
fazer cessar o sofrimento. Perdoar-se numa tentativa de retroagir ao
acontecimento considerado traição, dificilmente será possível apagar os danos
causados. Tal situação já ocorreu em relação a mim, mas sei que está
acontecendo com outras pessoas de valor. No que me diz respeito ao caso em
tela, a ferida não cicatrizará em razão da consideração, admiração e respeito
que tinha pelo “amigo”. Mas sei também que o tempo, queira ou não, mostrará
suas fissuras no relacionamento, trincas por onde emergirá ressentimentos,
mágoas e culpas.
Afinal,
por mais que pareça triste, o melhor que se pode fazer é cortar os laços mesmo.
Manter-se em silêncio porque de alguma forma ou de outra ele falará por nós.
Deixar que as feridas cicatrizassem em paz. Sigamos em frente e deixemos que o
“amigo” descubra por si mesmo que havia outras escolhas, mas que ele por si só
não foi capaz de discernir e fazê-las. E depois disso, de ter sido incapaz de
escrever o fim de uma história, de colocar um definitivo ponto final, de
projetar para si mesmo um modelo mais saudável de relação, na qual o
compromisso fosse partilhado, assumido e respeitado por todos os membros da
entidade cultural, ficou inerte, usou-se apenas das reticências. Por fim,
pergunto: Porque eliminar do quadro diretivo parceiros de tantos anos, então,
não se pode usar o linguajar popular: que foi uma decisão humana, sensata,
justa. Persistir na substituição para que a pessoa não participe do novo quadro
diretivo, comunicando-a tardiamente com o fito de impedi-la de montar uma chapa
concorrente é errado, é falta de respeito próprio mesmo.
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