Por que silenciaram os sinos?

terça-feira, 30 de maio de 2017


O melhor som é aquele que sai em silêncio de nossas mentes e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida. Os badalos de um sino há tempos esquecidos, hoje diante da adversidade da vida eu acredito que só voltarão possivelmente, num entardecer, numa tarde mais vulnerável onde todas aquelas que se foram desvanecidas, jamais nos deixaram sucumbir ante as intempéries do tempo, da insensatez, da falta de honestidade, da ética e caráter do ser humano que nos faz adormecer sob escombros. É importante frisar que Deus ao criar o homem colocou em sua mente uma multiplicidade de sensações e emoções capazes de despertar sentimentos mais variados, desde o prazer proporcionado pela contemplação da beleza, da harmonia e equilíbrio naturais, até do terror e impotência gerados por pessoas com saúde precária, passando fome, outras sem a mínima condição de plantar para a sua própria sobrevivência. Por outro lado, é comum vermos meninos e meninas cheirando cola para enganar a fome, crianças e mulheres que se prostituem para sobreviverem; chacinas, roubos, corrupção, tudo isso me oprime, sem falar das catástrofes e fenômenos naturais que ocorrem no mundo, onde tudo parece irreal, mas é pura realidade e se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana, que a tudo vê e assiste complacente através de jornais e imagens geradas pela TV.

Quando intitulei este artigo como “Por que silenciaram os sinos” o fiz com  o intuito de homenagear os missionários e a todos aqueles que lutam em prol de sua comunidade, que pratica o amor ao próximo, a solidariedade e a volta das riquezas e criatividades cristãs, que criteriosas, podem fecundar novas reflexões e ajudar a delinear e modelar novos conceitos de vida em face do processo atual, de forma que, cada pessoa se torne responsável pela sua própria história, pela sua própria libertação, transformando a sua realidade de forma que se efetive a justa liberdade e amor, ainda que de maneira rudimentar, todavia, mesmo diante da labuta diária desses abnegados vimos que silenciaram os sinos que antes badalavam por um simples motivo, todavia, corrupção se alastra e muitos graúdos se fazem de cegos, surdos ou mudos diante de toda essa situação, então, resto-nos ver nos bancos de hospitais pessoas morrendo à míngua sem a atenção do poder publico, e nas ruas, crianças, jovens e adultos viciados em drogas, totalmente abandonadas, sem rumo, e com a mente deturpada, perdem o raciocínio e ficam perdidas na escuridão de seu próprio ser.

Sem ouvir nenhum badalo e com o pensamento absorto, me vi rodando pelas ruas da cidade, sem passar sobre pedras ou bisbilhotar as belezas circundantes. Olhava o vaivém dos veículos e a falta de respeito às leis de trânsito e ao próprio ser humano. Cada carro que ultrapassava o meu, sentia uma dor no coração ao imaginar que a vida de cada uma daquelas criaturas sequer tinha tempo de pensar que existe vida além vida e que poderia ter que prestar contas do que faz neste mundo de expiação e provas. Sequer tinham tempo de observar os pedintes amontoados nas calçadas e uma criança esquelética sugando o seio da mulher que parecia doente. Um quadro que jamais apagarei da memória. Pouco mais à frente, um vento quente soprou manso e logo deparei com alguns jovens descontraídos que usavam colares, brincos, pircing, cabelos pintados em cores variadas, dando-se a impressão de estarmos vivendo em outro planeta. Fumavam e soltavam baforadas de fumaça que cheirava a “baseados” e nos refrigerantes, misturavam diminutas pedras de crack no afã de contemplar melhor a vida e de se “chegar às nuvens”, talvez numa nave criada pelas suas imaginações, sem destino e desvalida.

Ao quebrar os laços familiares, deixar de ajudar aos infortunados, aos doentes e àqueles que passam fome, o homem quebra também o elo da cadeia que o liga a harmonia, ao amor, a fraternidade, a fé e equilíbrio de forças assentes nas Escrituras, motivos relevantes que se não exercitados tornam implacáveis e difíceis a mantença da sobrevivência humana, e na forma em que está banalizada, indiferente e que nos leva  passividade, não pode continuar. Ao final, deverão estar fundamentadas precisamente no amor, na caridade, não ficar à deriva, sem referência, para no final, saber por quem os sinos voltaram a dobrar.

Hoje, o homem não mais cora de vergonha e muitas vezes nem vê  motivos para isso. Talvez a vergonha que não se aflora mais em seu rosto é que o fazem fazer tantas declarações de intenções, tantos compromissos político-sociais, tantas promessas de ajudar ao próximo, ajudar aos doentes, ao menos favorecidos; muitas vezes não realiza alegando falta de tempo ou faz-se de esquecido. Ao ouvir as palavras de um amigo missionário confesso que corei e sei que muitos coraram e vestiram a carapuça. Eu, às vezes, me sinto em débito com a minha comunidade, mas cheguei à conclusão também de que temos a oportunidade fazer alguma coisa boa em prol de nosso Planeta e se não o fizermos será por mero capricho. Podemos transformá-los num paraíso se agirmos com correção, termos amor ao próximo e sermos solidários um ao outro, ou num inferno, se sucumbirmos sob o peso do pecado e da falta desse amor A resposta a esse desafio está presa nos elos da imensa cadeia da vida, que se quebrados, deixarão todos em cárcere inseguro, e para saírem ilesos, difíceis serão as decisões que cada um terá de tomar. E é diante dos fatos narrados que cheguei à conclusão de que urgem as igrejas se manifestarem, não importa qual religião seja, saírem do seu silêncio, clamar, seja com o manuseio das mãos do homem ou a de Deus para servir como alerta a todos aqueles que há tempos corrompem, mente, roubam, esfacela o País e que depois de eleitos, jamais procuraram ajudar a carregar o cajado, talvez espinhoso, mas recheado de honestidade, respeito, ética e moral construído em prol de uma nação que hoje se angustia diante de tantas mazelas provocadas por gente corrupta que se alastra por todas as regiões do Brasil sob o olhar condescendente ou benevolência excessiva e morosa da justiça brasileira.



0 comentários:

Postar um comentário

 
Vanderlan Domingos © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions