O melhor som é aquele que sai em silêncio de nossas
mentes e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa
caminhada pela vida. Os badalos de um sino há tempos esquecidos, hoje diante da
adversidade da vida eu acredito que só voltarão possivelmente, num entardecer,
numa tarde mais vulnerável onde todas aquelas que se foram desvanecidas, jamais
nos deixaram sucumbir ante as intempéries do tempo, da insensatez, da falta de
honestidade, da ética e caráter do ser humano que nos faz adormecer sob
escombros.
É
importante frisar que Deus ao criar o homem colocou em sua mente uma
multiplicidade de sensações e emoções capazes de despertar sentimentos mais
variados, desde o prazer proporcionado pela contemplação da beleza, da harmonia
e equilíbrio naturais, até do terror e impotência gerados por pessoas com saúde
precária, passando fome, outras sem a mínima condição de plantar para a sua
própria sobrevivência. Por outro lado, é comum vermos meninos e meninas
cheirando cola para enganar a fome, crianças e mulheres que se prostituem para
sobreviverem; chacinas, roubos, corrupção, tudo isso me oprime, sem falar das
catástrofes e fenômenos naturais que ocorrem no mundo, onde tudo parece irreal,
mas é pura realidade e se alastra como se fosse uma coisa natural
característica da própria espécie humana, que a tudo vê e assiste
complacente através de jornais e imagens geradas pela TV.
Quando
intitulei este artigo como “Por que silenciaram os sinos” o fiz com o
intuito de homenagear os missionários e a todos aqueles que lutam em prol de
sua comunidade, que pratica o amor ao próximo, a solidariedade e a volta das
riquezas e criatividades cristãs, que criteriosas, podem fecundar novas
reflexões e ajudar a delinear e modelar novos conceitos de vida em face do
processo atual, de forma que, cada pessoa se torne responsável pela sua própria
história, pela sua própria libertação, transformando a sua realidade de forma
que se efetive a justa liberdade e amor, ainda que de maneira rudimentar,
todavia, mesmo diante da labuta diária desses abnegados vimos que silenciaram
os sinos que antes badalavam por um simples motivo, todavia, corrupção se
alastra e muitos graúdos se fazem de cegos, surdos ou mudos diante de toda essa
situação, então, resto-nos ver nos bancos de hospitais pessoas morrendo à
míngua sem a atenção do poder publico, e nas ruas, crianças, jovens e adultos
viciados em drogas, totalmente abandonadas, sem rumo, e com a mente deturpada,
perdem o raciocínio e ficam perdidas na escuridão de seu próprio ser.
Sem
ouvir nenhum badalo e com o pensamento absorto, me vi rodando pelas ruas da
cidade, sem passar sobre pedras ou bisbilhotar as belezas circundantes. Olhava
o vaivém dos veículos e a falta de respeito às leis de trânsito e ao próprio
ser humano. Cada carro que ultrapassava o meu, sentia uma dor no coração ao
imaginar que a vida de cada uma daquelas criaturas sequer tinha tempo de pensar
que existe vida além vida e que poderia ter que prestar contas do que faz neste
mundo de expiação e provas. Sequer tinham tempo de observar os pedintes
amontoados nas calçadas e uma criança esquelética sugando o seio da mulher que
parecia doente. Um quadro que jamais apagarei da memória. Pouco mais à frente,
um vento quente soprou manso e logo deparei com alguns jovens descontraídos que
usavam colares, brincos, pircing, cabelos pintados em cores variadas, dando-se
a impressão de estarmos vivendo em outro planeta. Fumavam e soltavam baforadas
de fumaça que cheirava a “baseados” e nos refrigerantes, misturavam diminutas
pedras de crack no afã de contemplar melhor a vida e de se “chegar às nuvens”,
talvez numa nave criada pelas suas imaginações, sem destino e desvalida.
Ao
quebrar os laços familiares, deixar de ajudar aos infortunados, aos doentes e
àqueles que passam fome, o homem quebra também o elo da cadeia que o liga a
harmonia, ao amor, a fraternidade, a fé e equilíbrio de forças assentes nas
Escrituras, motivos relevantes que se não exercitados tornam implacáveis e
difíceis a mantença da sobrevivência humana, e na forma em que está banalizada,
indiferente e que nos leva passividade, não pode continuar. Ao final,
deverão estar fundamentadas precisamente no amor, na caridade, não ficar à
deriva, sem referência, para no final, saber por quem os sinos voltaram a
dobrar.
Hoje,
o homem não mais cora de vergonha e muitas vezes nem vê motivos para
isso. Talvez a vergonha que não se aflora mais em seu rosto é que o fazem fazer
tantas declarações de intenções, tantos compromissos político-sociais, tantas
promessas de ajudar ao próximo, ajudar aos doentes, ao menos favorecidos;
muitas vezes não realiza alegando falta de tempo ou faz-se de esquecido. Ao
ouvir as palavras de um amigo missionário confesso que corei e sei que muitos
coraram e vestiram a carapuça. Eu, às vezes, me sinto em débito com a minha
comunidade, mas cheguei à conclusão também de que temos a oportunidade fazer
alguma coisa boa em prol de nosso Planeta e se não o fizermos será por mero
capricho. Podemos transformá-los num paraíso se agirmos com correção, termos
amor ao próximo e sermos solidários um ao outro, ou num inferno, se sucumbirmos
sob o peso do pecado e da falta desse amor A resposta a esse desafio está presa
nos elos da imensa cadeia da vida, que se quebrados, deixarão todos em cárcere
inseguro, e para saírem ilesos, difíceis serão as decisões que cada um terá de
tomar. E é diante dos fatos narrados que cheguei à conclusão de que urgem as
igrejas se manifestarem, não importa qual religião seja, saírem do seu
silêncio, clamar, seja com o manuseio das mãos do homem ou a de Deus para
servir como alerta a todos aqueles que há tempos corrompem, mente, roubam,
esfacela o País e que depois de eleitos, jamais procuraram ajudar a carregar o
cajado, talvez espinhoso, mas recheado de honestidade, respeito, ética e moral
construído em prol de uma nação que hoje se angustia diante de tantas mazelas
provocadas por gente corrupta que se alastra por todas as regiões do Brasil sob
o olhar condescendente ou benevolência excessiva e morosa da justiça brasileira.
0 comentários:
Postar um comentário