No
caminho da imaginação ora vislumbramos estradas em linha reta, ora cheias de
curvas e outras que se partem em duas. No final de uma reta ou curva sinuosa,
usando as asas da imaginação, é possível ver a vida recomeçar, é possível
chegar até a lua, beijá-la, e sem turbulências ou instabilidade alcançar o
impossível: o fim do infinito. Quando ficamos diante de uma estrada partida em
duas, com rumos diferentes, vem-nos a dúvida qual delas nós devemos seguir. Mas
nossos olhos atentos, aguçados, talvez com a ajuda de óculos de grau são
possíveis vê-los se comunicarem de forma sublime porque eles são a janela da
alma e nos faz sentir próximos daquilo que perece intocável. O amor que gera a
vida nos oferece sonhos, às vezes reais, às vezes surreais ou sequer
imaginados, trazendo em seu bojo noites de insônia, que fazemos de tudo para
serem levadas pelos mantos da noite e quiçá, molhadas pelas lágrimas que se
deleitam no travesseiro impedindo que o ar que mantém nossa vida se extinga.
Quando
escrevo nem fico perplexo da forma que uso a minha imaginação. Em certos
momentos, nas entrelinhas do meu silêncio, posso até chegar ao cúmulo do
absurdo, todavia, tenho grande facilidade em criar personagens, alguns,
suficientemente sólidos, e neles, imagino em cenários e situações bastante
estranhas, e até certo modo, esdrúxulas! Eis as palavras corretas. Numa
imaginação fértil, basta uma frase solta ou um comentário de alguém para a
gente comece a desenrolar o fio de uma narrativa... Mas, às vezes, isso também
pode me irritar um pouco. De uma breve conversa com qualquer pessoa é possível
tirar as mais esquisitas conclusões ou começar a divagar sobre sua vida e
colher hipóteses impossíveis. Quanto e mim, procuro construir um mundo
paralelo, onde tudo pode acontecer de acordo com o que já vi ou ouvi. Um mundo
onde tudo é possível, onírico, e eu onisciente, divirto-me com todo esse jogo
que só o mundo imaginário pode oferecer.
Interessante
é que isso realmente me irrita um pouco quando não sou entendido: é apenas
minha imaginação... E pensar que existem pessoas que não imaginam, mas agem
dessa maneira! Agem como se todos fossem marionetes, manipulam quem está por
perto e só pensam em tirar proveito de tudo. Então neste caso não vale a pena
imaginar, viver o surreal. Devemos criar um mundo de fantasia só nosso, de
forma despretensiosa, onde possamos ser um ser qualquer e onde quiser... Parece
um tanto egoísta esta minha citação, mas, é humano. Agir assim, agir como um
Deus, não é heresia, mas covardia. No mundo que eu imagino não há razão para
esse tipo de confrontos e nem de medo.
Faço todos
os esforços para levar o leitor a um lugar imaginário, mas sempre com base num
fato real, seja correto ou não, boa ou não, procuro sempre escrever de forma
reflexiva. Todavia, será que tenho que agradar a todos? A minha consciência às
vezes me deixa na dúvida, se é que exista razão para isso. Escolher a forma de
escrever ninguém me controla, mas quando estou escrevendo paro, penso e
reflito, pois é mais um texto que pode estar alcançando leitores com diferentes
entendimentos, uns incautos, outros exigentes, críticos, pois todos estão
ávidos por um por uma boa leitura. O procedimento da escrita jamais pode estar
em processo deterioração e eu me importo com isso, com cada frase, aceito
críticas, mas recuso a forma de como vão concluir o raciocínio, se dentro da
lógica ou de uma interpretação correta. É lógico e correto a gente dizer: Por
muito tempo acreditamos na existência de Papai Noel, no bicho papão, na mula
sem cabeça, em vampiros, Saci-Pererê e tantas outras coisas oriundas do
folclore brasileiro, e só com o passar dos anos é que a gente vê que tudo não
passava de coisas criadas pelo mundo imaginário de nossos ancestrais.
Acredito
piamente que na vida há uma consciência de que alguma coisa nos levará onde não
queremos; coisa que nos conduzirá a mudar nosso modo de ser de forma mais
sutil, mas jamais na sua totalidade. A vida é cheia de armadilhas e elas são
tantas que tentam nos esmorecer e nos tirar dos nossos focos, e assim sendo,
cabe-nos alterar ou fugir dessas armadilhas pra não cairmos na velha e
traiçoeira rotina. Acredito também que algumas coisas que acontecem na nossa
vida são ilusões, devendo a gente deixar de alimentar nosso espírito pra não
cair na loucura das incertezas que nos deixarão desnorteados e sem rumo. Quero
crer ainda, e creio, pois se eu ficar margeando as cruezas da vida restar-me-á
somente a dor, as incertezas e desilusões, por isso é que gosto de ler,
escrever, e lendo e escrevendo, cotidianamente, acredito mais e mim e quiçá, no
ser humano também, pois como escriba eu posso viajar no mundo da imaginação, me
reconstruir pra sobreviver às mazelas da vida.
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