O mundo imaginário de um escriba

quarta-feira, 26 de julho de 2017

No caminho da imaginação ora vislumbramos estradas em linha reta, ora cheias de curvas e outras que se partem em duas. No final de uma reta ou curva sinuosa, usando as asas da imaginação, é possível ver a vida recomeçar, é possível chegar até a lua, beijá-la, e sem turbulências ou instabilidade alcançar o impossível: o fim do infinito. Quando ficamos diante de uma estrada partida em duas, com rumos diferentes, vem-nos a dúvida qual delas nós devemos seguir. Mas nossos olhos atentos, aguçados, talvez com a ajuda de óculos de grau são possíveis vê-los se comunicarem de forma sublime porque eles são a janela da alma e nos faz sentir próximos daquilo que perece intocável. O amor que gera a vida nos oferece sonhos, às vezes reais, às vezes surreais ou sequer imaginados, trazendo em seu bojo noites de insônia, que fazemos de tudo para serem levadas pelos mantos da noite e quiçá, molhadas pelas lágrimas que se deleitam no travesseiro impedindo que o ar que mantém nossa vida se extinga.

Quando escrevo nem fico perplexo da forma que uso a minha imaginação. Em certos momentos, nas entrelinhas do meu silêncio, posso até chegar ao cúmulo do absurdo, todavia, tenho grande facilidade em criar personagens, alguns, suficientemente sólidos, e neles, imagino em cenários e situações bastante estranhas, e até certo modo, esdrúxulas! Eis as palavras corretas. Numa imaginação fértil, basta uma frase solta ou um comentário de alguém para a gente comece a desenrolar o fio de uma narrativa... Mas, às vezes, isso também pode me irritar um pouco. De uma breve conversa com qualquer pessoa é possível tirar as mais esquisitas conclusões ou começar a divagar sobre sua vida e colher hipóteses impossíveis. Quanto e mim, procuro construir um mundo paralelo, onde tudo pode acontecer de acordo com o que já vi ou ouvi. Um mundo onde tudo é possível, onírico, e eu onisciente, divirto-me com todo esse jogo que só o mundo imaginário pode oferecer.

Interessante é que isso realmente me irrita um pouco quando não sou entendido: é apenas minha imaginação... E pensar que existem pessoas que não imaginam, mas agem dessa maneira! Agem como se todos fossem marionetes, manipulam quem está por perto e só pensam em tirar proveito de tudo. Então neste caso não vale a pena imaginar, viver o surreal. Devemos criar um mundo de fantasia só nosso, de forma despretensiosa, onde possamos ser um ser qualquer e onde quiser... Parece um tanto egoísta esta minha citação, mas, é humano. Agir assim, agir como um Deus, não é heresia, mas covardia. No mundo que eu imagino não há razão para esse tipo de confrontos e nem de medo. 

Faço todos os esforços para levar o leitor a um lugar imaginário, mas sempre com base num fato real, seja correto ou não, boa ou não, procuro sempre escrever de forma reflexiva. Todavia, será que tenho que agradar a todos? A minha consciência às vezes me deixa na dúvida, se é que exista razão para isso. Escolher a forma de escrever ninguém me controla, mas quando estou escrevendo paro, penso e reflito, pois é mais um texto que pode estar alcançando leitores com diferentes entendimentos, uns incautos, outros exigentes, críticos, pois todos estão ávidos por um por uma boa leitura. O procedimento da escrita jamais pode estar em processo deterioração e eu me importo com isso, com cada frase, aceito críticas, mas recuso a forma de como vão concluir o raciocínio, se dentro da lógica ou de uma interpretação correta. É lógico e correto a gente dizer: Por muito tempo acreditamos na existência de Papai Noel, no bicho papão, na mula sem cabeça, em vampiros, Saci-Pererê e tantas outras coisas oriundas do folclore brasileiro, e só com o passar dos anos é que a gente vê que tudo não passava de coisas criadas pelo mundo imaginário de nossos ancestrais.

Acredito piamente que na vida há uma consciência de que alguma coisa nos levará onde não queremos; coisa que nos conduzirá a mudar nosso modo de ser de forma mais sutil, mas jamais na sua totalidade. A vida é cheia de armadilhas e elas são tantas que tentam nos esmorecer e nos tirar dos nossos focos, e assim sendo, cabe-nos alterar ou fugir dessas armadilhas pra não cairmos na velha e traiçoeira rotina. Acredito também que algumas coisas que acontecem na nossa vida são ilusões, devendo a gente deixar de alimentar nosso espírito pra não cair na loucura das incertezas que nos deixarão desnorteados e sem rumo. Quero crer ainda, e creio, pois se eu ficar margeando as cruezas da vida restar-me-á somente a dor, as incertezas e desilusões, por isso é que gosto de ler, escrever, e lendo e escrevendo, cotidianamente, acredito mais e mim e quiçá, no ser humano também, pois como escriba eu posso viajar no mundo da imaginação, me reconstruir pra sobreviver às mazelas da vida.



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