Antes de
falar o meu personagem gostaria de mencionar um texto bíblico onde Jesus apresentou
a parábola da semente de mostarda. Pois bem. O povo de Israel estava
prisioneiro do poder romano e as profecias falavam da libertação do jugo
romano. Os judeus esperavam o cumprimento da profecia, esperavam o Reino de
Deus, mas ansiavam pela vinda de alguém muito especial para libertá-los, só que
eles tinham um conceito errado de como o libertador apareceria. Eles esperavam
um grande guerreiro dirigindo suas hostes militares para derrotar o Império
Romano e estabelecer o Reino de Deus na terra. Eles esperavam um reino de luxo,
de luzes, de glórias terrenas.
Quando
Jesus apareceu, surpreendeu a todos, veio de modo completamente diferente do
que eles imaginavam. Ele nasceu numa manjedoura, e é claro, uma criança
indefesa, rejeitada e desprezada pelos dominadores. Não era esse o tipo de
libertador que o povo judeu esperava. Mas para aquele humilde carpinteiro
surpreendeu a todos e começou a chamar homens para fundar Seu reino na terra. O
interessante é que além de chamar pescadores, convidava também publicanos,
cobradores de impostos, formando um grupo de doze homens que começaram a seguir
o Jesus, os quais, temerosos perguntavam-se: "Será que estamos tomando a
decisão correta?" "Será que estamos acertando, deixando o nosso
trabalho, que é a fonte do nosso sustento para arriscar o nosso futuro com
alguém que prega o Reino de Deus, mas parece que não vai transformar
nada?"
Jesus
pressentiu que havia dúvida e que ela martelava o coração dos seus discípulos e
como falava através de parábolas apresentou a da semente de mostarda. Nela
queria dizer que o Reino de Deus podia parecer pequeno no início, mas que
cresceria, e um dia, todas as aves do céu chegariam para fazer seus ninhos
nessa árvore de semente tão pequena. Jesus apresentava Seu Reino, muitas vezes,
de uma maneira completamente diferente e de como os homens esperavam que fosse.
Ele dizia, por exemplo, que: "Mas o maior dentre vós será vosso
servo." (Mateus 23:11)
O pequeno
João ajudava o seu pai no plantio dessa semente na região de Mariana, Minas
Gerais e suas mãos eram de pura magia. Bastava enterrá-las e todas nasciam
fortes produzindo mostarda aos montões. Hoje, se analisarmos o trabalho dos
jovens ninguém quer ter ou ser igual a este menor. Todos querem ser melhores
que ele e a maioria sentem vergonha de serem plantadores de mostarda, uns,
ligados a certo movimento popular, até preferem invadir terras, nada produzem e
depois ainda as vendem. Jesus em sua parábola parecia prever esses e outros
acontecimentos, colocou uma filosofia contrária à filosofia dos homens.
"... o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o
que serve." (Lucas 22:26). O que quer dizer que, em nossos dias, ninguém
quer ser servo, e quem quer participar do Reino de Deus, tem que estar disposto
a servir pra poder ser o primeiro. Assim, aquele que quer encontrar a
realização pessoal tem que renunciar a si mesmo. Vivemos em dias quando todo
mundo quer tudo para si. Jesus vem e diz: "... Se alguém quer vir após
mim, a si mesmo se negue..." (Mateus 16:24).
Use como
exemplo o pequeno plantador de mostarda se você quiser participar do Reino de
Deus. Às vezes, temos que andar na contramão desta vida. E é verdade que os
ensinamentos de Jesus jamais combinaram com a filosofia dos homens. Os homens,
para vencer ou manter suas ideologias, matam. Cristo para vencer ou perdoar
nossos pecados, morreu por nós. Os homens para se realizarem, pisam, humilham.
Cristo para se realizar, renuncia a Si mesmo. O reino dos homens é feito de
luzes, pompa, luxo, egoísmo, inveja, ódio e poder pelo poder. O Reino de Deus é
como a semente de mostarda plantada pelo menino João, pequena, desprezada,
rejeitada, mas gigante em suas ações.
O grão de
mostarda tornou-se símbolo da certeza do Reino de Deus. E o menino enquanto
plantava na região de Mariana sabia da importância do seu plantio. Quando ele
enterrava a semente, esperava um dia, dois, três dias, semanas, mas para os
leigos, parecia uma eternidade e que nada ia acontecer, parecia que tudo
acabaria, mas não para João. Se o leigo porventura abrisse a terra iria
encontrar a semente apodrecida, ia pensar: "acabou mesmo." Mas o que
ele não sabia era que pra brotar nova vida era preciso que essa semente fosse
enterrada e apodrecesse, para, então, de onde pudesse parecer que não havia
mais esperança, brotasse uma nova planta com nova vida, e produzir muitos
frutos. Todos sabem que Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário, e quando Ele
morreu, o diabo deu uma grande gargalhada. Pensou que tinha vencido:
"Morreu, eu O matei!" Mas no terceiro dia, Jesus ressuscitou e
estabeleceu para sempre o Seu Reino.
Caro
leitor, os homens podem destroçar seus sonhos por um dia, dois dias talvez, mas
ao terceiro dia seus sonhos ressuscitarão. Os homens podem te humilhar, até
matar por causa de sua fé ou porque você não aceita outra religião, mas o seu
dia chegará e você será glorificado no conceito do Reino de Deus. Alguém pode
ferir o seu corpo por um dia, dois dias, mas no terceiro, você ficará curado.
Esta é a promessa da semente da mostarda. E tem algo mais, quando você pensa
que a mostarda desapareceu, acabou e que a semente apodreceu, ela lhe dá uma
grande surpresa. A planta floresce novamente.
Dias atrás
estive orando para o João e sua família, cujas terras foram destruídas com o
rompimento de uma barragem. Ele se salvou e quase a toda a plantação de mostarda foi
destruída, mas duas gigantescas árvores no pé da serra permaneceram firmes. Ao
assistir o caos ocasionado pelo rompimento da barragem do município de Mariana,
a primeira vila, cidade e Capital do Estado de Minas Gerais, que destruiu a
natureza e prejudicará várias cidades de Minas Gerais, considerado o maior
desastre ambiental da história do Brasil, hoje, quando vejo também na TV ataque
de terroristas islâmicos em Paris, não há como a gente não ficar estupefatos e
apreensivos com tamanha barbárie. Fiquei olhando as imagens e meu pensamento
alhures por segundos. Sentindo-me incapaz de ajudar, restou-me, no mínimo, orar
para essas pessoas e para as que foram feridas. Sei que se trata de tragédias
distintas, mas as dores iguais, então, não poderão esquecer também do Brasil,
dos pequenos “plantadores de mostarda”, das pessoas que perderam suas vidas na
tragédia da barragem, assim como, das pessoas enfermas, algumas abandonadas nos
corredores de hospitais. Não podemos deixar de orar também para aquelas que
estão tentando abandonar o vício, para as que estão desempregadas, para as que
estão passando por dificuldades financeiras. Não podemos deixar orar pelas
nossas amigas e amigos, filhos, netos, irmãos, irmãs, parentes, os quais,
talvez, estejam precisando de nossa ajuda para alcançar seus objetivos, sonhos,
novos caminhos e muitas vezes sequer percebemos, mas, para que isso aconteça, é
necessário que plantemos em nosso coração sementes de mostarda para que elas
possam nascer, florescer e nos estabelecer definitivamente no Reino de Deus.
Então, hoje, dê uma pequena pausa em seu tempo e ore para essas pessoas também.
Lindo texto!
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