Idas e vindas pelas ruas e metrôs de Santiago.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Como foi bom a gente conhecer outros países e lugares incríveis como a vinícola Undurraga, Pátio Bella Vista, Museu Pablo Neruda, subir no bondinho Funicular instalado no Serro San Cristobal e depois, o Restaurante Giratório. Como foi bom conhecer novas pessoas, sua forma de acolher, sua cultura. Como foi bom renovarmos e sentirmos o espírito se fortalecer com esses novos ares. Como foi bom absorver tudo ao redor, sonhar, poder refletir e sentir naquelas plagas de língua castelhana tamanha satisfação. Como foi bom o tour pelo Chile e Buenos Aires, ah, se foi... E não há coisa melhor de se fazer do que viajar, degustar com os olhos a beleza da natureza ou o universo em si, pois no ar ou na terra, a gente renasce, voltamos a ser criança e desfrutamos da alegria de todos aqueles que participaram do IV Encontro Internacional de Ciências, Tecnologias, Literatura e Meio Ambiente, tornando aquele momento, único.

No último dia quando fomos a Universidade de Santiago do Chile para pegar nossos certificados de participação naquele Encontro, na ida, pegamos um táxi e na volta, o metrô, cuja parada, ficava bem em frente à Universidade. Era uma quarta-feira, e nós tínhamos levantado bem cedo, já que, além de receber os Certificados, precisávamos entregar nosso material, resumo do trabalho, livros e DVD ao Coordenador Geral do Encontro, o professor chileno Eduardo Devés.

Deixamos a Universidade fomos direto a Estação Central para pegar o metrô. Como no Chile o povo usa muito este tipo de locomoção, logo à entrada vimos um aglomerado de pessoas descendo as escadas e andando rápido rumo às plataformas, mas duas cenas me chamaram à atenção, a primeira foi um grupo de jovens oriundas da Argentina, uma aparentava mais velha que as outras duas. A loira do grupo desceu da escada rapidamente deixando as outras para trás, bem no momento que um metrô passava, fazendo-a segurar o vestido para que não subisse com o vento. Ponderei e esperei para ver onde a história terminaria. Já havia demorado tanto, o que seriam mais alguns minutos? As outras duas jovens também desceram a escada, depois, uma parou frente à outra e se entreolharam. A loira exclamou “é o ultimo dia nosso aqui? Pergunta de loira. Ah, deixa pra lá. Respondeu a outra. Ela se afastou um pouco para dar privacidade para as amigas e transformar-se numa espécie de platéia, assim como eu, curioso que sou. Só as pessoas que me acompanhavam não observaram. Vi a troca de olhares entre as duas jovens, e, como se não houvesse mais ninguém ao redor, as duas se abraçaram, e de olhos fechados, ficaram ali, no meio da estação, enquanto as pessoas passavam. Parecia que o tempo não passava para elas, enquanto sussurravam algum tipo de promessa. Agucei o ouvido para ouvir o que elas urdiam, mas o vozerio e barulho do metrô roçando os trilhos me impediam de ouvir.

Quanto a despedidas, já estava bastante acostumado, mas aquela parecia diferente. Não, aparentemente era um abraço de duas pessoas que se gostavam muito, mas os olhares trocados antes queriam dizer algo a mais. Quando se soltaram do abraço, olharam nos olhos uma da outra, para selar a tal promessa. As duas tinham a boca trancada, talvez para segurar as lágrimas, talvez por que o momento não pedisse palavras. Uma delas se afastou e a loira deu um abraço na outra. Não, não era a mesma coisa, pude perceber. O trem passou inversamente do outro lado da estação. Um barulho infernal. A menina que havia se afastado deu uma última olhada para a outra, sorriu, virou-se e seguiu decidida para o vagão, seguida pela loira, que lhe dizia algo que também não pude ouvir, enquanto a outra ficava sozinha parada no meio da estação.

A porta do vagão fechou-se e o metrô saiu veloz, levando as amigas e promessas. A menina que havia ficado, virou-se e saiu caminhando desaparecendo no meio do povo que se aglomerava na plataforma. Dava para notar que seu rosto era uma mistura de alegria pelo encontro e tristeza pela despedida.

Pois bem. Eu disse no preâmbulo que duas cenas tinham me chamado à atenção. Então, vamos à segunda. As pessoas que estavam comigo nunca tinham se locomovido através desse sistema de transporte elétrico. Todavia, nem sempre pensamos do jeito que queremos, mas temos que saber como encontrar a alegria e aproveitar os momentos bons, e passear de metrô era um desses momentos. Mas não foi isso que eu percebi dentro dele. Além das argentinas que continuavam caladas, notei que uma das pessoas que me acompanhava e que me abstenho de dizer o nome, estava agarrada no suporte como se fossa um carrapato. O medo estava estampado em seu rosto e era visível uma palidez. Contava as plataformas com receio de a gente passar do lugar. Estávamos indo para a plataforma Sant-Leonis, a duas quadras onde a gente tinha se hospedado. Nesse momento, a porta do vagão se abre. Ufa! Disse ela. Saímos e com passos rápidos chegamos ao portal de saída. Coincidência ou não, quando subia eu vi novamente aquela loira, que minutos atrás, tinha se despedido de sua amiga na Plataforma Central, e com o pensamento alhures, ela subia os degraus parecendo contá-los um por um. Olhei para ela e para o rosto de minhas acompanhantes. Foi à última cena que vi, antes de chegar ao hotel e cansado, deleitei-me sobre a cama e em segundos dormi, mas esperançoso, no dia seguinte, voltar ao metrô e visitar outros pontos turísticos e conhecer novas estações.



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