Como
foi bom a gente conhecer outros países e lugares incríveis como a vinícola
Undurraga, Pátio Bella Vista, Museu Pablo Neruda, subir no bondinho Funicular
instalado no Serro San Cristobal e depois, o Restaurante Giratório. Como foi
bom conhecer novas pessoas, sua forma de acolher, sua cultura. Como foi bom
renovarmos e sentirmos o espírito se fortalecer com esses novos ares. Como foi
bom absorver tudo ao redor, sonhar, poder refletir e sentir naquelas
plagas de língua castelhana tamanha satisfação. Como foi bom o tour pelo
Chile e Buenos Aires, ah, se foi... E não há coisa melhor de se fazer do que
viajar, degustar com os olhos a beleza da natureza ou o universo em si, pois no
ar ou na terra, a gente renasce, voltamos a ser criança e desfrutamos da
alegria de todos aqueles que participaram do IV Encontro Internacional de
Ciências, Tecnologias, Literatura e Meio Ambiente, tornando aquele momento,
único.
No último
dia quando fomos a Universidade de Santiago do Chile para pegar nossos
certificados de participação naquele Encontro, na ida, pegamos um táxi e na
volta, o metrô, cuja parada, ficava bem em frente à Universidade. Era uma
quarta-feira, e nós tínhamos levantado bem cedo, já que, além de receber os
Certificados, precisávamos entregar nosso material, resumo do trabalho, livros
e DVD ao Coordenador Geral do Encontro, o professor chileno Eduardo Devés.
Deixamos a
Universidade fomos direto a Estação Central para pegar o metrô. Como no Chile o
povo usa muito este tipo de locomoção, logo à entrada vimos um aglomerado de
pessoas descendo as escadas e andando rápido rumo às plataformas, mas duas
cenas me chamaram à atenção, a primeira foi um grupo de jovens oriundas da
Argentina, uma aparentava mais velha que as outras duas. A loira do grupo
desceu da escada rapidamente deixando as outras para trás, bem no momento que
um metrô passava, fazendo-a segurar o vestido para que não subisse com o vento.
Ponderei e esperei para ver onde a história terminaria. Já havia demorado
tanto, o que seriam mais alguns minutos? As outras duas jovens também desceram
a escada, depois, uma parou frente à outra e se entreolharam. A loira exclamou
“é o ultimo dia nosso aqui? Pergunta de loira. Ah, deixa pra lá. Respondeu a
outra. Ela se afastou um pouco para dar privacidade para as amigas e
transformar-se numa espécie de platéia, assim como eu, curioso que sou. Só as
pessoas que me acompanhavam não observaram. Vi a troca de olhares entre as duas
jovens, e, como se não houvesse mais ninguém ao redor, as duas se abraçaram, e
de olhos fechados, ficaram ali, no meio da estação, enquanto as pessoas
passavam. Parecia que o tempo não passava para elas, enquanto sussurravam algum
tipo de promessa. Agucei o ouvido para ouvir o que elas urdiam, mas o vozerio e
barulho do metrô roçando os trilhos me impediam de ouvir.
Quanto a
despedidas, já estava bastante acostumado, mas aquela parecia diferente. Não,
aparentemente era um abraço de duas pessoas que se gostavam muito, mas os
olhares trocados antes queriam dizer algo a mais. Quando se soltaram do abraço,
olharam nos olhos uma da outra, para selar a tal promessa. As duas tinham a
boca trancada, talvez para segurar as lágrimas, talvez por que o momento não
pedisse palavras. Uma delas se afastou e a loira deu um abraço na outra. Não,
não era a mesma coisa, pude perceber. O trem passou inversamente do outro lado
da estação. Um barulho infernal. A menina que havia se afastado deu uma última
olhada para a outra, sorriu, virou-se e seguiu decidida para o vagão, seguida
pela loira, que lhe dizia algo que também não pude ouvir, enquanto a outra
ficava sozinha parada no meio da estação.
A porta do
vagão fechou-se e o metrô saiu veloz, levando as amigas e promessas. A menina
que havia ficado, virou-se e saiu caminhando desaparecendo no meio do povo que
se aglomerava na plataforma. Dava para notar que seu rosto era uma mistura de
alegria pelo encontro e tristeza pela despedida.
Pois bem. Eu disse no preâmbulo que duas cenas tinham me chamado à atenção. Então, vamos à
segunda. As pessoas que estavam comigo nunca tinham se locomovido através desse
sistema de transporte elétrico. Todavia, nem sempre pensamos do jeito que
queremos, mas temos que saber como encontrar a alegria e aproveitar os momentos
bons, e passear de metrô era um desses momentos. Mas não foi isso que eu
percebi dentro dele. Além das argentinas que continuavam caladas, notei que uma
das pessoas que me acompanhava e que me abstenho de dizer o nome, estava
agarrada no suporte como se fossa um carrapato. O medo estava estampado em seu
rosto e era visível uma palidez. Contava as plataformas com receio de a gente
passar do lugar. Estávamos indo para a plataforma Sant-Leonis, a duas quadras
onde a gente tinha se hospedado. Nesse momento, a porta do vagão se abre. Ufa!
Disse ela. Saímos e com passos rápidos chegamos ao portal de saída.
Coincidência ou não, quando subia eu vi novamente aquela loira, que minutos
atrás, tinha se despedido de sua amiga na Plataforma Central, e com o
pensamento alhures, ela subia os degraus parecendo contá-los um por um. Olhei
para ela e para o rosto de minhas acompanhantes. Foi à última cena que vi,
antes de chegar ao hotel e cansado, deleitei-me sobre a cama e em segundos
dormi, mas esperançoso, no dia seguinte, voltar ao metrô e visitar outros
pontos turísticos e conhecer novas estações.
0 comentários:
Postar um comentário