Já estamos
em 2016, então é hora de revermos nossas falhas, os caminhos tortuosos que
trilhamos, e até daquela palavra mal empregada que acabamos ferindo uma pessoa
amiga, estragando um relacionamento que já duravam meses, dias ou quiçá, anos.
Em 2016, vamos deixar de lado nossos guarda-roupas ou adquirir veículos novos;
vamos direcionar nossas vidas para a renovação do nosso espírito; vamos pegar a
vassoura da vida e dar uma faxina geral nela e conseqüentemente,
ampliar a nossa fé em Cristo; vamos rever tudo que aconteceu de ruim e anotar
na agenda de nossa existência, e as palavras amor, paz, fraternidade,
solidariedade e justiça, sejam usadas de modo que tudo possa vir
diferente. Deus ao criar o homem colocou em sua mente uma multiplicidade
de sensações e emoções capazes de despertar sentimentos variados – desde o
prazer proporcionado pela contemplação da beleza, da harmonia e equilíbrio
naturais, até do terror e impotência gerados por aqueles que passam fome,
doentes e daqueles que não têm condições de cuidar da sua própria
sobrevivência. Vemos diariamente meninos e meninas cheirando cola para enganar
a fome, se prostituírem, cometerem chacinas, roubos, parecendo coisa irreal,
mas se alastram pelos becos da vida como se fosse uma cena comum, natural,
característica da própria espécie humana, que a tudo vê e assiste complacente
através de jornais e imagens geradas pela TV.
Quando
intitulei este artigo: “Em 2016, por quem os sinos dobrarão”, tirei de um filme
antigo que assisti ainda jovem, mas que jamais saiu de minha memória e o fiz
com o intuito de homenagear todos os amigos que compartilharam comigo no
FACEBOOK e que juntos, a cada manuseio do teclado do computador, procuramos
resgatar da memória do tempo os bons fluídos, o amor ao próximo, a prática da
solidariedade, a volta das riquezas e criatividades cristãs, que criteriosas,
podem fecundar em novas reflexões e ajudar a delinear e modelar novos conceitos
de vida em face do momento atual que vivemos, de forma que, cada pessoa
continue responsável pela sua própria história, pela sua própria libertação,
transformando a sua realidade de forma que se efetive a justa liberdade e amor,
ainda que de maneira rudimentar.
Findo o
ano de 2015 e diante de 2016, lembrei-me das palavras de carinho que recebi
durante todo o ano. Algumas lembranças, nem sei como e nem porque me vi
caminhando pelas ruas da cidade, sem chutar as folhas secas como de costume ou
bisbilhotar as belezas circundantes. Olhava apenas o vaivém dos veículos e a
falta de respeito às leis de trânsito e ao próprio ser humano. Cada carro que
passava perto de mim, sentia uma dor no coração ao imaginar que a vida de cada
uma daquelas criaturas sequer tinha tempo de pensar que existe vida além da
morte e que poderia ter que prestar contas em outra dimensão do que faz neste
mundo de expiação e provas. Sequer tinham tempo de observar os pedintes
amontoados nas calçadas e uma criança maltrapilha, esquelética, sugando o seio
de sua mãe que parecia doente. Um quadro que jamais apagarei da memória. Pouco
mais à frente, um vento quente soprou manso e logo deparei com alguns jovens
descontraídos que usavam colares, brincos, tatuagens, cabelos pintados em cores
variadas, dando-se a impressão de estarmos em outro planeta. Fumavam e soltavam
baforadas de fumaça que cheirava a “baseados” e nos refrigerantes, misturavam
diminutas pedras de crack no afã de contemplar melhor a vida e de se “chegar às
nuvens”, talvez numa nave criada pelas suas imaginações, sem destino,
desvalida, sem volta.
Em 2015,
ao quebrar os laços familiares, deixar de ajudar aos infortunados, aos doentes
e àqueles que passavam fome, o homem quebrou também o elo da cadeia que o liga
a harmonia, ao amor, a fraternidade, a fé e equilíbrio de forças assentes nas
Escrituras, motivos relevantes que se não exercitados tornarão implacáveis e
difíceis a mantença da sobrevivência humana, e na forma em que está banalizada,
indiferente, que nos leva passividade, não pode continuar em 2016. Ao
final, deverão estar fundamentadas precisamente no amor, na caridade, para não
ficarem à deriva, sem referência, para saberem por quem os sinos dobrarão no
momento de chegada ou de partida, isto se não perderem a visão familiar tão
sonhada por Josué (24:15): “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.
Como disse
no preâmbulo, já estamos em 2016, então é bom cada um agradeça a Deus por mais
um ano vivido. No entanto, infelizmente, ainda observamos que o homem não se
priva disso e nem se faz de rogado diante do que conquistou não cora de
vergonha e nem vê motivos para isso. A vergonha que não se aflora mais em
seu rosto, mesmo diante do exibicionismo ou das declarações de intenções,
compromissos político-sociais e promessas não cumpridas, sob a alegação de
falta de tempo ou se fazendo de esquecido. Ao analisar as palavras ou promessas
de algumas pessoas durante o ano de 2015, confesso que corei e sei que muitos
que compartilharam comigo também coraram e sentiram cair sobre a sua cabeça à
danada da carapuça. Eu, principalmente, por mais que me esforçasse ainda me
senti em débito com a minha comunidade. Cheguei à conclusão também de que tinha
fazer alguma coisa a mais em prol de nosso Planeta e fiz, viajando até para
fora do País e o que não fiz, foi por mero capricho. A resposta a esse desafio
que proponho a vocês está presa nos elos da imensa cadeia da vida, que se
quebrados, deixarão todos em cárcere inseguro, e para saírem ilesos, difíceis
serão as decisões que cada um terá de tomar.
Neste
momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e do sopro do
vento que se desvencilha das árvores e acaricia meu rosto, comecei a entender
realmente que não só a gente se encontra nessa maré de incertezas, como também
a sociedade brasileira. A doença do egoísmo, da corrupção e a maldade humana
dominam todo o sistema, onde, de forma excludente, não se consegue realçar a
solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um mundo mais humano e
fraterno. É necessário que a perda progressiva do seu senso ético e o próprio
individualismo como mal predominante possa ser retirada com a inserção do
bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça, que está sendo corrompida
dia a dia, possam tirar do sofrimento os mais fracos e indefesos.
É possível
que nestes últimos anos tenham aprendido com as pessoas mais experientes que se
houver prazer em viver, que assim o faça, e que se fizeram o bem sem olharem a
quem, então, vale à pena ter vivido. Pensando bem, esta é a mais pura verdade!
Temos que tentar acompanhar a velocidade do vento, pois o tempo escorre entre
dedos, passa tão rápido que ninguém consegue detê-lo. Ele nos ensina que
devemos aproveitar o hoje e que ele deve ser mesmo o melhor de todos os dias,
pleno, intenso, porque do amanhã pouco ou nada sabemos. Só Deus sabe! Podemos
até programar este dia, mas, talvez, seja mais um compromisso que jamais
poderemos cumprir. E é diante dos fatos narrados que chego à conclusão de que
em 2016 os sinos dobrarão somente para aqueles que aprenderam a cuidar de si
mesmos, de seus semelhantes e segurar o cajado espinhoso que carregamos em prol
da defesa de nossas próprias vidas.
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