Não é de
hoje que fico encabulado quando vejo à inexistência de sombra da luz. Desde
menino era curioso quando via a luz de uma vela não se refletir na parede, mas
hoje, que já passei da idade dos contrários, chegando à idade do complementar,
assim como, de entender essas coisas e olhá-las de outro modo é que,
momentaneamente, comecei a lembrar dos tempos idos quando via alguém acender
uma vela ou lamparina, olhava rumo à parede para constatar se a sombra da luz
nela se refletia, mas nada acontecia deixando-me confuso. Recordei que aquela
pessoa dizia algo contrário ao que eu pensava, no entanto, já era capaz de
entender aquele contrário como complementar e ver crescer em mim consciência e
compreensão, além da razão da não existência de sombra da luz. Todavia, hoje,
sei que ao invés de rejeitar ou negar alguns elementos obscuros, ainda
desconhecidos por mim, sou capaz de acolhê-los porque só assim tornar-me-ei
mais inteiro.
Nem é
questionável ir por outros caminhos, pois sabemos que é a sombra
que dá relevo à luz. Acenda-se uma pequena vela num quarto escuro e verás.
Quanto maior a vela, maior é o relevo. Quando amamos alguém, um dos sinais de
amor verdadeiro é que amamos os seus defeitos, relevantes ou não. É fácil amar
os defeitos de nossos de nossos filhos, netos ou entes queridos. O difícil é
amar os defeitos de estranhos, principalmente se adultos.
A luz do
amor não tem sombra a não ser que você o construa de outra maneira e o faça ser
diferente. Dar a ela um enorme alicerce e o direito de experimentar de sua
sombra a liberdade, isso seria bom, assim como, de experimentar a capacidade de
amar o que é amável e de amar também, o que não é amável, porque essa luz pode
estar sendo refletida na parede de sua vida. Dessa maneira passará de uma vida
submissa para uma vida escolhida.
A luz que
ilumina a nossa vida, pode não ter sombra e nem refletir-se na parede, mas vale
pelo olhar benevolente que pomos sobre nela. Por exemplo: O olhar sisudo de um
chefe nos enche de culpa, mas dependendo da sua decisão em relação a nós,
podemos receber dele esse olhar benevolente, misericordioso e ao mesmo tempo,
justo. Não precisamos de sombras, mas de luz sim, assim como, precisamos também
desse olhar justo, porque todos nós temos necessidade de sentir esta luz
verdadeira e de sermos amados. Por vezes, alguns olhares que encontramos são
muito amorosos, muito doces, mas falta a eles a luz que tanto procuramos que
pode até serem sombreados, mas verdadeiros.
Existem
olhares que se colocam sobre nós que são plenos de verdade e justiça, mas
sombreados, faltam-lhes a luz, a misericórdia e o amor. Existe um olhar integral do qual
temos necessidade de nos enxergarmos tal e qual somos, porque a inexistência de
luz é uma verdade sem amor, é inquisição, e o amor sem verdade, é
permissividade.
Quando
intitulei esta crônica: “Onde está a sombra de minha luz” o fiz com o propósito
de abrir uma discussão, pois a luz pode ser você sendo refletido na parede e
cada um que a ler, poderá formatar sua luz e entrar em particularidades que
lhes são próprias, sentindo se existe em sua vida, em primeiro plano, a luz, ou
alguém que pode suportar sua sombra sem julgá-la, apesar de não se mostrar
complacente com ela. Eu acredito que todos nós temos a necessidade, pelo menos
uma vez em nossas vidas dessa luz com o poder de refletir-se ou do tal olhar
iluminado pousando sobre nós.
Com essa
reflexão podemos mostrar nossa verdadeira face, nosso verdadeiro corpo, nossos
desejos e medos. Podemos mostrar nossa verdadeira inteligência acoplada com
nossos conhecimentos e nossas ignorâncias. Sob este olhar sem sombras, a nossa
vida pode crescer e nos indicar onde está a sombra de nossa luz. Porque o olhar
que nos julga e nos aprisiona diante de gestos que se refletem na parede,
faz-nos ficar inertes, enquanto que o outro olhar nos impulsiona, diante das
imagens, a dar um passo adiante e saber o que os outros têm de nós.
Olá! Você não vai acreditar, eu passei 46 anos com medo de sombras, sofria muito porque era difícil evitar olhar para as sobras dos objetos, a minha então, nossa! Como eu tinha medo, e de todas as demais principalmente quando acabava a energia, tínhamos que acender velas porque tenho medo do escuro só que daí vinha a fobia de sombras, pois as sombras dos objetos oscilavam com a chama, até que fiz um tratamento e hoje consigo olhar para elas sem temor.
ResponderExcluir