Depois de uma extenuante caminhada em prol da candidatura de Marconi Perillo, debaixo de um sol escaldante, cheguei a casa com o corpo doído mas feliz. Liguei o computador, e costumeiramente li vários E-mails e dentre eles uns apócrifos criticando candidatos presidenciáveis. Cansado, deitei no sofá e nem cheguei contar até cem carneiros, dormi. De repente me vi diante de um espelho e descobri que era caolho. Procurei freneticamente na escrivaninha a minha carteira da OAB para verificar se eu era daquele jeito, no entanto, achei somente o passaporte e uma arma de fogo de uso restrito das forças armadas e aí descobri que eu era colombiano e membro das FARC. Continuando com o rosto voltado para o espelho sentia-me inconsolável em uma cadeira de rodas, não era possível! Se eu estava numa cadeira de rodas, significava que além de caolho e colombiano, era também deficiente físico. Claro que era impossível, dizia para mim mesmo: Poxa! Além de caolho e colombiano, era ligado a uma facção terrorista e deficiente físico...
- Querido!. Alguém me perguntou com uma voz mansa: tomou o remédio para diabete, depressão e hipertensão? Já pegou o exame de PSA? Era a voz de minha mulher.
- Ó Deus! caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, com diabete, depressivo, hipertenso e com problema de próstata! Sussurrei: Tô frito!
Desesperado, gritei diante do espelho e arranquei pequenas mechas de cabelos e outra surpresa. Era careca! Toca o telefone. Era o meu irmão que foi chegando e dizendo:
- Desde que nossos pais morreram você só se faz entupir-se de drogas, passa o dia inteiro na rua! Porque não procura um emprego? – questionou raivosamente.
Que merda! Descobri que também estava desempregado. Tentei explicar ao meu irmão o quanto era difícil encontrar trabalho, principalmente quando se é caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, com problemas de diabete, depressão, hipertensão, próstata alterada, careca, órfão, viciado e gago. Transtornado, desliguei o telefone com a única mão, pois a outra tinha sido decepada quando tentei ser aprendiz de torneiro mecânico, e com lágrimas nos olhos fui até a janela olhar a paisagem e vi centenas de barracos ao meu redor. Senti uma pequena parada no marca-passo, uma leve tontura e pensei: além de caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, diabético, depressivo, hipertenso, próstata alterada, careca, órfão, gago, desempregado, maneta, cardíaco e com labirintite, era também favelado...
Comecei a passar mal e sentir calafrios situação que me obrigou a ir até ao guarda-roupa para pegar uma camisa e novamente outra surpresa: quando abri a gaveta encontrei uma camisa do Vila Nova. Só podia ser sacanagem... Entrei em surto, pois além de caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, diabético, depressivo, hipertenso, próstata alterada, careca, órfão, viciado, gago, desempregado, maneta, cardíaco, com labirintite e favelado, era Torcedor do Vila Nova.
Naquele momento a minha esposa voltou e disse repetidamente com a voz estridente:
- Querido!!! Vamos senão chegaremos atrasados no comício da Dilma e Iris.
Caramba! Que susto! Com o suor descendo pelo rosto e atordoado, acordei. Olhei o calendário. Era domingo, 03 de outubro, dia de votar. Levantei-me do sofá, olhei pelo vão da janela e me senti mais aliviado, pois naquele instante senti que se tratava apenas de um sonho, onde minutos foram transformados em um pesadelo terrível, indescritível.
VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA. É advogado e escritor – Membro da União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.
- Querido!. Alguém me perguntou com uma voz mansa: tomou o remédio para diabete, depressão e hipertensão? Já pegou o exame de PSA? Era a voz de minha mulher.
- Ó Deus! caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, com diabete, depressivo, hipertenso e com problema de próstata! Sussurrei: Tô frito!
Desesperado, gritei diante do espelho e arranquei pequenas mechas de cabelos e outra surpresa. Era careca! Toca o telefone. Era o meu irmão que foi chegando e dizendo:
- Desde que nossos pais morreram você só se faz entupir-se de drogas, passa o dia inteiro na rua! Porque não procura um emprego? – questionou raivosamente.
Que merda! Descobri que também estava desempregado. Tentei explicar ao meu irmão o quanto era difícil encontrar trabalho, principalmente quando se é caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, com problemas de diabete, depressão, hipertensão, próstata alterada, careca, órfão, viciado e gago. Transtornado, desliguei o telefone com a única mão, pois a outra tinha sido decepada quando tentei ser aprendiz de torneiro mecânico, e com lágrimas nos olhos fui até a janela olhar a paisagem e vi centenas de barracos ao meu redor. Senti uma pequena parada no marca-passo, uma leve tontura e pensei: além de caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, diabético, depressivo, hipertenso, próstata alterada, careca, órfão, gago, desempregado, maneta, cardíaco e com labirintite, era também favelado...
Comecei a passar mal e sentir calafrios situação que me obrigou a ir até ao guarda-roupa para pegar uma camisa e novamente outra surpresa: quando abri a gaveta encontrei uma camisa do Vila Nova. Só podia ser sacanagem... Entrei em surto, pois além de caolho, colombiano, ex-guerrilheiro, deficiente físico, diabético, depressivo, hipertenso, próstata alterada, careca, órfão, viciado, gago, desempregado, maneta, cardíaco, com labirintite e favelado, era Torcedor do Vila Nova.
Naquele momento a minha esposa voltou e disse repetidamente com a voz estridente:
- Querido!!! Vamos senão chegaremos atrasados no comício da Dilma e Iris.
Caramba! Que susto! Com o suor descendo pelo rosto e atordoado, acordei. Olhei o calendário. Era domingo, 03 de outubro, dia de votar. Levantei-me do sofá, olhei pelo vão da janela e me senti mais aliviado, pois naquele instante senti que se tratava apenas de um sonho, onde minutos foram transformados em um pesadelo terrível, indescritível.
VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA. É advogado e escritor – Membro da União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.
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