Em 2016, por quem os sinos dobrarão?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016


Já estamos em 2016, então é hora de revermos nossas falhas, os caminhos tortuosos que trilhamos, e até daquela palavra mal empregada que acabamos ferindo uma pessoa amiga, estragando um relacionamento que já duravam meses, dias ou quiçá, anos. Em 2016, vamos deixar de lado nossos guarda-roupas ou adquirir veículos novos; vamos direcionar nossas vidas para a renovação do nosso espírito; vamos pegar a vassoura da vida e dar uma faxina geral nela e conseqüentemente, ampliar a nossa fé em Cristo; vamos rever tudo que aconteceu de ruim e anotar na agenda de nossa existência, e as palavras amor, paz, fraternidade, solidariedade e justiça, sejam usadas de modo que tudo possa vir diferente. Deus ao criar o homem colocou em sua mente uma multiplicidade de sensações e emoções capazes de despertar sentimentos variados – desde o prazer proporcionado pela contemplação da beleza, da harmonia e equilíbrio naturais, até do terror e impotência gerados por aqueles que passam fome, doentes e daqueles que não têm condições de cuidar da sua própria sobrevivência. Vemos diariamente meninos e meninas cheirando cola para enganar a fome, se prostituírem, cometerem chacinas, roubos, parecendo coisa irreal, mas se alastram pelos becos da vida como se fosse uma cena comum, natural, característica da própria espécie humana, que a tudo vê e assiste complacente através de jornais e imagens geradas pela TV.

Quando intitulei este artigo: “Em 2016, por quem os sinos dobrarão”, tirei de um filme antigo que assisti ainda jovem, mas que jamais saiu de minha memória e o fiz com  o intuito de homenagear todos os amigos que compartilharam comigo no FACEBOOK e que juntos, a cada manuseio do teclado do computador, procuramos resgatar da memória do tempo os bons fluídos, o amor ao próximo, a prática da solidariedade, a volta das riquezas e criatividades cristãs, que criteriosas, podem fecundar em novas reflexões e ajudar a delinear e modelar novos conceitos de vida em face do momento atual que vivemos, de forma que, cada pessoa continue responsável pela sua própria história, pela sua própria libertação, transformando a sua realidade de forma que se efetive a justa liberdade e amor, ainda que de maneira rudimentar.

Findo o ano de 2015 e diante de 2016, lembrei-me das palavras de carinho que recebi durante todo o ano. Algumas lembranças, nem sei como e nem porque me vi caminhando pelas ruas da cidade, sem chutar as folhas secas como de costume ou bisbilhotar as belezas circundantes. Olhava apenas o vaivém dos veículos e a falta de respeito às leis de trânsito e ao próprio ser humano. Cada carro que passava perto de mim, sentia uma dor no coração ao imaginar que a vida de cada uma daquelas criaturas sequer tinha tempo de pensar que existe vida além da morte e que poderia ter que prestar contas em outra dimensão do que faz neste mundo de expiação e provas. Sequer tinham tempo de observar os pedintes amontoados nas calçadas e uma criança maltrapilha, esquelética, sugando o seio de sua mãe que parecia doente. Um quadro que jamais apagarei da memória. Pouco mais à frente, um vento quente soprou manso e logo deparei com alguns jovens descontraídos que usavam colares, brincos, tatuagens, cabelos pintados em cores variadas, dando-se a impressão de estarmos em outro planeta. Fumavam e soltavam baforadas de fumaça que cheirava a “baseados” e nos refrigerantes, misturavam diminutas pedras de crack no afã de contemplar melhor a vida e de se “chegar às nuvens”, talvez numa nave criada pelas suas imaginações, sem destino, desvalida, sem volta.

Em 2015, ao quebrar os laços familiares, deixar de ajudar aos infortunados, aos doentes e àqueles que passavam fome, o homem quebrou também o elo da cadeia que o liga a harmonia, ao amor, a fraternidade, a fé e equilíbrio de forças assentes nas Escrituras, motivos relevantes que se não exercitados tornarão implacáveis e difíceis a mantença da sobrevivência humana, e na forma em que está banalizada, indiferente, que nos leva  passividade, não pode continuar em 2016. Ao final, deverão estar fundamentadas precisamente no amor, na caridade, para não ficarem à deriva, sem referência, para saberem por quem os sinos dobrarão no momento de chegada ou de partida, isto se não perderem a visão familiar tão sonhada por Josué (24:15): “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

Como disse no preâmbulo, já estamos em 2016, então é bom cada um agradeça a Deus por mais um ano vivido. No entanto, infelizmente, ainda observamos que o homem não se priva disso e nem se faz de rogado diante do que conquistou não cora de vergonha e nem vê  motivos para isso. A vergonha que não se aflora mais em seu rosto, mesmo diante do exibicionismo ou das declarações de intenções, compromissos político-sociais e promessas não cumpridas, sob a alegação de falta de tempo ou se fazendo de esquecido. Ao analisar as palavras ou promessas de algumas pessoas durante o ano de 2015, confesso que corei e sei que muitos que compartilharam comigo também coraram e sentiram cair sobre a sua cabeça à danada da carapuça. Eu, principalmente, por mais que me esforçasse ainda me senti em débito com a minha comunidade. Cheguei à conclusão também de que tinha fazer alguma coisa a mais em prol de nosso Planeta e fiz, viajando até para fora do País e o que não fiz, foi por mero capricho. A resposta a esse desafio que proponho a vocês está presa nos elos da imensa cadeia da vida, que se quebrados, deixarão todos em cárcere inseguro, e para saírem ilesos, difíceis serão as decisões que cada um terá de tomar.

Neste momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e do sopro do vento que se desvencilha das árvores e acaricia meu rosto, comecei a entender realmente que não só a gente se encontra nessa maré de incertezas, como também a sociedade brasileira. A doença do egoísmo, da corrupção e a maldade humana dominam todo o sistema, onde, de forma excludente, não se consegue realçar a solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um mundo mais humano e fraterno. É necessário que a perda progressiva do seu senso ético e o próprio individualismo como mal predominante possa ser retirada com a inserção do bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça, que está sendo corrompida dia a dia, possam tirar do sofrimento os mais fracos e indefesos. 

É possível que nestes últimos anos tenham aprendido com as pessoas mais experientes que se houver prazer em viver, que assim o faça, e que se fizeram o bem sem olharem a quem, então, vale à pena ter vivido. Pensando bem, esta é a mais pura verdade! Temos que tentar acompanhar a velocidade do vento, pois o tempo escorre entre dedos, passa tão rápido que ninguém consegue detê-lo. Ele nos ensina que devemos aproveitar o hoje e que ele deve ser mesmo o melhor de todos os dias, pleno, intenso, porque do amanhã pouco ou nada sabemos. Só Deus sabe! Podemos até programar este dia, mas, talvez, seja mais um compromisso que jamais poderemos cumprir. E é diante dos fatos narrados que chego à conclusão de que em 2016 os sinos dobrarão somente para aqueles que aprenderam a cuidar de si mesmos, de seus semelhantes e segurar o cajado espinhoso que carregamos em prol da defesa de nossas próprias vidas.


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