Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Não sou bobo e nem meu ouvido é penico.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Faltam menos de doze meses para a eleição, e finalmente, vamos ter a oportunidade de dar um basta em tudo que vem acontecendo no Brasil. Hoje, dia 29 de novembro, depois de assistir tantas peraltices políticas e corrupção generalizada, você e eu, de certa forma, poderíamos estar desinteressados na eleição de outubro de 2018, agora, na verdade, sentimo-nos uma vontade férrea de votar porque o voto é única arma para que possamos mudar os destino do País e acabar com a roubalheira. Ainda é cedo para pensarmos em quem votar, todavia, temos ir bisbilhotando, analisando currículos para fazermos uma boa escolha senão tudo continuará do jeito que está. Temos que convencer os eleitores que continuam votando nesses crápulas a pensarem é melhor. Todos têm que votar usando a razão e não a emoção. É isso mesmo! O Brasil é grande demais e cheio de problemas para a gente entregá-lo nas mãos pessoas desonestas e inescrupulosas. Mas quando se fala em votar quão será difícil esquecer-se daqueles candidatos enganadores que passaram pelos programas televisivos quatro anos atrás – ou, melhor, nem queria pensar a respeito, mas sou obrigado pensar e escrever na esperança que alguns indecisos leiam. E logicamente para escrever esta porcaria de artigo tive que tirar um tempinho para rever um programa de um partido político no horário eleitoral gratuito. E que sofrimento! As mesmas baboseiras! Afinal a gente tem ou não a ver com isso, não é mesmo?... Não sou candidato e nem você, mas de certo modo fazemos o papel cabos eleitorais virtuais e temos opiniões diferentes, mas “aquilo” que a gente assiste deixa-nos estarrecidos. São tantos projetos absurdos, maltratam o português, fazem propostas mirabolantes sem nenhuma consistência. A mesma balela de sempre. Na minha modesta opinião os programas eleitorais não deviam ser gratuitos, porque se fossem pagos, ficaríamos livres de alguns candidatos, que além de não terem o mínimo preparo moral, são totalmente despreparados politicamente e alguns, por incrível que pareça, mal dão conta de ler o texto que passa no monitor controlado pelo cinegrafista.

Os partidos nem se dão ao respeito de pedir licença para entrar em nossos lares. Pensam que somos bobos e nosso ouvido é penico. Gente, quanta falta de criatividade! E a impostação de voz, ou de vozes dos representantes partidários? Cruz credo! Mais parecem piadas, que nem vale a pena ver ou ouvir de novo, e nem tem como, porque, felizmente, alguns só conseguem gravar poucas vezes. Ainda bem. Diante da tantas pessoas que se dizem candidatos, fica mesmo difícil escolher o pior. Se fizermos anotações das esdrúxulas frases e separar as vozes “taquaras rachadas” que aparecem, a maioria está eliminada. Por curiosidade procuro observar se o candidato inova. E vejo que não inova nada! São os mesmo chavões e depois vem e diz na maior “cara de pau” que vai trabalhar em prol da saúde, educação, segurança, transporte, habitação e combater a corrupção (claro que nem sempre nesta mesma ordem). Tem candidato que fala que vai trabalhar pela saúde e na sua boca falta dentes e tem pessoas de sua família na fila do SUS; tem candidato que fala sobre educação e sequer tem o primário; tem candidato que fala sobre habitação, mas vivem de aluguel, outros, nem moradia tem; tem candidato que diz: se eleito vou melhorar minha vida, de minha família e de meus amigos; tem candidato que está há mais de oito no poder e diz que vai fazer isso ou aquilo e até salvar o Brasil da crise. Crise que conviveu e convive como candidato reeleito por várias vezes. Uai! Porque não fez durante o tempo em que está no poder; tem candidato do Partido dos Trabalhadores que se diz na telinha ser honesto, ético, incorruptível, mas esquece que foi pego com dinheiro na cueca, outro guardava 52milhões num apartamento, sem falar nos que foram denunciados por corrupção ativa e passiva em relação à Petrobrás e outros órgãos públicos, tudo gravado e documentado; tem candidato que diz na maior cara de pau que o seu governo combate duramente a corrupção, sendo que é o inverso de tudo isso; tem candidato que começa o seu texto assim: Eu como candidato... (?) Será que come tanto candidato assim? Por que não diz se eleito for...

Com relação ao programa eleitoral sou crítico mesmo! Abstenho-me de dizer nomes neste artigo porque não quero fazer propaganda gratuita. Aqueles que acompanham a política há bastante tempo sabem que tem candidato que, antes de o ser, já criticava duramente todo mundo, dizendo que a maioria dos políticos comprava votos, mas ele, no seu primeiro mandato foi beneficiado por aprovar projeto do governo desfavorável e em detrimento do povo. Prometeu custear tratamento de saúde de pessoas que têm o mesmo problema seu. No Programa seguinte, foi suspenso pela Justiça Eleitoral. Bem feito! Ele não tinha proposta e parece que se candidatou para se beneficiar de emendas e na calada da noite receber propinas por um miserável voto. O eleitor quer apenas ouvir é proposta e não agressões verbais entre partidos e candidatos, pois a maioria é da mesma laia. Durante horário eleitoral gratuito em que me propus assistir para escrever este artigo, sei que foi um castigo que impus aos meus olhos, ouvidos e minha sensibilidade, e com a caneta em punho, fui anotando e selecionado alguns “chavões” até chegar à escolha do “faz-me rir”. Então vai: Vocês se lembram dos candidatos que diziam assim: Eu sou aquele cantor que assovia e depois, assoviava mesmo! Os outros, um berranteiro e um cantor sertanejo que mais parecia o Sinhozinho Malta. Eram tantas jóias nos dedos, punho e pescoço que fiquei com inveja. E quantas promessas vazias foram feitas por todos eles.

Para não tomar o tempo do caro leitor, faço aqui em tópicos separados um resumo das palavras “sábias” desses candidatos, alguns sem a mínima estrutura para fazer quaisquer tipos de promessas: 1) Eu sou a cara do povo; 2) Vou lutar contra a fome, a pobreza, a burocracia e corrupção; 3) Vou lutar pela redução da maioridade penal; 4) Sou um político de “cara nova”: 5) Sou vendedor de picolé; sou aquele do lanche, sou o do sacolão, sou o da vassoura... E pasmem! Todos eram candidatos a Deputado Federal. Não tenho nada contra a profissão de cada um, porque eu mesmo já fui engraxate, vendedor de pirulitos, cobrador, etcétera e tal, mas o Congresso Nacional precisa de gente honesta, de ilibada conduta moral, ético, incorruptível, com capacidade mais intelectiva, que tenha certa noção de administração pública e não se envolva com falcatruas, não dancem em Plenário depois de uma votação comprada e nem façam peripécias políticas no Congresso Nacional. Tal situação acontece porque partidos pequenos, mas conhecidos como “partidos de aluguel” captam essas humildes pessoas para completar seus quadros de candidatos, e alguns sequer conseguem ter mais de um. Vi o sofrimento de uma jovem pedindo voto (texto lido) várias vezes e ao que parece, o seu partido só tinha ela.

Infelizmente temos alguns eleitores que se assemelham, à minha visão quando o uso óculos de grau, àqueles caras estressados que trabalham na bolsa de valores correndo de um lado para outro. Muitos deles estão trocando seus votos por uma cesta básica, por uma casa própria, por um vale alimentação. Isso é fato e pesa em favor dos investidores. Resultado disso: no dia da eleição, já não existe mais a lembrança do valor do “negócio”, mas o “santinho” do candidato que segue enroladinho entre os calos da mão do eleitor, objeto da maior confiança dos candidatos que investiram nele. Esse é o nosso Brasil!


Indignado igual a um pinto

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O presidente Michel Temer (PMDB) foi denunciado meses atrás, precisamente no dia 26 de junho, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo crime corrupção passiva. O peemedebista se tornava o primeiro presidente brasileiro no exercício do mandato a ser denunciado por um crime comum. Em um jornal, escrito em letras garrafais, li o seguinte texto: “Caso a denúncia seja autorizada pela Câmara dos Deputados, por 342 votos dos 513 parlamentares, e aceita pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Temer será afastado do mandato por até 180 dias. E se for condenado, pode ficar de 2 a 12 anos preso. Na denúncia, o procurador ainda pediu que o Presidente Michel Temer pague uma multa de 10 milhões de reais, com reparação de danos coletivos. Temer cometeu uma série de crimes e entre eles, o de comprar o silêncio do ex-deputado federal e aliado do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o de pagar propina a membros do Ministério Público, do Judiciário e o de tentar influenciar no Governo por meio de representantes da gestão federal. Mesmo diante de tantos relatos, Temer nada fez. Apenas o ouviu e concordou com a possibilidade de calar Cunha e Funaro. Em pronunciamentos públicos, o presidente relatou que só queria se “livrar” de Joesley, a quem chamou de um "conhecido falastrão".

Aquele dia foi um dia de luto, dia de reflexão e quiçá, de buscar motivos para este questionamento que faço: Até que ponto vale a pena ser honesto? Até que ponto vale à pena lutar, ser brasileiro, ter esperanças? Hoje, sei que a maioria dos brasileiros está frustrada e outra, em minoria, festejando. Será que é assim que funciona a democracia? Políticos após votação dançam dentro do plenário da Câmara, e festejam, mas festejam o que? A vitória de o Presidente Temer que distribuindo benesses aos seus apaziguados safou-se de perder o cargo, com a ajuda dos comparsas do Congresso Nacional, e a de ser julgado pelo STF? Esses políticos abusam da nossa inteligência, das pessoas de baixo poder aquisitivo, a maioria desempregadas e mesmo as beneficiadas por uma bolsa estão sem as mínimas condições de mudar de vida, ter um trabalho digno ou demarcar um norte para suas vidas, pois o governo não tem interesse por questões óbvias e essa ajuda quando oferecida exige que o beneficiado se torne num cabresto eleitoral deles. A Bolsa deveria ser emergencial, jamais permanente. Ela mata a fome e escraviza! O governo usa a ignorância do povo e o prende numa armadilha desonesta. Mas, enfim, chegadas às eleições, não vamos deixar que haja uma polarização e que ela se transforme numa compra de votos descabida; vamos ficar na esperança de que não haja continuidade das zombarias de ambos os lados e ou mesmo boicote eleitoral. Ao lado perdedor cabe continuar fiscalizando, cobrando o que mais de funesto vem ocorrendo no Brasil: a corrupção generalizada e perda de valores éticos, morais e religiosos, tão visíveis durante a campanha eleitorais passada, como ocorreu com a apresentação do projeto pelo deputado Jean Wyllys, apoiado pela Ex-Presidente Dilma com intuito de profissionalização da prostituição, da liberação das drogas, ideologia de gênero, cirurgia de mudança de sexo para pré-adolescentes pelo SUS e descriminalização do aborto. Ele, além desse absurdo, foi árduo defensor da distribuição do "Kit Gay" nas escolas. Esse indivíduo é o mesmo que disse: “A bíblia é uma piada, quem crê nela é uma palhaço, e as igrejas são uns circos. Pronto falei!” Pasmem! E é esse crápula que o Lula disse numa reunião ser líder da juventude brasileira.

Amigos leitores, o Brasil continuará seguindo seu rumo seja leste, oeste, sul ou norte, mas sempre em frente, nunca dividido como quer o Presidente Temer. O importante mesmo é que façamos a nossa parte e como disse uma amiga, trabalhadora incansável, de ilibada conduta moral e profissional: “Agora é continuar levantando cedo e ir para o trabalho no afã de ajudar a melhorar este País, acabar com os corruptos e corruptores, sabendo que a maioria dos brasileiros já faz isso, enquanto um Geddel Vieira Lima tinha 52milhões de reais escondidos num apartamento, e a outra parte, esperava a bolsa família... Mas é bom eles saberem que de outro lado, oitenta por cento (80%) dos brasileiros estarão à espreita contra os atos de improbidade do Presidente que já está na mira da justiça, isto tenho absoluta certeza. Ainda bem que, depois da escolha de Temer tudo ficou claro não? Vieram à tona os atos de corrupção praticados por ele que vinha ocorrendo há bastante tempo. Ele e seus apoiadores de plantão, cuja maioria está indiciada pelo MPF, não esperavam o ajuizamento de ação contra Temer, assim como, a reação do povo brasileiro. Vão ter que repensar tudo, e se não fizerem serão cobrados na próxima eleição, e se não reeleitos, cada eleitor vai cobrar da justiça a aplicação da Lei contra eles, corruptos e corruptores, em face da malversação do dinheiro público praticado. Veja o que está acontecendo Rio de Janeiro, tanto o executivo, legislativo e até Tribunal de Contas, todos em conluio envergonhando o povo carioca. É necessário que acabemos com famigerada imunidade parlamentar e foro privilegiado.

Não importa qual rumo ou lado estamos ou tomamos. O importante é seguir em frente e fazer a nossa parte, trabalhando com foco. Imbuídos de desiderato de bem servir a Pátria, sermos honestos, defender nossas famílias, amar a Deus e procurar extrair desta terra varonil a alegria de viver. Qualquer governo, por mais que votemos usando a razão, pode ajudar ou atrapalhar, todavia, é importante sabermos que quem constrói o nosso futuro somos nós mesmos. E, para finalizar, restou-me então lembrar-lhes de finais de novelas globais dizendo-lhes: Emoções mais fortes ainda estão por vir no capítulo seguinte e uma delas será quando o povo ordeiro, que é o personagem principal, descobrir que viveu e continua vivendo uma jornada trilhada por corruptos e corruptores, tendo apenas o voto como alternativa de mudança ou ir às ruas para protestar, mas infelizmente ainda existem aqueles que votam em troca de benesses e favores, não se importando se o seu candidato é corrupto ou não. Em razão famigerada imunidade parlamentar que livra corrupto da prisão, da falta de honestidade e compostura que vem do próprio Poder Executivo, do legislativo e até do judiciário, pergunto: como pacificar as favelas, como combater o crime organizado, como acabar com os corruptos, como exterminar os ratos que infestam o Congresso Nacional e as Assembléias Legislativas, principalmente a do Rio de Janeiro? É triste dizer isso e fico estupefato ao ver diariamente na TV tanta corrupção, mas é a realidade brasileira. O que se deve fazer? Cobrar mais respeito de todos eles? Acabar com a imunidade dos políticos para que eles possam responder pelos seus atos perante justiça? O eleitor deve ter consciência na hora de votar? E se nada disso der certo, o povo deve pedir intervenção das forças armadas? É duro dizer isso, mas estou indignado igual a um pinto, que ao nascer, se vê sozinho diante de raposas e ele nada pode fazer para sobreviver.




O garoto que não driblou a morte

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Diariamente vemos cenas chocantes na televisão. O apresentador, sem pedir licença, entre em nossos lares e vai mostrando cenas de criminalidade que infestam nossas cidades. Debaixo das marquises ou em bancos de praças pouco iluminadas, jovens esquálidos, maltrapilhos, sem rosto, deitam sobre as calçadas, parecendo espectros animalescos possuídos pelo demônio. São cenas horripilantes! Em becos, ou numa rua ou avenida, mais perecem protagonistas de filmes de ficção e nesse palco de horror, uns se arrastam ou cambaleiam pelas calçadas como se fossem répteis, e dominados pelo vício, não respeitam nada que vêem pela frente. Sob o uso da maconha destroem lares, famílias, roubam e até matam seus entes queridos para adquirir a maldita droga. Esses personagens que perambulam pelas calçadas, abandonados pelo setor público, e até pela própria família, não conseguem viver sem ela, perambulam pelas ruas sem rumo certo, como fossem esqueletos humanos, sujos, maltrapilhos e em seus rostos vemos movimentar apenas um infinito de esgares, como se a câmara do olhar estivesse fora de foco para mostrá-los nas tevês, como meros seres anônimos, mortos-vivos, pesos-mortos, e às vezes cobertos por míseros cobertores de lã, ficam encolhidos nos cimentos frios de uma calçada qualquer. As imagens focadas pela TV não mostram esses infelizes colocando um pedaço de pão ou um copo de leite na boca, mas, cachimbos infectos e até latinhas de refrigerantes que eles adaptam para “fumar” maconha. Essa maldita planta, que não cria, não dá, somente tira e mata!

Lembro-me de um garoto extremamente alegre, que mesmo nos campos de futebol de chão batido, fazia a bola rolar com maestria, cadenciava as jogadas para municiar os companheiros e possuía um chute desconcertante, certeiro. Era o artilheiro do time. Menino humilde e mesmo com os pés descalços, sonhava um dia calçar chuteiras coloridas e se tornar um Cristiano Ronaldo, um Lionel Messi, um Neymar... Empreitada difícil considerando esta comparação porque ele não teve berço e nem fora preparado pela sociedade como foram esses atletas e tantos outros; nunca lhe foi exigido assiduidade na escola ou mesmo recebido apoio da família e uma educação religiosa. Ninguém o acompanhava em suas perambulações pelos campinhos poeirentos que se espalhavam pelas periferias da cidade. Faltava-lha o amor, diálogo. Em muitas daquelas praças esportivas as drogas “rolavam” livres e nos becos e lotes baldios garotos e garotas se prostituíam e o pior, as drogas se espalhavam e junto com elas, as mais letais, mais baratas, piores que a naftalina das baratas cascudas, piores do que tomar água suja no leito das calçadas de via pública. Ela se multiplica e transformam esses incautos, não mais apenas pobres, mas todos somente em lixos urbanos, homens-descartáveis, não-recicláveis. Num País como o nosso, onde certas coisas parecem não ter qualquer importância: a dignidade é apenas uma delas. É um confronto difícil e violento sair todo dia às ruas, pior ainda quando se vive numa grande cidade, como a nossa, e pouco se pode fazer. Você dá de cara com crianças vivazes obrigadas a mendigar a pedido dos próprios pais alcoólatras ou viciados. Dá de cara com gente velha, com fome, doente, com feridas pelo corpo, alguns carregando faixas de publicidade no pescoço, outras mutiladas advindas de uma guerra quixotesca. Damos de cara com pais perversos, padrastos e madrastas, violentas e criminosas e quando não damos de frente com elas, a televisão mostra. Nas esquinas, nas pontes e postes, dentro de caixas, atrás de muros, junto com os ratos de esgoto, ficam ali jogados os pacotes de lixo-gente. Muitos deles aprendem e sobrevivem com seus vira-latas como se estivessem sendo empurrados pela mão invisível do destino.

Mas agora vamos voltar falar do crack ou quiçá, da maconha também. Essas drogas malditas que, por ser estimulante, ocasiona dependência física e, posteriormente, a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central que gera, em razão disso, a aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são a euforia, a sensação de poder e o aumento da auto-estima. E ela foi o grande mal daquele garoto craque de bola que passou a ser usuário de droga; que não conseguiu ver a vida florescer e retirar dela os galhos podres para poder, pelos menos, conseguir driblar a morte, mas infelizmente não conseguiu. Num entardecer foi visto agonizando num beco escuro sob o efeito da droga, só que, naquele dia, além de uma overdose, recebera um tiro no peito, porque simplesmente não conseguiu pagar uma dívida inerente a umas pequenas “pedras” de crack que comprara de um traficante. 

Ao ver aquela cena pela TV questionei: O que as autoridades constituídas têm que fazer? E sem pensar, respondia com ar de revolta: Em primeiro plano, a vontade política em resolver tal situação, não obstante constatemos que, enquanto existir no Congresso Nacional os conchavos, as negociatas que fazem surgir as famigeradas benesses de emprego para seus apaziguados, um dinheiro a mais no orçamento; faz surgir os corruptos e corruptores que se perpetuam com o auxílio poder Executivo e legislativo. Enquanto existir a política esperta e populista que está aumentando a preguiça da população carente oferecendo bolsas família, tudo isso em nome de um capitalismo barato, de fachada, que gasta milhões em propaganda para fazer você acreditar naquilo que não vê. Enquanto não existir uma base mínima de um trabalho coordenado, completo, que una saúde pública, assistência social, caridade, segurança e perspectiva, inclusive emocional, de nada adiantará o esforço daqueles que querem ver o Brasil sem crise. Em segundo plano, neste momento cruciante, todos precisam apoiar todos; todos por qualquer um. A liberdade individual, a possibilidade de escolha, existe, mas ambas têm, sim, limites.

Não adianta pegar esses infelizes e levá-los a abrigos, dar-lhes banho, lavar suas roupas, secá-las, botar para coar, enfiar comida em suas bocas, porque eles preferem as ruas. Dar entrevistas bombásticas, com o fito emocional, também de nada adiantará, pois em minutos depois, em abstinência, eles voltam. Não adianta a sociedade empurrá-los de lá para cá: agora estão cada vez mais perto de nós, onde são mais danosos que pode soar como um alerta: os traficantes estão chegando aos montões em qualquer parte do País e alimentando os usuários de crack e cocaína, principalmente em Goiânia. Vemos na televisão que esses usuários e traficantes estão transformando o Brasil num teatro de horror, cujos personagens parecem ter saído de filmes de terror protagonizando cenas inenarráveis, lotando de infelizes os gramados da vida mundana. Se a sociedade organizada não tomar providências urgentes; se os olhos por mais embaçados que forem, marejados ou míopes não verem, se seus ouvidos não escutar o clamor que vem das ruas; se todos os responsáveis continuarem empurrando com a barriga, poderá, de um lado, esta dependência química se proliferar de uma maneira assustadora, incontrolável e fazer fortunas para muitos, entretanto, do outro lado, destruir vidas, famílias e aumentar os “lixos” humanos.





Deixando a vida e o vento me levar...

domingo, 5 de novembro de 2017

Se na infância fui ou não como outros meninos, não me lembro bem, minha memória é meia vaga, mas sei que nunca enxergava o mundo como os outros viam, mas os outros também não enxergavam o que eu via. Desde pequeno eu já via o bonito e o lado poético das coisas, assim como via quando o vento que soprava ou assoviada; sabia que rumo tomava e a suavidade com que levava consigo as folhas secas para, depois, saírem voando, sem rumo. Nada mais triste era levar comigo aquelas folhas mortas e saber que mais adiante poderíamos nos separar dada a força do vento e a fragilidade delas. Quantas vezes amparando minhas mãos no pequeno muro daquele quintal, com o olhar entristecido como a de um poeta aprendiz, sentia-me como a própria folha, e aí não via à hora do vento passar ou da vida me levar, e quando ele passava, sentia-o triste também, pois não conseguia levar até a janela de minha amada o perfume das ressequidas folhas, o cheiro gostoso de jasmim ou das pétalas das rosas que rolavam pelo chão. Se minha amada pudesse pelo menos enxergar a folha, ou o meu olhar marejado detrás do muro, bastava um simples gesto dela para secar minhas lágrimas, me fazer renascer e sentir a vida me levar, tornando-nos um elo, pois sabia que ainda havia esperança. Esperança em um mundo melhor, mais justo, humano e fraterno, onde, talvez, por descrença, o vento ao passar por algumas estações devia ter ficado angustiado, sentimental e via que não havia elo nenhum. Talvez entendesse que minhas angústias, paixões e sentimentos não podiam ser levados por ele, apenas eu ou minha vida. Apenas para ser mais claro sabia o vento não tinha culpa.

O vento não tinha culpa e não podia saber a origem de tudo que corroia a nossa alma, e às vezes, não me interessava saber de onde ele vinha, mas quando passava acariciando o meu rosto o meu coração acordava para a alegria. O vento foi meu cúmplice e tudo o que amei, ele sabe que amei sozinho. Sabe que fui um sonhador. Assim, na minha infância, nas garras da tormentosa vida, ergui-me, no bem, no mal, de cada abismo, e encadeei-me o meu mistério. Prendi-me a sete chaves. Aquietei-me num recanto só meu. Às vezes quando deixava o vento me levar sabia que vinha recheado de cheiro das verdes matas, que trazia a calmaria dos rios e o canto dos pássaros; sei que se ungia nas fontes da vida e veloz, descia da rubra escarpa da montanha beijando o sol, para depois afagar meu rosto com suavidade, me envolvendo em outonais clarões dourados; livrando-me dos relâmpagos vermelhos que o céu inteiro incendiava; livrava-me dos trovões, das tempestades, das nuvens que se alternavam e traziam escuridão. Só no amplo azul do céu, puríssimo, como a um anjo e ante meus olhos, levava em seu colo a pequena folha seca e as pétalas de rosas que se desalinhavam no chão. Folhas caídas e pétalas, mas que conhecem todas as estações da vida e os motivos que as fazem ficarem assim, mortas, jogadas, espalhadas pelos terrenos férteis e inférteis, simplesmente ao léu, pisadas por pés apressados e levadas por ventos que não eram os meus. Ficava entristecido a cada estação do ano, e não suportava ver a manhã seguinte, quando não via as folhas, pétalas sobre as calçadas, jardins floridos e sem saber para onde teriam ido. Eis a vida, acho que a vida é assim, penso eu, e por isso caminhando sóbrio sobre terrenos férteis, entendia que devia deixar o vento me levar também.

Tendo-se razão ou não, assim é a vida. O vento não te levará e nem a sua casa se você for firme e construí-la sobre a rocha; o vento de sua vida será perfumado como a um jardim florido; o vento de sua vida não o sugará da terra se tiveres alicerçado com amor, então, sendo sua vida assim construída, suportará não somente o vento manso, mas também os vendavais, ventanias, tempestades, que poderá até balançar sua estrutura, mas se sua vida for bem regrada não será fácil você cair, sentir o impacto, e não se desmanchará em pó tão facilmente. Podem vir primaveras, verões, outonos e invernos, mas se os homens tornarem-se apenas folhas aí sim deverá temer qualquer ventinho que não tardarão chegar. Assim é a vida... Mas nos anos que virão entendo que não será tão necessário renovar apenas guarda-roupas ou comprar veículo novo, mas sim, deixar que o vento nos leve para renovar o nosso espírito e ampliar a nossa fé em Cristo; deixar que ele nos ensine a dar uma faxina em nossas vidas; deixar que possamos rever tudo que aconteceu de ruim e anotarmos na agenda de nossa existência, as palavras amor, paz, fraternidade, solidariedade e justiça para que tudo possa, daqui por diante, ser diferente. 

Vaidoso, sou, mas não sou egoísta, nem prepotente ou arrogante e no passo da fuligem, da folha seca, de algo quase inexistente, tomo o meu destino e procuro ser humilde. Absolutamente humilde. Sabes por quê? Explico: Porque sei que sou a folha que voa mansa amparada pelo vento; porque não sei quantas primaveras, verões, outonos, invernos terei; quantos finais de tarde passarão no jardim de minha existência; quantas forças advindas do vento poderão suportar. Resta-me então pedir ao meu Pai Celestial que jamais deixe a janela do universo fechada para mim. Pode acontecer que as folhas, as pétalas, assim como eu, percam as forças numa manhã ou tarde, e quando chegar ao entardecer, é possível que não estejamos caídos enfeitando o leito de um caudaloso rio. Estranho é ver o tempo passar, trazer o entardecer e a gente não compreender que havia um sentimento profundo entre nós e que o trem da ventania poderia levá-las intempestivamente junto com aquelas folhas estendidas em terreno fértil do tempo. Você, caro leitor, um dia, também será passageiro desse trem ventania e pelo ar será levado em direção à rua onde mora sua amada, mas como não terás destino, quem sabe se o vento se perde na curva e o arremessará fazendo-o entrar por outra janela, vê-la no seu quarto, deleitando-se na cama.

E quando você chegar e antes de apreciar a lua, contar as estrelas e sonhar com os mistérios da noite, certamente ficará observando a sua amada e assim como eu começará a escrever alguma coisa numa pequena folha de papel. Talvez escreva: Ah, se pudesse ser levado ao vento igual às folhas e pétalas, então meu destino seria igual a elas, que são apenas folhas ao vento, mas no nosso mundo imaginário sabemos que são apenas folhas, mas amadas pelo vento. E eu usando as asas de minha imaginação estarei girando perto da janela, um voo baixo, esperando que ela me veja, me segure me carregue, me aconchegue em seu colo, para depois, me guardar dentro do seu diário, como uma folha que não precisa de vento.





 
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