Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Amnésia Literária

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Sempre chega a nossa hora. Sempre chega o dia em que sofremos um frio danado na barriga e ficamos deveras nervosos. Ocorre uma pane cerebral. Às vezes pensamos em desistir, temos medo de não conseguir chegar até o fim daquilo que almejamos, pois não queremos fracassar. Certo dia me vi diante de uma enorme livro, comecei a suar muito, um suor de escorrer pelo rosto que limpava as células adormecidas para, depois, serem levadas pelo vento sem alcançarem o chão. Meu Deus! Foi apenas um cochilo. Se antes de começar a pensar sobre um assunto sério estava suando, imagine antes de adentrar ao livro! Tudo ocorreu num final de tarde, diferente, inusitada, parecia que o sol brincava comigo e não havia nenhuma nuvem a importuná-lo. Fazia um calor danado! Não sei por que aceitei escrever aquele texto, precisava de mais tempo para me preparar. Era muito esquecido e era tanto esquecimento que esquecia até de mim mesmo, e em razão disso, jaziam-se também as lembranças.

A tarde começou a cair e o sol precisava entregar a terra à lua. A obscuridade à minha volta começou a ser interrompida pela luz violácea dos relâmpagos que se enquadravam no vão da janela, mas paciente, ficava ali, inerte, velando no silêncio do meu quarto, dedilhando no teclado do computador, frases de amor que ia retirando do baú corroído pelas intempéries do tempo, para enviar a alguém, mas, por incrível que pareça não me lembrava quem. Passei as mãos no rosto imberbe e fiquei aguardando o momento certo para reiniciar. Reiniciar o quê? Tinha esquecido. Um pássaro passou e cantou freneticamente rente à janela e naquela fase de pensamento absorto, levei um susto, mas o bom é que ele me devolveu à realidade. Recuperado daquele transe os meus pensamentos começaram a voltar, mas bem devagar, em ritmo lento, pensando sempre no momento em que meu corpo voltasse a precisar de maior esforço. O suor continuava descendo, mesmo quando o sol já tinha se despedido da terra. Novamente pensei em desistir, mas tinha que continuar, não podia deixar de lado algo que era importante para mim e se não continuasse naquele momento poderia voltar a esquecer. No meio das folhagens que pendiam perto da janela, vi um rosto angelical de mulher, que logo desapareceu por detrás de uma pequena neblina. Comecei a sentir sede, precisava de água, vi um copo cheio de água à minha frente, não resisti e bebi. Nem sei quem o colocou ali. Depois olhei para as folhagens com certa ansiedade... A bela imagem não mais a vi. Da sacada ouvia-se uma música, romântica, lenta, mas naquele instante, eu precisava de algo mais estimulante. Na próxima vez pensarei nisso e preguiçosamente, debrucei sobre a escrivaninha. Cochile, mas depois dormi debruçado sobre ela.

Horas passaram. Fui novamente até a janela, olhei para os lados, procurando me distrair, observando sempre os movimentos, alguns rápidos, outros lentos. Uns transeuntes pareciam desajeitados, com pernas e braços balançando desconexos como se estivessem num circo. Eram tão cômicos que não agüentei e sorri. Ninguém ia me ouvir mesmo, estava na sacada. Aliás, dali não sei onde encontrei forças para rir tanto assim. Ria tanto que meus rins doíam, enquanto o suor tomava todo o meu corpo. Parei de rir, pois precisava chegar ao final tão almejado. Não podia desistir e nem esquecer o que planejava. Os meus leitores esperavam o melhor de mim. Parei de rir e passei às mãos onde ficam os rins e vi que tudo voltara ao normal, Olhei na minha mão direita e no dedo indicador um pequeno laço que eu tinha amarrado para me lembrar do que tinha que fazer. Faltava pouco para terminar e sabia que ia conseguir. Fiquei olhando para o laço e comecei a dar umas dedilhadas rápidas no teclado do computador e palavras foram se amontoando no monitor; senti que o final estava próximo, mas precisava de um título para fechar com “chave de ouro” o texto. Era mania minha e para não esquecer tinha fixado no botão da camisa um clipe com um pequeno papel e nele um nome. Ora, laço no dedo, clipe e outros apetrechos pendurados no corpo só para lembrar-se de alguma coisa, não acham demais? Coisa de maluco ou de quem está com amnésia. Eu simplesmente esqueci o que representava aqueles apetrechos. Mas enfim, com esquecimento ou não, o importante é que cheguei ao fim. Com os olhos e mente cansada, mas ainda com certo fôlego literário, quis explicar, de alguma forma, que às vezes é necessário a gente anotar o assunto e não se importando em que lugar se deve afixar a peça lembrança. Por outro lado, devemos abandonar o velho barco e a mesma rotina; devemos deixar de lado velhas roupas e esquecermo-nos daqueles caminhos que sempre nos levaram ao mesmo lugar ou a lugar algum. Eu só não queria levar a certeza de que nada sabia ou pouco sabia... Penso que cumprir a vida seja simplesmente ir marchando rumo certo, seguindo em frente, sabendo que todo mundo passou por ele, amou, chorou ou ainda chora quando passa por esse caminho. Cada um de nós compõe uma história e vida. Cada ser em si carrega o dom de ser capaz, de ser feliz, de girar em torno de si ou do universo como faz o planeta terra, e se não ousarmos fazer, nós ficaremos para trás, à margem de tudo e em certos momentos, começaremos a esquecer de nós mesmos. Você, caro leitor, sabe do que eu estou falando e sei que não esqueceu, ou sei lá, poderia até ter-se esquecido ou esquecido de esquecer.

Amnésia literária é a pior coisa que pode ocorrer com um escritor. Num passe de mágica, ele transborda de boas ideias, de história e estórias sedentas para serem contadas. Esse transbordo pode acontecer durante uma caminhada num bosque; num tumultuado trânsito; durante o deleite de uma sombra que o protege do sol; durante a noite quando o sono surge de repente e não dá tempo para enxergar o nascer da lua. Como num passe de mágica, esquece-se de tudo isso na companhia da caneta, frente ao computador, tão logo os dedos tocam o teclado. Certamente são situações que precisam ser estudadas antes que se dê um nó na memória do escritor, pois em dias de amnésia literária em que a gente esquece tudo, o caro leitor tem de concordar comigo, pois se torna necessário redobrar a cautela para evitar que o literato cause uma “guerra mundial” em razão de um simples esquecimento.



A hora e a vez de um escriba

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Há bastante tampo assisti a um filme brasileiro intitulado “A hora e a vez de Augusto Matraga” aí resolvi intitular esta crônica com um nome parecido, só que o personagem sou eu, este humilde escriba. Do meu pequeno escritório, no 13.º andar, pode-se ver o pôr do sol e o nascer da lua mesmo com as persianas semi-serradas. Na parede, à esquerda, diplomas de várias entidades culturais e Academias de Letras se destacam e eles são um incentivo para que eu possa continuar escrevendo. Nesta manhã de tempo nublado, sem esboçar qualquer reação, fui à sacada, debrucei sobre ela livrei-me dos pensamentos ineptos e a uso como um mirante para visualizar as ruas, prédios e o longínquo horizonte. Encho os olhos de paisagens e na retina, impregno os meus sonhos.

Do alto, vejo um cachorrinho preso a uma fina corda que, inocentemente, deposita os seus restos de lixo na calçada e uma senhora, que deve ser “mãezinha” dele, nem liga, pois a calçada não é a dela e nem mora perto. Eu tive que rir, ri muito daquela situação vexatória e do rosto ruborizado da mulher quando o danado do cãozinho defecou bem mole sobre a calçada. Como ela iria colocar no saquinho de plástico? Senti-me culpado, pois devia ter entrelaçado os dedos para prender o cocô no orifício do bichinho. Ao ver aquela cena meus pensamentos que estavam reclusos foram e voltaram na velocidade da luz trazendo o meu tempo de criancice. No que tange a aquele cachorrinho é claro que veio à minha mente cenas do passado: cachorros fazendo suas necessidades, e a gente, inocentemente, sem maldade, entrelaçavam os dedos indicadores e num repente, os excrementos do animal não fluíam mais, ficavam como que congelados entre o orifício e o espaço. Quanto à lembrança que tive de certo cachorrinho, infelizmente, não tive tempo de entrelaçar os dedos. Sorte dele, mas não da dona. Mas naquele tempo situação como esta aconteceu com uma senhora educada, de fino trato, que apenas ficou observando sorrateiramente o meu ato e nem se importou quando descruzei os dedos e juntos escutamos o gemido do canino e sair do orifício um excremento e “plaft”: o sólido foi atraído pela gravidade e se espatifou no chão.

Do alto, o sol veraneado de uma manhã desta segunda-feira me animava a tirar os óculos de grau para captar de modo natural, sem anteparos, o mundo que me rodeava. Esparsas nuvens se misturavam com raios de sol e um bando de pássaros brincavam de esconde-esconde entre as árvores em voos rasantes. Retornei ao meu recanto e para não esquentar a “moringa”, fui até a uma pia e joguei um pouco de água no meu couro cabeludo, depois liguei o ventilador, respirei fundo e disse: Ainda bem que não estava na calçada e não pisei em nenhum excremento de animal. No meu ambiente cercado por uma estante cheia de livros é que componho as minhas escrituras, converso com as pessoas amigas através da internet e escrevo minhas malfadadas crônicas. Sentado diante do computador massageando o teclado até formar um emaranhado de letras, às vezes recolho de meu pensamento que está bem distante algumas frases há tempo impregnadas em meu subconsciente, que me embaralham, mas teimoso, escrevo.

O espaço que me reserva o jornal Diário da Manhã é pequeno, mas à vezes, até abuso, como já fiz em outros textos. Então, o jeito é parar de escrever porque não gosto muito de lamúrias e nem vivo ancorado no passado, assim como, não me apoquento e nem me deixo ancorar nos fundos rochosos ou arenosos de minha massa cefálica, caso algum artigo ou crônicas minhas não sejam publicados. Amo escrever e às vezes pergunto a mim mesmo: Onde estão os amigos confrades, acadêmicos que quase não se comunicam entre si? Eu estou aqui dialogando com o mundo, um simples escriba ou aprendiz de poeta, nascido no interior de Goiás e crescido na periferia da Capital, que andou de pés descalços, camisa surrada, calças curtas, mas, hoje, dotado de uma curiosidade enorme, cheio de esperança e que continuo buscando sonhos ilimitados. Posso dizer que me tornei um homem moderno, ajustado, tolerante, sem preconceitos, todavia, diante da parafernália eletrônica, seja em tempo frio ou quente, este acadêmico ou confrade que ora escreve é, como dizem os argutos: sumidouro de memórias, ah, isso realmente sou... Então, caros amigos e amigas agora é hora e a vez deste escriba, cuidem-se!



Cárceres da insegurança no Reino da Podridão.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Presos andavam de um lado para outro num diminuto espaço, O meu olhar atento de missionário e pensamentos se misturavam naquele espaço sinistro que mal dava para escutar as conversas daqueles que escondiam o rosto com o capuz negro do silêncio. Num canto da cela, ao lado do gradil, um jovem franzino, com a fisionomia sofrida, rosto carcomido pelo tempo, manuseava silenciosamente a Bíblia e de vez em quando, olhava para o gradil quadriculado da janela por onde passava a luminosidade solar. Outros presos, amontoados dentro daquela cela fétida ficavam observando o silêncio compenetrado daquele jovem, sem verem sair dele nenhuma entonação de voz ou movimento labial para entenderem o que lia. Permaneciam mudos, mas, de certa forma, pareciam interessados em conhecer o conteúdo daquele livro sagrado. Todo o dia o jovem aquietava-se, manuseava aquelas páginas que lhe trazia conforto e percebia que aquele livro estava alcançando o coração de outros detentos. De repente, ouviram barulhos ensurdecedores e os presos de outra facção que ficava na ala ao lado estavam furando um buraco na parede de tijolos para invadir a ala onde ficava o jovem leitor,

Aquela invasão intencional e criminosa fez-me lembrar que a prisão é tão antiga como a memória do homem e continua sendo o principal remédio que a justiça tem para combater todos os males, males que poderiam ser amenizados com um simples remédio: a introdução da evangelização no meio prisional. Tempo idos, os remédios (prisões) eram mais fortes e em sua bula predominava a pena de morte que era descrita das mais variadas formas, fato que se podem constatar quando desobedeciam ao Código Hamurábi, Deuteronômio, Lei de Manu, das XII Tábuas e Alcorão. Na verdade, naquele tempo desconhecia-se a pena privativa de liberdade e o habeas corpus. As masmorras serviam para abrigarem presos provisoriamente, os quais, muitas vezes, eram esquecidos pelos seus algozes.

Naqueles tempos prendiam-se homens pelos pés, pelas mãos, pelo pescoço usando correntes e tantas outras formas maldosas conforme a classificação do crime cometido ou seu ato perante aquela sociedade. Passado todo esse tempo, vemos que hoje o número de presos cresceu tanto que a sociedade não encontra alternativa se não em fechá-los detrás de prédios mal construídos, muros altíssimos, celas abarrotadas e com uma pequena escolta de agentes prisionais quase desarmados e despreparados para uma rebelião de grande porte. As celas, superlotadas de gente perversa e irrecuperável, eram pequenos quadriculados e uma janela com gradil onde eles amarram suas vestes e lençóis para mostrar a insegurança, o desconforto e a revolta, sempre aguardando um desfecho final: morte entre os presos, pois a lei da física é muito clara: “dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.”.

O interessante é que ao ver os lençóis e vestimentas penduradas nos gradis não enxerguei nenhuma peça que pertenciam aos criminosos de “colarinho branco”; nenhuma peça daqueles que praticavam e praticam o peculato de toda a espécie; que praticam a corrupção ativa e passiva, o desvio de verbas públicas ou a incorreta aplicação de recursos, fraudes em concorrências, as prevaricações; os desmandos administrativos, as nomeações ilegais, a concussão, o cerceamento à liberdade, os homicídios, estupro e corrupção de menores e tantas outras mazelas. Na realidade, a maior parte destes crimes não vem à tona e os que surgem são abafados pelos próprios mecanismos estatais ou por influência política, os quais ainda riem de nós, os bobos da corte e daqueles que fazem parte do Reino da Podridão.  Destarte, o banditismo manipulando armas de grosso calibre, metralhadoras, granadas explode caixas eletrônicos e muitas vezes eles matam pessoas somente para ouvir o gemido do seu desafeto; saem às ruas e deixa a população em polvorosa, intimidada e ela se tranca dentro de sua própria casa, não podendo sequer sair às ruas, enquanto a polícia persegue pessoas incautas que são jogadas nas prisões ao lado dos piores marginais. Tudo o que se vê é fruto de uma política criminal errada, injusta, implantada através de uma legislação esdrúxula, irresponsável e que precisa ser modificada urgentemente pelo Congresso Nacional. Mas como acreditar no Congresso Nacional se a maioria deles responde processo perante a justiça por crimes de corrupção ativa, passiva? E quanto ao Executivo rodeado de corruptos? Quando o Presidente nomeia um Ministro, o seu nome só é aprovado se ele for corrupto. Precisa ler na mesma cartilha. Não queria aqui citar nomes, todavia a última nomeação foi vergonhosa, então recordemos um caso recente, a Deputada Cristiane Brasil, filha do Presidente do PTB, Roberto Jéferson, nomeada para Ministra do Trabalho, tinha um processo trabalhista transitado em julgado no Tribunal Superior do Trabalho. Dizem que dinheiro que ela usou para pagar as parcelas de uma dívida trabalhista que tem com um ex-motorista, o dinheiro tem saído da conta bancária de uma funcionária lotada em seu gabinete na Câmara. Pode isso senhores membros do Judiciário, principalmente do STF? Por outro lado, o ministro mau caráter Carlos Marun da Secretaria de Governo Temer disse que o Planalto não vai recuar da nomeação da deputada por causa da condenação dela em uma ação trabalhista. Esqueceu o Ministro Marun que ela está indiciada também pelo Ministério Público Federal por corrupção numa delação premiada. Pegou boa grana da Odebrecht. Pois bem, além dela, são tantos outros políticos que nem dá para contabilizar, todavia, a imprensa escrita e televisiva, de forma cansativa, comenta diariamente e tenta alertar o povo brasileiro e o eleitor, sobre essas escabrosas corrupções e vexatórias nomeações. Acorde eleitor, você é o único capaz de mudar tudo isso! Eu continuo indignado e sozinho não posso fazer nada, pois sou apenas uma pequena célula para combater esse mal que domina o Reino da Podridão.

O juízo jurídico colocado em prática pelo legislador funciona como um juízo de valor, não se limita a comprovar a existência das causas, mas, valora-as, para fins de repressão, o que pode ocorrer, em muitos casos, em vez de extinguir ou reduzir o crime, venha estimular ou eliminar um e criar outro. Daí urge, para amenizar um pouco esta situação, além da instituição de uma cartilha ética para os congressistas e seus apaziguados lerem diuturnamente, também a prática da religiosidade entre os presos, um trabalho prisional intramuros, com incentivo especial à formação de mão de obra especializada, cursos profissionalizantes, em parcerias com escolas técnicas públicas e privadas e ainda, a construção de grandes presídios, mais humanizados, com o objetivo de desafogar a lotação excedente, cujo ambiente atual deteriora mais ainda a mente humana. Fazendo isso, acredito que trará mais socialização aos presos e segurança aos cárceres.  




Vamos continuar "catando gravetos" em 2018?

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Quando adolescente, com os pés descalços, saia tatuando as ruas poeirentas de Goiânia, rindo de tudo que via pela frente, como se eu fosse um menino feliz, ou outro qualquer. Não sei por que, mas o carinho do vento que cortava as ruas amenizava o meu coração de menino e me deixava besta! Um ser vivente, livre como a um pássaro e eu me sentia voando em busca do imaginário e de sonhos, talvez impossíveis. Certo dia, cansado de catar gravetos para abastecer o fogão a lenha, de jogar bolinhas de gude, de jogar fincas e bolas feitas de meia que recheava de palhas de arroz e de empinar pipas em dias sem vento, fui a um parque de diversão e mordi uma maçã do amor, e aí, lambi os beiços e o seu sabor chegou ao coração. Achei que estava doente. Tão desacostumado com a alegria que chorei de felicidade. Lágrimas doces. Não é coisa de poeta, eram doces mesmo! Naquele dia até meu travesseiro chorou e molhou o lençol branco onde fiz questão de derramar junto com ele as minhas lágrimas e suores. Hoje, não lembro mais do rosto daquela menina, mas sei que tinha um rosto angelical, uma boca perfeita demais e tinha os dentes branquinhos como algodão.

Quando no preâmbulo falei que catava gravetos, eram gravetos mesmo! Hoje aquela ação pode ter um alcance maior, mais abrangente. E é possível isso. Sendo letrado, religioso ou não passamos a conhecer melhor alguns significados, principalmente, daquelas onde pessoas se esforçam para, pelo menos, achar uma brecha no endurecido coração para ficar a face a face com Deus. Existem pessoas que lutam e intercedem e que juntam lenha para que o fogo continue ardendo sobre o altar do Senhor. Ah! Como Deus anda procurando por esses “catadores de gravetos!” Certo dia, li um texto bíblico, o de Ezequiel (Ez 22.30), que procurava fazer entender esse significado: “Busquei dentre eles um homem que esteja na brecha perante mim por esta terra, para que eu não destruísse; mas a ninguém achei” Veja então que neste texto Deus procurou um só homem e não achou, e nós estamos vivendo estes mesmos dias de Ezequiel onde políticos fazem o que querem e a maioria dos administradores públicos é corrupta e a justiça confusa; a igreja tão sonhada por Jesus está dividida e muitos dos dirigentes falam mentiras e palavras que agradam ou interessam somente o ego das pessoas sob os seus comandos.

Mas, hoje, 02 de janeiro, véspera de Santos Reis, eu quero falar dos servos de Deus, homens e mulheres, pessoas diferentes que agem na dificuldade, que lutam e são verdadeiros “catadores de gravetos” se é que você me entende. Mas quais são as características, o que podemos entender da palavra “catadores de gravetos?”

Deus muitas vezes permite vir tempestades para que conheçamos quem ELE é realmente. Será que vivemos hoje numa “tempestade” de pensamentos e porque estamos aqui na Terra? E qual o propósito de tudo isso?  Você entende o mistério dessa palavra? Quando as “tempestades” se avolumam sobre a pessoa humana e nós esquivamos delas e até de uma pessoa que consideramos estranha sem lhe prestar ajuda. Não está dando abrigo na grande “arca” de Deus e nesse instante pergunto: Onde estão aqueles que têm capacidade para sair à busca dos servos “catadores de gravetos”. E quando a tempestade passar, os descrentes vão e voltam sem agradecer a Deus; porém os crentes voam e voltam, trazendo à luz o habitat daqueles que estão precisando de nossa ajuda. Voltam para agradecer como a um testemunho vivo como fez aquela folha de oliveira que foi arrancada, mas sobreviveu a muitas tempestades.

E o pior, ou quero dizer, melhor, quando vemos a fonte secar, Deus ainda diz “levanta-te e vai”, e compadecido da situação encontra alguém como você, “catando os mesmos gravetos” para agasalhar com seu calor os mais carentes. E aí não haverá “tempestades”, não haverá escassez de alimentos, amor e fraternidade, porque os dois, com o mesmo desiderato, estão catando gravetos para acender no altar do Senhor Jesus. ELE, o onipotente, os conhece, sabe de suas lutas pela sobrevivência. E quantos procuram “catadores de gravetos” para ouvir uma palavra de ânimo e de esperança? Quantos estão priorizando Deus na tua vida? São Paulo Apóstolo foi catar gravetos, pois ele queria esquentar aqueles que estavam frios, (Atos 28.3) “E havendo Paulo ajuntado uma quantidade deles e pondo-as no fogo, uma víbora, fugindo do calor, lhe acometeu a mão”. Mas escute toda arma preparada contra ti não prosperará, o mesmo fogo que você alimenta com a tua lenha, vai consumir as víboras que se levantarem na tua vida. Deus sustenta de pé os “catadores de gravetos!” ”Muitas “pessoas” estão esperando ver você cair, mas acreditem Deus os irá surpreender, muitos vão mudar de opinião ao teu respeito, porque eles são sustentados pelo Senhor. Hoje, espiritualmente falando, passei a entender o porquê da alegria quando catava gravetos para acender o fogão a lenha de minha querida e saudosa mãe. Então, passei entender o valor de meu ato e o de cada graveto que catava. Com o passar dos anos, observei que a ação que eu praticava em prol de uma pessoa carente me transformava numa pessoa melhor, feliz, e tudo era aquecido pelas mãos de Deus através de uma fogueira alimentada por “pequenos gravetos” que não eram aqueles que eu catava quando adolescente. Deus procura pessoas simples da sociedade para se tornarem “catadores de gravetos”, abrindo-lhes as portas do céu, fazendo romper o Seu silêncio,





 
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