Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Usando as asas da imaginação.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A terra pedia socorro. Atônito, não tive alternativa senão em usar as asas da imaginação com o fito de alertar a humanidade. Em segundos me vi vagando pelo espaço sideral e num vôo alado, esquisito, passei por lugares distantes, inimagináveis, e sustentado pela força da gravidade ia fotografando tudo que via pela frente e lá de cima, vislumbrava a amplitude do universo que nem sabemos ter fim. As nuvens nem se assustavam com aqueles pares de asas brancas encorpadas num ser humano, mas, pareciam entender que cada uma levava consigo uma esperança,   ilusão, mágoa, ansiedade e medo.

O corpo voava mansamente rumo norte, cuja rota sequer tinha planilhas de vôo. Era apenas um corpo vagando pelo espaço de olho na natureza e com flashes certeiros fotografava oceanos, serras, milhares de meandros, savanas, lagos, matas e dezenas de rios que desaguavam  no mar. Num serrado ingente circundado por densa mata brotavam imensas queimadas que suestadas pelo vento se alastravam, soltando aspirais de    fumaça que se misturavam com as nuvens , cujo fogo devastava os últimos resquícios de verde, deixando-os esbatidos sobre a terra que chorava de dor. Aflito, observei o homem atiçando fogo que queimava a terra com suas chamas ardentes, e de forma implacável, aquele imenso serrado e matas que, silenciosos, quedavam-se sobre a terra.

Noutras regiões do planeta o homem desmatava, sugava areias dos rios, poluía o ambiente com seus milhões de veículos e grandes indústrias que soltavam gases poluentes de suas chaminés, jogando-os na  atmosfera,  formando no espaço o dióxido de carbono que provoca o efeito estufa. E foi aí que passei a entender porque tanto se noticia sobre aquecimento global. Entretanto, não adianta fugir dessa realidade. As atitudes demonstradas por cada ser humano, por mais que isso venha afligir a nossa terra,   considero que essa demonstração de descaso, caso não seja combatido, continuará sendo apenas uma gota de orvalho que não tem mãos para levantar aos céus e pedir ajuda ao Criador, pois rapidamente se evapora sob os raios de sol.

Tudo o que passei, senti, ouvi e assisti lá de cima poderá se repetir amanhã, até por extrema necessidade em se tratando de economia, mas, como não tenho asas de verdade para voar para constatar se existe prejuízo que  prejudique a economia da região afetada, não achei alternativa senão, depois de um combate inimaginável e com o coração voltado para o caminho que Jesus me ensinou,  tentar realizar outro voo, talvez, num pássaro de aço, mas desta vez, de forma mais concreta, para poder continuar de olho no depredador com o intuito de preservar e defender a natureza.

Na ânsia de preparar o plantio, o desmatamento para ampliação de sua lavoura, a limpeza de um pasto e ou mesmo colheita manual de cana-de-açúcar é que faz o homem atiçar fogo na área, destruindo a fauna e flora, empobrecendo o solo, reduzindo a penetração de água no subsolo e, em certas situações, causam  mortes, acidentes e perdas de propriedades. Não obstante tudo isso, o que mais me assusta é a poluição  atmosférica com prejuízos consideráveis à saúde de milhões de pessoas. As queimadas são associadas com modificações da composição química da atmosfera e mesmo do clima do planeta que a cada dia nos sufoca. A terra parece estar em transe e com seqüelas deixando a população mundial vulnerável, não restando ao homem  alternativa senão em buscar como último ato evocar a proteção de Deus, pois se sabe que ela ainda não está preparada  espiritualmente para receber os efeitos danosos do aquecimento global.

Usando as asas da imaginação como forma de alertar o leitor percorri também a estrada da vida e durante o voo pude vislumbrar momentos de desespero em face dos desastres naturais provocados pelo próprio homem. Foi  através dessa viajem  imaginária, observando os erros e acertos em várias partes do mundo, não cheguei a nenhuma conclusão fática em relação à ação humana, mas, imbuído do desiderato de bem informá-lo e de haver encontrado ao longo dessa “viajem” o amor e ver realizados alguns sonhos, muitas vezes, com pesados    pedágios, que dificulta ao homem alcançar outros sonhos e objetivos antes de chegar ao final da viajem, mesmo quando  ele usa apenas as asas da imaginação.

VANDERLAN DOMINGOS DE     SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. Presidente da Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com.  BLOG: tidelon.blogspot.com.

Sagrada Família, a igreja que evangeliza, ensina e motiva.

Enquanto a lua seguia sua rota liguei o computador e abri o blog de  Maria Dulce Loyola Teixeira, nora do ex-governador Mauro Borges Teixeira, intitulado: “FAMILIAS PIONEIRAS DE GOIÁS”. Os textos atuais, em sua maioria, comentavam sobre a permanência do Padre Luiz   Augusto na Paróquia Sagrada Família. Ao manusear o mouse sobre os    artigos ali descritos, além do meu e os dela, encontrei outros comentários, testemunhos e manifestos de outras pessoas a favor da permanência do   padre Luiz. O meu coração pulsou de alegria, pois constatei que milhares de pessoas tinham o mesmo pensamento. Cada texto que lia era um bálsamo para o meu coração e fortalecia a nossa comunidade que se tornou grande graças a esse ícone cristão, benfeitor espiritual, um genuíno missionário, moderno, sério, caridoso, amoroso, um homem simples que evangeliza, motiva seus fiéis e que, mesmo sem rede ou anzóis, através de suas orações, consegue curar, ensinar o evangelho, mostrar o caminho da luz, da caridade, do amor ao próximo e tirar muita gente do “fundo do poço”.

Li vários artigos.  Minha mente foi reprisando cenas de um passado e a cada texto bíblico ou manifestações lá descritas, faziam-me recordar de um povo sofrido caminhando junto com Jesus sobre a terra de Palestina. Suas cidades e templos construídos se tornaram ruínas e hoje, aquelas  cenas bíblicas passadas nas telas da TV, pode-se compreender o porquê do surgimento da igreja e entender a sua importância para a humanidade e junto com ela, a primeira legislação do povo de Deus. Em Êxodo 20;22-24, Javé(Deus) disse a Moisés: “Diga aos filhos de Israel: Vocês viram que eu lhes falei lá do céu. Não me coloquem no meio de deuses de prata, nem façam para   vocês deuses de ouro. Faça para mim um altar de terra, para oferecer sobre eles seus holocaustos, sacrifícios da comunhão,  ovelhas e bois. Nos lugares onde eu quiser lembrar o meu nome, virei a você e o abençoarei. Se você construir um altar de pedra para mim não o faça com pedras lavradas, porque vocês estariam profanando a pedra com cinzel. Não suba por escadas até o meu altar, para que sua nudez não apareça”. Deus, através dessa parábola quis dizer que qualquer culto deve ser mantido em nível popular, motivador, sem o luxo dos grandes templos.

As imagens guardadas com carinho em minha memória, em certos momentos retornavam, mostrando Jesus e sua vivência num passado distante enquanto outras de menos importância  iam se apagando  na região recôndita do meu cérebro. Num daqueles flashes apareceu Jesus pregando no Monte das Oliveiras e depois, subiu aos céus e coberto por uma nuvem branca desapareceu no infinito. Os apóstolos, ungidos pelo espírito santo, voltaram a Jerusalém, mas, aquele local ficou considerado como a primeira comunidade de Jesus, pois eram através deles que os seus ensinamen-tos seriam levados às terras distantes, para que suas palavras se perpetuassem para sempre.

A Igreja é o povo de Deus. Uma comunidade formada por cristãos, pessoas fiéis ligadas pela mesma fé. Assim podemos vislumbrar nestas pequenas frases que se trata de uma definição surpreendentemente correta, vindo de uma fonte secular abastecida e almejada por Deus e seu filho Jesus. Por isso, desde os tempos remotos quando pensamos em povo podemos afirmar que estamos dizendo igreja e não obstante tenha estabelecido uma linha de raciocínio em relação a ela, muitas coisas aconteceram durante esses milênios. Ao invés de uma igreja que Jesus estabeleceu, há uma grande variedade delas esparramadas pelo mundo. Enquanto existem algumas semelhantes entre  esses grupos religiosos, as diferenças entre elas são surpreendentes. Elas têm diferentes formas de organização, missões diferentes e formas diferentes de louvor. As doutrinas que são ensinadas por todas as igrejas podem variar muito e há conflito óbvio entre o que uma ensina e o que outra ensina, e é o que vem acontecendo em relação à Paróquia Sagrada Família. Quanto aos nomes diferentes usados pelos grupos religiosos servem apenas para enfatizarem as suas diferenças.
VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. É Presidente da Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Email: vdelon@hotmail.com  e vanderlan.48@gmail.com

S.O.S Araguaia

O Rio Araguaia que em alguns lugares chega a ter 2.500 metros de  largura e recebe na sua trajetória mais de 12 afluentes, tem suas nascentes na Serra dos Caiapós, na divisa de Goiás com o Estado de Mato Grosso, percorre 720 km, dividindo-se em dois braços, envolvendo a Ilha do Bananal, numa extensão de 375 km, e desemboca na margem esquerda do Rio Tocantins, na divisa dos  Estados do Tocantins, Pará e Maranhão. Situado em região de transição de dois grandes biomas brasileiros, o Cerrado e a Floresta Amazônica, o Rio Araguaia caracteriza-se por elevada diversidade de habitats e, por conseguinte, por uma imensa vegetação e interessante fauna também altamente diversificada. Sua vegetação compõe-se de vastíssimos  campos, cerrados, várzeas ou campinas e alguns capões de matas e buritizais. Algumas áreas em especial, como a Ilha do Bananal e suas imediações, possuem uma exuberante fauna, com a presença de espécies praticamente extintas em outras regiões brasileiras. Essas áreas, ao que tudo indica, representam a principal zona produtiva e berçário de variadas espécies de   fauna do cerrado, além de um banco genético de inestimável valor, sem falar, é claro, dos grandes depósitos de areia que aparecem durante a grande estiagem, onde os níveis das águas baixam drasticamente formando lindas praias muito procuradas por turistas.
Para quem conhece o rio, ele é realmente lindo, todavia, ultimamente, notamos que ele está naufragando, perdendo sua própria vida, afundando em seu próprio leito, indo a pique dada as más condições do terreno que o cerca, alguns já cheio de erosões que deixam sequelas irreparáveis, todas provocadas pela ação do homem em face do desmatamento ao longo de suas margens, acrescentando-se a isso, foram vistos em anos anteriores em seu leito, imensas de dragas que foram instaladas em áreas de preservação ambiental e  hoje, por surpresa nossa, encontra-se em andamento um projeto para construção de uma usina hidrelétrica que formará uma barragem de 918 km de extensão que dista cerca de 90 km de sua nascente, formando  um lago sobre um terreno de 9,11km ou 911  hectares de terras, na região onde se localiza a Cachoeira Couto Magalhães, cuja obra, com certeza, engolirão além desta, outras pequenas cachoeiras e trará transtornos irreparáveis ao meio ambiente, bem como à fauna e flora.

Quando sobrevoei aquela região tive a oportunidade de assistir lá de cima um espetáculo sem igual. O palco mostrado pela natureza que se diversificava a cada momento penetrava em meus olhos como se eu estivesse assistindo a uma peça teatral cujos personagens eram formados por montanhas, serras, planícies, milhares de meandros, savanas, lagos e dezenas de rios a desaguarem no Araguaia; um serrado ingente circundado por densas matas e, depois, em várias localidades, imensas queimadas que, levadas pelo vento, se alastravam soltando aspirais de fumaça que lá de cima mais pereciam nuvens, e foi neste instante que compreendi porque tinha que fazer parte daquele grupo de ambientalistas e defendê-lo. Rio que inspirou e vêm inspirando muitos cantores, romancistas, poetas e até autores de  novela, então, só me resta finalizar dizendo: Vai amigo, saúda os ribeirinhos, beije as margens raizadas, leve em seu leito sua história, as folhas secas  que se desprendem dos galhos e caem sobre ti assim como  a estiagem de verão que deixam nas margens  lindas praias. Vá amigo, segue sob o sol escaldante ou o frio da madrugada, leve o cheiro inebriante da flora e matas, não se intimide, caia em cachoeira quantas vezes quiser e segue sem medo... Ouça a voz doce de Maria Eugênia e vá amigo, não há perigo que lhe possa assustar. Vá amigo...

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é Advogado com especialização em direito civil, ambiental, agrário, eleitoral e tributário; atualizou e lançou o Código Tributário do Município de Goiânia. É escritor com vários livros publicados e Diretor da UBE – União  Brasileira de Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com

Retrato do Abandono

Olhei rumo à janela e vi penetrar por entre o vão resquícios de luz do sol que    penetrava entre as cortinas brancas despedindo-se do quarto frio. Algo inesperado aconteceu e deixou-me estupefato. Uma coisa surreal. Foi como se eu estivesse vivenciando o aparecimento de uma força invisível, talvez almas penadas vindas de outra dimensão, incompreensíveis à sensibilidade humana, que se aproximaram como que querendo demarcar naquele espaço mórbido uma peça teatral, onde  entre utópicos e poesias cheias de falta de amor alguém ainda encenava naquele palco da vida o último ato e o menino de rua era o personagem principal.

Olho fixo, semblante preocupado comecei a analisar a situações que ele deve ter passado durante os seus minguados anos de vida, dos maus tratos recebidos durante sua existência e pelas implacáveis intempé-ries do tempo que lhe deixou marcas no rosto, maltrapilho, calça caída sobre a bunda, corpo franzino corroído pelo uso de drogas e a cola que cheirava para enganar a fome, outras vezes, era alimentado apenas pela ilusão dos desejos mal contidos, que lhe trazia a dor e decepções sofridas no dia-a-dia. Os conselhos e esforços empreendidos pelos familiares e amigos não o sensibilizava. As drogas e as más companhias eram mais fortes e o fazia seguir o caminho do mal. O seu semblante, quando recebia     migalhas de pão e pequenos afagos de transeuntes tornava-se angelical e até abria o seu coração para falar dos pequenos sonhos e daquilo que almejava conquistar, mas a droga sempre o tirava do caminho da retidão desviando-o para um caminho sem volta.

Quantas ruas e becos ele percorreu para se saciar-se da cocaína.  Saber que pessoas não paravam para   escutar  os seus anseios e que, levadas pelos ventos da insolência sequer se solidarizavam, outras,       viravam as costas e sequer lhe estendiam as mãos.  Mesmo assim, dotado de uma força incomum e   equilíbrio no trato com as pessoas não esmorecia, e deitado debaixo das marquises, tentava, ante ao seu infortúnio, procurar entender o porquê quando as pessoas passavam pela calçada parecerem perdidas, e ao querer se aproximar, ficavam  sempre com medo de encará-lo. Jamais souberam o que ele fazia para sobreviver às noites sombrias e à solidão.

Com o pensamento absorto e olhos tristes voltados para um ponto qualquer do quarto, lembrei-me do último suspiro do jovem Tição, como era chamado pelos outros meninos de rua. De repente uma espécie de gelo revirou o meu ser e os meus pensamentos tentaram se aflorar na região recôndita de meu cérebro no afã de me tornar um testemunho do amor que ele, antes de se drogar, dedicou à família, e por outro lado, tentar entender o motivo de sua peregrinação pelo mundo das drogas, pois possuía boas condições financeiras e tinha um mundo brilhante à sua volta. Hoje, ao dedilhar o teclado do computador e embasado numa análise fria constatei que enquanto alguns meninos enrijeceram a musculatura do coração com o temor travado de emoções impacientes, outros, como o Tição, sequer aceitaram enxergar a nobreza dos laços verdadeiros que jamais iria desfazer-se diante dele que, antes de se drogar, procurou  caminhar com dignidade pela estrada da vida e que de modo algum merecia estar ali , inerte, abandona-do pela sociedade, sem expirar seus últimos sentimentos, enquanto o corpo jazia estirado sobre o chão poeirento e frio de um beco. 

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambien-talista. Presidente da ONG Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com

Pontos polêmicos do código florestal

Eu estava preparando um artigo para o Diário da Manhã quando me deparei com o noticiário da TV Câmara mostrando o adiamento da votação sobre o novo  Código Florestal. Pensei: Esse adiamento foi muito positivo, pois dão a todos o tempo necessário para ampliar o debate e ouvir os anseios da população através de seus representantes legais. Naquela discussão plenária transparecia haver uma idéia retardada de que o debate era de interesse apenas de ruralistas e ambientalistas, quando na verdade ele é o desiderato e anseio de toda a sociedade brasileira, ambientalistas ou não.
Durante um debate dias atrás, captei muitos pontos relevantes, mas, percebi também a quantidade de argumentos sem nexo usados pelo Deputado Federal Aldo Rabelo, facilmente rebatidos pelos  lídimos representantes ambientalistas, pois todos sabem que o código visa proteger florestas, rios, córregos, nascentes e encostas e não aumentar a área para que os  ruralistas possam aumentar a produção, pois este fim pode ser alcançado por outros meios como por exemplo, promovendo a reforma agrária e fazendo dos latifúndios improdutivos áreas cultivadas e com suas reservas legais devidamente preservadas e recuperadas.
E é óbvio que a falta de florestas aumenta os deslizamentos e enchentes.

Sem vegetação, a área fica completamente desprotegida e provoca erosão. Toda a terra que se desgasta logicamente vai para as áreas mais baixas, como o leito dos rios, causando inundações. Sem falar da queda de barreiras nas estradas de onde se desprendem enormes pedras que caem sobre as rodovias, assim como de desmoronamentos de construções nas encostas que provocam tragédias fatais quando do período de chuvas torrenciais ou  mesmo as finas ininterruptas.

Mas vamos falar do que interessa: os pontos polêmicos e mudanças propostas no novo Código Florestal.
As áreas de Preservação Permanente, denominadas de APPs, que são as florestas e demais formas de vegetação natural, situadas ao longo dos rios e cursos de água ou que envolvem nascentes e olhos d`água, nos topos de morros, montanhas e serras, nas encostas com declividade superior a 45°, nas restingas, nas bordas de tabuleiros ou chapadas e nas altitudes superiores a 1.800 metros têm a seguinte proteção no Código atual: a) rios e córregos devem ter, no mínimo, 30 metros de áreas preservadas em suas margens, a mata ciliar, e as áreas desmatadas precisam ser recuperadas. Na proposta colocada em discussão para ser votada a área mínima de preservação das margens caiu para apenas 15 metros para rios com até 5 metros de largura e os Estados podem propor diferentes medidas de acordo com levantamentos locais; b) áreas de encosta, topos de  morros e várzeas não podem ser desmatadas, segundo o atual texto.

O texto a ser votado prevê que cada Estado da federação poderá propor plantio em encostas e topos de morros de acordo com a necessidade. Ou seja, ao invés de manutenção do ambiente natural nas encostas poderá haver exploração florestal por meio de cultivo. As áreas de várzea não são mais consideradas de proteção permanente e podem, quando necessário, serem utilizadas para fins agropecuários; c) destacamos também que as áreas de Proteção Permanente não fazem parte do cálculo de reserva legal. Atualmente todo     proprietário rural tem a obrigação de manter no mínimo 20% da propriedade com vegetação original. A recuperação dessas áreas desmatadas, segundo a previsão da lei, deve ser feita com espécies nativas. Na nova proposta as Áreas de Proteção Permanente podem ser descontadas do cálculo da reserva legal     obrigatória; d) as propriedades de até quatro módulos fiscais (diferente em cada região do país), de acordo com a proposição aprovada, não precisam mais manter uma reserva legal. Dependendo do caso, propriedades no cerrado amazônico podem ter apenas 20% de reserva e, para recuperação de áreas desmatadas, poderão ser utilizadas espécies exóticas como o eucalipto e pinus.

Outro aspecto que precisa ser destacado é o controle estatal sobre essas exigências legais. Por exemplo, todo o proprietário precisa registrar a área de reserva legal e, em caso de devastação, é obrigado a       recompor a área de proteção estando sujeito à multa e outras sanções.

 VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é Advogado, ambientalista, escritor, Presidente da Visão Ambiental e Diretor da UBE – União Brasileira de Escritores. Escreve todas as quartas-feiras. Emails: vdelon@hotmail.com e Vaderlan.48@gmail.com.

Padre Luiz entre o amor, a inveja e a caneta.

Liguei o carro, sintonizei uma rádio que tocava música gospel e segui rumo a Paróquia Sagrada Família com o pensamento absorto que ia e voltava como se fosse um tsunami esmagando de minha memória cada    momento vivido,  enquanto o meu corpo dormente enfrentava uma manhã quente em razão das noites intermináveis.  Imbuído de um desiderato  efêmero quanto a um sopro de vento, busquei inspiração aos céus e ao evangelho para escrever este artigo pois sei que se trata de assunto sério e importante para a nossa comunidade cristã. Com o corpo cansado e memória estimulada que me cobra precisão, nem vi o tempo levar o domingo   ensolarado que passou tão veloz quanto o trem da saudade e que se rompeu nos trilhos do destino sem deixar vestígios e muito menos para mim que embalado pelo descontentamento inerente a transferência do Padre Luiz Augusto da Paróquia Sagrada Família, também rompi-me.

Desci o vidro, encostei o meu braço sobre o vão quadriculado, estacionei o veículo à sombra de uma árvore milenar para esperar o início da missa. Cochilei. Em segundos, senti meus olhos se direcionarem ao céu encoberto por pequenas nuvens negras, e no meio delas, o sol ainda conseguia enviar à terra pequenos retalhos de luz. De repente senti-me flutuando no espaço e o meu corpo   subir rumo a uma estrela cintilante, e tenaz quanto a um menino com vontade de voar, encontrei lá em cima fragmentos de relatos esquecidos pelo tempo onde se podiam ouvir tudo e até vozes solitárias que chegavam  até a mim expondo a decepção de todos os paroquianos em face de uma suposta transferência do Padre Luiz. Lá embaixo visualizava um povo agitado correndo pelas ruas de Vila Canaã pedindo repetidas vezes: Por favor! Assine este abaixo-assinado, eles querem nos    tirar o Padre Luiz!

Breve como a um pássaro que foge de seu ninho em busca uma nova morada do outro lado do rio, meu corpo continuou flutuando pelo espaço afora, passando pelos desfiladeiros da vida e eu ia enxergando lá embaixo as grandes obras sociais construídas pelo Padre Luiz Augusto:  a Casa Bom Samaritano, a Casa Pobre de Deus, a Casa Mãe de Deus, a Casa de Nossos Pais, creches, consultórios, abrigos para idosos, alcoólatras e usuários de drogas, além das obras evange-lizadoras, todas construídas e coordenadas por ele.

Olhando as belezas descomunais da terra, do  universo e as  pessoas promovendo abaixo-assinado e petições públicas enviadas via ON LINE en-tendi que todos vêem a sua importância espiritual e de não admitirem a idéia de recuar um passo em face a hipocrisia reinante ante tantos esforços empreendidos por um sacerdote de valor e de seu    sacrifício para manusear o sal que temperou o pão de cada dia e lhe conservou a têmpora de genuíno missionário, de um benfeitor espiritual, dedicado, sério, amoroso e que sempre teve como alicerce de sua vocação desde que assumiu a Paróquia no dia 21 de março de 1996, o lema: “EU VIM PARA SERVIR E NÃO PARA SER SERVIDO”
Incrédulo diante de tanta insensatez, que dizem partir da Arquidiocese de Goiânia, que possui o poder da caneta, em certos momentos, mesmo sabendo que invejosos são muitos, nem acreditei, mas mesmo assim me senti perdido atrás da sombra daquele cochilo. Acordei.  Assisti à missa, assinei o documento e voltei para casa apressadamente. Entrei e de imediato me dirigi ao computador para escrever a externar a minha insatisfação, sempre entendendo que o amor e a verdade navegam em águas mansas e conseguem remontar o que os invejosos, falsos testemunhos e sacerdotes vêm tentando assumir uma paróquia construída com muito esmero, arrojo e parceria da comunidade, e agora, depois de reconstruída, confortável e bela, eles a querem. Aí eu questiono: Por que ao invés de transferi-lo a Arquidiocese não exige dos outros sacerdotes o mesmo arrojo, mais ação, força de vontade, espiritualidade e desprendimento junto às suas paróquias?

 A verdade e o amor seguem longas milhas, mas não se perdem no instante em que o povo entende que o seu sacerdote, um homem de Deus, dedicado e desejoso de viver deve ficar e continuar sua obra. Os ventos podem mudar de direção, mas os olhos espertos dos paroquianos que são milhares teimarão em mostrar às autoridades arquidiocesanas as cenas de tristeza ante as dificuldades encontradas ao longo dos anos e as alegrias com as vitórias alcançadas por este jovem e abnegado sacerdote. 

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. É membro da UBE - União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com

O menino, o machado e a motoserra.

Detrás daquela densa neblina o pai viu seu filho com pouco mais de  dezesseis anos, pegar o ônibus que todos chamavam de “Jardineira” deixar a pequena cidade de Brogodó em busca de estudos e de um mundo melhor na  Capital. Pela estrada de chão, esburacada, o veículo deixava para trás uma poeira fina que se esparramava pelo espaço com o auxílio do vento, apagando imagens do passado, como se nela estivesse impregnada a borracha do tempo. Sacudido pela trepidação ainda assim o menino sonhava. Noutras jardineiras, em outros rincões, talvez, outros meninos: o Antonio, o Leandro, o Marcos, o Elifas, o Carlos, o José e tantos outros,  também sonhavam com um mundo melhor. Pela fresta da janela passava o vento e ele sentia sua mente contabilizar os quilômetros emplacados estrada afora, e de forma sublime, seus olhos       contemplarem a natureza exuberante, cujos vales, serras, rios e matas iam passando vagarosamente à medida que o ônibus seguia rumo ao seu destino.

Alan parecia assistir a um filme velho, cujos atos já tinham sido encenados por outros meninos no teatro da vida, e em cujo palco, podia atropelar os mais sensíveis seres e fazê-los vagar em   memórias nostálgicas, cortadas apenas pelas sensações advindas do pôr-do-sol que tem o poder de trazer à mente o desejo de mergulhar novamente nas águas passadas com o fito de esquecer o próprio presente. Aquele machado manuseado pelo seu pai causava-lhe espanto. A árvore que plantara no fundo do quintal, com suas folhagens verdes, onde se recolhia à sua sombra para se    proteger do sol escaldante, fora cortada sem piedade para tornar-se mais uma num amontoado de carvão de lenha. Infelizmente, em todas as épocas são assim. O ser humano sempre depredou a    natureza com suas foices e machado até chegar à modernidade, a qual, com a industrialização da     motoserra e tratores com suas imensas e grossas correntes,  hoje arrasam florestas, destroem tudo em poucos minutos. Minutos que deixam todos estupefatos e sobre a relva, apenas galhos ressequidos acompanhados do silêncio de morte que se dissipa com o uivo enganador do vento.

Quantas vezes o menino prosternou-se por terra à sombra de uma mangueira dormiu e sonhou. Um sonho ingênuo de menino, mas, pelos menos, naqueles minutos, sentia-se reconfortado e acalentado pelo afago do vento que acariciava seu rosto. Mesmo no mundo dos sonhos muitas vezes não teve condições de ser feliz, pois se sentia perturbado pelo barulho ensurdecedor de um machado e depois com o zunido de uma motoserra. Quantas vezes ele sonhou alçando voos mesmo sem ter asas para voar e proteger a jabuticabeira, a mangueira, o abacateiro e árvore que plantara no fundo do quintal, cheia de ninhos e pássaros. Ainda bem que o cérebro de seu pai era diminuto, pois demorava meses para encontrar o machado e não sabia manusear com perfeição a motoserra.

Certo dia, bem cedo, como de costume, começou a derrubar o abacateiro. Levou mais de cinco dias, porque não estava habituado a manejar machados, as suas mãos calejaram, sangraram. Adquirida a prática, limpou o quintal e descansou aliviado.  Ainda insatisfeito, saiu de machado em punho para o pasto. Onde encontrava árvore, matos, atacava e juntava os galhos, deixando-os em monte de lenhas para depois produzir o carvão.
O homem do machado descobriu que podia ganhar a vida e aumentar o seu patrimônio.     Comprou uma motoserra. Onde precisassem derrubar árvores, ele era chamado. Ficou famoso na região. Ganhou muito dinheiro. Importou tratores e comprou  imensas correntes e as árvores agora era derrubada em montão. Não ficava nenhuma em pé. E onde encontrasse uma mata, lá estava o  depredador com o machado e a motoserra, já aposentados, enquanto o trator com suas imensas e grossas correntes ia arrastando tudo que se encontrava pela frente.
O tempo passou. A região devastada se transformara num deserto, o córrego secou, a terra   calcinada, improdutiva. E então, o prefeito para remediar, mandou buscar pessoas especializadas para tornar as terras desérticas novamente em terras férteis. Um órgão governamental determinou o replantio de árvores. E enquanto as árvores plantadas cresciam o depredador já tinha perdido toda a sua fortuna, e o seu filho, engenheiro florestal e ambientalista, fazia parte da equipe enviada pelo governo. VANDERLAN

DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. É Presi-dente da Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Escreve todas as quartas-feiras. Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com

Movimento comunitário, é hora de arregaçar as mangas




O valor de um povo está nas causas que abraçam, nos projetos que constroem em prol de sua comunidade e nas histórias de sua luta insana, onde carrega o suor, as lágrimas e as alegrias que lhe proporciona quando seus líderes conseguem alcançar objetivos e benefícios em prol de seus bairros junto ao Poder Público. 

Na edição do dia 11 de junho o jornal Diário da Manhã estampou foto do governador Marconi Perillo com líderes comunitários, fato ocorrido frente ao Palácio das Esmeraldas, logo após o almoço oferecido por este em palácio. Conheço a maioria das pessoas que lá compareceram, pois fiz e faço parte desse glorioso movimento desde o tempo do saudoso governador Henrique Santillo onde todos eram prestigiados de uma forma respeitosa. Tenho profunda admiração por todos, porque durante este lapso de tempo os vi carregando debaixo do braço pastas elásticas surradas cheias de requerimentos enviados aos Órgãos Públicos pleiteando benefícios para suas regiões. 

Hoje, a corrida deles não é contra o tempo. É com o tempo. Sabem que o futuro é agora, o presente já é quase ontem e o passado é a história construída por cada uma deles. O governador além de se comprometer em ceder através de comodato um local para que as entidades FEGAM E CCAB possam instalar suas sedes, também prometeu ajudar na assistência jurídica, contábil e logística para que elas possam se organizar e  ajudar  no ordenamento jurídico e contábil das associações de moradores de Goiânia e de todo o Estado,  assim como de outras entidades que futuramente venham se filiar e participar desta grande arrancada democrática em prol de um movimento representativo que trabalha diretamente com o povo carente.

 
È o momento de todos usarem a sabedoria, pois quando se lutam com sabedoria, tem sempre o tempo a favor. Mesmo nas horas mais difíceis, em momentos de turbulências e vendavais, diante das mais terríveis tormentas e tiranias sociais, e agindo com coerência, respeito mútuo e sensatez, todos sairão fortalecidos, porque o saber está para o ser humano como está para o vinho. E que as suas lutas, seus ideais e projetos de vida sejam vitoriosos, rumo a um tempo de união e paz que hoje se frutifica e que cada semente possa  fortalecê-los, e sem picuinhas, venham fazer parte de uma sociedade mais cooperativa e solidária, como se vislumbra na proposta encaminhada e aceita pelo Governador.

O projeto, se não sofrer interferência de pessoas negativistas, aquelas que torcem para que nada dê certo; se for abraçado com respeito mútuo e carinho pela comunidade, sem ciúmes ou picuinhas, realmente irá inovar, vai dar uma nova concepção ao trabalho de parceria entre o poder público e privado, e logicamente, portas se abrirão também àqueles líderes que têm dificuldades para cobrar de órgãos governamentais, e caso a idéia alcance o objetivo esperado, as  associações  sabem que terão a FEGAM  e CCAB para intermediar junto ao Governo os pleitos de interesse de suas regiões, não obstante lembrar que, conforme foi noticiado, o próprio governador  irá a comunidade para ouvi-los. 

Construir uma nova visão de administração tendo como parceiros o movimento comunitário é um sonho de todos e a cidade é que vai lucrar com essa parceria, cuja propositura se tornou tão iminente e inevitável. O governo quer colaborar como já colabora o Diário da Manhã com a criação da página OPINIÃO LIVRE estritamente voltada em defesa dos bairros. É hora de arregaçar as mangas. É o momento oportuno para o reencontro de líderes do passado com os do presente e juntos, respeitarem os princípios estabelecidos nos estatutos da entidade; possam estimular e respeitar a autonomia das organizações filiadas e dos indivíduos que a compõem; possam defender a livre manifestação de idéias e de organização; possam respeitar o      pluralismo social e cultural de cada região e tornarem-se mais humanos e solidários, onde cada pessoa se torne verdadeiramente representante do povo e não massa de manobra a rastejar como cobra impedidos de usar o saber e acoplar no corpo as asas da imaginação.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. É Presidente da Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Escreve todas as quartas-feiras. Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com

Novamente o tiro saiu pela culatra.

Semana passada sai novamente com os amigos para caçar capivaras. Armado com uma espingarda cano longo, presente doado pelo meu pai, seguimos rumo ao local de costume. Andamos alguns quilômetros até chegarmos a uma ribanceira perto do Rio Seco, onde elas costumavam parar e saciar a sede. O sol já se escondia no horizonte  trazendo para aquele pedaço de chão prenúncio de uma noite fria.  Quieto e amparado nos galhos de uma árvore milenar o velho amigo Torquato armou a espingarda ficou à espreita. Desta vez não quiseram que eu manuseasse a arma. Era quase noite e o silêncio foi cortado por um intenso barulho no meio das folhagens e na beira do rio, vimos à manada de capivaras. Torquato mirou por entre as folhagens e atirou. Foi um estrondo ensurdecedor e suas mãos calejadas e rosto imberbe ficou todo chamuscado de pólvora e quase perdeu o dedo indicador. O fundo do cano (culatra) da espingarda explodiu novamente a bicharada saiu em disparada mata à dentro. Contrariado, desceu do galho dizendo que eu não tinha limpado a arma ou jogado praga. Contive o sorriso, mas, me senti vingado. Voltamos para a fazenda sob as chacotas dos amigos. Colocamos fogo num feixe de lenha para amenizar o frio e todos sorridentes e dando gargalhadas, desistiram de caçar e para matar a fome, Carlos enfiou no espeto um franguinho que já tinha sido depenado por sua mãe Filomena.

Dias se passaram e até hoje nunca entendi o porquê daquele tiro ter saído novamente pela culatra, mas, fiquei perfeitamente convencido que muitas coisas na vida se não forem bem cuidadas, corrigidas, bem    analisadas podem levar as pessoas cometerem asneiras principalmente quando, no afã de destruir alguém, fazem  denúncias  descabidas e produzem documentos apócrifos; pronunciam palavras prolixas e chavões que a maioria das vezes  também “saem pela culatra” e  o veneno é ingerido pelo próprio agressor.  Naquele dia, ao ler o jornal Diário da Manhã me deparei com o seguinte título: “CPI DO ROMBO” que investiga o  fechamento das contas do Governo Alcides. No texto, o jornalista comentava sobre o silêncio e contradições de seus ex-secretários.  Comparando com a mancada que dei ao manusear aquela arma fiquei perfeitamente convencido de que a minha história em relação a esse déficit existiu apenas num aspecto, ou seja, não tive o cuidado novamente de limpar a velha arma.

No caso do endividamento foram vários os aspectos e não há espaço aqui para numerá-los. Entretanto, em síntese, é público e notório que as afirmações do ex-secretários da Fazenda Jorcelino Braga e Célio Campos, Sinomil e do próprio Governador Alcides Rodrigues foram feitas com o objetivo de desestabilizar a candidatura de Marconi Perillo, e é fácil o discernimento, pois, ao ler a matéria pude constatar que a CPI do Endividamento à época, realizou um  trabalho sério e o mesmo foi   corroborado por informações fornecidas pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás que agora reprova as contas apresentadas pelo ex-governador.

Contrariado em ver os desmandos desses nefastos homens públicos, olhei pela fresta da janela e vi pousar no fundo do quintal, na ponta de um galho seco, um pássaro esquisito. Ele cantou e seu assobio era triste e assombroso. Sob a luz fosca encoberta pela neblina, não deu para ver muita coisa. Mas, ele, sem se importar com a minha bisbilhotice, continuou cantando noutro galho, e quando o sol se esquentou, a neblina desapareceu e aí eu pude notar que era um urutau, escuro com uma mancha branca na asa. Ele perdeu aquele galho seco de formato palaciano, motivo de seu canto melancólico. Perguntei as mim mesmo: o que simbolizava aquele urutau sentado na ponta daquele galho seco, com o bico voltado para cima, de forma camuflada, que mais parecia ser a extensão daquele galho.

Tinha jeito de mandatário maior, mas pela sua fisionomia, mais parecia um ser abandonado pelos “amigos da onça”. Talvez nada me surpreendesse se aquele pássaro estivesse ali representando a figura de um ex-governador que alardeava ter deixado um equilíbrio financeiro para o seu sucessor e hoje vimos que tudo não passou de uma balela. Apenas inventaram uma “fórmula” evasiva para confundir a opinião pública.

Ao ler a matéria fiquei mais contente e não me senti mais constrangido em relação à situação vexatória deixada pela minha espingarda, haja vista que a farsa montada pelo governo estadual e seus asseclas também saiu mais uma vez pela culatra.           
VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. Presidente da Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Escreve todas as quartas-feiras.  Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com

O silêncio do Monjolo

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Peço licença ao leitor desta vez para entrar na parte mais íntima do ser humano: a alma. Abro o computador e vou digitando um amontoado de letras, imbuído do   desiderato de quando elas se ajuntarem, poder adentrar em seus olhos e chegar à região recôndita do cérebro, tocar-lhe os mais puros sentimentos com mais uma  história, de uma coisa que marca o tempo na água, que entoa com os cânticos dos pássaros,  com os latidos de cães, com o bramido de outros animais silvestres, os gemidos dos bezerros que mamam com sofreguidão que, acompanhados de um som suave de água cristalina que outrora descia célere sobre uma calha e caia sobre um  cocho, fazendo-o curvar-se com o peso da água e elevar a sua haste: o monjolo.

Perto daquela árvore milenar passava um rego cheio de água límpida que há anos resistia às intempéries do tempo. Eu era um adolescente que enxergava o amor nas mínimas coisas e anotava tudo num caderno repleto de frases poéticas, próprias de um sonhador.  À medida que o monjolo captava a água através do pequeno cocho, abria o peito, escutava as batidas compassadas dele, sentia o vento desarrumar os meus cabelos e  movimentar as folhas das árvores. O sol queimava meu o rosto e o peito nu, mas, mesmo assim, me deliciava ao vê-lo descer suave no horizonte longínquo, assim também como a lua, que antes de aparecer ensaiava uma subida triunfal, saindo soberba detrás dos montes com seus raios multicoloridos. Sentia uma sensação inigualável, inexplicável e algumas vezes, me revigorava ao ver o rosto angelical daquela menina-moça se refletir por entre as folhagens das árvores floridas retalhadas pelos raios solares nas encantadoras manhãs de primavera. O seu sorriso e o som emitido pelo vai-vem do monjolo, me inebriavam  e integravam aquele cenário bucólico, que de tão perfeito, parecia onírico. Mas, ao recordar desses tempos idos e relembrando as caminhadas pela “estrada” da vida, passei a enxergar certas coisas de uma forma, mas, hoje, calejado em face da labuta cotidiana, vejo de outra, não porque tudo tenha mudado, mas sim porque a minha forma de interpretá-las mudou. Percebi que durante a infância e a adolescência tinha sonhos, agora adulto, passei a ter objetivos e viver outra realidade. 
 A “estrada” da vida se esticou assim como o tempo que passou sobre os nossos corpos corroendo-os sem dó.  Deixamos para trás muito choro sufocado e muita injustiça para ser vencida. Mas, seja qual for à estrada e em que parte dela a dor deve ser curada, sabemos que ela nos conduzirá ao mesmo lugar e trafegar sobre ela é o que se questiona. Podemos até passar rapidamente ou devagar sobre ela, não importando a   velocidade que   imprimimos. Podemos causar impactos, sentimentos vários nas pessoas ou em nós mesmos. Podemos encontrar durante nossa caminhada dias nebulosos, ventanias, sol extremamente quente, noite e dias frios, pedras, espinhos e até pessoas que passam por esta mesma estrada, umas com semblantes rancorosos, outras distraídas, falsas, vaidosas, ciumentas, egoístas e outras cheias de amor, mas, todas     sabendo, que no final da “estrada” da vida teremos o mesmo destino: rostos carcomidos pelas intempéries do tempo, para não dizer que chegamos à velhice e como final, a morte, para uns, o descanso eterno, para     outros, é vida nova no paraíso.
E pensar que ainda hoje, em pleno terceiro milênio, possamos encontrar o monjolo, silencioso, apodrecendo-se num barro fétido, porque o rego de água secou em face da insensatez humana; ouvimos o cântico   enlutados dos pássaros  nos galhos ressequidos; vemos florestas devastadas, rios poluídos  e campos arenosos e  depois,  lembrar quanto pilões que socavam  milhos, arroz, café e amendoim se sucumbiram ao  tempo, marginalizados, esquecidos...  – quantas famílias sobreviveram do trabalho gratuito do monjolo e que hoje perambulam pelos campos à mercê da fome, do frio e da doença, por mero descaso daqueles que, por corrupção, egoísmo, desumanidade, fome de poder, enfim, por ausência absoluta de Deus em seus corações, geram e massacram esse povo trabalhador, deixando-os silenciosos como aconteceu com os “monjolos da vida”. . .

VANDERLAN DOMINGOS DE  SOUZA é advogado, escritor, ambientalista. Presidente da ONG Visão Ambiental e diretor da UBE - União Brasileira dos Escritores. Email: vdelon@hotmail.com e vanderlan.48@gmail.com

Descrença e desmotivação na sagrada familia.

Nesta segunda-feira acordei meio sonolento, pouco depois do toque da sineta do Colégio Lyceu de Goiânia, mas, feliz por ter participado no final da tarde de   domingo da grande concentração de fé na Praça Cívica e passeata até a Igreja Matriz. Como de costume dei uma folheada no jornal Diário da Manhã e logo na primeira página uma foto da passeata mostrando mais de seis mil fiéis. Com o coração em júbilo, lembrei-me de um artigo publicado anteriormente intitulado “Com tristeza e obediência” onde nele se destacava o bispo auxiliar Dom Waldemar Passini celebrando a missa, e a seu lado, sem conseguir esconder a emoção, o padre Luiz o auxiliava e certamente, com lágrimas nos olhos, assim como todos os paroquianos, que não acreditando no que estavam presenciando, participaram  incrédulos. O vocal naquele dia ficou “engasgado” e nem som teve a mesma qualidade. O padre Luiz cabisbaixo, triste e humilde permanecia inerte, com o olhar perdido na escuridão de seu próprio ser.

Não entendendo a política que impera na igreja católica, tentei ignorar a ausência de tão grande    desrespeito que me deixou descrente e desmotivado. A descrença que me toma a alma não é alheia a minha vontade e tem motivação. Todas as pessoas que vão à Paróquia Sagrada Família crêem em Deus, mas tem o Padre Luiz como pai e motivador, benfeitor espiritual e sabem que ele cumpre fielmente seu papel aqui na terra.

Certo dia, fiquei impressionado quando o meu sobrinho Túlio, tão novo, se rebelou contra o padre só porque ele tinha ralhado com seu filho durante a celebração e depois, pressentindo que tinha errado e entendendo a amplitude daquele ato em prol da educação de seu filho retorna à igreja e agora, assiste todas as celebrações; é ativo participante e colaborador.  Atitudes como estas são muitas, como são   todas as ações sociais desenvolvidas pelo Padre Luiz e o lado cristão de cada ser humano freqüentador daquele ambiente que renasce a cada dia porque todos vêem motivação em suas ações e aí não tem   descrença. Por outro lado, entendo que a igreja católica graças às atitudes impensadas, talvez ainda   oriundas de um tempo que já não existe mais, tem que rever os seus conceitos, pois hão de se convir que estamos vivendo num  mundo moderno e altamente sofisticado. Sabemos que muitos conceitos já ruíram por terra e se adiada essa revisão, o custo disso, o tempo se encarregará de dizer.

Em qualquer tipo de trabalho quanto maior for à motivação, melhor serão os resultados. A motivação diária é uma qualidade que faz diferença em qualquer lugar, até mesmo na convivência com pessoas difíceis. Motivados superamos adversidades e os sonhos tornam-se realidade. E isso o padre Luiz têm de sobra e ”tira de letra” todas as barreiras que se encontram pela frente, tanto que reconstruiu a igreja e fez várias obras sociais de grande relevância social, e muitas vezes, diante das dificuldades, nem conseguia falar e os olhos enchiam de lágrimas quando tocava no assunto durante a missa. 

 
Sei que estou insistindo novamente sobre um assunto de suma importância para a comunidade Sagrada Família e que talvez nem seja possível discutir aqui, em seus pormenores porque desconheço o que se passa por detrás das cortinas; mas, imbuído do desiderato de melhor servir e para não confundir e nem ferir ninguém, procurei economizar espaço, limitando-me a reiterar o pedido de não transferência do Padre Luiz, que para mim é insubstituível. Podem passar tempos e tempos e surgir novas gerações de sacerdotes que este é e sempre será um assunto infeliz, mas de grande relevância social.
Quanto a mim, motivos não me faltam para afirmar isso: se o Padre Luiz deixar a paróquia, também deixarei. Sugestão: Se querem o crescimento e melhorias para outras comunidades, coloque os  padres que serão transferidos para estagiarem com o Padre Luiz na Paróquia Sagrada Família. Se  tiverem o mesmo desprendimento, amor ao próximo, dinamismo, rigor, exigência, perseverança e o trabalho renovador junto às famílias carentes de outros bairros, acredito que, se resistirem e conseguir  alcançar tudo isso, poderão ser designados pela Arquidiocese.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado, escritor, ambientalista, e Diretor da UBE – União Brasileira de Escritores. Email: vdelon@hotmail.com.

De olho no Depredador

Nuvens negras pairavam ameaçadoras. As aves recolhiam-se aos seus aposentos no topo das árvores. Trovões ensurdecedores abalavam o horizonte atordoando os pássaros e todos os seres viventes, O meu prédio estremeceu mesmo construído  sobre alicerces rígidos. Choveu sobre toda a nossa cidade. Uma chuva densa e instantânea  que pegou todos de surpresa. Uma chuva corriqueira, passageira, mas, tão forte, que levou os entulhos das calçadas e entupiu bueiros. Apenas uma chuva que veio para inundar caminhos, encharcar corpos e levar na enxurrada o humo da terra. Foi tanta água a cair que a ambulância mal conseguiu mostrar seu pisca-pisca vermelho detrás da cortina de chuva. A minha respiração junto à janela embaçou o vidro, enquanto gotículas de chuva, destemidas, se debateram ruidosamente sobre ele, emitindo um ruído aquático como que querendo delimitar as distâncias insondáveis, enquanto no fundo da sala a televisão mostrava cenas horripilantes das catástrofes ocorridas na Indonésia, Chile e Japão.
Cada gota que se espatifava no vidro da janela parecia querer nos mostrar que éramos apenas inquilinos,   forasteiros, estrangeiros em nosso próprio planeta. A cada som era como se estivéssemos cultuando as     tradições que não são nossas, as origens que são dos outros e nos deixam envergonhados dos crimes contra a mãe natureza. Mortificamo-nos eternamente pela exterminação diária da fauna e flora, pela desertificação de áreas, pela crescente e desordenada urbanização e diminuição de áreas naturais por desmatamento, degradação e assoreamento das cabeceiras, queimadas e poluição por resíduos de toda natureza que são   algumas das ameaças para o nosso planeta. Somos invasores das florestas, cerrados, rios e depredadores de nossa própria moradia: o planeta Terra.
 Fiz questão de relembrar desses momentos com enfoque de estimular a preservação, o desenvolvimento sustentado, a integração do meio ambiente, dos recursos naturais, dos recursos hídricos e do turismo, defesa e recuperação ambiental do Estado de Goiás, e naturalmente, a defesa do Rio Araguaia, onde com autorizo do IBAMA, pretendem construir uma usina hidrelétrica que causará um impacto ambiental de imensas proporções, pois, além do desaparecimento de mais de 20 cachoeiras, o ciclo reprodutivo da fauna e da flora  sofrerá alterações e diante deste fato, a nós ambientalistas, não nos restaram  outra alternativa senão em   propor a criação de uma ONG  para intensificar a luta contra esses desmandos contra a natureza. E esta ação conjunta ocorreu no dia 25 de abril de 2011, findo, no Auditório Costa Lima, na Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, com a presença de abnegados ambientalistas, representantes de várias entidades que lutam pela preservação do meio ambiente e líderes comunitários da grande Goiânia. Ela recebeu a denominação de Associação de Agentes Ambientalistas em Prol da Preservação e Defesa do Meio Ambiente no Estado de Goiás, o nome de fantasia VISÃO AMBIENTAL e slogan: DE OLHO NO DEPREDADOR.
Para finalizar, já que viagens retrospectivas relativas ao meio ambiente intacto, preservado e salutar à   nossa sobrevivência  há décadas só acontecem em nossa imaginação, nos álbuns de velhas fotografias e   cartões-postais amarelados pelo tempo, achei por bem,  ao encerrar esta crônica, citar os versos de Casemiro de Abreu:  ”Oh que saudades que eu tenho/da aurora de  minha vida/da minha infância querida/ que os anos não trazem mais” com o fito de homenagear os saudosistas de plantão, ambientalistas e todas as pessoas que, indistintamente, lutam pela preservação da  natureza e que certamente procurarão fazer parte desta ONG, para juntos, ficarmos de olho nos depredadores.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é Advogado, ambientalista, escritor, Presidente da Visão Ambiental e Diretor da UBE – União Brasileira de Escritores. Emails: vdelon@hotmail.comVaderlan.48@gmail.com

De olho no código florestal

Li e reli as propostas para alteração do Código Florestal. Ao findar a leitura constatei que as mudanças incorporadas pelo Deputado Federal Aldo Rabelo (PCdoB-SP) desagradam ambientalistas, que enxergam  no texto apresentado uma série de brechas, intenções duvidosas e interpretações dúbias que se não forem corrigidas podem autorizar desmatamentos e outros impropérios contra a natureza. Destarte, quando se fala em preservação da natureza, qualquer legislação relativa a ela, assim como o direito do povo de usufruir de um ambiente ecologicamente equilibrado mas, vê ferida a Lei dos Crimes Ambientais, há de se entender que não pode haver retrocesso, e no que tange a situação em tela, o relatório do deputado retrocede e atenta contra o desenvolvimento do meio ambiente já previsto na Carta Magna.

Os ruralistas, no novo texto, são obrigados a recompor as matas ciliares, proibição de desmatar áreas mesmo em propriedades com excedentes de vegetação obrigatória, as quais, doravante, apenas a União terá a prerrogativa de permissão que anteriormente eram dos Estados e Municípios. Contra as propostas de Aldo Rabelo pesam “várias concessões” aos produtores rurais e uma delas é a isenção de APP em  todas as  áreas até quatro módulos fiscais (de 20 a 400 hectares segundo a região do País). Outra, a desobrigação de recomposição das RLs nessas áreas, além da concessão de “anistia” de multas e punições aos produtores rurais inscritos no cadastro (CAR) e no programa de regularização ambiental (PRA), que também desagrada os ambientalistas.

Revendo o velho Código Florestal constatamos que ao longo dos últimos anos uma das medidas de proteção à natureza adotada pela legislação Ambiental foi à determinação de que a Reserva legal, porção de terra de mata nativa, de cada propriedade deveria ser averbada (registrada) em Cartório. A partir de então, deveria ser preservada e seu uso não poderia mais ser alterado. Caso esta área já tenha sido        devastada, caberia ao proprietário recompô-la, com plantio de novas árvores da região. Aqueles que    descumpriram a legislação ambiental ao longo dos anos poderão ser anistiados, de acordo com o novo texto.

Por que as entidades ambientalistas estão de olho no Código Florestal? Elas sabem que por trás do discurso de apoio ao pequeno agricultor e à agricultura familiar estão, na verdade, nefastos interesses em prol da exploração acelerada de recursos naturais. O relatório do nobre Deputado fragiliza áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional, como a biodiversidade, os recursos hídricos e florestais, e desrespeita a diversidade sociocultural e o conjunto dos ecossistemas, comprometendo o ambiente global, como é o caso da construção da usina hidrelétrica no Rio Araguaia.  O envenenamento do solo, poluição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade, aumento acelerado da desertificação, a escassez progressiva da água potável devem ser severamente controlados pelo Código Florestal. E no que tange a proposta de redução das APPs sobre matas ciliares, várzeas, encostas e topos de morro, caso seja aprovado, pode trazer tragédias devastadoras como a que aconteceu no Rio de Janeiro, Niterói e em    outras regiões do País.

No relatório, equivocadamente, o Deputado Aldo Rabelo disse que seria necessário ocupar mais e mais áreas do território nacional para garantir a competição agrícola e a produção de alimentos para todos os brasileiros, o que quer dizer que, a partir da exceção, permiti-se que todas as áreas com redução das APPs podem ser invadidas e degradadas. Ainda bem que o Código ainda está em discussão. Até as pessoas menos esclarecidas sabem que o desenvolvimento sustentável e a preservação da biodiversidade são problemas de todos. É necessário que se garanta um amplo e democrático debate sobre o projeto, que trata de um interesse difuso, coletivo, que não interessa apenas a uma corporação, mas a toda sociedade brasileira. A população em geral e os representantes de entidades ambientalistas devem se mobilizar e serem ouvidos para que não se consume este grave retrocesso na legislação ambiental brasileira

 VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é Advogado, ambientalista, escritor, Presidente da Visão Ambiental e Diretor da UBE – União Brasileira de Escritores. Emails: vdelon@hotmail.com e Vaderlan.48@gmail.com.

Embriaguez Criminosa

Todo dia vemos imagens e estatísticas sobre acidentes de trânsito que não mentem. Imagens de pessoas saindo dos bares embriagadas, cambaleantes, mal conseguem abrir a porta dos  seus próprios veículos e saem desnorteadas, atropelam, matam e sequer prestam socorro às vítimas. Outras mostram homem totalmente embriagado trafegando na contramão, matando casal, enquanto  outro atropela e mata pai e filho. São indivíduos irresponsáveis e imprudentes que trafegam a cento e tantos quilômetros por hora sem nenhum respeito à vida humana. O retrovisor, para eles, parece ser apenas um brinquedo, um diminuto aparelho em desuso e, sem noção de tempo e espaço, nem sentem que poucos metros atrás abalroaram veículos deixando pessoas mutiladas no meio das ferragens. Noutro canal a TV mostra o corpo de um pedestre estirado na calçada, fora atropelado e não teve a mínima chance de sobreviver. Esses criminosos do asfalto são presos, mas, pagam fiança e ficam livres para cometer mais atrocidades. Alcoolizados, com o cérebro excitado, sem autocontrole, em profundo blecaute mental, seguem velozes pelas ruas e avenidas e nem tem tempo de olhar o mundo que vai ficando para trás e ou mesmo verificar as marcas de seus crimes deixadas nas calçadas e no asfalto negro da morte.

 Percebendo a irresponsabilidade da pessoa humana no que tange à direção perigosa em relação à embriaguez assim como a impropriedade do Art. 165 que regulava sobre acidente de trânsito, o legislador editou a Lei 11.275, de 7  fevereiro de 2006, e, ao definir a infração administrativa, a fim de evitar o erro na tipificação dos fatos, omitiu o elemento normativo extra-penal referente ao limite da taxa de alcoolemia, não constando mais a exigência de mais de 6 decigramas de substância etílica por litro de sangue. Assim sendo, de acordo com a nova lei, para a existência de infração meramente administrativa não é mais necessário que o motorista apresente mais de 6 decigramas de substância etílica ou de efeito semelhante por litro de sangue, bastando que dirija veículo automotor “sob influência do álcool ou de qualquer substância  entorpecente  ou que determine dependência física ou psíquica”. Há de se ressaltar, entretanto, que em face dos inúmeros acidentes que vêm ocorrendo diariamente no Brasil, essa alteração da legislação não alcançou o seu principal objetivo que era proibir, terminantemente, embriaguez no volante. 
Modificou-se a lei, mas, não alterou os resultados, os crimes de trânsito por embriaguez continuam ocorrendo, pois, além de outros mostrados diariamente através da imprensa, semana atrás em plena madrugada, na Avenida 85, uma jovem com a visão libertadora de uma embriaguez, atravessar o canteiro central, invadir a outra pista na contramão e abalroar o seu veículo contra uma banca de revista, destruindo-a. Cambaleante, saiu do carro, chamou o guincho e desapareceu na escuridão da noite sem ao menos dar satisfação ao humilde dono da banca. Então, com tanta imprudência e irresponsabilidade, resta-me deixar aqui um alerta: se a Lei Seca não for aplicada com mais rigor, essa substância etílica continuará embriagando o homem, tornando-o dependente e refém dessa substância maldita.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA É advogado e escritor – E-mail: vdelon@hotmail.com. Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.

Resquicios de luz no fim do túnel.

Depois de uma cansativa viagem deleite-me no sofá da sala com o pensamento alhures e o olhar fixo na TV.  Fiquei assistindo uma espécie de retrospectiva onde o apresentador ia mostrando vívido detalhes dos acontecimentos ocorridos no mundo. Perguntava a mim mesmo o porquê de tanta desumanidade, egoísmo, agressões, corrupções, improbidade administrativa, tráfico de drogas, crimes bárbaros e miséria moral diante de tantas conquistas intelectuais. O homem de boa índole parece que está deixando a luta que a muito vem travando ser vencida pelas diferenças que sempre conviveu, deixa de saber como lutar, deixa de se levar pela maré de insatisfação que assola o mundo.

A resposta que todos procuram para curar esse mal parece simples, mas não é. O homem alcançou o espaço, chegou à lua, construiu máquinas capazes de pesquisar planetas e alcançar estrelas distantes que compõem o universo; máquinas capazes de reduzir as distâncias e os caminhos entre os continentes e nações.

Descobriu a cura de tantas enfermidades, até então tidas como incuráveis, dizimando da face da terra doenças que tiravam vidas. Hoje, basta apertar uma simples tecla para conquistar o espaço celeste ou até explodir o seu próprio mundo com lançamentos de mísseis destruidores. Na busca desenfreada para alcançar melhores condições de vida, no campo material, o homem se esqueceu de voltar sua atenção para si mesmo, e no campo espiritual, profundas são as marcas que traz na alma, dilacerada pela solidão e abandono, não alcançando o principal objetivo: enxergar a si mesmo, minimizar a saudade, preencher a solidão, acalmar a ansiedade, evitar a dor, a doença que lhe corrói o corpo, a droga que mata e destrói famílias inteiras e muitas vezes, transforma o homem em lixo humano, mesmo assim, diante dessas adversidades muitos não conseguem libertar um pouco de seu tempo para estar junto com a sua família e conversar com Deus
 
Quando vejo através do noticiário televisivo o sofrimento de tantas pessoas fico pensando como é possível entender a inteligência humana que é um poderoso instrumento para fomentar o progresso da humanidade, mas, muitas vezes, insensível, enxerga apenas o seu próprio umbigo, nada realiza em prol dos mais carentes. Deus quer que as pessoas sábias usem a inteligência para o bem de todos e não para esmagar os mais fracos. Ninguém tem o direito de se envaidecer pela inteligência, pois a Terra representa um pequenino grão de areia diante do universo, e nós que a habitamos, se tentarmos fazer uma comparação em face da grandiosidade da obra de Deus, nem se usássemos uma poderosa lupa conseguiríamos ser vistos neste grão de areia, por outro lado, se contabilizarmos as adversidades que nos cerca, maldades, egoísmos, ambições, destruição da natureza e tantos outros malefícios praticados pelo homem, talvez, como última tentativa para a salvação do mundo, poderíamos enxergar, ainda assim, com essa mesma lupa, apenas resquícios de luz no fim do túnel.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA é advogado e escritor –  Membro da União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com  Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.

O crack que não driblou a morte.

Assustador ver cenas chocantes mostradas na televisão. Jovens sem rosto, sem destino, mais parecem espectros animalescos possuídos pelo demônio. As cenas horripilantes parecem filmes de ficção e eles, engolidos pela droga se arrastam pelas calçadas, depredam tudo que vêem, destroem seus próprios lares, sua família e até matam seus entes queridos para adquirir a maldita droga. Estes personagens que perambulam pelas calçadas são magros, esquálidos, sujos, e os rostos movimentam apenas um infinito de esgares, como se a câmara do olhar estivesse fora de foco para mostrá-los nas tevês, sempre anônimos, mortos-vivos, pesos-mortos por cobertores de lã, encolhidos nos cimentos frios dos becos da vida. As imagens focadas não mostram esses infelizes colocando um pedaço de pão ou um copo de leite na boca, mas, cachimbos infectos e até latinhas de refrigerantes que eles adaptam para “fumar” a famigerada droga. Maldita planta, que não cria, não dá, só tira e mata.

Lembro-me de um menino que mesmo nos campos de futebol de chão batido, fazia a bola rolar com maestria, cadenciava as jogadas para municiar os companheiros e possuía um chute desconcertante, certeiro. Era o artilheiro do time. Menino humilde, pés descalços que sonhava um dia calçar chuteiras coloridas e se tornar um Ronaldo, um Robinho, um Kaká... Entretanto ele não tinha sido preparado pela sociedade; nunca fora a escola e ou mesmo recebido apoio familiar e educação religiosa, pois nunca fora a uma igreja e nem sido forçado pelos seus pais, e talvez, não o tenha acompanhado em suas andanças pelos campinhos poeirentos que se espalhavam pelas periferias de uma grande cidade. Faltou amor, diálogo. Em muitas daquelas praças esportivas as drogas “rolavam” livres e nos becos e lotes baldios garotos e garotas se prostituíam e o pior, as drogas se espalhavam, e junto com elas as mais letais, mais baratas, pior que a naftalina das baratas cascudas, pior do que tomar água suja no leito das calçadas da vida. Ela se multiplica e transformam esses incautos, não mais apenas pobres, mas todos apenas lixos urbanos, humanos não-descartáveis, não-recicláveis. Em países como o nosso, onde certas coisas parecem não ter qualquer importância; a dignidade é apenas uma delas. É um confronto difícil e violento sair todo dia às ruas, pior ainda quando se vive numa grande cidade, como a nossa, e pouco se pode fazer. Você dá de cara com crianças vivazes obrigadas a mendigar pelos pais alcoólatras ou viciados. Dá de cara com gente velha, com fome, doente, feridas pelo corpo, faixas de publicidade no pescoço, muitas vezes mutilados de uma guerra apenas quixotesca. Nas esquinas, nas pontes e postes, dentro de caixas, atrás de muros, junto com os ratos de esgoto, ficam ali jogados os pacotes de lixo-gente. Muitos deles aprendem e sobrevivem com seus vira-latas como se estivessem sendo empurrados pela mão invisível do destino.

Agora vamos falar do crack, não daquele menino craque de bola que passou a ser usuário de droga; que não conseguiu ver a vida florescer e retirar dela os galhos podres para poder, pelos menos, conseguir driblar a morte. Menino que agonizava numa calçada sob o efeito da droga, mas também, com um tiro no peito Droga que o matou e que hoje continua se proliferando pelo mundo todo. Conhecida como Crack, que deriva da planta de coca, é resultante da mistura de cocaína, bicarbonato de sódio ou amônia e água destilada, resultado em grãos que são fumados em cachimbos. O consumo do crack, hoje, é maior que o da cocaína, pois é mais barato e seus efeitos duram menos. Por ser estimulante, ocasiona dependência física e, posteriormente, a morte por sua terrível ação sobre o sistema nervoso central que gera, em razão disso, aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental.

Os efeitos psicológicos são euforia, sensação de poder e aumento da auto-estima. O que as autoridades constituídas têm que fazer? Em primeiro plano, a vontade política em resolver tal situação, não obstante constatemos que enquanto existir no Congresso Nacional os barbudos, os cabeludos e bigodudos que se perpetuam no poder; enquanto existir a política burra e populista que está aumentando a natalidade com bolsas-família, em nome de um socialismo de fachada, gastando milhões em propaganda para fazer você acreditar no que não vê; enquanto não existir uma base mínima de um trabalho coordenado, completo, que una saúde pública, assistência social, caridade, segurança e perspectiva, inclusive emocional em nada resultará. Em segundo plano, neste momento cruciante, todos precisam apoiar todos; todos por qualquer um. A liberdade individual, a possibilidade de escolha, existe, mas ambas têm, sim, limites.

Não adianta pegar esses infelizes, dar banho, lavar, secar, botar para coar, enfiar comida em suas bocas. Dar entrevistas. Dois minutos depois, em abstinência, eles voltam. Não adiante a sociedade empurrá-los de lá para cá: agora estão cada vez mais perto de nós, onde são mais danosos que pode soar como um alerta: os crackeiros agora estão chegando a Goiás, principalmente a Goiânia e já vimos na televisão que eles estão transformando esta Capital num teatro de horror, cujos personagens parecem ter saído de filmes de terror que protagonizam cenas inenarráveis que estão lotando de infelizes os gramados da vida mundana. Se a sociedade organizada não tomar providências urgentes; se os olhos por mais embaçados, marejados e míopes não verem, se seus ouvidos não escutar o clamor que vem das ruas; se todos os responsáveis continuarem empurrando com a barriga pode, de um lado, esta dependência química se proliferar de uma maneira assustadora, incontrolável e fazer fortunas para muitos, entretanto, do outro lado, vir destruir vidas, famílias e criar lixos humanos.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA.  É advogado e escritor – Membro da União Brasileira dos Escritores.   E-mail: vdelon@hotmail.com Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.


Dra. Irani Ribeiro. A força da mulher

Irani, o tempo passa, o tempo voa, mas, a amizade e admiração por você permanecem numa boa. Sei que faz muitos anos que a gente não se encontra, contudo, não quero me perder em saudosismos para não correr o risco de me tornar uma pessoa “fora do tempo” e me distanciar cada vez mais de meus amigos e entes queridos. Hoje, após ter assistido todos os noticiários televisivos e outros estampados nos jornais de Goiânia, sentei-me em frente ao computador, como faço costumeiramente para enviar minhas crônicas ao Jornal Diário da Manhã, entretanto, ao manusear o teclado do computador e ao ver aqueles recortes de jornais mostrando sua atuação frente à Secretaria da Saúde, textos que fizeram lembrar-me de nossa amizade que, independentemente de não encontrarmos a décadas ainda permanece em meu coração, e é por isso que não titubeei em escrever e dedicar esta pequena crônica a você.

 Falar de pessoa especial como você é difícil. Quantas frases vieram à minha memória e digitava, mas, ao mesmo tempo eu as apagava do meu computador. Parei várias vezes, rabisquei em papel rascunho, mas, nada saía a contento. Num certo momento ou lampejo, a explicação me veio. Descobri que meus pensamentos são artesanais, costurados pela emoção e muita vezes remendados no dia-a-dia e claro que uma máquina nada entende de emoções, principalmente se usarmos instrumentos errados. As emoções foram capturando palavras escritas, frases bonitas. Era como se estivessem brincando de esconde-esconde atrás da região recôndita de meu cérebro, e ou, quem sabe,  sob os raios de um sol escaldante ou à sombra de alguma árvore milenar que propositadamente usei para enfeitar e dar vida àqueles riscos e rabiscos amontoados num pequeno pedaço papel, e de certa forma, para que todos pudessem perceber que ali estava sendo escrita uma mensagem, uma história de vida, de uma pessoa inteligente, competente, de uma mulher aroeira, que quando assume qualquer coisa, mesmo desde os tempos idos, dificilmente deixou a “peteca cair”.

Hoje você está à frente da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, mas, que trás em seu currículo, além de formação em medicina, um vasto serviço prestado ao Governo do Estado desde a administração do saudoso Governador Henrique Santillo, com ocupação de vários cargos de importância, assim como, no Ministério da Saúde, onde implantou o Serviço Móvel de Urgências (SAMU), todos, por sinal, administrados com muita competência, seriedade e zelo pela coisa pública.
Hoje, amiga, ao ver que o seu trabalho está mais uma vez sendo reconhecido,    não poderia de forma alguma deixar de escrever esta mensagem  e ao mesmo tempo augurar-lhe votos de pleno sucesso e que tenha forças necessárias para o enfrentamento de todos os obstáculos que encontrará à frente da Secretaria de Saúde, pois, sei que você faz o possível e impossível para crescer e permanecer sempre a mesma mulher inteligente, perspicaz, humana, sonhadora e que se vira do avesso para transpor o terreno árido num ofuscante arco-íris, nem que seja para ficar lá em cima, sentada, olhando a vida de forma criteriosa e até com vontade de voar em busca dos mistérios que sondam o universo, mas, por não ter asas, é obrigada a quedar-se diante das adversidades econômicas e política; quedar-se diante da irresponsabilidade da pessoa humana, das intempéries impostas pelo tempo que trazem chuvas torrenciais e com isso as enchentes, alagamentos, terremotos, fatores climáticos que provocam acidentes gravíssimos, mortes e um mote de doenças que superlotam os hospitais públicos, situações que deixam a própria Saúde na UTI.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA É advogado e escritor – Membro da União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com  Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.

Contrastes da vida

Tem dia que tudo parece acontecer de forma inesperada. A gente vai até a janela e o céu parece estar menos azul, o sol escaldante teima em queimar o rosto das pessoas que andam pelas calçadas, os pássaros passam emudecidos, alçam vôos rasantes e desaparecem detrás das folhagens das árvores enquanto o vento também passa efêmero, sem trazer nenhum cheiro. Liguei o computador, abri a página de e-mails, cliquei no primeiro link e logo, como num passe de mágica, apareceu uma mensagem enviada pela amiga Ana. Uma cortina se abriu e a telinha do monitor foi mostrando lindas imagens: montanhas, lagos, rios, cachoeiras, castelos medievais construídos em cima de colinas, lindos palácios adornados por pedras preciosas, fotos pitorescas tiradas em várias partes do mundo, tudo, exceto os castelos e palácios, pareciam uma obra de arte que só Deus poderia ter construído. Nas imagens, apareciam pessoas correndo alegres pelos parques floridos, casais trocavam beijos à beira do lago, pescadores remavam apreciando o pôr do sol, pássaros cantavam em sintonia formando uma orquestra para saudar a natureza exuberante.

 Fecha-se a cortina, clico noutro link e outra se abre. Imagens começaram a aparecer, entretanto desta vez, contrastando com as anteriores. Percebi nelas que existiam outros protagonistas naquele teatro da vida. Foram aparecendo imagens de pessoas estiradas nas calçadas, crianças esqueléticas, desnutridas, sujas, maltrapilhas, bêbados, viciados em drogas, jovens se agredindo disputando um cachimbo recheado de crack. Imagens de meninos e meninas de rua peregrinando, sem rumo, pés descalços, em busca de um lugar melhor na sociedade. Crianças e adolescentes em casas abandonadas, em terrenos baldios, debaixo de pontes onde fazem delas suas moradias ou para se protegerem do sol escaldante e do frio da noite, outras, deparam com a violência das ruas e muitas vezes quedam-se diante dos olhos sisudos da lei, são presas, maltratadas e ao serem julgadas pela justiça dos homens não têm ninguém que possa defendê-las, compreendê-las e ampará-las de verdade.

Elas ou eles são como todos nós, apenas passageiros de um trem qualquer, que segue num comboio cheio de vaidades, enquanto nosso subconsciente vai traçando uma visão idílica de um mundo que muitas vezes é cheio de desventura. Ao ver essas pessoas amontoadas nas calçadas, debaixo das marquises, cobertas apenas pelo manto negro da noite, cheirando cola para enganar a fome, sem perspectivas de vida, nos fazem pensar como passageiros desse trem da agonia qual será o destino de cada um, assim, só nos resta aguardar a próxima estação e imaginar, se ao desembarcarmos, haverá recepção com bandas marciais, bandeiras a acenar e se, na última estação, todos os sonhos deles e nossos irão se concretizar, ou talvez, possamos perceber que não haverá estação como também não haverá lugar a chegar.

Precisamos repensar e refletir sobre tudo o que vem acontecendo com a pessoa humana, parar de contar os quilômetros percorridos de uma estação a outra e apreciar a viagem que muitas vezes fantasiamos em nosso subconsciente e não conseguimos enxergar que as coisas da vida são simples, cheia de essência e o detalhe é não perdê-la, para depois, termos a certeza que a última estação chegará, trazendo as responsabilidades e os pesos da vida, e quando forem abertas novamente as cortinas do tempo possamos constatar que estamos assistindo, diariamente, cenas de belezas de um lado e horripilantes de outro, imagens que nos mostram os contrastes da vida.

 VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA É advogado e escritor –  Membro da União Brasileira dos Escritores. E-mail: vdelon@hotmail.com  Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.

Sinais que vêm do céu: será um aviso sobre o começo do apocalipse?

A natureza está em fúria e diversas situações e catástrofes naturais vêm produzindo incontáveis de mortes. Cidades destruídas pelo vento, pelas enchentes, pelos terremotos, pelos deslizamentos de terra, pelos tsunamis, pelas águas das chuvas que transbordam rios, invadem moradias e destroem bens materiais adquiridos com sacrifício durante suas labutas pela vida e muitas, poluídas, levam para a boca de lobo das ruas as últimas esperanças de um povo corroído pela dor, que não conseguem livrar seus rostos magros e suas almas desoladas e afogadas no mar desta tragédia que vem assustando a população mundial.

Se revirarmos as páginas da história verifica-se que estas cenas se repetem há muitos anos, e ninguém toma providências quanto a isso. Os pobres coitados, desprotegidos por políticas governamentais e alçados na penitenciária da revolta da natureza é que tiveram outra vez, como sempre, de pagar o pato, pois perderam suas casas e entes queridos. Não obstante assistirmos estas cenas trágicas diariamente, ainda tem pesquisadores e estudiosos que atribuem a alguns acontecimentos a falhas geológicas e outros a fatores climáticos.

Hoje o planeta gira sem fôlego, meio tonto, enquanto os homens se dividem em opiniões, enquanto isso as profecias bíblicas vão se cumprindo. E quando falamos em fim do mundo em face do efeito estufa onde o planeta perde o fôlego e morre de enfarto com tanta fumaça na cara é bom lembrarmos que as mortes que vem ocorrendo no mundo não são somente em razão da natureza que está em fúria, mas talvez, em face dessa poluição atmosférica, que trás doenças incuráveis que se espalham pelo mundo, como a AIDS, gripe suína, gripe aviária, dengue, câncer, drogas que estão destruindo vidas, famílias e transformando pessoas em lixos humanos. Somando todas estas cenas horripilantes, se os grandes líderes mundiais não tomarem providências urgentes, não entenderem os sinais que vêm do céu e deixar de empurrar com a barriga esta situação caótica em que passa o mundo e a humanidade, podemos reafirmar que estamos realmente no começo do apocalipse.

VANDERLAN DOMINGOS DE SOUZA.  É advogado e escritor – Membro da União Brasileira dos Escritores.   E-mail: vdelon@hotmail.com Autor dos Livros: Uma Pedra no Caminho; O Mistério do Morro do Além; e Espelho das Águas.

 
Vanderlan Domingos © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions