Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Em busca do improvável

domingo, 23 de agosto de 2015


Sentimento em qualquer circunstância é impossível ser descrito, mesmo usando e abusando das mais belas palavras, mesmo que a gente pense e pense... Podemos ver em lugares mais improváveis nascerem flores, nascerem amizades entre animais, para nós irracionais, mas sabemos que eles têm sentimentos. Acredito piamente que os sentimentos nascem ora das situações loucas, ora dos sentimentos mais improváveis. Todavia, torna-se realmente impossível a busca desses sentimentos, seja ele pessoal ou não. Se eu matei algum sentimento meu ou de alguém, pode ter a certeza de que foi em legítima defesa. Então, qual seria a melhor forma de descrever isto ou aquilo? Que palavra eu devo usar? De que forma devo colocá-las? Como através de simples palavras vou conseguir transmitir o que eu sinto e o que eu vivo? Tem momentos que chego a pensar que eu poderia ficar horas e horas matutando, que teria forças para parar o tempo e aqui, no meu recanto, ser feliz, sabe-se lá até quando. E quando eu estou nesse bom momento, na hora que eu o vivo, aqui mesmo, parafraseando diante de um computador, eu penso e sério junto com “meus botões”? Como descrever este momento? Como passá-lo pra forma de um texto compreensível, provável? Como expressá-lo através de palavras? Como fazer entender aqueles que lêem e depois poder compartilhar com outros possíveis leitores esperançosos em dias melhores que estão do outro lado do monitor? Mas algumas vezes, algumas não, várias, eu paro e penso... É preciso tentar escrever o que sinto, assim como, o que eu vivo e da forma que vivo? Você não é a única pessoa que precisa saber, têm outras do lado de cá, ao meu lado, saboreando cada palavra digitada. E se o que eu sinto você também sente então para mim está tudo bem, tudo bem mesmo! E nada melhor do que o sentimento, dos gestos vindos de alguém, de uma pessoa amiga, de um local ou região qualquer, para demonstrar, dizer e entender o que escrevo. Palavras devem ser lindas e explícitas sim, mas polidas diariamente, senão elas ficam no tempo, no esquecimento e podem até se tornar em mentiras. Como meras palavras eu poderia simplesmente, ao dedilhar no teclado ou manusear o mouse, apenas descrever o clima, o sorriso, o cheiro, a pele, o toque, o olhar, o fechar dos olhos, ou indo até mais longe: o beijo. Do lado de lá da telinha talvez não pudessem, porque é muito mais do que podem oferecer. Não existe palavra no mundo para descrever tudo que a gente sente e nenhuma chegaria ao finito que imaginamos ser, porque sabemos que em certos momentos não estamos em busca não do impossível, mas do improvável entendendo, porém, que o nosso saber, por mais que usemos nosso intelecto, não somos tão capacitados assim. Mas é através da escrita que eu tento chegar o mais perto possível do improvável, procuro não me perder nas letras, nas orações, nas frases, nas estrofes... Teimoso que sou, coloquei como título a palavra improvável e aí quando comecei a escrever, senti que poderia me perder no texto. Senti que poderia me confundir com o emaranhado de letras e em certos momentos, nem saber onde queria chegar. Seria isso mais uma prova de que é realmente impossível descrever e alcançar o improvável? Acho que sim. Por isso tentei sentir mais, aproveitar mais, valorizar cada momento, porque são únicos, insubstituíveis, e quando terminar, feliz eu permaneça no meu pequeno recanto. E ao lerem, hão de se convir da existência deste momento que eu o vivi, que o fiz de modo especial, memorável.

Procuro sempre fazer o possível para agradar, aceito o improvável e duvido da certeza. Mas insisto... Em nossa vida, na vida das pessoas, no mundo em que vivemos, algumas vezes é necessário inventar, mas desde que seja para o bem. Então invento minha história, vou vivendo, aprendendo, crescendo, mas extraio de fatos reais por mim vividos. Aprendi que quando se perde se ganha, que pra rir tem que chorar, que a vida tem dessas coisas e que viver é mesmo isso! Sou precisamente educado e prestativo, mas tenho lá minhas impertinências, emoções e lágrimas. Sou ser humano. Às vezes, olho a imensidão do universo, dialogo com sol, às vezes com a lua, com as estrelas, certo de receber a luminosidade necessária para iluminar-me dentro de mim mesmo! Sou um aspirante à vida e minha alma nem sei que cor tem, mas isto não importa. 

Quando comecei a escrever este texto pode ter a certeza de que eu não caibo aqui, ou talvez, nem caibo em mim... Tem pessoas que já conseguiram o impossível, mas perderam o sono à busca improvável, no entanto, sonhos improváveis são para os fracos, para os que dormem e não para os que passam as noites em claro pensando em concretizá-los. Então, caros leitor e leitora, neste pequeno espaço eu fiz dele o meu mundinho imaginário, então, só eu e vocês, depois de eliminarmos o impossível, sei que juntos chegaremos ao improvável, onde, talvez, possamos encontrar aqueles objetivos que jamais imaginamos alcançar. Mas será que não somos o próprio improvável e que somente Deus poderá nos mostrar o caminho para alcançá-lo? Nos dias de hoje tem muita gente querendo fazer muitas coisas, participar de tudo, só não quer ser discípulo de Jesus, ter um coração apascentado e obediente, então, antes de procuramos o improvável, de procurarmos FAZER qualquer coisa além do impossível precisamos SER. Se para Deus nada é impossível, buscar com ELE o improvável, longe de tudo e todos, como se não houvesse mais ninguém, como se nada importasse é vitória, é uma conquista. Viver buscando o possível, mas alcançar com a proteção de Deus o impossível e o improvável é gratificante. No impossível ou no improvável pode estar as nossas melhores decisões. Então, devemos apostar, acreditar, confiar.



Umbelina Frota, uma poetisa antenada.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015


Mulher de sorriso radiante, inquieta, que adora ler, escrever e ligar para os amigos com a atenção que lhe é peculiar. Quem a conhece reconhece que ela tem seu próprio modo de ver e viver a vida. Parece demonstrar com a sua inquietude que nunca tem tempo, mas tem a capacidade de fazer o tempo parar e realizar seus intentos, sonhos, escrever poesias que nos encantam. Faz-nos afogar em seus versos sutis, leves e soltos, aliás, como poetisa, sabe muito bem o que quer. Seus versos são precisos, ritmados, melodiosos, de uma métrica poética surpreendente, cuja mente sempre tranquila, põe-se a rir das mentiras que a fama lhe traz, enquanto os seus belos olhos que parecem feitos de água, fazem refletir sobre as letras, variadas cores, rima e ritmos, formas e proporções exatas, mesmo das coisas que um letrado desconhece.

Umbelina tem um olhar forte, vibrante, um sorriso encantador que vira aos avessos aqueles que a conhece, assim como aos incautos, aqueles desprevenidos, desprovidos de cautelas, ingênuos, que se tornam meros opostos, mas os que a conhece de perto, sejam avessos ou opostos, sabem que ela é determinada a ponto de tempos idos sacar um revolver e intimidar uma desafeta, como ocorreu na cidade de Sítio D’Abadia, mas por outro lado, sabem ser ela possuidora de um coração generoso, cheio de sonhos, sonhos de poetisa, sonhos de mulher antenada que vive olhando sempre pra frente, atuante, inteligente, dinâmica. E quando entardece, creio que, no entremeio do pôr do sol e do nascer da lua, ela libera o seu dom especial, deve versejar silenciosa em seu canto, deve compor e até escutar canções que marcaram a sua juventude e a sua própria vida, misturando-se nesse refúgio não coloquial, o amor e o carinho tão profundos como se ela estivesse vivendo em tempos primaveris. É simples, é forte, uma mulher cujo rosto o maldoso tempo tentou carcomer, mas, esperta, safou-se dele e manteve-se sempre altiva, vivaz. Mulher dos anos 30, mas de idéia contemporânea, jeito moderno e que sabe viver a modernidade.

Ela sempre teve, tem e mantém um ar sapeca, mas pose de mulher, olhar penetrante pra quem agüenta, porque muitos por aí não conseguem encará-la, olhar olho no olho, dado o seu semblante sempre alegre, educação peculiar e encantamento. No coração dela acho que sempre coube e caberão sempre mais e mais amigos, mas imporá respeito pelo seu jeito firme de falar e decidir; respeito logo nas primeiras palavras, pois nunca se atrapalha nos passos, mesmo não tendo mais tenra idade. Enche nossos olhos e ouvidos com sua alegria, tem o dom da amabilidade, que é pra poucos. Cuidadosa e elegante ao extremo e cá entre nós, eu acho um charme! Nasceu em 21 de agosto de 1935, na cidade de Januária, Estado de Minas Gerais, é funcionária aposentada dos Correios, ex-vereadora na cidade de Sítio D’Abadia, poetisa premiada, consagrada e reconhecida em cinco continentes, cujas obras, homenagens e títulos são tantos que abstenho de relacionar aqui, pois não caberá neste pequeno espaço de jornal. Mãe, avó, bisavó e sonhadora, durante o seu lapso de tempo viu tudo se juntar de uma maneira misteriosa aos olhos de quem não pode ver as maravilhas ocultas desse seu universo, e hoje, como mero escriba, apenas resumo um pouco do que sei desses seus oitenta anos de vida, bem vividos.

Acredito que a fase dos 80 anos de Umbelina Linhares Pimenta Frota Bastos é infinita dentro de seus finitos, fase que há possibilidade de falar e escrever abertamente sobre tudo que acontece no seu e em nosso dia a dia; fase de falar dos sonhos, das fantasias, das realizações e do intenso trabalho cultural e intelectual que desenvolve, não só na cidade Inhumas, mas também em outras cidades. Além da Academia de Letras, Ciência e Artes de Inhumas - ALCAI, onde exerce a Presidência, ela é membro de outras entidades culturais de Goiânia e do interior de Goiás. Suas obras poéticas publicadas, são, entre outras: “Apenas uma Lembrança”; “As sombras do Jatobá”; “Loucuras de Poeta”; “Caminhos de Pedras” e o famoso poema“ The Roses She did no have”, editado na Mangólia e publicado na revista The Words Poets, Quarterly, na China, obra que recebeu o prêmio de Honra ao Mérito Dennis Kann – OEA – AOHNA, pela Associação Internacional de Escritores e Artistas Buffon College – Toledo – USA. Então, para que ela continue no auge da fama e antenada, finalizo citando uma frase do grande Charles Chaplin, apenas acrescentado mais estas palavras: escreva e faça poesia: ”A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, escreva e faça poesia, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.” Feliz aniversário!

Pedaladas Fiscais

terça-feira, 11 de agosto de 2015

De repente me vi pedalando uma bicicleta. Estava fazendo parte de uma comitiva de ciclistas que sensibilizavam as pessoas a se exercitarem e cuidarem da saúde. Um cinegrafista nos acompanhava. Durante a caminhada, encostado de uma porteira,  notei que alguém esbravejava, mas não em razão do tempo abafado, mas sim, ele queria saber o que queria dizer a palavra “pedalada fiscal” e nada melhor do que perguntar pra quem estava pedalando. E não é que o danado tinha acabado de ouvir no seu radinho de pilha a notícia sobre essa palavra estranha. Encostei a bicicleta na cerca de arame, aproximei dele e disse-lhe: As palavras “pedaladas fiscais”, usadas pelo repórter são manobras governamentais, atos contábeis que envolvem o uso de recursos públicos de bancos federais para “maquiar” o orçamento federal. Como exemplo, é mais ou menos assim senhor: Sempre que alguém busca seu seguro-desemprego na Caixa Econômica Federal ou consegue um financiamento no BNDES, usa dinheiro repassado pelo governo federal. Outros programas cujas verbas o governo repassa pelos bancos são as aplicadas em Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família, Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e o crédito agrícola. O ritmo desse repasse é constante, conforme a procura da população e das empresas. Corretamente, ou melhor, sem o uso da malfadada pedalada fiscal, a coisa funciona assim: O Tesouro Nacional normalmente repassa para bancos públicos e privados as verbas usadas em benefícios sociais e subsídios. Entendeu? Complicado não é? Olhei o semblante dele e notei que não entendeu bulhufas!

Sendo uma pessoa letrada e que guarda na memória elementos que me ajudaram e ajuda no embasamento, continuei falando: Amigo, o TCU – Tribunal de Contas da União é responsável pela fiscalização dos gastos do governo. Esse órgão precisa dar seu parecer sobre as contas do ano findo e em face do que foi descoberto, inclinou-se a recomendar uma rejeição das contas em função das “pedaladas” e de outras manobras para camuflar despesas governamentais. Já tinha sido aberto um processo anterior para investigar exclusivamente as ditas pedaladas e o TCU também já tinha emitido um parecer defendendo que o governo cometera "crime de responsabilidade" com as tais manobras fiscais. Há muitas expectativas de uma rejeição dessas contas públicas, rejeição apoiada pelo Ministério Público Federal e isso no acalenta. Quando terminei observei que o semblante dele já demonstrava certa insatisfação com o governo.

O sol era causticante e com a língua em forma de gravata, tentava usar a torneira do tempo para beber uma água imaginária. Sem medo de procrastinar em lume porque o calor era insuportável que fazia latejar meu cérebro, pedi licença ao indivíduo e subi na bicicleta e silenciosamente continuei a minha pedalada. Não sei qual o propósito daquele passeio ciclístico e porque aquele grupo o denominou de “Pedaladas Fiscais” se ninguém era fiscal, ora! No final do tour, encostei-me à sombra de uma árvore de jatobá que ficava à beira de uma pequena praça. Nem me assustei porque naqueles dias de calor cardíaco e tempo seco a gente não conseguia se aquietar nem por segundos, pois o calor era provocado pela poluição desvairada que me deixava sufocado e exausto.

O vento que acariciava o meu rosto jogava ao ar as gotículas de suor que se evaporavam rapidamente. Durante o trajeto a pergunta daquele senhor não saía de minha cabeça e até dava vontade de retornar para lhe explicar melhor sobre o assunto. Tinha que ter dito a ele que as manobras contábeis têm como objetivo melhorar o resultado das contas públicas - ou seja, ajudar o governo a fazer parecer que haveria um equilíbrio maior entre seus gastos e suas despesas. No caso em tela, devia ter dito também a ele que o governo Dilma é acusado de atrasar o repasse de recursos para benefícios sociais e subsídios pagos por meio da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do BNDES passando a impressão de que as contas públicas estariam melhores do que realmente estavam. Ledo engano.

Teriam sido "segurados" cerca de R$ 40 bilhões do seguro-desemprego, programa Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família, Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e crédito agrícola, segundo o TCU, mas como os desembolsos não foram efetuados, as contas do governo pareceram temporariamente mais equilibradas. A questão a ser analisadas é que não houve atrasos no pagamento desses bilhões de reais em benefícios e subsídios para seus beneficiários, porque os bancos públicos cobriram esse valor - cobrando juros do governo pelo uso de tais recursos, ficando, que tais manobras, configuradas como operações de financiamento, ou “empréstimos” desses bancos para o Tesouro, situação que é proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Os meus pensamentos iam e voltavam na velocidade da luz e diante de tantas informações captadas na região recôndita do meu cérebro não vi alternativa senão em moldá-los assertivamente de forma que as ações governamentais fossem formadas por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar, desde o início, uma prestação de contas condizentes com o exigido pela lei e no caso em tela, um exame minucioso e sistemático das contas rejeitadas, capazes de provocar resultados satisfatórios e apresentadas corretamente ao povo brasileiro, dentro da legalidade, uma vez que, se não solucionadas e provadas à ilicitude do ato das “pedaladas fiscais”, este fato continuará sendo o alvo que motivou ou poderão motiva o pedido de impeachment da presidente.

 Descansado, prossegui com as pedaladas, mas agora de volta pra casa. De repente a poucos metros à frente me deparei com uma camioneta da Receita Federal. Inteligentemente, desvie-me dela, entrei num beco e continuei. Uma vontade danada de fazer xixi me fez com eu me escondesse detrás de um muro num lote baldio. Mas, por incrível que pareça, os outros ciclistas se desviram também e me seguiram, ficaram me olhando e eu não conseguia escapar dos olhares deles e o pior, delas, por mais que tentasse. Mas, a vontade de urinar era tanta que me fez acordar. Preocupado, olhei entre as pernas e notei que a minha cama estava enxuta. Disse: Graças a Deus! Ao lado, na escrivaninha, um jornal estampando uma frase: “TCU pede explicações a Dilma sobre “Pedaladas Fiscais”. Era apenas um sonho.



Será que fazemos parte de um reality show?

segunda-feira, 3 de agosto de 2015


Às vezes fico constrangido quando ao entrar no elevador do meu prédio, passar frente às lojas, entrar no supermercado, passar por um posto de gasolina, sentar numa mesa de restaurante ou de num mero boteco, vejo à minha frente um pequeno adesivo e a seguinte frase: "Sorria, você está sendo filmado". Posso ser sincero? Já olhei fixamente pra câmara e mostrei sorrisos amarelos, sarcásticos e outras vezes, de forma mais educada, a mão, e fiz sinais de “positivo”. Não cheguei a mostrar a língua para quem estava me observando atrás dela porque sou uma pessoa educada, mas que constrange, constrange.

Quando entramos num Shopping, então é um horror! Quantas câmeras espalhadas pelos corredores e lojas que seguem os meus passos. E o pior é que algumas seguem mesmo! Parece que o corpo da gente tem um ímã. Ela vira, vira... Pensei: "Será que elas estão reparando o meu jeito de trajar, a minha beleza, o meu porte físico ou os meus cabelos grisalhos"? A verdade é que a gente fica sem saber como agir e acabamos ficando meio sem jeito ao ver a nossa imagem exposta nas telinhas que ficam numa enorme sala, no último pavimento. Certo dia, por curiosidade, fui lá confirmar e me deu arrepios!

No meu entendimento essa mania de participar demais da vida dos outros, de querer fazer as pessoas viverem como se estivéssemos em um Big Brother, está fazendo com que a gente deixe de viver nossas próprias vidas e percamos alguns valores. Será que estou exagerando? Eu, pelo menos, evito assistir a reality shows, no entanto, me sinto dentro de um, vigiado quase vinte horas por dia, todos os dias da semana. Ainda bem que nos banheiros não existem câmeras. Ou existe?

Quando saio para a minha caminhada matinal, entro no elevador e lá está a mesma frase e câmera de formato arredondada, mas não ligo, eu desço com um sorriso no rosto e até canto uma música para relaxar, canto baixinho, mas canto. O meu sorriso é para atender o desenho que está colado dentro do elevador que pede: “Sorria, você está sendo filmado”. Olho para a câmara e escancaro... Um sorriso. O porteiro do prédio acompanha o movimento dos meus lábios pela câmera, e quando passo por ele na portaria ele diz: “Tá feliz hoje, hein patrão!? Sorrindo e cantando em plena crise? Respondo calmamente: “Estava apenas massageando a face". É demais, não caro leitor?

A única diferença entre eu os participantes de um programa onde indivíduos ficam confinados numa casa chique sem fazer nada o dia inteiro é que, além da gozação do porteiro, não ganho nada, no entanto, eles podem sair da frente das câmeras e se tornarem milionários, e os que não ficam lá até o final do programa ganham carro, viagem e até apartamento... E eu ganho o quê? Ganho sim! Uma gozaçãozinha do porteiro, e no bolso, o mesmo surrado dinheiro. A mim ninguém pede autorização para participar do Big Brother do dia a dia, e ainda tenho que sorrir cada vez que leio a frase que me persegue sem ganhar nenhum trocadinho.

Entretanto, quero dizer aqui que não sou totalmente contrário a esses métodos modernos quando se trata de garantir a segurança pública, mas entendo, porém, que deviam existir mais policiais bem remunerados e bem treinados, e em quantidade suficiente para monitorar as ruas. Mas fanatismo não é comigo. Ultimamente tenho me constrangido com um procedimento que está se tornando comum nos "prédios inteligentes", todos eles compostos de escritórios e consultórios médicos. Falo dessa mania irritante de nos ficharem na recepção. É tanta a burocracia que deixei de ir a certo médico, pois antes do elevador existe uma catraca e antes dela, as recepcionistas que, se não bastasse me pedir documentos, também nos fotografam usando uma pequenina máquina digital e olha que meu nome já tinha sido cadastrado no computador do prédio várias vezes. Não deve ser muito diferente de entrar num presídio, só que eu não estava visitando uma penitenciária de segurança máxima, queria apenas ir ao consultório médico.
   
Não tenho nada contra as recepcionistas, pois sei que estavam ali apenas cumprindo ordens, não obstante existir em mim resquício de espírito selvagem, que cada pessoa humana tem, pudesse aflorar-se em mim cada vez que adentrasse naquele prédio e ainda ver a bendita placa avisando: “sorria, você está sendo filmado”! Lá não sorria mais, apenas ria de mim mesmo. Eu não era e nem sou grosseiro, fazia e faço de tudo para me manter calmo principalmente quando passava nas catracas daquele prédio onde tinha que enfiar um cartão senão ela não se movia, sem falar, é claro, das portas giratórias e intimidatórias dos bancos, onde aquela câmara à entrada vasculha até a alma da gente. Aquela danada não perdoa nem se você tiver um clipe no bolso e muito menos marca-passo. Sei que vivemos em tempos difíceis e paranoicos, sei que todo esse aparato serve para identificar criminosos, mas cá entre nós: é uma praga essa histeria com segurança. Daqui a alguns anos essa vigilância insana vai se tornar mais desconfortável do que ser gentilmente assaltado por um bandido. Paz e bem.


 
Vanderlan Domingos © 2012 | Designed by Bubble Shooter, in collaboration with Reseller Hosting , Forum Jual Beli and Business Solutions