Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

ENGENHARIA DO ALÉM: MINHA CASA, MINHA TUMBA

terça-feira, 30 de abril de 2013

 

Li no jornal Diário do Além uma notícia estarrecedora sobre a construção de casas de alvenaria sobre terrenos alagadiços e duvidosos. Era um projeto elaborado pelo doutor Satanás que não gostava de coisa que se preste. Vendo o desepero daqueles moradores diante de uma casa com paredes rachadas, instalações hidráulicas com defeitos, que causou aumento gradativo da taxa de água e esgoto; lonas sobre telhados, infiltrações nas telhas, mal colocadas, me convenci de que o pobre sofre, mas não desiste, corre riscos, mas não desiste mesmo! e ainda ri de sua desgraça; fica na zona de desconforto, sem dramas, pois não tem a quem recorrer. Falar com quem: o  Satanás, “o coisa ruim”. Com o Lúcifer!? Reclamar para este também não adianta, não está nem aí para o sofrimento humano. Querem que todos padeçam no inferno. Parece que não é a hora, mas os meus motivos para escrever este artigo é porque “a coisa” está ruim, estão tentando esconder a verdade do povo e essa verdade é que ele está com medo, um amigo que adquiriu também, está todo mundo como medo de morar debaixo daquela “obra de engenharia” que veio do Além, e é obvio, construídas com segunda intenções e dinheiro indo para o ralo, não deixando ninguém feliz pois estão vendo tetos e paredes inteiras racharem e aí, leitores, eu não sei se vão conseguir superar a dor. Mais uma humilhação a que é submetido o povo humilde e sofrido.

O Dário mostrava como anda o programa ‘Minha Casa, Minha Tumba’ - lançado pelo Lúcifer a pouco mais de quatro anos. O editor do jornal disse que o programa entregou 1,1 milhão de habitações, mas, o seu idealizador reconhece que há falhas nas construções e denúncias de irregularidades que estão sendo apuradas pelo coordenador de obras do Além.

Um fato pitoresco aconteceu na semana passado quando um capeta-menor resolveu casar-se. Ludo, como era conhecido, vestido de roupas escuras, vampirescas, passou entre as labaredas flamejantes do inferno e foi até Lúcifer depositar a quantia para adquirir a sua casa própria. Com os chifres aguçados e rabo abanando de um lado para outro, perguntou se o imóvel seria financiado pelo programa “Minha Casa, Minha Tumba”, projeto habitacional ambicioso de Satanás. Mais afoito, disse ainda que estava sabendo que no projeto havia frades e pediu a Lúcifer que combatesse esse mal.

E foi um pergunta inoportuna e imbecil de Ludo. Lúcifer chamou o Satanás, responsável pelo projeto e pediu para abrir uma auditoria por conta das suspeitas de desvio de recursos do Inferno. Segundo a denúncia do jornal Diário do Além, ex-servidores do Ministério das Entranhas fraudaram o programa com um esquema de empresas de fachada para obter contratos. Dizem que eles são sócios de tal RCA - Grupo que Controla Obras em todo Além, que estaria à frente da construção de milhares de unidades.

Satanás, mesmo a contragosto mandou abrir uma sindicância. Notificou os responsáveis pelas obras e pediu uma auditoria no programa, sobretudo nessa modalidade do programa que trata da construção de inferninhos menores, abaixo de 50 mil habitantes. Além disso, determinou quando da abertura de sindicância, tivesse a participação do Conselho de Capetas, para apurarem todos os fatos, com o maior rigor possível, dentro do menor prazo possível.
Moral da história: Satanás, contrariado com a denúncia, entregou a casa para Ludo e sua mulher Zafira, que dias depois desabou, matando-os. Gritei: Misericórdia! Diante daquelas labaredas, bastante suado, acordei. Graças a Deus! Era apenas um sonho, ou mais preciso: um pesadelo

Artigo publicado no Diário da Manhã, edição do dia 1.º de maio de 2013

Cárceres da insegurança

quarta-feira, 24 de abril de 2013


Homens de um lado e mulheres de outro, perambulam por um pátio de cimento batido, separados por altíssimas grades de proteção. O meu olhar atento de missionário e pensamentos se misturavam naquele espaço sinistro e mal dava para escutar as conversas daqueles que escondiam o rosto com o capuz negro do silêncio. Num canto do pátio, encostado no gradil, um homem franzino com o rosto sofrido, carcomido pelo tempo, manuseava silenciosamente a Bíblia e de vez em quando, observava o sol escaldante que teimava em queimar-lhe o rosto e o peito nu. Minutos depois, outros presos foram se aproximando daquele andarilho errante, e vendo-os se aproximarem, deu uma entonação mais alta na voz lendo em seguida um capítulo. Pararam perto e permaneceram mudos, mas, de certa forma, pareciam interessados naquelas palavras bíblicas. E naquele canto, todos os dias, aquietava-se o velho, manuseando aquelas páginas que lhe trazia conforto e percebia que aqueles textos que lia estava alcançando também o coração de outros detentos. Dias depois, foi libertado, mas, naquele canto do pátio, ficaram seus ensinamentos e alguns seguidores, e mais Bíblias foram vistas espalhadas pelo presídio. 

De repente o meu pensamento cataloga alguns versículos que tinha lido dias anteriores e manda-me de volta ao passado. Fez lembrar-me que a prisão é tão antiga como a memória do homem e continua sendo o principal remédio que a justiça tem para combater todos os males, males que poderiam ser deteriorados com um simples remédio: a introdução da evangelização no meio prisional que aquele detento servia como exemplo. Tempo idos, os remédios (prisões) eram mais fortes e em sua bula predominava a pena de morte que era descrita das mais variadas formas, fato que se pode constatar quando desobedeciam ao Código Hamurábi, Deuteronômio, Lei de Manu, das XII Tábuas e Alcorão. Na verdade, naquele tempo desconhecia-se a pena privativa de liberdade. As masmorras serviam para abrigarem presos provisoriamente que, muitas vezes, eram esquecidos pelos seus algozes.
Naqueles tempos prendiam-se homens pelos pés, pelas mãos, pelo pescoço usando correntes e tantas outras formas maldosas conforme a classificação do crime cometido ou seu ato perante aquela sociedade. Passado todo esse tempo, vemos que hoje o número de presos cresceu tanto que a sociedade não encontrou alternativa se não em fechá-los detrás de muros altíssimos, com uma escolta armada e soldados fortemente armados como se estivessem preparando para uma guerra. As celas, superlotadas de gente perversa e irrecuperável, são pequenos quadriculados e uma janela com gradil onde eles amarram suas vestes e lençóis para mostrar a insegurança, o desconforto e a revolta, sempre aguardando um desfecho final: morte entre os presos, pois a lei da física é muito clara: “dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.”.

O interessante é que ao ver os lençóis e vestimentas penduradas nos gradis não enxergamos nenhuma peça que pertençam aos criminosos de “colarinho branco”; nenhuma peça daqueles que praticam o peculato de toda a espécie; que praticam a corrupção ativa e passiva, o desvio de verbas ou a errada aplicação de recursos, fraudes em concorrências, as prevaricações, os desmandos administrativos, as nomeações ilegais, a concussão, o cerceamento à liberdade, os homicídios e tantas outras mazelas. Na realidade, a maior parte destes crimes não vem à tona e os que surgem são abafados pelos próprios mecanismos estatais ou por influência política.  Destarte, o banditismo, armado de armas de grosso calibre, metralhadoras e granadas, explodem caixas de bancos e muitas vezes matam somente para ouvir o gemido do desafeto; saem às ruas e deixa a população em polvorosa, intimidada e ela se tranca dentro de sua própria casa, não podendo sequer sair às ruas, enquanto a polícia persegue pessoas incautas que são jogadas nas prisões ao lado dos piores marginais. Tudo o que se vê é fruto de uma política criminal errada, injusta, implantada através de uma legislação esdrúxula, irresponsável e que precisa ser modificada urgentemente pelo Congresso Nacional. O juízo jurídico colocado em prática pelo legislador funciona como um juízo de valor, não se limita a comprovar a existência das causas, mas, valora-as, para fins de repressão, o que pode ocorrer, em muitos casos, em vez de extinguir ou reduzir o crime, venha estimular ou eliminar um e criar outro. Daí urge, para amenizar um pouco esta situação, além da prática da religiosidade entre os presos, o trabalho prisional intramuros, com incentivo especial à formação de mão de obra especializada, por maiores de cursos profissionalizantes, em parcerias com escolas técnicas públicas e privadas e ainda, a construção de presídios mais humanizados com o objetivo de desafogar a lotação excedente, cujo ambiente atual deteriora mais ainda a mente humana. Fazendo isso, acredito que trará mais socialização aos presos e segurança aos cárceres.  

Publicado no Diário da Manhã, edição do dia 24 de abril de 2013

Retrato da Violência


Os atos de violência que vem acontecendo são mais perniciosos que as catástrofes naturais, como os furacões e terremotos, porque ao contrário das vítimas de um desastre natural as de uma violência se sentem intencionalmente escolhidas como alvos de uma maldade. Este fato despedaça as crenças sobre a confiabilidade das pessoas e a segurança do mundo entre elas, crenças que as catástrofes naturais deixam intactas. O mundo social torna-se um lugar perigoso, onde os seres humanos são ameaças potenciais à sua própria segurança. Todos os dias se veem estampados nos jornais crueldades indescritíveis praticadas pelo homem e na memória do tempo ficarão gravadas as sua vítimas, e quando fatais, as próprias famílias, como se fossem cenas de um filme de terror que nos faz encarar o medo como qualquer coisa semelhante ao próprio ataque traiçoeiro do mal que vem afligindo o mundo.

A sociedade organizada e a polícia instalam câmeras de segurança com capacidade de desenvolver capturas faciais adequadas para o reconhecimento automatizado do indivíduo e esclarecimentos do delito num curto espaço de tempo, que são raras e onerosas. Não obstante essa assertiva de policiamento, entendemos que outros instrumentos de apoio à investigação precisam ser empregados para permitir a captura ou descrição dos dados biométricos dos envolvidos em delitos criminais, auxiliando de forma efetiva e rápida a identificação positiva dos indivíduos em arquivos criminais de porte. O retrato falado situa-se como um destes instrumentos, importante na elucidação de crimes. Entretanto, além da confecção, que depende de razoável precisão biométrica, depende também de divulgação para interação com fontes de informações públicas e pesquisas que transforme o produto gráfico em identificação positiva do suspeito em arquivos fotos-criminais.

Infelizmente, dados estatísticos não mentem e mostram que o estado de Goiás tem o 15º maior índice de homicídios no país, são 30 assassinatos a cada 100 mil habitantes, número maior que a média nacional, que é de 26. No Brasil, o índice diminui, enquanto o ritmo dos homicídios em Goiás cresce ano após ano. Esses são alguns dados divulgados pelo Ministério da Justiça e da Saúde, com base no estudo descrito no Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, realizado pelo Instituto Sangari e divulgado há alguns meses. Na lista de municípios goianos mais violentos estão, entre outros, Aparecida de Goiânia, Luziânia, Anápolis, Águas Lindas, Valparaíso e Rio Verde. O documento faz uma análise da violência entre os anos 1980 e 2010. Em razão disso, a população goiana vive insegura e sofrem com o aumento das ocorrências de roubos, assassinatos de moradores de rua, de jornalista, corrupção, estupros, pedofilia, violência policial, violência contra a mulher, tráfico de drogas, de pessoas e de tantas outras mazelas. Apesar dos dados alarmantes, a segurança pública se mantém ineficaz, todavia, em razão dos últimos acontecimentos, o Governador de Goiás e o novo Secretário de Segurança Pública sentiram a necessidade de substituir o Comandante Geral da PM, e desde que este novo Comandante assumiu já podemos vislumbrar a sua preocupação com a criminalidade, onde propôs de imediato a substituição de todos os comandantes regionais e a criação de uma Tropa de Elite, consoante notícia veiculada no Diário da Manhã, edição do dia 03 de abril findo, com o objetivo de essa ação se transforme numa atuação efetiva e seja feita de forma preventiva e ostensiva em busca de soluções para diminuir os casos de violência no Estado.

Ao lembrar-me dos episódios ocorridos no ano de 2012, que será para sempre lembrado como um ano de crimes horripilantes. Não me lembro de nos últimos tempos ter tido um ano com tantos crimes violentos e macabros. Pais e mães que matam filhos, filhos que matam pais, amigos que matam amigos, maridos violentam suas mulheres, mulheres que esquartejam maridos, pais que fazem estupram as próprias filhas e até pessoas que vendiam de carne humana nas ruas. Contabilizo estas perdas aos amigos que foram assinados covardemente e que durante décadas eu cultivei suas amizades em meu coração. Restou-me orar por essas vítimas e momentaneamente, até sonhar que um dia uma borboleta ia pousar na minha mão, e o que poderia ter se tornado apenas um desejo, se materializou, se tornou real, pois quando li o jornal na coluna policial, tive que quedar-me inerte sobre a poltrona e dias depois, felizmente, sentir um alívio quando noticiava que a polícia tinha localizado o criminoso. 

Ao ler a matéria do Diário da Manhã, senti bastante esperança, mas, certo de que o tempo tinha passado sem ser notado, talvez usando as asas poderosas de uma águia quando esta está em busca de sua presa, mas a desesperança não levou a vontade que venho cultivando durante décadas para desenvolvê-la em prol de minha cidade e quiçá, para todo o estado de Goiás. Nestas minhas andanças pelas periferias sempre me preocupei com o ser humano, apesar de que, ás vezes, sentia-me incapaz para solucionar as situações encontradas e, quando isso acontecia, recorria e recorro a outros amigos, porque é meu jeito de ser, de uma pessoa temente a Deus e que sempre carrego e carregarei comigo o princípio básico de fazer o bem sem olhar a quem que sempre norteou a minha caminhada.

Artigo publicado no Diário da Manhã, edição do dia 17 de baril de 2013

Brasil está na UTI


Nos últimos anos se tornou perceptível para mim por mais que a terra mudasse de posição ao girar em torno de seu eixo ou fazer seu círculo ao redor do sol nada me convenceu. Manuseando o globo terrestre exposto sobre a mesa, a cada continente via aparecer aglomerações de países de pequenas e grandes proporções, e nas descrições na Enciclopédia ao lado, observava diversidades de credos, raças, comportamentos e línguas diferentes, entretanto, todos sem distinção, possuíam uma beleza descomunal que me deixou com uma força espiritual surpreendente, sem medo de cair em desânimo ou depressão. Deus, onipotente, que tudo sabe e vê, parecia querer que eu digitasse no computador o que vem acontecendo com o mundo e principalmente com o nosso País e também falar das diferenças socioculturais, econômicas e políticas que, por mais que o sol ofuscasse meus olhos ao passar pelo quadriculado da janela, lá estava o Brasil, esplêndido, com o pendão da esperança e ocupando a maior área da América do Sul. A emoção de ver suas florestas deslumbrantes, a maior do mundo, com uma abundante fauna e flora, e os planaltos, as planícies, rios caudalosos, algum alimentando outros, me deixavam extasiado, mas preocupado com o dia de amanhã.

Meus olhos que pareciam auxiliados por uma poderosa lupa, foram vasculhando todos os espaços oferecidos pela natureza numa ânsia de alcançar um ponto qualquer, que parecia impossível, vi um homem moribundo que perambulava pela calçada, cuja escuridão era ofuscada por um aglomerado de lâmpadas vindas de uma churrascaria e aí, pude observar que lá de dentro saíam imagens de uma tela de TV e notícias assustadoras, que automaticamente iam passando, imperceptíveis, diante dos olhares absortos e atônitos dos clientes, que mais pareciam estátuas, desinteressados ou acostumados com aquelas informações jornalísticos reprisadas diariamente.  Para mim, que não era marinheiro de primeira viagem, era como estivesse apertando uma tecla do invisível que me mostrava à corrupção que vem assolando o nosso País.

Um abalizado comentarista político dizia que o principal responsável pela corrupção no Brasil não são as empreiteiras, mas, sim, a burocracia que impera nos órgãos públicos e se eficientes não existiriam empresas corruptoras. É lamentável o que se via no noticiário e colocadas nos camburões da polícia gente graúda, algemadas, que fraudaram licitações de obras públicas. A prática de desvio de dinheiro público, uma relação promíscua entre empresários e políticos, entre o Executivo, Legislativo e até o Judiciário, desencanta a gente e ajuda a reforçar o meu desinteresse, o meu desprezo e a vergonha que sinto em relação à classe política brasileira. É duro assistir a tudo isso e saber que a lei penal brasileira é incapaz e insuficiente para combater a corrupção.
São público e notório que é por intermédio das obras públicas que se desenrolam a maior fonte de corrupção no Brasil, embora se deva entender que a culpa não esteja somente em empreiteiras, mas no aparelho do Estado que está cheio de gente corrupta. Ademais, como se confirma nos noticiários, boa parte da classe política vive de contribuições, denominada de caixa dois das empreiteiras, criadas para suas campanhas políticas ou enriquecimento ilícito pessoal. Se o nosso País fosse perdulário, corrupto e ineficiente ou desburocratizado, com orçamento elaborado e executado de forma diferente, não apareceriam essas famigeradas empreiteiras corruptoras.

O dinheiro desviado pelo superfaturamento de obras e pela sonegação de impostos faz falta para investir em infraestrutura e saúde pública que está um verdadeiro caos no Brasil. Maracutaias como essas não apenas diminuem a arrecadação, mas também tem efeito devastador na criação de postos de trabalho. E no que tange a concorrência pública vemos um clima de insegurança, pois na prática, o que se nota, as que têm a maior chance de levar o contrato com o governo não é a empresa mais competitiva e competente, mas, sim, aquelas que têm lobistas inteligentes, perspicazes e que sabem “molhar” a mão da pessoa “certa”. A doença se espalha pelo afora e não encontramos na medicina o remédio capaz de estancar do nosso peito a dor corrupta e corruptora. Somente o povo brasileiro através do voto, unidos, segurando o pendão auriverde da esperança poderão tirar o Brasil da UTI. 

(Publicado no jornal Diário da Manhã - Goiânia - Goiás em 10 de abril de 2013)

Momentos de Reflexão

terça-feira, 2 de abril de 2013


Deitado à sombra de um coqueiro, dormi. De repente me senti mergulhando em águas profundas, inquietas, certo de que queria me mostrar alguma coisa, e sufocadamente, meu corpo imergia, emergia, reagindo às intempéries impostas por um mar revolto que, com o auxílio do vento, empurravam gigantescas ondas que se debatiam sobre as rochas e desintegravam-se sobre a areia branca que se esparramava naquela linda orla marítima. A realidade que via caracterizada no espelho d’água formado no fundo do mar era levada pelas ondas, mostrando vívidos detalhes de pessoas paupérrimas, injustiçadas, oprimidas, mulheres agredidas, negros discriminados, trabalhadores explorados, agricultores, pessoas sem teto e terra para morar e plantar, guerras, catástrofes, criminalidades, ditaduras espalhadas pelo mundo, repressões e tantas outras imbecilidades que me deixou pensativo e sem forças para combater tanto mal. A angústia me oprimiu e aí perguntei a mim mesmo: Quantos anzóis ou redes serão precisos para fisgar toda essa gente sofrida? Naquele instante me senti incapaz de acudir alguns, mesmo sabendo que detinha naquele sonho inesperado a força divina que impulsionava todas as minhas ações. Aqueles minúsculos espelhos d’água pareciam querer me mostrar que eu vivia num mundo irreal. Parecia absurdo, mas era verdade. No mundo tão belo e rico que se estampava diante de meus olhos existiam crianças passando fome, pessoas sem condições mínimas de plantar para a sua própria subsistência; meninos e meninas perambulando pelas ruas, cheirando cola para enganar a fome, queria que apenas fossem cenas represadas no meu subconsciente, mas não eram; crianças e mulheres que se prostituiam para sobreviverem; noutra onda, o espelho realçava a Terra sendo destruída pelo próprio homem; chacinas, roubos sequestros, corrupção, abuso do poder econômico que oprimem os menos favorecidos, isto não é irreal ou utopia, é pura realidade, uma realidade que se alastra como se fosse uma coisa natural característica da própria espécie humana.

Diante daquelas ondas senti que era necessário resgatar da memória do tempo os bons fluídos, as riquezas e criatividades produzidas por muitas pessoas cristãs, criteriosas, que pode fecundar esses momentos de reflexão e ajudar a delinear e modelar novos conceitos de vida em face do processo atual, uma vez que, às vezes, encontramos preceitos e normas de comportamento que estão fora de época. O mundo se globalizou então é importante que se recupere a moral dos homens e lhes deem condições de acompanhar as rupturas que a história maleficamente lhes impôs durante milênios. De outra parte, entendemos que cada pessoa deve se tornar sujeito de sua própria história, de sua própria libertação, transformando a sua realidade com a finalidade de efetivar a justa liberdade coletiva, ainda que de maneira deficitária.

Ao ver a multidão perdida na escuridão da vida e sem a presença de Deus, preocupei-me sobremaneira de ver muitos deles perderem a sua ligação com a igreja na qual foram batizados. Outros, sentindo-se excluídos pela sociedade, violentados moralmente e impossibilitados de terem acesso aos bens necessários para a sua sobrevivência, ficam frustrados e se deixam tomar pelo desânimo, deturpam-se as mentes e deturpadas, partem para as formas mais fáceis de ganhar dinheiro, exemplificado no tráfico de drogas, que tem levado muitos jovens ao crime e à morte prematura. Alguns, sem a orientação eficaz, mudam de religião como se estivessem trocando de roupa ou desesperançosos, tornam-se indiferente a tudo, fato que a igreja deve procurar saber para obter uma resposta mais adequada para combater os desafios aqui constatados.

Neste momento de reflexão, mesmo usufruindo das benesses de uma sombra e o sopro do vento que vinha do mar, comecei a entender realmente que não só a sociedade brasileira está na UTI, mas todo o planeta Terra. A doença do egoísmo e da maldade domina todo o sistema, onde, de forma excludente, não se consegue realçar a solidariedade como valor extremamente capaz de forjar um mundo mais humano e fraterno. È necessário que a perda progressiva do seu senso ético e o próprio individualismo como um mal predominante possa ser retirada com a inserção do bisturi do amor, juntamente com a raiz da justiça, que está sendo corroída dia a dia, possam tirar do sofrimento os mais fracos e indefesos.    

 
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