Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

O idoso e o prazo de validade.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Quando ultrapassamos a casa dos sessenta anos de idade a primeira ideia que nos vem à mente é a aposentadoria. Mas, ontem, depois de retornar de um abrigo de idosos não gostaria de tocar neste pormenor, porque ao conversar com eles senti que não se consideravam idosos comuns, não aceitavam este rótulo e muito menos dizer que tinham prazo de validade. E sabem por quê? Alguns deles nasceram e cresceram na labuta da roça, algumas idosas diziam que lavavam roupas anos a fio e as penduravam no varal da vida, sem contabilizar os anos perdidos; outros diziam que massageavam barro para montar tijolos e adobes para construir moradias, e os mais afortunados, plantavam arroz e milho, possuíam cavalos, campeavam o gado, cuidavam de galinhas, hortaliças e pomares nos plantados nos fundos dos quintais e ainda, se deixassem, eles até faziam ordenha de vacas. Esses senhores e senhoras pagadores de impostos que trabalharam duramente a vida inteira, sabem que o desamor e o abandono destruíram seus dias e os que ainda lhes restam. Raramente, recebem visitas, e eles, inofensivos, acham normais. Hoje, se considerarmos o aspecto de convivência familiar de cada um, pode ser que alguns deles talvez tenha sido um desastre como pai, ou talvez, não compreendido que estamos vivendo num mundo moderno, que os tempos mudaram, o mundo evoluiu e que não se usa mais a varinha de marmelo para roçar as pernas e bundas dos jovens desobedientes e nem a palmatória para esquentar a palma de suas mãos. Hão de entender também que o tempo dos impacientes, implicantes, teimosos, mandões não existe mais, todavia, em razão do que vem acontecendo em relação à desobediência da juventude esses dois instrumentos “educacionais” citados, hoje fazem muita falta.

Sentado numa cadeira de descanso, com cachimbo e olhar perdido dentro de si mesmo, cabelos grisalhos, mãos calejadas e rosto carcomido pelas intempéries do tempo, o velho Manoel deu um longo suspiro, olhou-me meio desconfiado, mas querendo desabafar pediu-me que gravasse esta mensagem e a enviasse aos seus filhos, e sem pestanejar, foi logo dizendo:
- Caro amigo, por causa da idade, não quero que meus filhos se preocupem em me visitar todos os dias, ou qualquer dia, somente para cumprir uma obrigação. Quero que eles façam isso quando sentirem realmente saudade, vontade de me ver; quero que façam isso quando sentirem saudades daquele cheirinho de perfume misturado com suor que sempre carreguei e eles sabem que só eu tenho; quero que façam isso quando sentirem falta de um apoio moral, de uma orientação de pai, porque ajuda financeira não mais posso dar, pois já doei a eles tudo que tinha. Quero que sintam falta da forma que meus olhos olhavam pra eles, com aquela expressão de orgulho, amor e carinho.

Hoje, impossibilitado de andar com desenvoltura, por causa da idade e questões de saúde, não quero, se for visitar alguém, que eles venham aqui e me levem com má vontade, de uma casa para outra ou de uma cidade pra outra como se eu fosse um embrulho rotulado com um prazo de validade. Na realidade, o meu querer é ficar aqui, sossegado, neste recanto, curtir os amigos da mesma idade e lembrar-me do cântico dos pássaros, do latido do cão, do cantar do galo no poleiro, do gado pastando a relva molhada ou apreciar a ordenha do gado leiteiro, e se pudesse, usaria as asas da imaginação para voar, ir para bem longe, além de mais além, no entanto, é importante conscientizá-los o quanto eu valorizo as amizades aqui neste abrigo e a liberdade, não só a minha, mas, sobretudo, a de meus filhos e das pessoas que nos cercam e continuou...

- Caro amigo, por causa da idade, quero que meus filhos me olhem e sintam orgulho de mim, de tudo que tentei realizar profissionalmente em prol deles e de toda a minha luta pela sobrevivência e levar a vida com dignidade, conforme os princípios éticos e morais, conforme meus próprios princípios e a minha vontade. Não quero que pensem que fui egoísta a ponto de prejudicar alguém, que alguma vez falhei, ou que eu os amei de menos ou amei de mais, ou que amei um mais que o outro. Eu simplesmente optei: eu quero ser bom pai, bom avô e bisavô; eu quero amá-los muito e se pudesse cuidar de meus netos, bisnetos quando precisassem de mim, é claro que cuidaria com o maior prazer, cuidaria porque sei que em procedendo assim, estaria ajudando-os a se tornarem pessoas de bem, especiais e que este meu ato pudesse fazer a diferença em suas vidas e na vida dos que os cercam, mas hoje, infelizmente, não posso, porque alegaram que não podiam cuidar de mim e aqui me abrigaram.

- Caro amigo, por causa da idade, permita-me dizer-lhe que sinto uma vontade danada de curtir meus netos, bisnetos e mimá-los do meu jeito. Que eles me critiquem se eu exagerar nos carinhos ou que possa discordar de algum castigo dado por eles, talvez pesado demais. Exagero que um dia posso ter feito, então, queria que considerasse este meu ato de mimo apenas como um pedido de perdão e uma prova de amor, amor inconteste de um pai e avô.

- Caro amigo, por causa da idade e dos anos que ainda nem sei se vou emplacar, quero que não sintam pena de mim quando porventura ficar debilitado, estirado num leito e impossibilitado de andar por algum motivo qualquer; quero apenas que olhem para mim e digam: meu pai sempre foi um guerreiro, sempre foi, é forte, possuidor de muita fé em Cristo e cuidou da gente com amor, tornando-nos homens de bem, usando ou não a vara de marmelo.

E por fim, amigo, eu quero que meus queridos filhos, hoje ou amanhã, não se sintam responsáveis por mim, eu lhes tiro dessa obrigação. Eu os solto, eu os libero. Que vivam suas vidas, trilhe seus caminhos, procurem alcançar um status melhor na sociedade, mas jamais se esqueçam de amar as pessoas com as quais convivem. Quero que formem seus filhos, trabalhem, tenham êxito; quero os crie como eu os criei, mas, logicamente, se eles acharem que eu o fiz da melhor maneira. Quero que sejam corajosos, que sonhem muito, sonhem alto. Quero que sejam gentis, retribuam sorrisos, compartilhem bons momentos, cuidem de seus corpos, mas especialmente de suas almas. Jamais duvidem da existência de Jesus e de nosso Criador. Que não se prendam a dogmas, não julgue nada, não condenem ninguém, não acredite em tudo o que lhes disserem, procurem eles mesmos às respostas. Quero que usem o poder de discernimento que há dentro de deles. Mas, finalmente, quero que lembrem sempre disso: Eles podem tudo! O improvável pode até existir, mas o impossível não, então, é necessário que eles creiam piamente nisso. Eu apenas quero que sejam felizes, pois neste Natal, mesmo sem a presença deles neste abrigo, eu serei!




Entrevista com o mosquito.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

No mundo da imaginação ou do universo fantástico das fábulas, tudo aquilo que é contrário à razão, ao paradoxal e ao absurdo é possível e permitido. Quando alguém escreve usando esse estágio de pensamento ele desfigura o homem por completo para compor o enredo, onde o bicho se torna coadjuvante. Ele transforma a pessoa humana em bichos, os bichos em pessoas, fazem peixes voar, pássaros nadarem, cachorros relincharem, cavalo fazer cocoricó, pintinhos latirem, pedras falarem, bichos e homens conversarem entre si... E através da imaginação vão além de seus limites no tempo e no espaço, conhecendo assim um mundo inacreditavelmente real.

Através da sensibilidade da escrita, o escritor tem acesso à linguagem primordial, não somente do homem, mas também dos animais e das árvores. Quando homem solta os pensamentos eles voam sem rumo, carregando uma imaginação conturbada, distorcida, talvez por pertencer a uma sociedade hipócrita, onde não se sabe, quando termina ou começa a vida real, se é que ela existe. Distorcida ou não, a arte literária é uma manifestação de criatividade, de sensibilidade, de discernimento, de solidariedade, de simplicidade, mas não é, de maneira alguma, manifestação de conhecimento e nisso eu acredito e passo a régua.

Se colocar em discussão cientificamente a situação em comento, posso afirmar que a pedra não é um ser vivo e pronto! A água desliza sobre o leito, mas não é um ser vivo e ponto final! O cachorro é um animal irracional e se o homem deixar ela faz cocô na calçada, ponto e sem mais delongas. O homem não limpa a calçada, mas é um animal racional e ponto final! Mas a questão é que estamos falando do mundo imaginário, surreal. Veja o título desta crônica: “Entrevista com o mosquito” E não é um mosquito qualquer como aquele que pousa por cima de nossa comida, infesta os locais onde tem mau cheiro. Vou entrevistar é o chefe-mor dos mosquitos, o Aedes Aegypti, e mostrar que podemos conversar com ele, com os insetos, com as plantas, com as pedras, com as águas, com os ventos... Mas primeiro tive que me fantasiar de mosquito para me sentir mais a vontade. Antes de iniciar a conversa questionei: Por que tantas pessoas se afastam da natureza? Por que tantos tentam destruí-la para poder dominá-la? Não somos seres da natureza tanto quanto uma palmeira onde cantam canários e sabiás? Por que o povo não se une nos bairros para dialogar com esse mosquito transmissor da dengue? Tire-o do local sujo onde habita e lhe dê casa, água limpa e o alimente através de um banco de sangue. Vamos mostrar pra eles que somos ou não somos maiores pelo fato de sermos seres que pensam.

Mas o fato é que, de alguma maneira, esse famigerado inseto de pernas longas e magras já ansiava em ser entrevistado e eu era o cara que ele procurava. Nem repórter era, mas quando vi aquele menino febril na porta do CAIS com suspeita de dengue e não ser atendido pelo médico aceitei o desafio. Eu ou qualquer pessoa jamais podíamos imaginar que ele estava ali, balançado folgadamente no pneu, junto com suas amadas se reproduzindo.

Pois bem, todos sabem que o macho não transmite a famigerada dengue, febre chikungunya e agora tal de Zica vírus que causa microcefalia. Esse insetinho magricela dá suas picadinhas, respira como qualquer animal; ele morre, nasce e é um ser vivo que voa com o vento e brinca de esconde-esconde tendo ou não sol, tendo ou não chuva; reproduz em proporções gigantescas, ou seja, é um inseto de amor eterno, terno até demais com as fêmeas. Estas sim precisam de nosso sangue e transmitem a doença. Mas quem vai dizer isso não sou eu, é o próprio Aedes. Ta tudo combinado! Eu sou apenas um homem que se preocupou com a situação daquele menino, que naquele instante de agonia olhou e pensou, mas o que pensou o mosquito enquanto eu pensava sobre ele? O que estaria pensando naquele pneu enquanto eu descansava à sombra de uma árvore ali perto? O que estaria dizendo enquanto eu fazia um resumo do que ia perguntar. Será que perguntaria sobre sua magreza e impotência de transmissor? Por que deixa para a fêmea o trabalho de picar as pessoas que, infelizmente, não se preocupam em se desfazer do lixo que acumula no lote ao lado ou dentro de seu próprio habitat? Pensei: deixa a vida sexual e pregressa dele pra lá e vamos aos fatos, ou entrevista.

Aproximei-me devagarzinho, com umas anotações e olho no olho eu fiz várias perguntas:

- Há quanto tempo habita neste pneu?
- Tem vários anos, nunca fomos perturbados por qualquer ser humano. De vez em quando passa um carro soltando uma “fumacinha” fedida, mas de tão fraca não alcança nosso habitat.
- Por que o governo não consegue exterminá-los?
- Por mais que tente acho que ele não tem um projeto preventivo para eliminar os criadouros e combater nossas fêmeas transmissoras. A saúde pública brasileira está um caos e o povo não colaboram com a limpeza dos lotes baldios, dos vasos, pneus, garrafas, copos, tampinhas de garrafas, calhas, caixas d’água, piscinas, então, de nada valerá o trabalho da vigilância sanitária e nem apoio do exército. Procriamos até em tampinhas e todos sabem disso! A incompetência do governo e a falta de colaboração do povo, jamais vão conseguir quebrar o ciclo de vidas nossos e eliminar ovos e larvas. O governo está até criando em laboratório mosquitos geneticamente modificado, ou seja, mosquito infértil, mas tudo é forma de abrir um canal para mais corrupção no Brasil. Finalizou dando um sorriso sarcástico e bem bicudo. Fechado o sorriso, perguntei-lhe:

- Quem é aquela fêmea toda desengonçada sobrevoando perto daqueles meninos? 
- É a Dina Russefe. Ela ruim e mente demais! É uma verdadeira sanguessuga. Fala muita baboseira e virou piada na boco do povo. No criadouro dela têm os mosquitos Zenoinos de Castro, “os três em um” e o controlador, apelidado de Vaccari que tentou “picar” alguém importante e se deu mal. Dizem por aí que ele “meteu a mão” na rica mosquitinha Pietrabras, junto com tantos outros e se enrascaram de vez, ficando sem o pré-sal que “salgava” as mãos do pessoal daquele criadouro, que, por sinal, é cheio de melecas e larvas... Essas melecas estão esparramadas também no criadouro chamado de Congresso Nacional e lá quase não sobre ninguém. Tudo contaminado. É sujo falando do mal lavado. Aedes deu mais um sorriso, agora cheio de deboche, e antes de concluir, me perguntou: - Você realmente acha que está conversando comigo, um simples mosquito?

A pergunta me deixou encabulado, mas logo pensei: se sou escritor e viajo no mundo imaginação, então pode tudo. Usei uma resposta vaga como subterfúgio, mas pertinente, para que ele não chamasse sua amada para me aplicar os ferrões. Respondi-lhe que sim, que era sensitivo, que podia ficar tranqüilo e que não ia denunciá-lo para as autoridades sanitárias e nem indicar o local de seu criadouro. Deixei o local pensativo e o fato acontecido, para os leigos, creio que só restarão descobrirem nesta crônica onde estão as metáforas, mas para mim, a imaginação de minha conversa com o mosquito era uma coisa real que ia além da imaginação. Tropos para uma fábula ou um acalanto, desses que invento para orientar, levar minhas congratulações e elogios a todos àqueles que se cuidam, fazem a sua parte no combate a dengue, cuidando de seu lote, de sua saúde e de seus vizinhos.




Regras para pedaladas e impedimento

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Em razão do alvoroço ocorrido nas últimas sessões da Câmara dos Deputados, o jogador Tição, do Esporte Clube Mandruvá, anda dizendo por lá que está com receio de jogar bola, dar suas pedaladas e marcar gol em impedimento. Opto por escrever impedimento porque sou patriota, tenho ojeriza dessa palavra e não sou obrigado a escrever em inglês. Dizem naquela região que em face desse debate nacional a Câmara Municipal da cidade está propensa a criar uma nova regra para o jogador que se encontrar impedido, no caso, ele será apenado com um cartão vermelho, e mais ainda, os edis, que não podem legislar sobre tal assunto, queriam que fosse impresso no bojo do cartão faixas verde e amarela. Coitado do Tição! E não é que danado era membro do PT local! Todo esse alarde não só assustaram o Tição, como também, outros jogadores da região. Como a notícia sempre chega truncada no interior e a maioria não entende que o tal pedido de impedimento tão falado e debatido nas redes sociais, nada mais é que uma punição máxima que um Presidente pode levar no exercício do seu mandato. No entanto, o jogador, seja qual time ou partido for, deveria saber, assim como a Presidente, que essa palavra é o estado de pessoa impedida, por qualquer causa, de cumprir os deveres de seu cargo e no caso do jogador, impedido, marcar um gol de forma irregular, circunstâncias que tornam as ações ilícitas, tanto o seu intento, como ato de improbidade da Presidente de não cumprir as leis, como os de qualquer jogador de futebol, pois o gol fica anulado por irregularidade, ou seja, estava impedido de fazer o gol e pronto! Na lei esportiva, a posição do jogador por trás da linha da zaga do time adversário não lhe permite receber a bola arremessada pelos seus companheiros de equipe.

Com o jogador de futebol pode ocorrer durante o jogo vários impedimentos, e em alguns casos nada acontece e nem é punido pelo árbitro porque não cometeu nenhum ato de indisciplina, mas se reclamar acintosamente pode até levar um cartão amarelo. Ainda bem que para essa situação, na regra atual, o cartão não é vermelho e nem possui estrela. Quanto ao impedimento de um Presidente da República a coisa é mais séria, porque torna-se necessário que ele tenha cometido vários crimes, como os de responsabilidade, que são atos definidos pela Constituição e pela Lei dos Crimes de Responsabilidade, que representam um atentado às principais regras constitucionais e da democracia, como improbidade administrativa, corrupção, malversação do dinheiro público, impedir o direito de voto, receber apoio ou auxiliar País inimigo em guerra contra o Brasil, assim como, deixar de enviar dentro do prazo o Orçamento da União ao Congresso Nacional como fez a Presidente Dilma.

Argumentos são vários em favor do pedido de impedimento de um Presidente. O primeiro argumento para o impedimento são as pedaladas fiscais que caracteriza crime de responsabilidade contra a lei orçamentária. E como se constata a isso? O TCU – Tribunal de Contas da União, órgão fiscalizador, apontou no caso da Presidente Dilma, que o governo atrasou o repasse de dinheiro a bancos federais para o pagamento de subsídios e benefícios de programas sociais feitos por meio da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil e do BNDES. Como os bancos efetivamente realizaram os pagamentos dos programas, o atraso nos repasses proporcionou uma folga no caixa do governo. A prática ficou conhecida como pedaladas fiscais e, segundo o TCU, representa um tipo de "empréstimo" dos bancos ao governo, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. O tribunal apontou que foram represados R$ 40 bilhões em 2014 referentes ao seguro-desemprego, programa Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família, Programa de Sustentação do Investimento (PSI) e crédito agrícola. O governo diz que a prática não é ilegal, e que os bancos foram remunerados com juros pelo atraso nos pagamentos. Mas os defensores do pedido de impedimento argumentam que as pedaladas, além de irem contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, configuram crime de responsabilidade contra a Lei Orçamentária, de acordo com o previsto no artigo 10 da lei que define esse tipo de conduta vedada (Lei 1.079/1950).

O segundo argumento ocorreu com a manobra fiscal em 2015, ou seja, no pedido de impedimento recentemente apresentado à Câmara, os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Junior sustentaram que as pedaladas fiscais continuaram neste ano. O argumento tem por base representação do Ministério Público de Contas que apontou o uso da prática também em 2015, situação que levou à abertura de uma investigação pelo TCU. O Ministro Raimundo Carreiro, que será o relator do processo, determinou que a área técnica da Corte fizesse inspeção no Tesouro Nacional, no Banco Central e no Ministério das Cidades, além de três instituições financeiras controladas pela União (Caixa, BNDES e Banco do Brasil), para confirmar a repetição das irregularidades neste ano.

No terceiro argumento apresentado relataram que a Presidente Dilma foi omissa em relação a irregularidades na Petrobras e o que significa essa situação? Como advogado eu respondo: A Lei de Crimes de Responsabilidade lista entre os delitos contra a probidade na administração a conduta de "não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição". Esse ponto da lei é usado pelos defensores do impedimento para sustentar que a presidente Dilma Rousseff teria sido omissa em relação às irregularidades envolvendo a Petrobras - revelada pela Operação Lava-Jato por não ter afastado do cargo pessoas investigadas pela operação. O ministro Edinho Silva da Secretaria de Comunicação também foi alvo de inquérito no STF e o ministro Aloizio Mercadante, do Ministério da Educação, foi citado em delação pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa. Os partidários do pedido de impedimento também argumentam que a presidente Dilma era também presidente do Conselho de Administração da Petrobras quando ocorreu parte dos fatos sob investigação, como a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. De outra parte, a maioria dos juristas entende que a reeleição promove a continuidade da gestão presidencial e que argumentar o contrário seria abrir uma espécie de impunidade relativa às ações do primeiro mandato, situação que caracteriza, de certo modo, a intencionalidade da Presidente de não atender aos reclamos da legislação específica no que tange a não prestação de contas. São mandatos independentes, mas os crimes são continuados, principalmente em se falando de uma eleição fraudulenta e cuja vitória aconteceu sustentada pelas mentiras da Presidente durante a campanha eleitoral, onde, nos debates eleitorais e mensagens televisivas, ela escondia a real situação de sua administração e a do próprio País.


Parcerias fantasiosas num mundo sem escolhas.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Quando se trata de parceria em prol de uma sociedade mais justa, humana, fraterna ou para ajudar as pessoas com as quais convivo, eu não meço esforços, vou além das montanhas porque lá posso receber o sopro do vento, um local aprazível, onde os pássaros não se assustam, a noite é uma mansidão, o sol não queima o rosto e se acanha diante da gente. Se precisar, fantasiosa ou não, vou até a lua, e para iluminar o caminho do povo sofrido faço parceria com ela, como também, com as estrelas que cintilam na redoma celeste, e lá, posso ficar noites inteiras apreciando sem me preocupar em contabilizar as horas. Talvez seja inspiração, amizade, realidade, imaginação, parcialidade, atração, maturidade, penação e serenidade, junções que me levam a ser parceiro até do universo. A união dessas junções de acontecimentos eu relaciono em catálogos, cuja lista final sempre se desponta uma sociedade hipócrita, enquanto minha vida, cheia de sentimentos compostos, causa reações inesperadas, como se fosse uma mistura do que é real e surreal. Nesse mundo paralelo em que vivemos onde nada é tudo e tudo é nada, e do pouco que temos é perto do nada, para mim pode ser muito, mas o muito, diante do meu pouco se torna nada. Então, procuro sair dessa parceria fantasiosa, ir para além de mais além, flutuar, sentir, pensar, refletir. Volto a ser parceiro da monotonia e rotinas de vida que ora vivo, as quais se tornam para mim uma verdadeira festa, é como estar acordado, com os olhos vidrados na luz do firmamento e ouvidos aguçados nos sons que nem sei de onde vêm. Mas, após o fechar de olhos e não mais retornar ao meu mundo, talvez sem escolhas, o meu corpo poderá seguir por caminhos desconhecidos, cujo mistério, ao final, só eu poderei desvendar.

Há tempos, sem ser fantasioso, aprendi a ser parceiro, mas também que ninguém precisava saber por que estava triste ou o que fazia de minha vida. Aprendi, há décadas, seja lá qual era o problema, era minha responsabilidade, pertencia a mim e eu é que tinha que solucionar. Com o passar dos tempos aprendi guardar minhas dores e momentos difíceis só pra mim. E quantas dores e momentos difíceis eu tive. Aprendi também que os melhores textos que escrevia, seja lá qual padrão, saíam sempre dos momentos em que me trancava por dentro e como companhia, apenas o silêncio, a solidão e o barulho dos dedos batendo em cada tecla procurando escrever algo novo que pudesse alcançar o coração do meu povo. Às vezes, abatia tristeza, oriunda de um trabalho mal sucedido. Mas aprendi também à época que ninguém se importava como a gente se encontrava, e como era nosso dia. Aprendi que poucos valorizam o que nós fazemos por elas, e poucos valorizam a nossa companhia. Aprendi a não me importar com pessoas da mesma forma que agem comigo e a não guardar magoas no coração. Aprendi, ah, se aprendi... Aprendi tanto que hoje procuro trazer felicidade em meu sorriso.

Na sociedade consumista em que vivemos é claro que a beleza, em primeiro momento, chama a atenção, mas quando provida da realidade, sem fantasia e possuir qualidades como: a parceria, a amizade, a cumplicidade, o caráter, o companheirismo e a inteligência, são fundamentais para o amadurecimento de qualquer cidadão. Como disse Charles Chaplin: “Uma pessoa pode ter uma infância triste e mesmo assim chegar a ser muito feliz na maturidade... Da mesma forma pode nascer num berço de ouro e sentir-se enjaulada pelo resto da vida.”



Peraltices de um escriba.

sábado, 28 de novembro de 2015

Quando o tempo me sobra ou me sobra tempo, procuro o meu computador instalado naquele quartinho de empregada que transformei em escritório. Na parede, além do antigo retrato de meus pais, pintado a óleo, pendurei todos os diplomas, certificados e títulos recebidos, e neste mês, recebi mais três e o jeito foi procurar um espaço pra eles. Considero todos de grande importância, principalmente o último que recebi na Universidade de Santiago do Chile. Perto deles, e principalmente, quando estou bem desperto, produzo melhor meus escritos e às vezes nem noto que estou em plena selva de concreto e asfalto. Do meu pequeno escritório, no 13.º andar, pode-se ver o pôr do sol e o nascer da lua mesmo com as persianas semi-serradas. Na parede, à esquerda, diplomas de várias entidades e Academias de Letras se destacam e eles são incentivos para continuar escrevendo. Sem pestanejar, vou à janela, livro-me das persianas e a uso como um mirante para visualizar as ruas, prédios e o longínquo horizonte. Encho os olhos de paisagens e na retina, impregno os meus sonhos.

Do alto, vejo um cachorrinho preso a uma fina corda que, inocentemente, deposita os seus restos de lixo na calçada e uma senhora, que deve ser “mãezinha” dele, nem liga, pois a calçada não é a dela e nem mora perto. Eu tive que rir, ri muito daquela situação vexatória e do rosto ruborizado da mulher quando o danado do cãozinho defecou bem mole sobre a calçada. Como ela iria colocar no saquinho de plástico? Senti-me culpado, pois devia ter entrelaçado os dedos para prender o cocô no orifício do bichinho. Ao ver aquela cena meus pensamentos foram e voltaram na velocidade da luz trazendo o meu tempo de criancice. No que tange a aquele cachorrinho é claro que veio à minha mente cenas do passado: cachorros fazendo suas necessidades, e a gente, inocentemente, sem maldade, entrelaçava os dedos indicadores e num repente, os excrementos do animal não fluíam mais, ficavam como que congelados entre o orifício e o espaço. Quanto à lembrança que tive de certo cachorrinho, infelizmente, não tive tempo de entrelaçar os dedos. Sorte dele, mas não da dona. Mas naquele tempo situação como esta aconteceu com uma senhora educada, de fino trato, que apenas ficou observando sorrateiramente o meu ato e nem se importou quando descruzei os dedos e juntos escutamos o gemido do canino e sair do orifício um excremento e “plaft”: o sólido foi atraído pela gravidade e se espatifou no chão.

Do alto, o sol veraneado de uma manhã de domingo me animava a tirar os óculos de grau para captar de modo natural, sem anteparos, o mundo que me rodeava. Esparsas nuvens, raios de sol e um bando de pássaros que brincavam de esconde-esconde nos arvoredos, por isso é que tomei a decisão de descer com a máquina para fotografar a beleza celeste e aqueles pequenos pássaros, mas quando cheguei à calçada, eles não estavam mais lá e o jeito era fotografar os raios de sol que retalhavam os prédios e, com certo cuidado, esgueirei-me pelos muros, sorrateiro, caviloso, dissimulado, para conseguir chegar a uma distância que julguei suficiente para localizar os pássaros e produzir com a máquina uma obra de arte: prédios, raios de sol e os pássaros com seus vôos rasantes.

Quando retornei ao escritório fui conferir as imagens e descobri que em três fotos não tinham os pássaros e nem prédios, e em outras três, apenas uma distinguia duas aves e um prédio, tornado-se um exercício de adivinhação. Descobri que não era um bom fotógrafo. Um caso à parte, mas impediu-me de postar no PC. Ah, para não me descontrolar dentro de minha “caixa de fósforos”, que é meu escritório, e não esquentar a “moringa”, fui até a uma pia e joguei um pouco de água no meu couro cabeludo, depois liguei o ventilador, respirei fundo e disse: As fotos não saíram boas, mas também não pisei em nenhum excremento de animal.

Mas vamos esquecer esses restos de animais que ficam nas calçadas e ao invés de placa no jardim pedindo aos donos para recolher os excrementos, vamos entrelaçar os dedos. Mas, voltemos ao que interessa: o meu pequeno e “aconchegante” escritório. Neste ambiente cercado por uma estante cheia de livros é que componho as minhas escrituras, converso com as pessoas amigas através da internet e escrevo minhas malfadadas crônicas. Sentado diante do computador massageando o teclado até formar um emaranhado de letras, às vezes recolho de meu pensamento que está bem distante algumas frases há tempo impregnadas em meu subconsciente, que me embaralham, mas teimoso, escrevo.

Todavia, o espaço que me reserva o jornal Diário da Manhã é pequeno, mas à vezes, até abuso, como faço neste texto. Então, o jeito é parar de escrever porque não gosto muito de lamúrias e nem vivo ancorado no passado, assim como, não me apoquento e nem me deixo ancorar nos fundos rochosos ou arenosos de minha massa cefálica, caso algum livro ou texto meu não sejam publicados. Escrevo por escrever. Amo escrever e às vezes pergunto a mim mesmo: Onde estão os amigos confrades, acadêmicos que quase não se comunicam? Eu estou aqui dialogando com o mundo, um simples escriba ou aprendiz de escritor, nascido no interior e crescido na periferia da Capital, que andou de pés descalços, camisa surrada, calças curtas, mas, hoje, dotado de uma curiosidade enorme, cheio de esperança e que continua buscando sonhos ilimitados. Posso dizer que me tornei um homem moderno, ajustado, tolerante, sem preconceitos, todavia, diante da parafernália eletrônica, seja em tempo frio ou quente, este acadêmico ou confrade que ora escreve é, como dizem os argutos: sumidouro de memórias, ah, isso realmente sou... Então, caros amigos e amigas, cuidem-se!




Tragédia no Reino das Águas Piscosas.

domingo, 22 de novembro de 2015


É lamentável o que ocorreu e ainda ocorre em Minas Gerais. Mais lamentável ainda é aqueles que nascerão e não terão a chance de conhecer Rio Doce em toda sua beleza, essência e plenitude. Ao vê-lo combalido pela lama, posso dizer que fui feliz e privilegiado por ter nascido às margens do Rio São Domingos dos Olhos D’água, que dava nome a fazenda de meu avô. Posso dizer também que nasci em um berço d’água criado pela mãe natureza, rodeado das mais belas paisagens e cachoeiras que existiam aos montes, além de ter o privilégio de ficar ouvindo o canto de espécies diversas de pássaros e o ecoar de alguns animais selvagens que se ouvia longe. Talvez tenha sido aquele berço que me tornou amante da natureza e nunca mais me afastar dela. Mas vieram os tempos, foram-se os berços d’água, secaram os rios, e, sem alternativa, tive que ir afastando de minha visão a destruição dos mananciais e de tantos outros rios no Brasil. Impotente, sem poder fazer nada, pois sabia que o meu grito e tão pouco minhas lágrimas, os traria de volta, e tampouco, todo o esplendor que um dia encantou meus olhos. Restou-me a lembrança, mas ficou a esperança de que um dia o homem usará sua bondade, sua sabedoria e sua inteligência a favor daquilo que ainda nos resta. Um dia talvez, mas não acreditando que seja especificamente amanhã dada a fragilidade da política pública brasileira.

Em outras situações, países se unem para levar a paz no mundo, combatendo os terroristas, aqueles que causam as guerras e destruições entre povos e nações, no entanto, primeiramente, o homem deveria procurar a sua paz interior, corrigir as suas próprias distorções sociais. A partir do momento em que a gente se conhece, que nos encaixemos em alguma coisa e reconhecermos que também erramos, descobrimos em nosso Interior que não temos a humildade de reconhecer e admitir que todos venham a errar. Então devemos ver e descobrir o que nos completa, o que nos faz melhor e feliz, aí, podemos viver em paz, não só com a gente mesmo, mas com os outros também. Desse modo, podemos olhar com mais carinho e afeto o que Deus nos deixou de mais precioso e para nossas vidas também. Passando a viver como se não houvesse amanhã; passando a viver para o bem do próximo; passando a viver para o amor que é o maior de todos os dons. Assim, temos que agradecer sempre a Deus pela nossa vida, pelo lugar onde vivemos, pela água e alimento que temos todos os dias e que nenhum dia nublado possa ofuscar a beleza que existe em cada olhar.

Foi chocante pra mim que ver aquelas cenas horripilantes que começou no município de Mariana, com o rompimento da barragem que causou o maior desastre ambiental do Brasil. Foi chocante ver a angústia e desespero daquele povo. Olhei fixo para a TV e perguntei a mim mesmo: O que posso fazer? Como ambientalista que conselho eu devo dar? Estamos vivendo um momento político frágil, corrompido, cheio de “mutretas”, de negociatas escusas entre políticos para se manter no poder e que enojam o País. O que devo dizer? Pois bem. Repriso aqui uma pequena opinião que publiquei numa coluna de um jornal: “O ser humano quando derrubar a última árvore, quando matar todos os animais, quando poluir o último rio, quando dizimar todos os peixes e afogar em sua própria lama é que perceberá que jamais poderá beber ou comer dinheiro. Isto é fato. E foi aí que me lembrei novamente de onde nasci e do Rio São Domingos dos Olhos D’água. Diante da TV, não resistindo a tanto impacto destruidor, questionei: Onde está rio Doce que ontem em tuas águas todos ribeirinhos banhavam-se, matavam a sede, pescavam com seus barcos, pois dependiam dele para sobreviver, alimentar suas famílias? Rio que era a esperança de uma grande região mineira e dos olhos de quem molhou, mas, hoje, é pura destruição e desencanto, pois ele dificilmente alimentará seus pescadores e as pessoas que dele depende, e isto, custará muito caro para Minas e toda Nação brasileira”.

Assistindo uma reportagem sobre a região do Rio Doce ela me conduziu ao silêncio e me fez refletir horas e horas, mas nas entrevistas, era fácil observar os maus administradores se digladiarem diante dos repórteres, medindo seus gestos, usando de subterfúgios e da hora mais imprópria para esconder seus erros. Até a Presidente Dilma só visitou o local sete dias depois. Que cruel despreparo! Mas é fato que se rompeu uma barragem e sobre o rio Doce foi despejado lamas e detritos contaminadores, daí não se discute, toma-se providências urgentes. Durante a reportagem aparece um pescador com os olhos lacrimejados, olhando aquelas cenas estarrecedores como se ele estivesse num cemitério de peixes de onde exalavam um cheiro fétido, uma poluição que dizimou vários espécimes de cardumes. O que posso falar de você Rio Doce, rio piscoso que alimentou gerações? A sua beleza ficará para sempre em nossa memória e a sua história, vai para mais além do que escrevo, porque sei que não tardará e um dia voltarás para rasgar as sombras fúnebres que o cercou e lhe sujou de lama a alma, mas nesta outra fase de sua vida hei de acreditar que virão transbordando do seu leito muitas esperanças, virão novos cardumes e suas águas adocicadas afagarão o rosto daqueles que lutaram pela volta de seu reinado.

Idas e vindas pelas ruas e metrôs de Santiago.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Como foi bom a gente conhecer outros países e lugares incríveis como a vinícola Undurraga, Pátio Bella Vista, Museu Pablo Neruda, subir no bondinho Funicular instalado no Serro San Cristobal e depois, o Restaurante Giratório. Como foi bom conhecer novas pessoas, sua forma de acolher, sua cultura. Como foi bom renovarmos e sentirmos o espírito se fortalecer com esses novos ares. Como foi bom absorver tudo ao redor, sonhar, poder refletir e sentir naquelas plagas de língua castelhana tamanha satisfação. Como foi bom o tour pelo Chile e Buenos Aires, ah, se foi... E não há coisa melhor de se fazer do que viajar, degustar com os olhos a beleza da natureza ou o universo em si, pois no ar ou na terra, a gente renasce, voltamos a ser criança e desfrutamos da alegria de todos aqueles que participaram do IV Encontro Internacional de Ciências, Tecnologias, Literatura e Meio Ambiente, tornando aquele momento, único.

No último dia quando fomos a Universidade de Santiago do Chile para pegar nossos certificados de participação naquele Encontro, na ida, pegamos um táxi e na volta, o metrô, cuja parada, ficava bem em frente à Universidade. Era uma quarta-feira, e nós tínhamos levantado bem cedo, já que, além de receber os Certificados, precisávamos entregar nosso material, resumo do trabalho, livros e DVD ao Coordenador Geral do Encontro, o professor chileno Eduardo Devés.

Deixamos a Universidade fomos direto a Estação Central para pegar o metrô. Como no Chile o povo usa muito este tipo de locomoção, logo à entrada vimos um aglomerado de pessoas descendo as escadas e andando rápido rumo às plataformas, mas duas cenas me chamaram à atenção, a primeira foi um grupo de jovens oriundas da Argentina, uma aparentava mais velha que as outras duas. A loira do grupo desceu da escada rapidamente deixando as outras para trás, bem no momento que um metrô passava, fazendo-a segurar o vestido para que não subisse com o vento. Ponderei e esperei para ver onde a história terminaria. Já havia demorado tanto, o que seriam mais alguns minutos? As outras duas jovens também desceram a escada, depois, uma parou frente à outra e se entreolharam. A loira exclamou “é o ultimo dia nosso aqui? Pergunta de loira. Ah, deixa pra lá. Respondeu a outra. Ela se afastou um pouco para dar privacidade para as amigas e transformar-se numa espécie de platéia, assim como eu, curioso que sou. Só as pessoas que me acompanhavam não observaram. Vi a troca de olhares entre as duas jovens, e, como se não houvesse mais ninguém ao redor, as duas se abraçaram, e de olhos fechados, ficaram ali, no meio da estação, enquanto as pessoas passavam. Parecia que o tempo não passava para elas, enquanto sussurravam algum tipo de promessa. Agucei o ouvido para ouvir o que elas urdiam, mas o vozerio e barulho do metrô roçando os trilhos me impediam de ouvir.

Quanto a despedidas, já estava bastante acostumado, mas aquela parecia diferente. Não, aparentemente era um abraço de duas pessoas que se gostavam muito, mas os olhares trocados antes queriam dizer algo a mais. Quando se soltaram do abraço, olharam nos olhos uma da outra, para selar a tal promessa. As duas tinham a boca trancada, talvez para segurar as lágrimas, talvez por que o momento não pedisse palavras. Uma delas se afastou e a loira deu um abraço na outra. Não, não era a mesma coisa, pude perceber. O trem passou inversamente do outro lado da estação. Um barulho infernal. A menina que havia se afastado deu uma última olhada para a outra, sorriu, virou-se e seguiu decidida para o vagão, seguida pela loira, que lhe dizia algo que também não pude ouvir, enquanto a outra ficava sozinha parada no meio da estação.

A porta do vagão fechou-se e o metrô saiu veloz, levando as amigas e promessas. A menina que havia ficado, virou-se e saiu caminhando desaparecendo no meio do povo que se aglomerava na plataforma. Dava para notar que seu rosto era uma mistura de alegria pelo encontro e tristeza pela despedida.

Pois bem. Eu disse no preâmbulo que duas cenas tinham me chamado à atenção. Então, vamos à segunda. As pessoas que estavam comigo nunca tinham se locomovido através desse sistema de transporte elétrico. Todavia, nem sempre pensamos do jeito que queremos, mas temos que saber como encontrar a alegria e aproveitar os momentos bons, e passear de metrô era um desses momentos. Mas não foi isso que eu percebi dentro dele. Além das argentinas que continuavam caladas, notei que uma das pessoas que me acompanhava e que me abstenho de dizer o nome, estava agarrada no suporte como se fossa um carrapato. O medo estava estampado em seu rosto e era visível uma palidez. Contava as plataformas com receio de a gente passar do lugar. Estávamos indo para a plataforma Sant-Leonis, a duas quadras onde a gente tinha se hospedado. Nesse momento, a porta do vagão se abre. Ufa! Disse ela. Saímos e com passos rápidos chegamos ao portal de saída. Coincidência ou não, quando subia eu vi novamente aquela loira, que minutos atrás, tinha se despedido de sua amiga na Plataforma Central, e com o pensamento alhures, ela subia os degraus parecendo contá-los um por um. Olhei para ela e para o rosto de minhas acompanhantes. Foi à última cena que vi, antes de chegar ao hotel e cansado, deleitei-me sobre a cama e em segundos dormi, mas esperançoso, no dia seguinte, voltar ao metrô e visitar outros pontos turísticos e conhecer novas estações.



O pequeno plantador de Mostarda. Je suis Mariana.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015


Antes de falar o meu personagem gostaria de mencionar um texto bíblico onde Jesus apresentou a parábola da semente de mostarda. Pois bem. O povo de Israel estava prisioneiro do poder romano e as profecias falavam da libertação do jugo romano. Os judeus esperavam o cumprimento da profecia, esperavam o Reino de Deus, mas ansiavam pela vinda de alguém muito especial para libertá-los, só que eles tinham um conceito errado de como o libertador apareceria. Eles esperavam um grande guerreiro dirigindo suas hostes militares para derrotar o Império Romano e estabelecer o Reino de Deus na terra. Eles esperavam um reino de luxo, de luzes, de glórias terrenas.

Quando Jesus apareceu, surpreendeu a todos, veio de modo completamente diferente do que eles imaginavam. Ele nasceu numa manjedoura, e é claro, uma criança indefesa, rejeitada e desprezada pelos dominadores. Não era esse o tipo de libertador que o povo judeu esperava. Mas para aquele humilde carpinteiro surpreendeu a todos e começou a chamar homens para fundar Seu reino na terra. O interessante é que além de chamar pescadores, convidava também publicanos, cobradores de impostos, formando um grupo de doze homens que começaram a seguir o Jesus, os quais, temerosos perguntavam-se: "Será que estamos tomando a decisão correta?" "Será que estamos acertando, deixando o nosso trabalho, que é a fonte do nosso sustento para arriscar o nosso futuro com alguém que prega o Reino de Deus, mas parece que não vai transformar nada?"

Jesus pressentiu que havia dúvida e que ela martelava o coração dos seus discípulos e como falava através de parábolas apresentou a da semente de mostarda. Nela queria dizer que o Reino de Deus podia parecer pequeno no início, mas que cresceria, e um dia, todas as aves do céu chegariam para fazer seus ninhos nessa árvore de semente tão pequena. Jesus apresentava Seu Reino, muitas vezes, de uma maneira completamente diferente e de como os homens esperavam que fosse. Ele dizia, por exemplo, que: "Mas o maior dentre vós será vosso servo." (Mateus 23:11)

O pequeno João ajudava o seu pai no plantio dessa semente na região de Mariana, Minas Gerais e suas mãos eram de pura magia. Bastava enterrá-las e todas nasciam fortes produzindo mostarda aos montões. Hoje, se analisarmos o trabalho dos jovens ninguém quer ter ou ser igual a este menor. Todos querem ser melhores que ele e a maioria sentem vergonha de serem plantadores de mostarda, uns, ligados a certo movimento popular, até preferem invadir terras, nada produzem e depois ainda as vendem. Jesus em sua parábola parecia prever esses e outros acontecimentos, colocou uma filosofia contrária à filosofia dos homens. "... o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve." (Lucas 22:26). O que quer dizer que, em nossos dias, ninguém quer ser servo, e quem quer participar do Reino de Deus, tem que estar disposto a servir pra poder ser o primeiro. Assim, aquele que quer encontrar a realização pessoal tem que renunciar a si mesmo. Vivemos em dias quando todo mundo quer tudo para si. Jesus vem e diz: "... Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue..." (Mateus 16:24).

Use como exemplo o pequeno plantador de mostarda se você quiser participar do Reino de Deus. Às vezes, temos que andar na contramão desta vida. E é verdade que os ensinamentos de Jesus jamais combinaram com a filosofia dos homens. Os homens, para vencer ou manter suas ideologias, matam. Cristo para vencer ou perdoar nossos pecados, morreu por nós. Os homens para se realizarem, pisam, humilham. Cristo para se realizar, renuncia a Si mesmo. O reino dos homens é feito de luzes, pompa, luxo, egoísmo, inveja, ódio e poder pelo poder. O Reino de Deus é como a semente de mostarda plantada pelo menino João, pequena, desprezada, rejeitada, mas gigante em suas ações.

O grão de mostarda tornou-se símbolo da certeza do Reino de Deus. E o menino enquanto plantava na região de Mariana sabia da importância do seu plantio. Quando ele enterrava a semente, esperava um dia, dois, três dias, semanas, mas para os leigos, parecia uma eternidade e que nada ia acontecer, parecia que tudo acabaria, mas não para João. Se o leigo porventura abrisse a terra iria encontrar a semente apodrecida, ia pensar: "acabou mesmo." Mas o que ele não sabia era que pra brotar nova vida era preciso que essa semente fosse enterrada e apodrecesse, para, então, de onde pudesse parecer que não havia mais esperança, brotasse uma nova planta com nova vida, e produzir muitos frutos. Todos sabem que Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário, e quando Ele morreu, o diabo deu uma grande gargalhada. Pensou que tinha vencido: "Morreu, eu O matei!" Mas no terceiro dia, Jesus ressuscitou e estabeleceu para sempre o Seu Reino.

Caro leitor, os homens podem destroçar seus sonhos por um dia, dois dias talvez, mas ao terceiro dia seus sonhos ressuscitarão. Os homens podem te humilhar, até matar por causa de sua fé ou porque você não aceita outra religião, mas o seu dia chegará e você será glorificado no conceito do Reino de Deus. Alguém pode ferir o seu corpo por um dia, dois dias, mas no terceiro, você ficará curado. Esta é a promessa da semente da mostarda. E tem algo mais, quando você pensa que a mostarda desapareceu, acabou e que a semente apodreceu, ela lhe dá uma grande surpresa. A planta floresce novamente.

Dias atrás estive orando para o João e sua família, cujas terras foram destruídas com o rompimento de uma barragem. Ele se salvou e quase a toda a plantação de mostarda foi destruída, mas duas gigantescas árvores no pé da serra permaneceram firmes. Ao assistir o caos ocasionado pelo rompimento da barragem do município de Mariana, a primeira vila, cidade e Capital do Estado de Minas Gerais, que destruiu a natureza e prejudicará várias cidades de Minas Gerais, considerado o maior desastre ambiental da história do Brasil, hoje, quando vejo também na TV ataque de terroristas islâmicos em Paris, não há como a gente não ficar estupefatos e apreensivos com tamanha barbárie. Fiquei olhando as imagens e meu pensamento alhures por segundos. Sentindo-me incapaz de ajudar, restou-me, no mínimo, orar para essas pessoas e para as que foram feridas. Sei que se trata de tragédias distintas, mas as dores iguais, então, não poderão esquecer também do Brasil, dos pequenos “plantadores de mostarda”, das pessoas que perderam suas vidas na tragédia da barragem, assim como, das pessoas enfermas, algumas abandonadas nos corredores de hospitais. Não podemos deixar de orar também para aquelas que estão tentando abandonar o vício, para as que estão desempregadas, para as que estão passando por dificuldades financeiras. Não podemos deixar orar pelas nossas amigas e amigos, filhos, netos, irmãos, irmãs, parentes, os quais, talvez, estejam precisando de nossa ajuda para alcançar seus objetivos, sonhos, novos caminhos e muitas vezes sequer percebemos, mas, para que isso aconteça, é necessário que plantemos em nosso coração sementes de mostarda para que elas possam nascer, florescer e nos estabelecer definitivamente no Reino de Deus. Então, hoje, dê uma pequena pausa em seu tempo e ore para essas pessoas também.


Sem voz, sem passo e compasso

quarta-feira, 11 de novembro de 2015


Sem forças, sentei à beira do fogão à lenha e calei-me. Apaguei as luzes, desliguei sons. Silêncio total. Guardei tudo por fora para dar voz ao que estava dentro. Eram sentimentos desencontrados que batiam desordenadamente as portas do coração. A lenha queimava, soltava faíscas e o feijão quase esturricava, mas não queria dar nenhum passo e nem usar instrumento ou compasso. Pensei em organizar os sentimentos em uma fila, mas eram tantos que tive que fazer um de cada vez. Às vezes é preciso bagunçar o nosso ser para encontrarmos o lugar das coisas e foi o que fiz. Aprendi que nada é tão grande como a gente pensa ou vê. Ainda bem! E foi assim que decidi descomplicar o simples, simplificar os dias e as noites. Planejei o que tinha delineado, fiz planilhas, roteiros, itinerários, mas aí veio o inesperado: os sentimentos desencontrados fizeram festa, usaram instrumentos de dois braços unidos por uma charneira na parte superior, mediu-se em compasso. Riram de meus projetos megalomaníacos, tentaram me ensinar que muita coisa depende da gente mesmo, mas que a vida é muito mais que uma voz, mais que um passo, mais que um bloco de notas e não precisa de compasso. A cada passo, sem descompasso, mostraram-me o inverso, que não existe receita pronta, palavra certa, escolhas erradas, pois a vida se apresenta diariamente diante de nós com uma nova roupa e cabe-nos tirá-la para festejar alguma coisa ou continuarmos sentados esperando a coragem chegar.

Durante minha existência reaprendi a construir caminhos sem me preocupar com a chegada, apenas usando cada passo da caminhada. Ora, sabia que sempre haveria a chance de me arriscar e de me superar, mesmo diante da possibilidade de fracasso. Para realizar essa caminhada sempre pensei que existia uma corda que me prendia em lugar. Essa corda é a perseverança de que eu nunca deveria desistir, e a determinação que me fazia continuar. Quedas poderiam até acontecer, mas jamais poria fim a minha aventura. Afinal, eu estou apenas no meio de um ensaio da vida, contradizendo o ditado popular que diz: estou na idade que já contornou o “cabo da boa esperança”. Mas, para mim, considero apenas treinos para a entrada, de vez, no mundo da concorrência.

A travessia começa quando a gente decide subir a lugares altos, sair da comodidade e se lançar em desafios que serão decisivos para a nossa carreira. Entrar em uma Universidade, por exemplo, é o começo da escalada que requer aperfeiçoamento constante. Mas depois de pegar o bastão, não será uma nova travessia? Uma nova labuta em nossa vida? Nessa caminhada pós-formutura virão muitas quedas, mas são elas que nos farão superar os medos e vencer os gigantes internos que insistem em nos paralisar com as incertezas durante esse outro trajeto. Esses pequenos ensaios são como roteiros para quem decide equilibrar sobre uma fita sem tirar os olhos do foco: viver os melhores anos da vida se arriscando.

Muitos formandos não conseguem, apesar de todo o esforço empreendido, passar num concurso público ou galgar um status melhor na sociedade, alguns têm dificuldades até de escrever uma simples correspondência, mas depois com algumas oficinas literárias, especialização, pós-graduação e mestrado já expõem melhor suas ideias, principalmente no tocante a arte de escrever. Alguns até conseguem escrever belos textos tornando-se verdadeiros cronistas, como eu, daqueles que anda à toa, à procura de um mote para escrever suas crônicas, com olhos atentos passeando pela cidade para captar cenas do cotidiano: é o simples transformado em iluminação poética.

Há relato que falar do lugar em que vivemos desencadeia nesses jovens  o compromisso com a própria cidade, alguns denunciando problemas, outros anunciando esperanças quanto ao futuro. Participar de uma olimpíada literária, de um congresso, por exemplo, significa muito mais do que competir com outros. Esse ato competitivo é muito mais do que partilhar as informações que tiveram antes, a partilha de valores, a flutuação por meio da leitura, e, vale dizer, o surgimento de novos escritores. Além disso, essas trilhas apontadas pelas olimpíadas, congressos, oficinas ou debates literários, enriquecem nossos textos, artigos e crônicas, como, também, ajudam na articulação de novas atividades de leitura e de produção escrita, e aí sim, passamos a ter voz, passos articulados, ora melodiosamente, ora no compasso



Depois da chuva

sábado, 7 de novembro de 2015


Lá se foram dias, meses e porque não dizer anos. Naquele pedaço de chão onde meu pai usava enxadas e enxadões para o plantio não existe mais. Virou terreno arenoso, seco, infértil. Uma tristeza infinda abateu sobre o meu coração. Adentrei ao casarão construído de puro adobe e assoalho de tábuas e afrouxei a tramela. A janela, obediente, abriu sem o mínimo manuseio de minhas mãos. Olhei rumo ao poente e nem vi árvores nenhuma importunar o pôr do sol. Os regos d’água não mais existiam. Nada à minha frente, apenas a natureza devastada. Da janela há muito tempo vazia de gente, nem sinal de gotas de chuva ou de orvalho que outrora molhavam as folhas e o vão quadriculado da madeira de angico. A secura do tempo não as permitiu voltar como não voltaram os meus pensamentos que jaziam num canto qualquer daquele casarão. Olhei mais uma vez para a imensidão que parecia regozijar diante de mim e viajei imaginariamente... Meus pensamentos voaram alto, foram longe, bem distante. Voltei aos tempos de criança e como a um flash, logo me vi brincando nas pradarias, subindo nas cercas feitas de lenha, nos pés de jabuticaba e das mangueiras floridas de verão. Sentia o passado se impregnar em minha pele, previa o futuro entrelaçado entre os meus dedos e a sintonia do universo pairando sobre minha essência e algo me dizia que um raio se abriria timidamente no afã de me mostrar no fim daquele resplendor alaranjado que toda a minha vida se passou e eu nem tinha percebido, todos os meus suspiros se ecoaram sucumbidos pelo vento e tudo que via era a figura de uma menina-moça que, timidamente, se aproximara de mim com um jeito acanhando, mas possuidora de um olhar penetrante, ora trazendo-me receios, ora ansiedade, que depois se misturaram com a sensação de bem estar. Daquela janela via minha vida passar veloz como a luminosidade solar, mas algo novamente veio me dizer o porquê daquela menina fazer brilhar meus olhos, o meu coração bater sem compasso e suspirar...

Debrucei-me sobre o vão e agucei meu pensamento. Eles iam e voltavam na velocidade da luz e num repente, senti sobre o rosto sutis gotas de chuva que escorriam levemente sobre a madeira da janela. Vi uma translúcida luz que vinha do céu despertando-me para a vida e o belo anoitecer surgir. Escancarei um sorriso repleto de mim mesmo, daqueles autênticos vindos da alma e sai terreno afora. Sai em busca daquilo que sempre sonhei, sai em busca de mim. Meus olhos brilhavam, o tempo passava lentamente, a noite parecia que seria gigantesca e a lua mais que depressa veio para me acalentar. Os sons eram suaves, o entardecer mais bonito e a brisa refrescante, que ingenuamente, acariciava meu rosto. Quando amamos a vida ela nos ama de volta, quando fazemos o bem, ela nos traz o bem, quando preenchemos o vazio, a vida afasta a solidão. Por isso, amem-se, tenha ou não prenúncio de gotas. Seja o tempo frio ou chuvoso, amem-se. Sendo quente ou abafado, amem-se. Pois um dia de tanto se amar as pessoas também aprenderão, assim é a vida, viva o bem, pois que mal tem?

Depois da chuva, pegue as gotas de orvalho que se agasalham nas folhas e façam delas pequenos diamantes, e com esses diamantes, brincos e colares e os usem para enfeitar sua amada, mas não as deixe cair. Pegue um copo e enche-o de gotas e verás que não tem cheiro algum, beba uma gota e perceba que seu sabor não remete a nada, a não ser a própria água, pois em copo transparente ela é translúcida e diante do horizonte pode ser percebido por entre esse conjunto de verdades, então, me permita levar o seu dedo indicador até a superfície desse líquido para que sinta o frescor e sua pureza. Se puder, procure perceber essa transformação surreal e se você tiver a capacidade transformar-se, verás que, tudo se faz em tom mais escuro o sabor é de aceitável amargor, mas, mirando-o rumo ao horizonte, não se verá mais que um copo meio taça, como aquele vinho que a gente toma para engolir mentiras ou tirar da alma o vil metal que passa cortando bem profundo a espinha das inverdades que nos incomoda. Se um dia voltar a descansar no parapeito da janela como eu fiz, lembre-se que: aquelas gotas de chuva que pousavam nas folhagens como se fossem regras, para elas bastava apenas uma palavra, apenas um "balançar na folha", para tudo vir à tona, e cair...!


Maledicência, ódio, desamor e inveja, são cárceres da alma.

domingo, 1 de novembro de 2015

Maledicência é o ato de falar mal das pessoas. Isto é fato. Esta definição parece ser bem amena para um dos maiores flagelos que assola a humanidade. Falar mal das pessoas está se tornando uma arma perigosa e está sempre ao alcance de qualquer pessoa, em qualquer idade, e para os bons entendedores, é fácil usá-la: basta ter um pouco de maldade no coração. Para mim, que sou advogado, considero este ato como a um tribunal corrupto, pois nele o réu está, invariavelmente, ausente. Nele também não é aplicada a soberania dos veredictos, a pessoa é acusada, julgada e condenada, sem direito de defesa, sem contestação, sem misericórdia.

Atento às mensagens postadas é comum ver pessoas falando mal de outras sem as identificar, mas quem está do outro lado do monitor sabe que aquela frase maldosa se refere a ela, e às vezes, são de “baixo calão”, agressivas. Então, como não considerá-la como uma palavra devastadora, e convenhamos, não há nenhuma implicação ou compromisso para quem a emprega, porque quem escreve, não cita nome, faz de forma evasiva, ardilosa, para alcançar seu objetivo. Em outras situações a pessoa tem dificuldade de encontrar o autor de um boato maldoso ou de uma "fofoca” comprometedora. O maledicente sempre "vende" o que "comprou", mas é importante salientar que ninguém está livre dele, nem mesmo os que se destacam na vida social pela sua capacidade de realização no setor de suas atividades. Estes são os mais visados, talvez, porque geram invejas pelo sucesso e vitórias alcançadas. Nada mais gratificante para o maledicente do que mostrar que a pessoa de quem fala, (fofoca), seja verbalmente ou através da escrita, tão boa ou competente como todos pensam.

Será que a maledicência nasceu de um ódio ou inveja gratuita? E o que causa o desamor entre as pessoas? Será a inveja? O que será? Se voltarmos aos tempos de Cristo sabe-se que nem mesmo ELE, que era inspiração suprema desses ideais, esteve livre disso. Um exemplo típico de seu poder infernal foi o comportamento da multidão que O reverenciou na entrada triunfal, em Jerusalém; no entanto, poucos dias depois, instigada pela maledicência dos sacerdotes judeus, festejou sua crucificação, cercando a cruz de impropérios e zombarias.

O mal que certas pessoas carregam no coração é prejudicial a outras, é coisa ruim que passa a habitar na mente e no coração delas. Tem pessoas que não vê as qualidades de outras ou fingem, e ainda, se acham melhor que elas, gostam de aparecer e não vê que a sua “cegueira” ou ambição desmedida voltada para alcançar um status, sei lá, pode estar prejudicando um relacionamento de amizade duradoura. Entendo, porém, que dependendo do acontecido, não devemos conservar ressentimentos no coração, pois sabemos que a pessoa amiga que nos decepcionou ou decepciona, pode estar vencida pelos seus próprios conflitos. As pessoas virtuosas, de sentimentos nobres, são incapazes de enxergar maldade no próximo. No entanto, é preciso, treinar a capacidade de enxergar o que as pessoas têm de bom, para que o bem cresça em nós. O primeiro passo pode ser difícil, mas o indispensável é "minar” todo esse mal.

Antes de começar a escrever confesso que tinha como objetivo reportar, ou melhor, comentar sobre algumas maledicências, ou a troca de “gentilezas” ocorridas no mundo virtual ou não, e por isso intitulei o texto assim, propositadamente, como se elas e tantas outras palavras nefastas são os cárceres da alma, mas resumi apenas nestas. Hão de se convir que o resultado do adoecimento das relações humanas são as maledicências, o desamor que vem ocorrendo entre as pessoas e principalmente, a inveja. Esses sentimentos maldosos se instalam no solo do coração e lançam suas raízes trazendo perturbação para a alma e contaminação aos que vivem ao redor.

A maledicência, o ódio, o desamor, a inveja e a ambição desmedida são mal que se congelam no coração. Todas elas vêm armazenadas do ressentimento. Todas elas entulham mágoa no coração e o enchem de rancor. Todas elas se alimentam do absinto do ranço; todas elas afogam-se no lodo que se acumulam nas massas cefálicas; todas elas vivem prisioneiras na armadilha da vingança; todas elas são uma prisão; todas elas são, realmente, o cárcere da alma, e mais que isso, o calabouço, a masmorra escura de um palácio medieval, onde os prisioneiros eram atormentados pelos algozes da consciência.



Nas asas da imaginação.

sábado, 24 de outubro de 2015

Encostado no parapeito da varanda eu agucei meus olhos rumo ao horizonte, procurando desviá-los da selva de pedra que me impedia de enxergar o belo anoitecer. Aos poucos o brilho do sol foi desaparecendo, encerrando-se o espetáculo que o dia me oferecera, mas o céu não querendo estragar aqueles momentos inusitados, agiu rápido, oferecendo-me a lua, que já nascia soberba detrás dos montes. E foi ali naquela sacada do 4.º andar, bairro Suíça em Aracaju que voltei a recordar do voo que fiz a Santiago do Chile e logicamente, dos momentos de turbulências ocorridas devida à instabilidade do tempo. Mas, eu estava acostumado com as maluquices do tempo, e naquele recanto, era hora rir, rir de uma amiga e de muitas pessoas que se assustaram durante os voos; era hora de gargalhar, de rir até de mim mesmo, mas me contive, enfim, eu queria era, além de festejar minha ida a um país estrangeiro, também curtir o que tinha visto lá das alturas... Naquele momento de nostalgia, de recordações, é claro, já estava em piso firme, ou seja, na varanda de um prédio recebendo o sopro do vento que acariciava o meu rosto imberbe, e sem querer, indicava que a brisa fresca vinha do mar a poucas quadras dali.  Sabia que a brisa vinha de plagas distantes, mas poderia a qualquer momento retornar com o vento, então, não poderia ficar ali sem fazer nada, só sentindo-o, sem pensar em nada, sem pensar no amanhã, sem pensar na estrada que ainda tinha que percorrer. E foi aí que dei uma pausa e antes que meus olhos abrissem em flash para fotografar o mundo, agucei-os novamente, alcei um voo e deixei o vento me levar. Com o coração em júbilo, abri a janela de minha alma e fui roçando com meus pensamentos as relvas úmidas da vida sem precisar me privar de admirar os últimos resquícios do pôr sol ou o nascer da lua. A beleza que vislumbrava era um colírio para os meus olhos e um bálsamo para o meu espírito inquieto, mas transparente como a uma bolha de sabão, que muitas vezes levou meus sonhos certos e incertos, imagináveis e inimagináveis, como se fosse uma nave espacial desgovernada e sem plano de voo.

Ali na bela cidade de Aracaju, quantas lembranças brotaram de minha mente fértil. Quantos tempos idos eu contabilizei e num deles, apareceu uma casinha construída de puro adobe à beira do Rio São Domingos. Abateu-me uma saudade inevitável sobre o meu coração, mas fazia parte. Naquela casa, ainda menino, aprendi vislumbrar o bonito que a natureza oferecia. À noite, não tinha medo da escuridão e ainda contemplava o céu para ver a penumbra esvair-se e ser tomada por estrelas que reluzia universo afora. E o dia, como era belo! Ele se despedia da noite soltando raios de sol que iam retalhando pequenas nuvens brancas que mais pareciam flocos de lã ou carneirinhos espalhados pelo céu. Quando elas se tornavam escuras prestes a desabarem em temporais, nem me importava, pois tudo me ensinava que beleza existia em qualquer desses céus.  Muitas vezes o tempo passava veloz sem a gente perceber, mas, Deus percebia e estava presente em todos os momentos de dificuldades, fraquezas, sucesso ou insucesso. É Ele que faz o sol brilhar, faz a noite cobrir de estrelas o céu, dá frio ao inverno e calor ao verão; faz as folhas secas de outono cair, e a fascinante primavera encher-se de flores e despedirem-se deixando saudade nos primeiros solstícios de verão.

Hoje, caro leitor, eu quero que você abra a janela de sua alma, quero que construa seu mundo interior, quero que olhe para o horizonte, quero que pare, pense e reflita sobre si mesmo. Quem sabe pode até existir um poeta dentro de você, basta querer. Os poetas têm alguma coisa em comum: têm os pés na terra, mas seu olhar, seu coração, seu pensamento estão cravados no céu, e assim, não pense duas vezes, crave o seu e mire o azul do céu, olhe a natureza, ouça os cânticos dos pássaros, aprecie a lua e todo o seu esplendor e aí escreva o que sentiu e o que fluiu em seu pensamento e assim, terás a certeza de que sua alma renascerá e começará a viver o bonito e sentir o prazer que vem das palavras. Todos te entenderão. Não tenha preguiça física ou mental. Fale coisas que possamos entender, sejam reais ou imaginárias. Quando ler meus escritos, mesmo quando falo de tempos idos e as páginas já estejam amareladas pelo tempo, podem até parecer que foram escritos dias atrás, mas não foram, porque aquilo que imaginamos será atualizado pelo próprio tempo e os manterão vivos e reais.

Insisto com assertiva acima. Se ler, não importa sejam livros, revistas ou não, apenas leia; se tiver vontade de escrever, escreva, pois suas fontes de inspiração jamais se dissiparão. Ao devorar livros, deguste-os como se suas páginas tivessem mel; saboreie toda a escrita que sua mente percebeu e que possa vitaminar o seu saber. Tenha a absoluta certeza de que aos poucos, sua ânsia por coisas novas crescerá a ponto de todos os livros te encantarem, despertarem em você sensações que outrora não passavam sequer de dez páginas, enquanto outras pessoas manuseiam várias. Ao ler, faça compassadamente, não tenha pressa, marque a página onde parou e depois prossiga. Seu pensamento voará às alturas e absorverá o néctar da sapiência e aí, tudo se tornará mais fácil e a inspiração poética fluirá naturalmente.  Quando você começar uma frase mesmo sem nexo, pode ter a certeza que, ao final, revisando cada palavra, você finalizará com sucesso o seu texto, portanto, não se apoquente, pegue uma folha de papel ou sente-se à frente do seu computador, use o teclado e digite. Pense no mundo que o rodeia, pense naquela beleza inspiradora que destaquei no preâmbulo, e fazendo isso, notará que seus dedos correrão a uma velocidade incrível e martelarão as teclas com desenvoltura e no monitor, aparecerá automaticamente um amontoado de palavras e nelas, brotarão sentimentos que só um cronista, poeta ou aprendiz são capazes de sentir e ter a inspiração necessária, que certamente, jorrará aos borbotões e que serão gravadas em sua memória para sempre.

Dias atrás voei num pássaro de aço que encurtou distâncias, mas dentro dele não consegui beijar a lua e nem sentir o calor do sol, entretanto, hoje, usando as asas da minha imaginação sei que posso ir até ela e beijá-la, sei que posso contar as estrelas, sei que posso fazer sombra no meu sol, sei que posso chegar ao infinito e que jamais sentirei as turbulências ou qualquer tipo de instabilidade nas asas de minha imaginação, mas sei também, que as usando sem temor, posso ir onde quiser e alcançar coisas impossíveis e até inimagináveis. E podes ter a certeza que é através dessa viajem imaginária que você será capaz de observar os erros e acertos que cometeu durante sua existência. Se não chegar a uma conclusão fática em relação a ti, ao seu modo de agir, a responsabilidade cabe somente a você. É fato que quem escreve deve informar bem aos que leem para que eles possam encontrar ao longo do texto uma orientação plausível, segura, capaz de mostrar-lhes o caminho da retidão e a forma de como viver a vida dentro dos princípios éticos, morais e religiosos. Às vezes, temos que nos sujeitar a pagar pesados  pedágios para alcançar sonhos não realizados, todavia, como no mundo imaginário tudo é possível, faça essa “viajem”, pois quem sabe você usando as asas de sua imaginação possa encontrar o seu ponto final.

Voando nas turbulentas alturas.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Através da pequena janela podia se observar na torre de controle alguém autorizar a decolagem. Autorizado, o piloto liga a turbina e o avião desliza pela pista numa velocidade considerável soltando sobre o asfalto uma fumaça esbranquiçada, mas, no momento certo, sustentado pela força da gravidade, levanta seu bico rumo ao céu, naquele instante, parcialmente nublado. A poucos mil pés de altura, pequenas gotas de chuva deslizam sobre a pequenina à janela e logo, dado a velocidade e altura, o pássaro de aço deixou para trás os respingos de chuva, enquanto, sentado confortavelmente na poltrona, observava atentamente a terra e a amplitude do universo que nem sabemos ter fim. As nuvens não assustavam mais esse objeto composto por turbinas e fuselagem em forma de charuto, sustentado por um par de asas que transportam em seu interior pessoas de todas as idades e regiões brasileiras e quiçá, alguns, até outros países, todos quietos, concentrados em alguma coisa, e olhando em seus semblantes, notava que cada uma delas carregava consigo, esperanças, desilusões, mágoas, ansiedade e medo. Algumas pareciam voar pela primeira vez, pois via nos seus rostos certa apreensão e, principalmente, quando apareciam pequenas turbulências que dava um pequeno, mas diferente cadenciado ao voo da imensa aeronave.

Ela seguia calmamente rumo à Argentina, pousando calmamente, e horas depois, pegamos outra aeronave e seguimos rumo ao Chile, cujas rotas já estavam traçadas na minha planilha de voo. A aeronave não balançava quando fazia o trajeto sul, permanecia firme, nem sei a quantos mil pés de altura, pois só enxergada através da minúscula janela, nuvens, ora negras, ora brancas, algumas delas mais pareciam algodão. Dentro, os passageiros ainda se ajeitam nas poltronas, inquietos, alguns tensos, outros com os olhos parados no tempo e um sono por quebrar. Um homem de cabelos grisalhos, com o rosto já carcomido pelas intempéries do tempo rezava em silêncio manuseando a Bíblia, enquanto lá embaixo, mesmo ainda no Brasil, podia-se ver a terra sendo devastada por queimadas, desmatamentos, mostrando sua face minúscula cicatrizada, mas ainda podíamos ver lindas serras, milhares de meandros, savanas, lagos e dezenas de rios que iam ficando para trás, algumas vezes, desapareciam debaixo de imensas nuvens, ficando totalmente diminutos, lagos, represas e rios, alguns sem volume d’água, tornando-se apenas pequenos riscos sinuosos em face da altura do avião. “A coincidência é que eu estava indo participar de um Congresso na Universidade do Chile e justamente o meu tema era meio ambiente, coincidência ou não, o livreto e vídeo intitulado: “O Grito Silencioso da Mãe Natureza” que tinha produzido e levava em mãos, falava justamente sobre o que estava observando lá do alto.

O pássaro de aço seguiu seu rumo e durante alguns segundos uma turbulência, explicada pelo piloto que se tratava apenas de mudança de altitude. Um simples barulho bastava para deixar alguns tensos, mesmo diante do silêncio que pairava no ar. A cada instabilidade da aeronave olhos se abriam e faces empalideciam. Mas, logo, veio a calmaria a 37mil pés, e sorridente, veio uma jovem, comissária de bordo, empurrando um carrinho com habilidade e sem nenhum medo no olhar; depois escutou alguém reclamar de alguma coisa e nem percebeu ou se fez de indiferente quando jovens trocavam carícias nas últimas poltronas. Nem pareciam sentir os problemas que afligiam cada um.

Vejam só caros leitores: O homem construiu máquinas incríveis, inimagináveis, bem como esses pássaros de aço que encurtam distâncias e suavizam nossos sofrimentos algumas vezes maltratados por uma longa viajem numa estrada de chão. O tempo passou sem que fosse notado e logo ouvimos a voz do piloto anunciando a chegada, e poucos minutos depois, a torre de controle autoriza a aterrissagem. A nave desce bruscamente rangendo os freios sobre o asfalto e depois segue lento rumo ao portão de chegada. Antes de descer, ainda olhei pela janela embaçada pelas gotas produzidas pela neblina que cortava o céu. Tudo era belo e a obscuridade de antes, era interrompida pelas luzes que delineavam a pista do aeroporto e por pequenas aeronaves que desciam e levantavam voos.

No saguão do aeroporto, menos aflitos estavam os rostos daqueles que ainda iam seguir rumos diferentes. Sai caminhando lentamente e deixei para trás aquelas pessoas que qualquer dia poderia encontrá-las novamente no mesmo trajeto e escutar as mesmas lamentações, as mesmas aflições e aquele medinho de viajar de avião. E entendível que faz parte do ser humano e muitos deles não conseguirão despistar o seu medo, por mais que acreditam em Deus. A mente e o coração da pessoa humana são frágeis e incapazes de seguir essa barra e carrear com fervor a emoções vividas de forma que não mais venha sentir medo. E não adianta fugir da realidade, pois todas as sensações, ansiedades aflições, fenômenos físicos e mentais que ouvi e assisti durante a viajem foram importantes para que possamos entender a existência do homem no universo e, por outro lado, se realmente ele acredita na existência de Deus. As atitudes demonstradas por cada uma delas, por mais que acreditassem em Deus, considero que essa demonstração de fé, caso não seja rejuvenescida ante o Criador, continuará sendo apenas uma gota de orvalho que não tem mãos para levantar aos céus e pedir ajuda, pois sabemos que rapidamente se evapora sob os raios de sol.

 
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