Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Diz o ditado popular: “O pior cego é aquele que não quer ver”.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Para escrever esta crônica tive que fazer uso de dois personagens: O cego e o vagalume. De fato, ninguém melhor que um cego que sabe como fluir bem e usar movimentos coordenados, sensitivos, pontear sua bengala de alumínio sobre o chão, tudo com um propósito de achar o equilíbrio entre a luz e a escuridão. De outro lado, também, ninguém melhor que o vagalume para entender o quão importante é pra ele a noite e que todo seu ciclo começa justamente com a escuridão, assim como, a noite é o começo do dia e dá lugar à sua luz, o outro ciclo que vale somente para despertar o mundo ao amanhecer. Aqueles que enxergam e até pressentem um perigo, mas se mantém escuridão de seu próprio ser, não estão cônscios de onde estão, ou que existe uma presença de luz com que eles podem se conectar, mas, insensíveis, não conectam. É como se estivessem com os olhos vendados sem o real desejo e a coragem de tentar retirar a venda. O cego, diferentemente do vagalume, vive a escuridão e está cônscio do lugar em que se encontra, não importando o lugar, seja dia ou noite; ele tateia paredes, ouve sons e vozes e sabe onde está; sobe escadas e ainda tem a sensibilidade de enxergar aquilo que a gente não vê. Como diz o ditado popular: “O pior cego é aquele que não quer ver”, porque ver o que é o óbvio todo mundo consegue, e assim podemos afirmar que vivemos num mundo onde a aparência, fama ou status social contam muito. Mas é pura ilusão! Uma satisfação temporária. Muitos não vêem que os sentimentos são coisas mais preciosas e duradouras do que o egoísmo e a mesquinharia que estão embutidos na ambição de se dar bem a qualquer custo, mas que, como num flash sabem que podem desaparecer num piscar de olhos.

O vagalume desfaz toda essa teoria de cegueira humana, pois quer enxergar, não obstante tenha apenas a noite para testemunhar a sua luminosidade. A luz que sai do seu corpo na verdade, são “lanternas” que usa para iluminar o habitat onde circula. A luz que emite é contínua e com cores que se variam pelo corpo. Então sob este prisma, a experiência vivida pelo cego e o vaga lume precisa ser concluída com eficácia antes que possa haver um ensaio de luz e enseje uma progressão gradual da escuridão para que ela aconteça dentro de cada um de nós, de acordo com o nosso desejo e do nosso poder-viver na escuridão. Existem pessoas que vêem a vida com os olhos da natureza humana, vivem desorientadas e até culpam Deus pelo que acontecem com seus entes queridos, principalmente aos que se vão para outra dimensão ainda jovem, acreditam em tudo que os outros falam, se aborrecem com qualquer coisa, têm medo de tudo, não sabe como resolver os problemas que aparecem, é enganada com facilidade pelo inimigo e vive estressada, pois não acredita que existe um Deus que nos deu o livre arbítrio, mas não nos esquece diante das dificuldades que sofremos diariamente. Só ELE pode nos mostrar a verdade e o caminho que devemos seguir.

Certa noite, ao descer do ônibus, o cego perdeu o seu trajeto costumeiro e andou a esmo. Passou pelo mesmo caminho várias vezes. O vagalume observava aquele transeunte que manuseava uma vara com uma ponta de alumínio para se locomover e condoeu-se. Convocou outros vagalumes formando um verdadeiro exército e centenas de lanterninhas iluminaram a estrada. Sensitivo, que é peculiar aos cegos, contornou a estrada, voltou ao seu trajeto normal e em poucos minutos já estava abrindo um pequeno portão. Foi uma demonstração clara de que não queria ser “o pior cego” tão decantado pelos preconceituosos, que muitas vezes cegam-se diante do seu próprio mundo, tornam incapacitados, limitados ao ponto de não conseguirem repensar suas vidas ou falar sobre si mesmos. A ação dos vaga-lumes e o cego mostram quão poderosos podem ser a escuridão, uns temem a luz porque acreditam que se trocarem a escuridão pela luz, precisam também trocar o poder pela fraqueza. Outros nunca fazem essa escolha não obstante saber que esse é o seu papel na Terra, porque há os que precisam manter a escuridão, visto ser uma escolha que cada um pode fazer, e a escuridão precisa estar presente para equilibrar a luz. Cada um tem o seu contrato firmado com o destino e o compromisso para o bem servir e isto são pura verdade. 

Há pessoas que só escolhem a luz porque temem a escuridão. Há pessoas que adotam a paz e a quietude da luz, mas ignoram o seu poder, porque acreditam que o poder faz parte da escuridão. Entretanto, ambas as energias têm poder, mas, ditam normas e modos diferentes. O poder da escuridão é controlador e maléfico ao ser humano; o da luz é solidário e bondoso. A escuridão governa por meio do medo, endivida-nos com o mal e nos leva ao divã; a luz reina através da natureza divina que não exige dispêndio. Então, pode-se afirmar que, se a pessoa humana souber receber a verdadeira luz, se tornará poderosa e lhe permitirá brilhar como o vaga-lume faz no seu habitat.

Sabemos que a escuridão cumpre a sua finalidade, como o de fazer brilhar os vagalumes, as estrelas, a lua, as lâmpadas, os faróis e cada coisa no Universo. O seu propósito é alinhá-los internamente com o seu ego e assim a luz se expande para o seu espírito. A escuridão faz com que se lembrem das limitações e controle pessoal como aconteceu com aquele cego; a luz é ilimitada e os convida a render-se. Eu já me rendi. Então pergunto: Qual é a sua escolha mais poderosa? É essa que é a realização de cura e do desejo de totalidade da sua alma a cada momento, que pode ser escuro ou claro, ou ambos? Não julguem as suas escolhas e não seja como aquele que mesmo sabendo existir alguma coisa não quer ver ou finge, ou então, tente pelos menos permanecer com a consciência naquilo que deseja criar e deixe que as energias fluam, luz e escuridão, à medida de sua própria realidade, do jeito que sempre sonhou em viver na Terra, mas sabendo que o nosso Pai Celestial deixou ao livre arbítrio que você acolhesse essa luz em toda sua plenitude. 



A bisneta de minha cegonha.

terça-feira, 23 de junho de 2015

Não sei como aconteceu, mas desde pequenino minha mãe dizia que foi uma cegonha que me deixou lá pelas bandas da Fazenda São Domingos dos Olhos D’água. E lá antes de me tornar adolescente eu fui paparicado por toda a família e depois, meus pais mudaram para a cidade de Morrinhos. Mais crescidinho, fiquei sabendo que uma senhora tinha ajudado minha mãe durante o parto. Bem, se teve parteira, então elas mentiram para mim dizendo que uma cegonha tinha me trazido num voo alado, esquisito, mas, mesmo assim, insistiam que a aquela ave me deixou lá, bem bonito, sobre um colchão e lençol com cheiros de jasmim. Eu em tudo acreditava. Depois passei a entender que o meu mundo realmente era esse e muito bem cuidado. De lá para cá, entre trancos e barrancos, já se passaram décadas desde que saí do útero da minha mãe, e não do bico da cegonha como me contaram, tempo que me abstenho de contar. Num certo dia, já bem grandinho e como era comum à época, um padre jogou água na minha cabeça molhando os meus cabelos loiros dizendo algumas palavras engraçadas. Pronto! Eu estava consagrado a Deus! E o pior, como eu já estava realmente grandinho e nem me perguntaram se queria aquilo, entendia que tudo não passava de uma conspiração contra o meu "livre arbítrio". 

Assim fui crescendo, sem mimos, sem pai, que falecera ainda jovem, e entre uma birra e outra, coisa teatral de menino esperto, sempre me lembrando da parteira que dizia ter-me recebido embrulhado numa fralda pendurada no bico de uma cegonha, que sabia ser mentira, mas logicamente, as suas palavras trariam no futuro algum sentido a minha vida.  A cegonha que dizia ter-me trazido lá do céu não fez voo cego e também deve ter vindo em forma de Espírito Santo deleitando-me carinhosamente no útero de minha mãe. Os anos se passaram e hoje dúvidas não pairam mais e nem busco respostas para querer endireitar a história. Todavia, entendia que não deveria ser assim, afinal, mesmo sem que eu soubesse, tinha nascido crente na existência Deus e acho que ninguém duvida, porque até aqueles que se dizem serem ateus, quando prestes a sofrerem um acidente ou um susto repentino, dizem: Meu Deus do céu! “Minha Nossa Senhora! De minha parte, a única coisa que não podiam e nem podem discordar é que eu era e continuo católico, afinal eu nasci de mãe e família ligadas à igreja católica, então por que ir contra a natureza de quem acredita em Deus. Fui criado assim forçado a acreditar, sem nenhuma opção, sem o "livre arbítrio". Um dia, para escrever um livro de cunho religioso que intitulei “Espelho das Águas”, tive a bela idéia ou quiçá, a obrigatoriedade de ler a Bíblia, não que eu já não a tivesse lido, mas, em razão dessa obra, achei-me na obrigação de ler tudo. Então crente na existência de Deus que eu já cria, aumentou ainda mais sem maiores contratempos. 

Mas, a lenda da cegonha que a parteira resolvera me injetar na cabeça, tinha que voltar à tona neste texto em razão dos últimos acontecimentos que me deixaram apreensivo.

Dizia ela que tempos idos, num Reino que a parteira não se lembrava mais, havia uma mulher que gostava muito de crianças. Ela era amiga de um famoso médico ortopedista que casara com uma mulher infértil, situação que o deixava desnorteado porque ginecologia não era a sua especialidade. O problema é que a sua mulher não poderia engravidar, embora este fosse seu maior sonho. Ela que gostava muito de crianças certo dia ficou sabendo de uma situação idêntica à sua numa região não muito longe de sua cidade e aí resolveu procurar por um bebê abandonado. Acompanhada por uma escolta de escravos andou e caminhou incansavelmente, mas não encontrou nenhum rebento. Como estava exausta, decidiu pegar um barco, atravessar rio e ir ao Reino das Cegonhas, mas, de repente, ela viu uma cesta flutuando e nela uma recém-nascida, linda, de olhos azuis. A mulher não perdeu tempo e levou a criança até o esposo que, felizes, adotaram o bebê. 

O mandatário maior do Reino das Cegonhas ao saber daquela situação ficou furioso e para castigar aquela senhora chamou um feiticeiro e pediu que a transformasse numa cegonha, e como forma de aumentar a minha tensão, a parteira disse, na maior cara de pau e achando que eu era bobo, que a partir daquela dia, aquela "mulher cegonha" passou a encontrar bebês abandonados e levar para as mulheres que não podiam ter filhos.

O tempo se passou e esta lenda que veio além de mais além chegou até a região de São Domingos dos Olhos D’água onde nasci e com certeza, a história veio com muita
s alterações. Se correto ou não, a parteira continuou com sua narrativa... “Naquele Reino, com vergonha de contar de como nasciam os bebês, as mães quando davam à luz diziam aos filhos que as crianças eram trazidas pela cegonha e era a forma que elas achavam para justificar o aparecimento repentino de um novo membro na família e isso veio passando de geração a geração. E o curioso é que para explicar o descanso da mãe depois do parto e o quarto sujo de sangue, elas falavam aos filhos que a cegonha tinha bicado as suas pernas”. 

Diz à lenda que quando uma cegonha faz ninho na chaminé de uma casa é sinal de que uma das mulheres ficará grávida logo. Ainda bem que é só lenda! A maioria das mulheres hoje mora em apartamentos e os prédios não têm chaminés. E foi em razão deste pequeno detalhe impregnado na região recôndita do meu cérebro é que me fez sonhar com uma cegonha, até conversar com ela e no final da conversa, me deixar surpreso quando disse: “Não sou a cegonha que te levou até sua mãe. Sou a bisneta dela e hoje sou responsável para levar estes bebês, ora enfileirados neste imenso berçário. Veja aqueles berços ali, têm gêmeos e são seus netos Davi e Letícia. Estou aguardando autorização para levantar voo e levá-los para sua filha. Ela é merecedora. Sei que orou e fez promessas para que isso acontecesse, mas, não tenha pressa porque Deus te escutou e atendeu suas preces. Agora me despeço porque tenho que alçar outro voo para levar aquele bebê-príncipe até o Reino das Astúrias”. Fui!...


O caça-fantasma, o dízimo político e o social.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Diz o Aurélio que fantasma, na crença popular, é a alma ou espírito de uma pessoa ou animal falecido que pode aparecer para os vivos de maneira visível ou através de outras formas de manifestação. Fantasmas são geralmente descritos como essências solitárias que assombram um local, objeto ou pessoa em particular a qual estiveram ligados em vida, embora algumas histórias a respeito fossem apenas estórias.

Seja contando histórias ou estórias, a criatividade nas pontas dos dedos de quem as manipula num teclado nem sempre tem a mesma fluidez ou lucidez daquele que tem o poder de evangelizar e levar a palavra de Deus a milhares de pessoas seja através das celebrações em sua igreja, seja através do mundo virtual, seja através da televisão ou rádio, afinal, a mensagem é universal. Mas é claro que devemos estar sempre atentos e vigilantes, principalmente quando assistimos uma empresa televisiva perseguir pessoa de nosso convívio; pessoa que dedica toda sua vida em prol da comunidade carente de nossa cidade, que se intitula: caça-fantasmas. Pois bem, o que vou contar a seguir, mesmo sendo ficcional, não é estória, pois foi extraída de fato real, então se é fato real é história. Quero me abster de dizer o nome, pois entendo que não é necessário nominar o que todo mundo já sabe.

Dias atrás, alguém viu um vulto caminhar lentamente no corredor de um palácio legislativo. Esse alguém que se dizia um experiente caçador de fantasmas ficou à espreita, ansioso, pois era uma noite de sexta-feira 13. Parado na ante-sala aguçou os ouvidos, pois os passos não estavam tão longe dali e seguiam cadenciados sobre o piso, emitindo um som fúnebre. O vetusto vulto carregava uma pasta preta cheia de documentos para entregar ao grande rei ou presidente, sei lá. Mas quem era aquele vulto que o caça-fantasma escutava através de um sensor e auxiliado pelo uivo vento que penetrava por uma janela e causava arrepios?  Será que eram fantasmas que estavam retornando ao Palácio para tomarem posse de seus lugares ou devolverem valores recebidos. Os apagados rostos passavam diante dos espelhos e não se viam. Eram de fato fantasmas. Os calados passos que vinham dos corredores, além dos aparelhos ultra-sensíveis, precisavam do auxílio do vento porque caso contrário, ninguém ouviria de suas inexistentes bocas o longo e melancólico silêncio do desamparo das pessoas ainda vivas ali. 

Essa empresa caça-fantasma que se dizia superior a todo mundo que apareceu nos corredores palacianos tenham um aparato capaz de deixarem todos com a mínima chance de defesa. Bem ao contrário daquele famoso mascarado que vivia nas selvas africanas, cujas façanhas eram e ainda são divulgadas em gibis e até em cinemas, todavia, ele lutava contra as injustiças praticadas pelo homem, tinha motivações para se tornar e vestir-se como a um fantasma, de esconder sua identidade, mas não era alma penada e nem invisível. Quanto ao ser superior que adentrou ao corredor palaciano, desde logo todos observaram que algo de muito podre estava para acontecer por lá. Mas ele enfrentou e ainda enfrentará uma enorme reação por parte da sociedade, pois ao nominar e postar imagem apenas de uma pessoa, alguém especial, digno, grande evangelizador, e que foi considerado naquelas cenas televisivas um fantasma-mor, doeu na sociedade que o conhece. Represália se sabe que foi e que foram essas as intenções de bateram sem dó. Sequer comentou sobre sua vida sacerdotal, do ser humano notável que é e um verdadeiro cidadão, cuja vida sempre foi um livro aberto e voltado para atender ao mais carente. O pior é que esse pessoal que se diz caçador de fantasma fez renascer o mais xenófobo dos sentimentos aos telespectadores, aquele de reação aos verdadeiros fantasmas que nunca prestaram serviços a aquele Reinado. Foi um alvororoço total. O MP Fantasmagórico que cuida de tal conduta solicitou da direção daquele palácio a instauração de uma sindicância para apurar o eventual envolvimento de fantasmas naquele local. Uma lista enorme foi feita e publicada em um jornal do mesmo grupo e nele, somente nomes impressos sobre um símbolo fantasmagórico, sem rosto, talvez porque eram “fantasmas” graúdos e essa “coisa” (alma) não dizem não ter rosto. O controlador palaciano durante a investigação deveria analisar meticulosamente os documentos assinados e autorizados pelo rei que os colocaram à disposição de outros reinos. Os fantasmas relacionados, cujos nomes foram impressos sobre símbolos, por sua vez, vão ter que ser identificados, assim como, devem retirar os capuzes, mostrarem seus rostos, relatar o que faziam em prol da sociedade fora do Reino e não somente aquele sacerdote dedicado que foi barbaramente perseguido pelo dito caça-fantasma televisivo.

São público e notório que ele sofreu e vem sofrendo represálias por parte desse caça-fantasma porque em suas pregações foi e continua crítico implacável de novelas que banalizam condutas como homossexualismo, prostituição, incesto, e apologia às drogas que deixam todos indignados. Volto ao preâmbulo para concordar com o ensinamento do Aurélio sobre a palavra fantasma quando diz que ela é a alma ou espírito de uma pessoa ou animal falecido que pode aparecer para os vivos de maneira visível ou através de outras formas de manifestação. Com relação ao caso palaciano, servidor fantasma para mim é como a citação acima, ou seja, é aquele não está à disposição de coisa nenhuma, não presta nenhum serviço à sociedade, só a ele próprio e ao seu rei que logicamente, sabe onde ele se encontra para poder lhe enviar o seu quinhão no final de cada mês e às vezes, sem precisar dele ir ao banco. Só tem trabalho em época de eleições. O pior é aqueles fantasmas que sacam e depois devolvem maior parte do que recebeu para o seu contratador. È o chamado “dízimo” político. Só que não devolvem somente os dez por cento como se vê em citação bíblica. Quanto ao outro, comprovadamente perseguido, é diferente. Sabem por quê? Ele usa batina. Só que ele se encontrava e ainda se encontra à disposição para onde o rei o mandou, tinha e tem autorização e comprovação de sua freqüência mensal assinada pela Mesa Controladora do Reino, porque, caso não tivesse essas freqüências, o valor não seria depositado em sua conta bancária. Pergunto mais: Será que uma pessoa consegue trabalhar vinte anos num mesmo local sem que ninguém perceba, principalmente um líder religioso super conhecido como ele? Por que só agora levantaram a sua situação de servidor efetivo? Comenta-se na cidade que se trata de uma perseguição do caça-fantasma televisivo em represália ao que ele cobrava das indecentes novelas que agridem a moral e aos bons costumes das famílias brasileiras e sendo assim, resolveu colocá-lo na capa da manchete. Também é que dá IBOPE. No entanto, interpretando sistematicamente o dicionário Aurélio podemos afirmar que os verdadeiros fantasmas não têm documentos, estão em lugares incertos e não sabido. Nem comparecem ao local de trabalho e você não os enxergam porque são fantasmas mesmo! Agora o outro, coitado - o perseguido, todo mundo sabia e sabe onde encontrá-lo. Ele não é fantasma sabe por quê? Além da documentação que prova a sua legalidade de disposição e freqüência, já bastante comentada, ele pode ser encontrado na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus celebrando missas e entregando cestas básicas ou fornecendo café da manhã aos pobres; pode ser encontrado num hospital visitando doentes, num presídio pregando o evangelho, no lixão de Aparecida de Goiânia onde leva ajuda necessária para a sobrevivência daquelas numerosas famílias; pode ser encontrado na Casa Mateus 25 onde mantém e cuida de pessoas enfermas, assim como, na Casa de Nossos Pais, mas se forem procurá-lo lá, por favor, não vão de mãos vazias, levem alguma ajuda. O dízimo dele é social e nem precisava devolver, mas ele devolve, até os centavos, não para os políticos como fazem alguns, mas sim, para a Comunidade Atos que tanto necessita de sua ajuda, assim como, de todos nós. Paz e bem.


A última estação.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Adolescente, saía caminhando sem rumo pela estrada aguçando os ouvidos para ouvir o canto harmonioso dos pássaros e o apito inebriante da locomotiva avisando de sua chegada na última estação. Em alguns momentos parava no acostamento para escutar o barulho cadenciado sobre os trilhos e quando ouvia, meu coração acelerava esperançoso em saber que aquela linda menina já estaria lá à minha espera. Quando a conheci pela primeira vez naquela estação, tivemos apenas uma troca de olhar e foi amor a primeira vista. Começamos a ensaiar um romance que duraram meses. Certo dia depois de sua partida, desenhei num vagão abandonado um coração e nele escrevi nossos nomes com cores rubras, as quais, com o passar dos anos não resistiram às intempéries do tempo, se esvaíram ao espaço como se esvaíram a dor e a saudade de sua eterna ausência. Ela nunca mais retornou àquela estação e eu nunca mais a vi.  Eu era adolescente que enxergava o amor nas mínimas coisas e anotava tudo num caderno repleto de frases poéticas, mas naqueles dias de intenso romantismo pasmem amigos! Esqueci de enxergar o óbvio: anotar o sobrenome e nem o endereço dela. Anos se passaram e à medida que ia andando pela mesma estrada, como por encanto, via surgir por detrás da folhas das árvores o seu rosto angelical e olhar lânguidos que naquele final de tarde eram compartilhados por resquícios raios do sol. A saudade era tanta que abria o meu peito e o enchia de ar só para que eu sentisse os perfumes das flores trazidas pelo vento, e quiçá, de alguns resquícios do perfume de Joyce, talvez ainda impregnados nos campos verdejantes que se esparramavam pelos terrenos férteis. 

Observava o movimento dos pássaros, sentia o sol queimar o rosto, mas naquele final de tarde, me deliciava quando o via o sol descer soberbo no horizonte emitindo raios alaranjados. Sentia uma sensação inigualável. O rosto dela era parte integrante do cenário, que de tão perfeito, parecia onírico. Mas, voltando ao tempo de adolescência, ao caminhar por aquela “estrada da vida”, não soube escolher o caminho certo e ás vezes, andava a esmo, sem lenço para enxugar as lágrimas ou um documento qualquer que pudesse identificar-me ao recebê-la na última estação. Talvez, quisesse enxergar certas coisas de uma forma, não como hoje, que, calejado, em face da labuta cotidiana, passei a ver de outra, não porque tudo tenha mudado, mas porque a minha forma de interpretá-la mudou. 

A “estrada da vida” se esticou assim como o tempo que passou sobre os nossos rostos deixando-os  carcomidos.  A estrada que percorremos fez-nos deixar para trás muito choro sufocado e muita injustiça a ser vencida. Mas, seja qual for à estrada, se de chão ou de ferro, nem sabemos em que parte dela a dor deve ser curada, sabemos que ela nos conduzirá ao mesmo lugar e trafegar ou equilibrar sobre ela é o que se  questiona. Podemos até passar rapidamente ou devagar sobre ela, não importando a velocidade que imprimimos. Podemos causar impactos, sentimentos vários nas pessoas ou em nós mesmos. Podemos encontrar durante nossa caminhada dias nebulosos, ventanias, sol extremamente quente, noites e dias frios, pedras, espinhos e até pessoas que passam por esta mesma estrada, umas com semblantes rancorosos, outras distraídas, venenosas, falsas, egoístas e outras cheias de amor, mas, todas sabendo, que no final da “estrada” todos terão o mesmo destino: rostos carcomidos pelas intempéries do tempo, para não dizer que chegaram à velhice e como final, a morte, para uns, o descanso eterno, para outros, é vida nova no paraíso, mas, para mim, é somente a certeza de ter conseguido chegar ao fim da estrada ileso e pagando menos pedágios.

Tem dia que sentamos na beira da estrada e sentimos o vento levar nossos pensamentos sem pedir licença. Tem dia que pegamos pétalas de rosas à sua beira e elas nada exalam. Tem dia que vemos passar por ela marés de incertezas e não reagimos. Tem dia que tentamos encontrar outra estrada e sonhar um sonho que almejamos sonhar, mas não conseguimos. Tem dia na estrada que a noite é pesada demais mesmo sem  termos pesadelos. Tem dia que nos lembramos do passado sem assombros, mas, tem dia que a vemos cheios de escombros. Tem dia que perdemos alguém na “estrada” ou na última “estação” que muitas vezes nem dávamos o devido o valor. Tem dia... Ah, se tem!

Caminhando à beira da estrada e com o pensamento absorto, percebi que o meu passado é a estrada que percorri durante toda a minha existência e este aspecto não devo esquecer. Foi através desta caminhada longa, entre erros e acertos, com realização profissional ou não, é que cheguei onde estou ou encontrei a  felicidade de haver ao longo dela encontrado o amor, a paz, fazer grandes amigos e realizar alguns sonhos, talvez pagando pesados pedágios, tributo que a vida nos impõe e nos dificulta  alcançar outros sonhos, objetivos e ou mesmo chegar à última estação.



Evangelizar, defender a família, salvar vidas, isto sim é que é FANTÁSTICO!

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Uma repórter do programa FANTÁSTICO da rede Globo ao abrir uma matéria sobre “funcionários fantasmas” nas Assembléias Legislativas de todo o País, ai iniciar sua fala, mesmo antes de mostrar uma enorme listagem de servidores disse: “Com “pretexto” de fazer caridade Padre Luiz Augusto recebe da Assembléia Legislativa sem trabalhar”. Essa repórter talvez desconheça a frase que ele carrega consigo desde quando foi ordenado padre: “Eu vim para servir e não para ser servido”, da mesma forma deve desconhecer totalmente o trabalho social que ele realiza como a manutenção da Casa Mateus 25, que conta com mais quinze enfermos, que sem apoio familiar recebem todos cuidados há bastante tempo na Comunidade Atos. Também deve desconhecer a Casa de Nossos Pais, que cuidam de muitos idosos; deve desconhecer sobre a distribuição mensal de gêneros alimentícios (cestas básicas), de pães e de café da manhã feitos diariamente na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus em Aparecida de Goiânia; deve desconhecer a existência de assistência médica e odontológica para os menos favorecidos; deve desconhecer suas visitas em hospitais e presídios onde leva evangelho; deve desconhecer que ele é um grande evangelizador para num programa a repórter dizer que o Padre Luiz Augusto recebe o salário da Assembleia “com o pretexto de fazer caridade”. Não foi possível identificar o nome da repórter que talvez tenha recebido o texto pronto para falar tal asneira. A manutenção de tudo isso fica extremamente caro, sem falar no pagamento de empregados e impostos. Ademais, o Padre não é comissionado, é concursado e tem seus direitos garantidos por lei e das disposições autorizadas e freqüências assinadas pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa, senão, caso contrário, não receberia seus salários. Para receber é necessária a apresentação de freqüência todo mês. Salários estes que ele nunca usufruiu, colocando-os a serviço da comunidade carente de Goiânia que sempre foi o seu propósito desde que assumiu a condição de sacerdote

Para quem assistiu ao programa do último domingo e conhece o trabalho social e evangelizador do Padre Luiz, sua luta insana contra as pornografias expostas em outdoors e nas telenovelas exibidas pela TV, isto sim, para nós, o trabalho do Padre é que é FANTÁSTICO! A vida de um homem, sendo padre ou não, tem que ser respeitada e não exposta da maneira que foi. O Programa da rede Globo deixou-o como se ele fosse centro dos holofotes, o pior dos marginais, quando existia uma lista enorme de “fantasmas” cujos nomes sequer foram citados e estes realmente, além de serem verdadeiros fantasmas, nada faz para a sua comunidade. A TV usou o padre como protagonista principal, talvez por ser humilde, usasse batina surrada e não smoking, mas se usaram isto como represália por ele defender a família em face das novelas globais que ferem a sensibilidade e os bons costumes é de dar dó.

O fato é que a moral do cuidado que devemos ter quando uma criança assiste a uma cena explícita e beijos entre pessoas do mesmo sexo, podemos dizer que é um paradigma repleto de nuances e trilhas que nem sempre ou jamais conseguiremos explicar. Porque se cuidar é inerente ao homem, nem sempre isso indica zelo ou preocupação com o outro. Mães amam e cuidam de seus filhos quando os possibilitam crescer e descobrir seus próprios caminhos, errando inclusive, ou amam e cuidam de seus filhos quando mergulham sobre eles de forma acolhedora, à vezes de forma dominante, fazendo tudo por eles e mantendo-se protagonistas de uma história sem manipulação, verdadeira, real, ensinando o evangelho, onde não deixarão espaços para que outros submundos intrometam com suas coisas banais, porque além do cuidado do evangelizador, do amor da família que acostados ao ensinamento do evangelho, dominarão o mundo profano.

Somos frágeis na preservação de nossos vínculos, somos predadores naturais das relações humanas, nos perdemos nas infinitas bobagens de quem, em tantos delirantes momentos como a que vimos no último domingo no programa Fantástico onde percebemos a vida como a um palco onde o monólogo só não nos basta. É preciso de todos os fantasmas, de citarem todos em cena ou pelo menos os mais famosos, aqueles que imaginamos cuidar na platéia dos papéis, da contratação, da demissão, que tem o poder de colocar alguém a disposição de outrem, para que nós protagonistas televisivos que somos não deixemos de repudiar a imoralidade e aplaudir àquele que nos oferece o cuidado.

O evangelizador é a mais preciosa e revolucionária ferramenta, inclusive para soltar os cordões e permitir que o balão voe um voo mais alto. Pergunto: Há amor mais bonito do que aquele pratica o bem sem olhar a quem, que admira com prazer a conquista de quem se ama e a quem também dedica com seu amor aos mais carentes como o Padre Luiz Augusto faz?



Dê a seta o que é de seta

sábado, 6 de junho de 2015

Para intitular este artigo assim “Dê a seta o que é de seta” busquei no texto bíblico a famosa frase “Dê a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”. Intitulei dessa maneira mais para chamar à atenção dos leitores motoristas que trafegam por nossa Capital. Essa frase foi de suma importância para definir o raciocínio de Jesus Cristo já que todos os imperadores romanos tinham o titulo de Cesar. Portanto ao proferir essa frase Jesus queria dizer que não era contra e nem queria peitar o império romano. O raciocínio Dele era assim: Dê a Cesar os impostos, as contribuições, que as leis exigiam e dê a Deus as orações, as adorações. Isso ele repassou aos seus discípulos, somente com a intenção de não misturar estado e religião. E é assim que eu entendo, mas no caso em tela, “dê seta o que é de seta”, dê mesmo principalmente quando for virar à esquerda ou à direita, porque Deus não quer misturar as coisas e deixar tudo ao seu livre arbítrio.

E foi nessa intenção de não querer peitar ninguém, apenas orientar e sensibilizar aos motoristas que não dão a mínima para a danada da setinha. Quando viajam por esse Brasil afora muitos deveriam fazer alguma coisa para melhorar a sua saúde, mas não fazem, ou seja, não procuram dormir bem e nem se alimentam melhor, não avisam aos familiares que vão chegar atrasados. Quanto ao sono, este é um assassino que não tem arma, mas se descuidarem, ele mata. No que se refere ao trânsito dentro de uma bela cidade como Goiânia, por exemplo, o sono não tem arma, mas o usuário de bebida alcoólica tem e mata, assim como, a danada da seta se não for usada pode causar acidente sério e matar. Não dar seta se tornou uma rotina e os motoristas sabem que não custa nada subir ou descer a alavanquinha. Para quem não sabe o que é seta, digo sem medo de errar que é aquela alavanquinha logo ao lado do volante, que, quando a gente aciona pra cima ou pra baixo acende uma luzinha do lado de fora do carro, sinalizando para quem vem atrás alertar que você vai virar à direita ou à esquerda. Pois bem, mas aqui em Goiânia a maioria não usa, tem preguiça de usar ou é imperícia mesmo. Além dessa alavanquinha tem um monte de outras coisas que as pessoas por aqui fazem, deixam de fazer e não deviam no trânsito. A seta é item de fábrica, vem em todo carro, sem exceção, está ali ao alcance da mão, é só esticar os dedos para movê-la de um lado pra outro, não desgasta por excesso de uso, não faz barulho e nem requer nenhuma habilidade especial para seu correto manuseio. No entanto, alguns motoristas de Goiânia simplesmente preferem ignorar sua existência. Será que querem transformar a experiência de dirigir no trânsito caótico desta cidade em algo inusitado, lúdico e surpreendente, tipo: ‘Para onde será que a seta vai agora?

Quando você está ao volante à coisa funciona mais ou menos assim: alguém está à sua frente, ameaça mudar de pista, fazer uma conversão qualquer; ameaça encostar, sair da vaga, entrar na vaga, o sujeito fica indeciso, esquece da seta, cabendo a você, e tão somente você, adivinhar qual a intenção dele. Nem adianta meter a mão na buzina, piscar o farol ou lembrar-se carinhosamente da mãe dele, pois não vai se abalar por conta disso. Você que vem atrás é que se vire ou se preocupe a tomar as devidas precauções.

Mas seria extremamente injusto de minha parte insinuar que os motoristas de Goiânia nunca dão seta. Essa seria uma generalização muito perigosa e, além disso, falsa. Claro que os motoristas daqui sinalizam de vez em quando como acontece com outras cidades. Por exemplo, aqui na Capital sempre avisam quando vão fazer alguma coisa que é proibida ou mal feita, ou seja, quando vão parar em fila dupla, frente a uma escola ou na porta da garagem. Ligam o pisca - alerta, como se avisando “vou ali rapidinho e logo estou de volta, agüenta aí colega”! E pra fazer uma conversão proibida. Aí não se esquece da seta e ainda usa as mãos pra fora para reforçar a sinalização que sabe proibida. O pior é quando vão encostar pra pegar um passageiro na calçada que não possui acostamento. É uma pista à direita e logo atrás estão muitos carros que precisam frear bruscamente pra não encher a traseira do sem-noção.

Quando você não é um sem-noção, um daqueles alienígenas esquisitos que sinalizam regularmente e o que vão fazer obedecem ao que é proibido, aí ninguém leva muita fé, acham que você está fazendo hora com a cara dos outros. Colam no seu pára-choque (seu não, digo, o do carro) porque não é possível que aquela seta pra direita signifique que você vai virar à direita de verdade, vêm a mil por hora porque não acreditam que você esteja realmente reduzindo a velocidade. E ainda passam metendo a mão na buzina dizendo: ô roda dura! Então você me pergunta: mas onde estão os valorosos agentes do trânsito, que deveriam ver essas coisas e botar ordem no boteco? Estão multando carros estacionados sem talão de Faixa Azul, porque multar carro em movimento dá uma trabalheira danada. Sim, esta é uma cidade que fechou a praça cívica onde estacionavam mais de dois mil veículos causando um transtorno danado no centro. Caro leitor, eu simplesmente cansei. Cansei de tudo, do mundo real, do palpável, do prático, do imaginário, do surreal. Cansei da visão fantasiosa sempre contrária ao mundo real. Cansei do trabalho maçante e de tudo aquilo que estressa; cansei de reclamar do errado e das coisas erradas, cansei daqueles que fazem denúncias vazias, caluniosas, difamatórias e não enxergam o seu próprio umbigo. Cansei da escada tortuosa construída até aquele andar onde esperava alguém descer, apenas descer. Cansei de passar pelo mesmo trajeto onde passam os imprudentes que irresponsavelmente fazem ziguezague com seus veículos na avenida. Cansei do bonito que a natureza mostra, mas sempre é desrespeitada; cansei da ilusão de beleza que se vê em cada rosto. Cansei, cansei mesmo! Então, o jeito é mudar para o interior, onde deva existir apenas uma rua, sem sinalização, sem cruzamento ou acostamento proibido, e lá, com meu possante, serei rei, mas não como os Césares Romanos



Lixos Humanos.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Raimundo Nonato vivia com sua família num casebre iluminado apenas por uma pequena lâmpada. Um amontoado de fios atravessava o teto coberto por restos de telhas alumínio que conseguira junto à construção civil. As paredes eram de puro adobe e a única porta possuía uma pequena tramela. Quando se adentrava ao pequeno barracão logo se deparava com um fogão à lenha soltando labaredas que se misturavam com o vapor que saía de duas panelas de ferro e dentro delas, minguados arroz e caldo de feijão. O calor era insuportável. No quarto, crianças desnutridas se amontoavam em pequenos colchões e silenciosas, ficavam olhando a figura angustiada do pai que debruçado no vão da janela olhava o nascer do sol, parecendo esperar por dias melhores e ver realizado o seu sonho maior possuir casa própria.

Anestesiados pela dor que pune as paredes estomacais pela falta ingestão de alimentos, aquele trabalhador e seus três filhos, desnutridos, peles corroídas  pelas intempéries do tempo, mesmo sentindo o mau cheiro que vinha do esgoto que corria a céu aberto, ainda conseguiam ouvir no pequeno radinho de pilha, os  sussurros, maledicências e descrições  metafóricas das sandices humanas. Ouviam estupefatos, comentaristas falando das ações de governadores e prefeitos que deixam o Estado e Município em penúria, que para eles, mais  pareciam cenas de filmes de ficção, e em tom conspiratório, eles abandonam os mais incautos, transforma-os em lixos humanos e nem dão a mínima para aqueles que os elegeram, mostrando uma desfaçatez absurda e curiosa que não se limitam a própria esfera de seus infortúnios políticos.

Não mais suportando estas decepções que a vida prega em todos nós pessoas de bem, tento corroborar na tentativa fajuta de escape de minha circunstância natural refutada pela aversão ontológica daqueles que mentem descaradamente para assumir e se perpetuar no poder, escarnecem-se do eleitor, do humilde trabalhador, do professor, do honrado, do honesto, de tudo... Falo daqueles que se esbravejam diante das minhas minúcias; falo daqueles inescrupulosos desguarnecidos em seu próprio habitat, que fugidamente retroagem aos gêneses dos ritmos das marchas fúnebres. Falo desses “seres” políticos que parecem posar na personagem maculada dos observadores mais atento que vêem neles figuras de  rostos-preguiças sentados em poltronas de anos de maledicências, apresentando silhuetas caricatas dispostas ao ridículo.

Os rostos desguarnecidos de qualquer compostura, demonstrando falta de zelo e respeito com a coisa pública, prática do exercício da improbidade administrativa, falta de consideração com o povo e aos órgãos públicos ou entidades que administram essas figuras políticas nefastas, felizmente, não chegavam aos olhos do Raimundo e seus filhos porque eles não tinham TV. Somente através dos comentaristas podiam absorver de cada palavra a profunda decepção em forma de pintura de escárnio, tal como aquela dor que sobe por nosso estômago e que muitas vezes nos levam ao vômito.

Ainda bem que o povo acordou. Ainda bem que começaram a respirar liberdade e extrair a dor que contraíram seus músculos de moralidade. Ainda bem que estamos começando a recuperar o tempo perdido. Ainda bem que voltamos a acreditar em dias melhores, na volta da ética e da moralidade pública, na felicidade do povo brasileiro, assim como, certos estão de que um dia não mais voltaremos a visualizar lixos humanos, como se eles, amontoados em seus casebres, fizessem parte de um teatro de horror, cujos personagens parecem ter saído de filmes que protagonizam cenas inenarráveis que estão lotando de infelizes os palcos da vida urbana. Se os olhos desses políticos por mais embaçados, marejados e míopes não verem; se os ouvidos deles não escutarem o clamor que vem das ruas; se todos os responsáveis continuarem empurrando com a barriga pode ter a certeza que a pobreza tende a aumentar e vai ocorrer uma revolta geral e em razão disso, o aumento da criminalidade como já vem acontecendo em todo País e também vai proliferar de uma maneira assustadora, incontrolável e destruir vidas, famílias e como conseqüência, aumentar os lixos humanos, todavia, espero que essa revolução social que todos almejam com a derrocada dos políticos lesa-pátria, dos corruptos, dos que subjugam e enganam o povo, dos que compram, dos que escravizam, do que fraudam eleições para permanecer no Poder aconteçam antes que estas linhas sejam denotadas de melancolia e decepção.




 
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