Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Reflexão para 2018

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O ano novo se aproxima. É hora de revermos nossas falhas, os caminhos tortuosos que trilhamos, e até aquela palavra mal empregada que pode ter ferido uma pessoa amiga, estragando um relacionamento que já duravam anos. Então, em 2.018, não nos preocupemos renovar o guarda-roupas ou comprar um veículo novo, mas sim, em renovar o nosso espírito e ampliar a nossa fé em Cristo; darmos uma faxina em nossas vidas, revermos tudo que aconteceu de ruim e anotarmos na agenda de nossa existência, as palavras amor, paz, fraternidade, solidariedade e justiça para que tudo possa acontecer ser diferente. 

É comum fazermos uma lista de tudo que planejamos para alcançar no ano vindouro, no entanto, é salutar que não deixemos de sonhar com coisas possíveis e até impossíveis, coisas que às vezes, não realizamos durante no ano que se finda. Finda-se o ano velho e logo começa o ano novo. Vem o mês de janeiro, depois fevereiro… e todos os feriados são catalogados no calendário, assim como, os compromissos de trabalho, a rotina dos dias que seguem sem que ninguém os possam impedir. E a lista do que planejamos e foi feita com tanto esmero que vai se amarelada no fundo da gaveta.

Será que se esqueceram da faxina? Quantas pessoas devem se esquecer daquilo que planejaram? Quantas vão tentar cumprir à risca aqueles sonhos guardados no fundo de uma gaveta? Quantas pessoas esperarão que venha mais um dezembro para repensar e refazer tudo de novo para o ano seguinte? Geralmente, todo final de ano, as pessoas costumam passar as promessas que não conseguiram cumprir para o ano seguinte, lamentando-se por não ter alcançado sua meta. Então, caro leitor, que tal fazermos diferente? Pelos menos obedecer a um pouco a orientação exposta nesta crônica. Neste ano, por exemplo, ao nos comunicarmos através de internet, sites e outros meios de comunicação aprenderam muitas coisas. Quantas mensagens bonitas, evangelizadoras, especialmente aquelas que nos fizeram chegar mais perto de Deus, como também os vídeos e outras postagens interessantes, que nos fizeram enxergar que a verdadeira paz não pode ser conquistada através da força ou arrogância. Mas, o ano de 2017 teve sua importância, pois deixará em nossa memória coisas altamente importante como a prisão de importantes políticos corruptos, a morte do grande conciliador e de ruim, a natureza em fúria por falta de preservação, pancadarias nos estádios, explosões em caixas eletrônicos, criminalidade aos montes, mortes em acidentes por uso de bebidas alcoólicas e drogas...

Durante muitos anos venho escrevendo artigos e crônicas com o objetivo de levar mensagens de otimismo, perseverança e fé. Coisas simples que bastam apenas uma atitude. Atitude que não devemos deixar para amanhã, e nesse caso, o amanhã não se fez hoje. Eu ainda não aprendi tocar instrumentos musicais, nem nadar, mas, felizmente, através da escrita, posso usar as asas de minha imaginação e aí, viajo para onde quero, vou até o infinito, mesmo sabendo não ter fim.  E no mundo da imaginação, nado, mergulho e chego às profundezas, dedilho instrumentos que sempre sonhei tocar, canto nos palcos da vida e sonho... Perdoem-me se avancei demais em algumas frases ou palavras, talvez, elas podem parecer sem nexo, mas, para este texto não, pois as usei para torná-lo mais leve e interessante.

É possível que nestes últimos anos tenham aprendido com as pessoas mais velhas que se houver prazer em viver, que se não fizerem bem, que se fizerem o bem e não olharem a quem, então, vale à pena ter vivido. Pensando bem, esta é a mais pura verdade. Temos que tentar acompanhar a velocidade do vento, pois o tempo escorre pelos campos, cidades, ruas a avenidas passam tão rápido que ninguém consegue detê-lo. Ele nos ensina que devemos aproveitar o hoje e que ele deve ser mesmo o melhor de todos os dias, totalmente pleno, intenso. Porque do amanhã pouco ou nada sabemos. Só Deus sabe! Podemos até programar este dia, mas, talvez, seja mais um compromisso que jamais poderemos cumprir.


Será que existe um vazio dentro de nós?

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Certo dia eu perguntei a mim mesmo: Quem sou eu? Pensei um pouco e respondi: Acho que sou aqueles rastros que deixei sobre a areia esbranquiçada da praia que se perderam ou foi apagada pelas ondas, ou talvez, aquela concha oca abandonada em formato de caramujo, cujo bico estava cheio de terra molhada, mas que se estivesse limpo, talvez me levasse ao vazio do nada. Mas onde estavam meus rastros, pedaços de uma minha vida, e que, por onde caminhava, sem vê-los, mesmo assim, me lembrava com saudade de cada passo. As ondas que molhavam meus pés recuavam, mas deixavam sobre eles alguns sonhos que jamais se acabaram, Sabia que a cada passo ficava um vazio imenso, uma vontade férrea de parar e desistir de tudo, mas o oceano insistia em me enviar um conjunto de emoções negativas que talvez atuasse sobre mim e eu não sabia. Acho que todos possuem um vazio dentro de si mesmo, um período difícil em suas vidas, onde as horas se tornam minutos e os segundos sequer movem. Daí a gente não consegue progredir, vem à falta de vontade e motivação. A vida carece de sentido, vem uma sensação de desamparo e até falta de fé, de não acreditar na existência de Deus. Chegamo-nos a fechar a porta para tudo e para todos, como se nada importasse ou tivesse valor algum.

Questiono-me novamente: Porque será que muitas coisas em que acredito chegam ao fim? Será que não acredito na felicidade eterna, em um novo sonho que possa surgir? Talvez cheguem de mansinho e sem pedir, vão abrindo os cadeados de meu coração. Mas ele está trancado e ao abri-lo, vem-me um enorme medo, medo do novo, medo da alma estar doente, medo de um sonho de não conseguir realizar sonho algum. Medo que me faz mexer com as emoções adormecidas, esquecidas, perdidas, mas possíveis de me trazê-las volta, de viver com intensidade e recomeçar tudo de novo. Este recomeçar nada mais é que dar uma nova chance a mim mesmo, renovar-me e por fim acreditar num mundo melhor. É nesta hora onde tudo ressurge é que devemos procurar entender que podemos avaliar melhor sobre a nossa vida, procurar entender como devemos transformar pequenos instantes em grandes momentos, eliminar tudo que atrapalha o desenvolvimento do corpo e do espírito, dando lugar somente ao que nos engrandece como seres humano e filhos de Deus. Hoje não sinto vazio dentro de mim e meus sonhos não estão nas nuvens e nem me preocupei porque estou no lugar certo construindo meu alicerce para ultrapassar as nuvens e me agasalhar no céu.

É certo que sentimos um vazio. Não aquele vazio sem coração, mas um vazio de alguém que se sente solitário sem saber por quê. Olhamos ao nosso redor e não conseguimos ver ninguém, apenas um espaço vazio. Reclamamos demais da vida, uma vida que Deus nos concedeu. Andamos ao lado de pessoas, onde não sentimos mais aquela liberdade de falar o que pensamos. Passamos a ter medo delas. Andamos em um mundo onde só nos existimos, só nós podemos nos sentir bem. Às vezes vem à vontade de querer ter coragem de contar tudo que nós pensamos e o livre-arbítrio para dizer o que pensamos, e o que nos decidimos. Difícil esta querência, pois estamos presos por dois cadeados, bem trancados.

Até ontem era apenas eu, e o meu pequeno escritório. Onde nele nem mais segurança tem, entram, bisbilhotam minha estante, fecham a porta na hora que quiserem, tirando-me a concentração, como se quisessem saber o que estou pensando ou mandassem em mim. Mas hoje, comecei a crer em algo, em alguém que eu tenho a plena certeza que não vai me decepcionar. Que vai estar comigo, que sabe amar, que sabe perdoar. Que tem fé, Que está comigo para o der e vier; que me entende e estende sua mão a todo o momento. Eu falo de Deus, pois Ele é o meu melhor amigo e seu também e que a tudo vê e jamais nos deixa na mão. Quando começo a sentir um vazio dentro de mim, talvez por faltar algo grandioso que eu sequer sei o que é então sinto que é preciso deter esse meu vicio de querer coisas que também não sei o que é. Essa é essa minha eterna busca por coisas imaginárias, surreais.

Sinto que é preciso mudar, crescer, amadurecer, mas nunca deixar ser criança. Tem certos momentos que nem eu me entendo, não sei o que quero ou que preciso. Parece que me encontro perdido sem ter a mínima ideia pra onde ir. A única coisa que eu sei é que não posso ficar parado. Sinto que preciso ser ágil e correr atrás dos sonhos talvez achasse perdidos. Preciso imediatamente de vida, tenho sede de vida, tenho fome de aventura, tenho desejo de ir, mas quando retornar, voltar de novo, renovado, até onde as minhas pernas ou veículos possam me levar. Sei que é preciso dessa mistura: que eu chore mais, que eu sorria mais, que eu sinta mais a vida, que deixe o estresse e venha entender melhor o que é a vida, o que se passa dentro de mim e de cada pessoa com quem convivo. Necessito entender certas coisas, entender mesmo, mas em seguida, esquecer tudo. Preciso de sei lá o que, mas preciso, todavia não sei o que é. Preciso viver além do que imagino e ir viver o surreal para além de mais além, onde eu jamais imaginei que iria. Quero viver cada aventura que o mundo possa me proporcionar, quero viver para ver o que o universo inteiro tem. Quero viver tudo em uma só vida, mas é claro, se Deus assim o permitir.

Não sei se é preciso para conviver com esse vazio, mas às vezes é necessário que algo morra dentro de mim para voltar a viver, talvez retornando por outra porta sem cadeados ou trancas, na esperança de encontrar alguém que me reconheça. Abrir a porta, parar e olhar se existe um vazio do outro lado para poder mostrar quem não é ou quem sou. Quanto a mim só sei que retornei ao meu mundo que pensava não existir, pois vi que ele tinha um significado. Não morri, mas tenho certeza que o meu vazio está escrito na lápide de um campo santo qualquer. Acho que nasci de novo e do lado de cá fico esperando que alguém me chame com calma, pois não sei se vou passar pela porta devagar ou rápido demais.





Joaquim Cordão, o caubói de Morrais City

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Morrinhos é uma bela cidade, mas bem que poderia ter sido chamada de Cidade dos Pomares, tanto era a sua riqueza no plantio e cultivo de árvores frutíferas. As lendas que ouvia, casos, causos e percalços da vida, uma delas vou contar nesta crônica. Então, com o pensamento alhures sento em minha poltrona giratória, desligo o celular, olho o monitor, dou uma pequena pausa e fico aguardando os flashes que guardei na região recôndita do meu cérebro e que há muito tempo não o exercito para essa finalidade, ainda mais pra falar de um caubói regional, excelente boiadeiro, domador de cavalos, bravo, destemido, temido, assim como, dos meus ídolos, ou personificação deles quando os via nas telas de cinema. À minha frente o computador. Ligo-o. Penso. Forço a memória e os flashes em preto e branco vão surgindo na velocidade da luz trazendo recordações de tempos idos.

Lembro-me bem de um caubói regional, lá pelos anos 60, de nome Joaquim Cordão, que sempre trajava uma calça de algodão, camisa xadrez, cinto grosso, de couro, chapéu Panamá preto, botas, esporas e não se amedrontava quando tinha que enfrentar adversidades que a vida lhe impunha e até de domar alguns cavalos de raça. Ele possuía uma exímia pontaria e isso por si só, já trazia certo respeito por onde passava. O seu jeitão de ser e o modo como fazia para transformar a sua própria vida numa grande aventura virou lenda. Talvez seja em razão disso que lá pelas bandas do Rio São Domingos dos Olhos D’água ele tenha sido apelidado pelos moradores de “cowboy de Morrais City”, uma brincadeira dos moradores mais afoitos e quiçá, por ter ele nascido em Morrinhos. Á época, todos o achavam igualzinho aos caubóis, principalmente aqueles que nos encantavam nas telas de cinema e que hoje não se vê mais, pois as cenas de hoje mostram o homem passando ano todo andando quilômetros e mais quilômetros por estradas afora, algumas solitárias, dirigindo uma caminhonete, um carro de passeio ou caminhão de carga correndo atrás de reconhecimento, seja sobre o pó, asfalto ou nas chuvas das arenas. Hoje vemos Cowboys e cowgirls apenas nos rodeios e festas de pecuária, eles, jogando charme às moças, elas, aos azes dos rodeios, um estilo de vida totalmente diferenciada dos caubóis antigos que causavam frisson quando apareciam nas telas de cinema.

Desde a adolescência Joaquim se achava um caubói, talvez influenciado por aqueles grandes ídolos e personagens, tais como, John Wayne, Terence Will, Kirk Douglas, Steve MacQueen, Burt Lancaster, Paul Newman, Gary Cooper, James Stewart, Clint Eastwood, John Ford, Lee Van Cleef, Billy the Kid, Kid Colt, Zorro e até por Gordon Scott (Tarzan), O sonho não era só dele, era meu também e todos os adolescentes tinham os seus ídolos. De alguma forma aqueles ídolos nos fortaleciam, ajudavam a gente vencer na vida, bater recordes, superar desafios e viver momentos de glória. As rápidas explosões de ação de cada personagem, o perigo que ocorria durante suas aventuras, a extraordinária perícia no manuseio do revólver e a versatilidade do cavalo quarto de milha, faziam sucesso junto com o personagem, bastava um assovio e o animal se aproximava. Isso fascinava a platéia.

Hoje, a tendência é vermos uma geração de crianças e adolescentes viciando-se em vídeo game, tablete, celular e outras parafernálias eletrônicas, sem falar no uso de drogas, que os tiram do foco, de um futuro mais promissor e jamais seriam nossos cowboys do futuro. Ademais os filmes de terror, a guerra, a violência explícita, o terrorismo, não só alcançam pessoas de maior idade, como também menores que saem atirando em colegas de escolas; filhos assassinando pais e vice-versa, tudo isso gerado pela TV. É assustador! Maléfico! Estas cenas estão trazendo distúrbios mentais para muitas crianças e jovens, que dominados por algumas delas saem matando sem uma explicação plausível, sem pena ou dó daqueles que encontram pela frente. Ser cowboy não é isso, Nos tempos do faroeste, os caubóis e a gente galopava sem medo de ser feliz, contra o tempo e corríamos mais rápido que o vento. Era como desafiar a lei da gravidade no lombo de um animal feroz.

Joaquim era assim. Hoje com seus oitenta anos passa o tempo sentado numa cadeira de balanço observando calmamente alguns jovens correndo pela rua, descamisados e com a calça caindo sobre a bunda. Não tem o estilo de caubói como ele e tantos outros que cortavam o sertão afora, usando no coldre um revólver e ao lado uma algibeira. Estava ali, inerte, recordando dos bons tempos, e depois me olhou de soslaio, pedindo-me para escrever algo sobre os caubóis que encenavam nos filmes de faroeste americano, que parecia irreal, mas tudo aos olhos de quem assistia se transformava numa coisa espetacular, até real, e eu sabia como era e como devia falar sobre tais personagens. Não menti porque quando adolescente também fazia parte daquele mundo cinematográfico surreal. O problema não era saber ou esquecer-se de um ídolo ou personagem, mas de alguma palavra que pudesse não significar nada sobre a vida, o sentimento meu e o de Joaquim Cordão.

Descobri que a palavra inglesa cowboy, no Brasil foi aportuguesada (caubói e cobói). Portanto, se acham que mencionei errado ao titular esta crônica, não é verdade, e não houve propriamente um equivoco e sim uma derivação da palavra. Ao observar as diferentes culturas da História da humanidade, nenhuma ficou cristalizada, pelo contrário, houve trocas e variações que formaram novas culturas. No Brasil, diversas línguas como o português, o castelhano, o francês e o inglês entre outras se misturaram e formaram um jeito “abrasileirado” de falar. A palavra cowboy oriunda do faroeste americano, no Brasil aportuguesou-se como caubói. Todavia, deve-se entender que no âmbito da linguagem e da cultura, nada é cristalizado. Ela se transformou com o passar dos tempos menos o Joaquim, o caubói de Morrais City.




Aprendendo a decifrar a própria alma.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Pessoas que leram algumas crônicas e poesias minhas comentam que não é fácil entender até onde quero chegar, mesmo sendo elas escritas de forma simples, mas são mistérios captados pela minha mente, que na verdade, não se pode perceber ou decifrar. Será que minhas crônicas, poesias ou livros de romance são enigmas das quais posso estar exigindo muito do escasso tempo das pessoas que leem e tentam decifrar os meus escritos, ou me decifrar. Se chegarem a alguma conclusão fática ou não, posso afirmar que eu e minha forma de escrever podemos nos tornar um pesadelo em noites de lua cheia ou serem atacadas por sósias nas ruas desertas que estão à procura da decifração de nossas próprias almas. Não contradito muito, mas contradito o suficiente e chego ser a revolta que se esconde dentro de mim mesmo. Admito que já vivi o bastante, mas quero viver mais, talvez o suficiente para entender-me com tudo aquilo que cerca. Diante do meu pequeno mundo acho que tenho brilho e quero manter esse brilho, mas de que vale tudo isso se a gente desperdiça o nosso tempo com pessoas inúteis, fingidas, despreparadas? Se existe algum detalhe extra a meu respeito, eu não sei explicar e nem explicar a mim mesmo. Jamais me privo de desejos que possam me arrancar um sorriso porque eu me previno de decepções.


Quando estiver lendo analise bem o que escrevo e antes de julgar-me olhará no espelho da vida e verá o seu próprio reflexo e a quem cujo texto realmente está julgando. No entanto, eu e você caro leitor somos também como a um enigma, cada um com o seu segredo a decifrar; têm gente que se apega por quem os trata mal, por quem se briga, todavia, eu sou o contrário de tudo isso, pois me apego por quem me trata bem, e se grita ou me trata mal me afasto e ignoro, pois o tempo encarregará de desfazer qualquer mal feito. Quando alguém dá “patadas” eu me recuo, sabendo que a “patada” ou jeito torto de agredir pode ter sido impensada e desculpando-se, me ganha de novo, recupera a amizade. Gosto de pessoas assim verdadeiras, sem falsetes, pois é nesse sentido que deve haver os sentimentos que temos sem fingir situações.

É lendo, dialogando, olhando nos olhos que enxergamos ser possível aprender a ver e decifrar a própria alma, que não é somente ver; que não é simplesmente perceber com os olhos. Ver é perceber com a alma, com o espírito; é deixar-se envolver-se; é deixar-se cativar. Muitos são os que olham e nada vêem, pois não se emocionam da maneira que as imagens representam. Uma visão fria sem um ponto de equilíbrio final. Não sabem, talvez, que é possível mudar a maneira de enxergar o que o mundo nos proporciona. Ou se sabem não se interessam por isso; estão tão acostumados com a frieza de seu próprio olhar que finge não ver o que está à sua frente, por mais bela que a imagem for, talvez, até desconheça a forma de como ela se apresenta diante deles, negando-se a ver a beleza nela contida. 

Eu aprendi a decifrar olhares e através deles pude observar que havia janelas e através delas, chegar até a alma. Aprendi a interpretar semblantes, entender silêncios, compreender, perdoar erros, prevenir quedas; aprendi a levantar-me, erguer cabeça e erguida, sempre mantendo o pensamento positivo; aprendi localizar de onde vêm as “tempestades” de palavras que magoam e constrangem; aprendi a manter-me calmo quando humilhado; compreendi que, quando se escreve um livro de poesia, de romance, um artigo ou crônica, alguns leitores não gostam de ler e nem dá a mínima a certos textos; mas aprendi a não me apoquentar com nada, pois procuro manter sempre a cabeça erguida, mas fico curioso para entender os porquês. Escrevendo diariamente aprendi alcançar corações de pessoas que sofrem e apequenar suas dores e secar suas lágrimas; aprendi a conhecer e conviver com pessoas tal como elas são; aprendi a compreender onde elas tens estado e onde estão seus lucros e fracassos; aprendi a celebrar com elas mesmas, seja virtualmente ou não, as suas alegrias e compartilhar suas dores e jamais julgá-las, pois todos somos sujeitos a erros. Aprendi a sentir saudades iguaiszinhas a você que lê esta crônica agora.

É público e notório que o olhar tem que ser treinado, pois geralmente uma mesma imagem pode ou não representar a mesma sensação. Cada olhar é um fenômeno diferente do outro, mesmo que se olhe para o mesmo objeto no mesmo lugar, repetidamente. É como aquela pessoa que antes havia entrado no mar. Observou-se posteriormente que nem o mar era o mesmo de quando ela havia entrado nele. Ele se modifica com o tempo ou o tempo o modifica.

Urge então que a gente consiga decifrar a nossa própria alma; urge aprender a conhecer a nós mesmos, de onde vêm nossas raízes, e o nascedouro de nossos princípios. Hoje, de certa forma inquieto, achei por bem abrir as comportas do meu coração e as janelas de minha alma. Transformar a minha escrita, o meu olhar em algo substancial, nutritivo, pois eles que proverão minha alma de imagens a serem decodificadas.  Achei por bem também de transformar minha alma num núcleo formador de benevolência, para que possam me decifrar, e tudo que nela for incorporada por meio do olhar me deleite, me deixe embevecido, satisfeito. Assim me transformarei ainda mais numa pessoa melhor e poderei ajudar as pessoas com as quais convivo. Acredito que quanto mais pessoas estiverem pensando, enxergando e decifrando assim, melhor será a nossa sociedade.

 
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