Quando
fazemos algumas anotações seja num caderno ou quando manuseamos o computador
aprendemos que as mãos e dedos têm um papel relevante, pois são eles que nos
habilitam a escrever e digitar mensagens aos amigos esparramados por esse
mundão de meu Deus. Ao examinar os gestos notamos também que existem mãos
agitadas, trêmulas, dedos em riste apontando para alguém, outros acenando com
dedos abertos e fechados… tudo simbolizando alguma coisa e mostrando, talvez, a
própria personalidade da pessoa. O que mais me incomoda é o dedo que aponta,
acusa, discrimina, rotula, e de forma inevitável, é usado para intensificar
“recados” maldosos. Eu, a bem da verdade, prefiro usá-las de outra forma para
escrever o que sinto e penso… No entanto, existem sinais quando usamos os dedos
e mãos ao mesmo tempo, demonstrando sentimentos de paz, de saudação, de
positivismo, de vitória, de agradecimento, como também de agressividade.
O mundo
perde em conceito e aqueles que se acham poderosos fazem sinais com as mãos ou
usam o próprio punho para mostrar que são poderosos, subestimando-se aos
demais. Urge a necessidade de resgatar os valores familiares, morais e éticos,
pois, caso contrário, acabaremos em um mundo cruel, medonho, cheio de trevas.
Há tempos tenho assistido realmente uma inversão de valores sem precedentes,
chegando até mesmo à obscenidade por parte de autoridades que deveriam dar
exemplo à sociedade de sua postura moral e ética. Eles sequer respeitam nem a
si mesmos nem aos outros e debocham do povo diante das câmeras de TV, com
sorrisos sarcásticos e seus atos são vistos como ladroagem, libertinagem,
malversação do dinheiro público e corrupção generalizada que, para eles,
funcionam como se fosse uma coisa natural, comum.
Temos em
cada mão cinco dedos e todos pertencem à mesma mão e ao mesmo corpo.
Basicamente eles têm a mesma função, ajudar a segurar objetos, apertar um
gatilho de uma arma, jogar pedras, bombas, manusear um mouse, uma caneta ou
lápis, etc. Sim, os dedos são todos iguais, mas não têm o mesmo tamanho ou
função. Alguns, é preciso dizer, não são tão iguais. Pois bem, então vamos ao
que interessa. Alguns desses dedos precisam se destacar, impor sobre os demais,
mandar; alguns deles precisam dizer ao resto da corja como proceder. Então fica
claro a quem deve caber esse papel, esse posto de comando, esse título. Então
vejamos analisando individualmente de cada um. Comecemos pelo Polegar. Este não
podia ter essa aspiração, pois pra começar, ele é pequeno, tão pequeno que até
deu o nome a um personagem de livro infantil, “O Pequeno Polegar”. Além de
pequeno, é humilde e não se importa em se sujar, pois é sempre o escolhido,
primeiramente, para o registro da impressão digital, notadamente se o sujeito é
analfabeto e precisa assinar um documento a rogo ou não, basta esfregá-lo numa
almofada de carimbo e encostá-lo num papel e pronto! Ta lá a comprovação de sua
existência em nosso mundo. E o tal do dedo Mindinho, este é pior ainda, fininho
e delicado. No passado ele servia para indicar aristocracia; aquelas pessoas
elegantes que tomavam chá com ele elevado no ar. Lembra dessa frescura? Isso
passou, nem essa função ele tem mais, todavia não é tão inútil assim, pois como
é tão pequeno, na falta de cotonetes, ele nos ajuda a coçar os ouvidos.
Continuando
com a história dos dedos, comenta-se por aí que o Anular é o símbolo da
submissão. Como se diz no linguajar popular ele serve para portar o anel e
mostrar que aquela pessoa é casada ou comprometida com alguém. Está aí a
submissão: ele é moralista e retrógrado, tolhe a liberdade das pessoas, impede
que possam viver grandes e excitantes aventuras. Nessa confusão em que passa a
família e a crise financeira que nos oprime, o dedo Anular está com os dias
contados, em primeiro lugar é porque muita gente não casa mais, e em segundo,
porque ninguém mais quer usar aliança. Deixemos o Anular com ou sem suas
argolas e vamos falar então do seu vizinho o Indicador. A este devemos certo
respeito e reconhecimento, pois ele seria o único a postular alguma liderança.
Porque será que ele tem uma função importante? Será porque aponta, indica um
rumo ou serve para acusar alguém? Com diz meu personagem que intitulei nesta
crônica, o grande chefe Manoel Tristão da cidade de Cabribó: O Indicador, em
algumas situações é conhecido como Dedo-duro e isso, para ele, era uma
distinção. No entanto, o Indicador é temido, e no nosso mundo de delações
premiadas só sobrevive e recebe as benesses quem é realmente temido e sabe de
tudo.
Mas no
caso em tela, não tão temido que venha assustar o seu vizinho privilegiado,
encontra-se o Dedo Médio ou Central. Para começar esse danado fica no meio da
mão e é o maior dos dedos. É temido principalmente pelos homens que vão médico
urologista para fazer o famigerado “toque” só para ver se eles têm câncer de
próstata. Então se você tem alguma dúvida ainda em torno da liderança do dedo
central, finja não conhecê-lo e de suas formas obscenas, ofensivas,
insultantes, quando é usado em riste para a pessoa que o desagradou em alguma
coisa. Independente da vontade dele às vezes a gente adianta-se à sua vontade e
o levantamos, olhamos para a pessoa que não gostamos e o colocamos numa posição
insultante, talvez defensiva. Para aqueles que carregam o ódio no coração até
pode ser um momento de glória, pois apenas quer mostrar quem está por cima e
colocar certas pessoas no seu devido lugar. O sinal que damos ao usar este dedo
é uma linguagem que todo mundo entende, mas às vezes fere a sensibilidade de
pessoas mais incautas, todavia, todos têm de entender os seus sinais e levá-los
numa boa se quiserem viver neste mundo sem o tal afrontamento. È visível que
todos os dedos se curvam diante do Dedo Central quando ele se levanta e aponta
numa direção qualquer e diz: “Eu sou o maioral, eu sou o chefe desta mão, eu
sou o rei de todos os dedos, mas não sou como o “dedo duro”, do tal Manoel
Tristão da pequena cidade de Cabribó que anda dedurando todo mundo e nem igual
ao Indicador, meu vizinho à esquerda da mão”
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