Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

O "Dedo Duro."

segunda-feira, 24 de abril de 2017


Quando fazemos algumas anotações seja num caderno ou quando manuseamos o computador aprendemos que as mãos e dedos têm um papel relevante, pois são eles que nos habilitam a escrever e digitar mensagens aos amigos esparramados por esse mundão de meu Deus. Ao examinar os gestos notamos também que existem mãos agitadas, trêmulas, dedos em riste apontando para alguém, outros acenando com dedos abertos e fechados… tudo simbolizando alguma coisa e mostrando, talvez, a própria personalidade da pessoa. O que mais me incomoda é o dedo que aponta, acusa, discrimina, rotula, e de forma inevitável, é usado para intensificar “recados” maldosos. Eu, a bem da verdade, prefiro usá-las de outra forma para escrever o que sinto e penso… No entanto, existem sinais quando usamos os dedos e mãos ao mesmo tempo, demonstrando sentimentos de paz, de saudação, de positivismo, de vitória, de agradecimento, como também de agressividade.

O mundo perde em conceito e aqueles que se acham poderosos fazem sinais com as mãos ou usam o próprio punho para mostrar que são poderosos, subestimando-se aos demais. Urge a necessidade de resgatar os valores familiares, morais e éticos, pois, caso contrário, acabaremos em um mundo cruel, medonho, cheio de trevas. Há tempos tenho assistido realmente uma inversão de valores sem precedentes, chegando até mesmo à obscenidade por parte de autoridades que deveriam dar exemplo à sociedade de sua postura moral e ética. Eles sequer respeitam nem a si mesmos nem aos outros e debocham do povo diante das câmeras de TV, com sorrisos sarcásticos e seus atos são vistos como ladroagem, libertinagem, malversação do dinheiro público e corrupção generalizada que, para eles, funcionam como se fosse uma coisa natural, comum.

Temos em cada mão cinco dedos e todos pertencem à mesma mão e ao mesmo corpo. Basicamente eles têm a mesma função, ajudar a segurar objetos, apertar um gatilho de uma arma, jogar pedras, bombas, manusear um mouse, uma caneta ou lápis, etc. Sim, os dedos são todos iguais, mas não têm o mesmo tamanho ou função. Alguns, é preciso dizer, não são tão iguais. Pois bem, então vamos ao que interessa. Alguns desses dedos precisam se destacar, impor sobre os demais, mandar; alguns deles precisam dizer ao resto da corja como proceder. Então fica claro a quem deve caber esse papel, esse posto de comando, esse título. Então vejamos analisando individualmente de cada um. Comecemos pelo Polegar. Este não podia ter essa aspiração, pois pra começar, ele é pequeno, tão pequeno que até deu o nome a um personagem de livro infantil, “O Pequeno Polegar”. Além de pequeno, é humilde e não se importa em se sujar, pois é sempre o escolhido, primeiramente, para o registro da impressão digital, notadamente se o sujeito é analfabeto e precisa assinar um documento a rogo ou não, basta esfregá-lo numa almofada de carimbo e encostá-lo num papel e pronto! Ta lá a comprovação de sua existência em nosso mundo. E o tal do dedo Mindinho, este é pior ainda, fininho e delicado. No passado ele servia para indicar aristocracia; aquelas pessoas elegantes que tomavam chá com ele elevado no ar. Lembra dessa frescura? Isso passou, nem essa função ele tem mais, todavia não é tão inútil assim, pois como é tão pequeno, na falta de cotonetes, ele nos ajuda a coçar os ouvidos.

Continuando com a história dos dedos, comenta-se por aí que o Anular é o símbolo da submissão. Como se diz no linguajar popular ele serve para portar o anel e mostrar que aquela pessoa é casada ou comprometida com alguém. Está aí a submissão: ele é moralista e retrógrado, tolhe a liberdade das pessoas, impede que possam viver grandes e excitantes aventuras. Nessa confusão em que passa a família e a crise financeira que nos oprime, o dedo Anular está com os dias contados, em primeiro lugar é porque muita gente não casa mais, e em segundo, porque ninguém mais quer usar aliança. Deixemos o Anular com ou sem suas argolas e vamos falar então do seu vizinho o Indicador. A este devemos certo respeito e reconhecimento, pois ele seria o único a postular alguma liderança. Porque será que ele tem uma função importante? Será porque aponta, indica um rumo ou serve para acusar alguém? Com diz meu personagem que intitulei nesta crônica, o grande chefe Manoel Tristão da cidade de Cabribó: O Indicador, em algumas situações é conhecido como Dedo-duro e isso, para ele, era uma distinção. No entanto, o Indicador é temido, e no nosso mundo de delações premiadas só sobrevive e recebe as benesses quem é realmente temido e sabe de tudo.

Mas no caso em tela, não tão temido que venha assustar o seu vizinho privilegiado, encontra-se o Dedo Médio ou Central. Para começar esse danado fica no meio da mão e é o maior dos dedos. É temido principalmente pelos homens que vão médico urologista para fazer o famigerado “toque” só para ver se eles têm câncer de próstata. Então se você tem alguma dúvida ainda em torno da liderança do dedo central, finja não conhecê-lo e de suas formas obscenas, ofensivas, insultantes, quando é usado em riste para a pessoa que o desagradou em alguma coisa. Independente da vontade dele às vezes a gente adianta-se à sua vontade e o levantamos, olhamos para a pessoa que não gostamos e o colocamos numa posição insultante, talvez defensiva. Para aqueles que carregam o ódio no coração até pode ser um momento de glória, pois apenas quer mostrar quem está por cima e colocar certas pessoas no seu devido lugar. O sinal que damos ao usar este dedo é uma linguagem que todo mundo entende, mas às vezes fere a sensibilidade de pessoas mais incautas, todavia, todos têm de entender os seus sinais e levá-los numa boa se quiserem viver neste mundo sem o tal afrontamento. È visível que todos os dedos se curvam diante do Dedo Central quando ele se levanta e aponta numa direção qualquer e diz: “Eu sou o maioral, eu sou o chefe desta mão, eu sou o rei de todos os dedos, mas não sou como o “dedo duro”, do tal Manoel Tristão da pequena cidade de Cabribó que anda dedurando todo mundo e nem igual ao Indicador, meu vizinho à esquerda da mão”

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No "Café da Manhã" de Ulisses Aesse.

quarta-feira, 19 de abril de 2017


Ulisses segundo o poeta Gabriel Nascente é um “cavaleiro da guerra da mais velha utopia: a poesia”. “Na matéria, alguns poemas do seu livro de estréia: “Jardim das Éguas” deixa-se prender aos seus afazeres para contemplar em segurança o que está para além do homem”. Para mim o jornalista Ulisses que traz em seu bojo o símbolo da inteligência goiana e sabe que é mediante o exercício da criatividade que pode se formar, aperfeiçoar e intensificar nossa crença na humanidade. Ele além de editor de reportagens do jornal “Diário da Manhã” é músico, jornalista, poeta, artista plástico, colecionador de antiguidades, um roqueiro apaixonado por motos e por “belas” gravatas. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG), também é comentarista do programa “Canal Aberto”, da ’PUC TV’ e participa ainda como debatedor do programa ’Jornal Sucesso’, na rádio que leva o mesmo nome. Foi fundador do programa Rockaos, apresentado na antiga Rádio K do Brasil. É fundador da ONG ’caminhosway’ e já foi diretor da União Brasileira dos Escritores, seção Goiás, e da Associação dos Escritores Profissionais de Goiás. É Membro da Academia Goianiense de Letras, possui três livros publicados. Ulisses já atuou como membro do Comitê Pablo Neruda de Solidariedade ao Povo Chileno, cujo museu construído à beira do mar banhado pelo Oceano Pacífico, local que eu tive o prazer de conhecer em outubro de 2015.

Experimentar o seu “café da manhã” adoçado com sapiência é e sempre será uma forma de saborearmos notícias atuais e interessantes e nele dizer o que somos e podemos ser. Na sua página diária ancoramo-nos na segurança noticiosa que de tão precisa e que a gente menos o espera, lá está ele falando sobre nós e nosso trabalho literário. Imbuído de uma amabilidade própria ele é capaz de alçar voos distantes, enquanto no seu papel de jornalista e quiçá, de poeta da vida, também é capaz de nos encorajar e nos ensinar o como trilhar dentro da sociedade em que vivemos. Hoje já não basta aos pensadores como ele e outros que se encaixam na espontaneidade e na harmonia de uma geração de jornalistas que há tempos vêm dando novos rumos ao mundo, às vezes fazendo a função de investigadores, todavia, é através de suas escritas que sabemos de onde vêm seus eloqüentes textos e de como eles são compreendidos pelos seus leitores. Inaugura-se assim com sua maneira de ser a valorização do ser humano e a busca da verdade por si mesma, assim como, o início de uma perigosa ruptura entre conhecimento e ação. Em suma, trata-se da constatação de que, tomando-se certos cuidados, pessoas como Ulisses Aesse podem conduzir nossa vida pelo mundo da leitura a realizar grandes feitos de tal forma que isso não incorra no ciúme de amigos, dos deuses gregos e ou mesmo do seu xará Ulisses um dos mais ardilosos guerreiros de toda a epopéia grega.

Responsável pela coluna “Café da Manhã, do Diário da Manhã, Ulisses pra mim, além de amigo é um mito, pois ele destaca e valora a nossa gente de um modo geral com muita sobriedade impondo a necessidade de contenção do impulso humano que às vezes ultrapassam certos limites, mas nunca deixando de lado a integridade do ser humano e sua lídima participação na sociedade, o qual, muitas vezes se arrisca à ruína, numa narrativa onde se ressalta o seu desejo de voar mesmo sem usar as asas de sua imaginação, entregando à fruição do seu trabalho diário, o qual, na realidade, descreve com esmero sobre certa falta de um autocontrole social. Diferente do personagem de Ilíada e da Odisséia, de Homero, nosso Ulisses, também é um guerreiro, um herói das letras, e sabiamente, toma as devidas precauções para que seu impulso em relação ao ser humano seja experimentado de forma correta, não comprometendo a sua segurança e deixando intacto o impulso em si mesmo ou de permanecer o impulso de voar em busca de um improvável saber. Todavia, se os homens não podem contemplar diretamente deuses, demônios ou forças titânicas isso não se deve a uma radical heterogeneidade e incompatibilidade entre dois mundos, mas ao caráter limitado do poder do homem, que não pode expor-se diretamente ao excessivo poder dos deuses e de outros seres sem ser prontamente fulminado, exceto se o divino é abordado indiretamente, mediante suas metamorfoses, objetos cultuais ou estátuas antigas.

Aquilo que pode ter mais do que um sentido ou significado, a nosso ver fundamental, nós articulistas e cronistas, temos como tendência civilizacional de levar pendularmente o nosso pensamento a interpretar o que ocorre no mundo, seja real ou aparente, necessária ou casual, como efeito ora da execução de um plano cósmico idealizado ou executado por um poder inteligente determinador ora como realização espontânea das múltiplas possibilidades de um irracional indeterminado. A vida em comento é do jornalista Ulisses, o qual já bisbilhotou obras antigas e contemporâneas, conhecendo a verdade, e qualquer pessoa que já tenha se deixado arrebatar pela beleza ou pelo medo sabe que a experiência de amarrar-se a qualquer estilo literário muda bastante a natureza da própria contemplação. E ainda que não tivesse conhecido essa realidade ele poderia nos falar sobre tudo e que, no fundo, talvez, ninguém queira realmente conhecer. O que Ulisses Aesse parece nos querer ensinar no dia a dia é tão somente que devemos inventar o nosso próprio jeito de escrever, de forma precisa, compreensível e que possamos encantar e atrair os leitores do Diário da Manhã. A sua coluna tornou porta voz de pessoas, algumas não muito conhecidas, assim como eu, mas notícias minhas estampadas naquela página me levaram aos confins do mundo, fazendo-me pressentir que lá na distante quimera reside uma esperança, um sonho, talvez possível de alcançar, uma fonte inesgotável de todo ser, pensamento, beleza e poder.



Projeto: A poesia na Escola

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Sejam crônicas, contos ou poesias elas sempre estiveram presentes em minha vida. Para muitos a poesia vai se perdendo com o passar dos anos, no entanto, a crônica ainda resiste. Minha intenção, com este projeto, é permitir que o aluno, se apaixone pela leitura, através de atividades que permitam uma compreensão maior da linguagem poética e lhe dê condições para que ensaie seus próprios passos em poesia. O Projeto “Poesia na Escola” onde trabalharei com o meu recente livro “Rastros de Mim”, escrito de forma bem simples e compreensível, mas chamativo, trabalhará a fala, a leitura e a escrita por meio de poemas e atividades de pesquisas, análises, interpretações, exposição de ideias, composições, reescrita e reestruturação, onde o aluno poderá expor suas emoções através dos recursos tão expressivos da linguagem poética. Por serem as faixas etárias superiores de 12 anos, mesmo sendo curiosas e inteligentes essas crianças têm mais dificuldades de adaptação, então é necessário todo um trabalho, que a leve a perceber o real significado de estar na escola, gostar do ensino, dos professores e colegas, principalmente nos aspectos de: fazer novas amizades (socialização) e descobrir os diferentes espaços que a escola lhe pode oferecer, vivenciando neles brincadeiras e construção de conhecimentos.

O objetivo primordial do projeto é a aproximação com a linguagem poética, no sentido de familiarizar o aluno com a poesia, para que tenham prazer em ler e ouvir poemas e, sobretudo, para que se sinta motivado a expor suas emoções, dar liberdade de criar, brincar com as palavras, fluir sua imaginação. Por outro lado, especificamente, despertar o prazer pela leitura, não só de poemas, como também de crônicas e contos; despertar o interesse pela literatura de modo geral, apreender a recitar poesia explorando os recursos existentes; reconhecer os poemas em suas diversas formas; despertar a criança pelo gosto da leitura; tornar o processo de socialização mais rápido; despertar o interesse da criança pela literatura tendo como alvo a poesia no seu dia-a-dia na escola, facilitando o seu desenvolvimento em todos os aspectos: físico, emocional e intelectual, além de sua socialização com seus colegas, professores e meio familiar;

Dentro da metodologia a ser aplicada haverá a necessidade de levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos acerca do tema proposto; leitura de poesias e poemas e verificar as quais mais lhes agradaram; produção escrita, coletiva, e individual de poesias observando a estrutura textual; apresentação de vídeos instrutivos extraídos da internet para ser apresentados na sala de aula. Daí nasce às atividades, a interação entre alunos, quais sejam: Contar histórias, destacando a importância da escola; conversar sobre ela, estabelecendo comparações entre os alunos e a poesia; fazer a apresentação (cada criança fala seu nome, inclusive a professora) observando se há nomes iguais; criar uma brincadeira para ajudar as crianças a identificarem os amigos, principalmente os novos; fazer uma adaptação da brincadeira com o livro “Rastros de Mim”; conversarem sobre o porquê de estar na escola, à importância da escola e o principal elemento da escola “a criança”. Por fim, estabelecer comparações do livro onde o autor sonhou que foi engolido pelo dicionário e como tentou atravessar as páginas para salvar uma personagem e ou mesmo escapulir de dentro dele, assim como, saberem qual a razão do escritor escrever o livro

Acredito que ao final da apresentação desse projeto será possível perceber que as crianças estarão mais atentas, participativas e curiosas para ler mais livros. A turma ficará interessada, caprichosa e conseguirá realizar todas as atividades propostas. Elas terão a concepção de reconhecer a maioria dos conceitos trabalhados, ficarão mais comunicativas, e as arredias, que no início se recusarem a participar das atividades podem ter a certeza que demonstrarão, ao final, mais interesse e entusiasmo com a leitura diária e consequentemente, virá o gosto pela leitura, sejam poesias, contos, ou crônicas. Assim, nesse contexto, reafirmo que poesia será minha opção primeira de trabalho em sala de aula, não descartando, porém, a apresentação de crônicas que levem os alunos a viajarem no mundo da imaginação. Coube-me propiciar a leitura e escrita do gênero poético até porque é um sonho antigo que se realiza, no qual também acredito que será mediador do conhecimento no processo de autoaprendizagem.

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Vendaval

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Olhei pelo retrovisor e fiquei pasmo quando vi algo acenando pra mim. Era o meu passado não muito distante. O vento forte surgia acompanhado por um vendaval que me deixava atônito, à mercê da vida, sem conforto, de certo modo, incômodo. Aquele final de tarde era meu parceiro, e como forma de proteger-me tentava encobrir rostos fantasmagóricos, faces borradas e enevoadas que se agitavam no horizonte longínquo. Preocupado com as intempéries de tempo acelerei o carro, pois nem sobreviveria perante aquele vendaval que poderia, talvez, desmoronar o meu castelo com sua fúria, massacrando os jardins, destruindo flores, no entanto, como não o construí sobre a areia, restaram-me as pedras, pois sei que com elas o reconstruiria e das raízes sabia que sairiam novamente gramíneas verdes, novas flores, e formariam um novo jardim.

A cortina do passado se escancarava lá atrás e era possível ver pessoas amigas de escola que nunca foram minhas. O retrovisor me deva a liberdade de mirar com nitidez e entre elas amores impossíveis que tive, daqueles que nunca se estabeleceram. Fitava os fantasmas dos quais até dei carona e nem um mero agradecimento tive. Eram pessoas perdidas no passado, esquecidas em uma curva da estrada ou jogados ao limbo de uma parada qualquer. Quanto mais me distanciava daquele horizonte intempestivo, vinha a minha mente que a palavra amar era bobagem. Seria bobagem mesmo? Oh, Deus me penitencio! Quantas infindáveis vezes eu me apaixonei. Quantas metas que eu sonhava alcançar ficaram num canto por algum tempo, esquecidas, ocultas, ou quem sabe se foi com um simples sopro ou levado num suspiro, tal qual um fantasma que nos persegue e incomoda. Um fantasma sem rosto, sem forma e sem raízes. Mas o vento, que é incolor e frio, não combinava comigo porque por entre os meus poros penetrava um calor causticante, enquanto o sangue quente percorria minhas artérias e veias, deixando-me a mercê da vida, que às vezes trazia-me a dor, às vezes apenas mera rotina, às vezes a sobrevivência diante de um embate desigual. Eu, um simples escriba, carinhoso, mas carente, que a mercê da vida, ainda consegue se regar, de se tornar colheita, e “colhido”, sobrevive. Todavia, diante das adversidades da vida sinto que algumas vezes sou notado, mas outras vezes esquecido.

As metas que tinha aos poucos foram trazidas pelo vento, provavelmente por estar pessimamente presa no varal da vida, num quintal qualquer, sem dono, que nem me lembro onde. Talvez porque, no fundo, certas pessoas não têm memória, e aquelas que falam muito não concluem o assunto de maneira razoável. Podemos dizer então que elas não têm passado desnecessário fixarem-se no retrovisor da vida. O que me sobra, afinal? O que fica? Se tenho alguma sobra ou como fico, o jeito é continuar olhando, com ou sem retrovisor, com o olho fixo no passado e, fixando-me nele, não vejo nada dele refletido no que sou. Nada além de um borrão produzido por uma tinta incolor. Incolor que não mancha e porque meu passado é limpo, as metas eu concluí, e quanto aos meus anseios, despreocupei-me há tempos. Tudo se foi, levados por um vendaval.

Se você ajeitar o seu retrovisor e nada ver é sinal que vai enfrentar problemas. Quando você não consegue visualizar alguma coisa no seu passado algo está errado, por certo, há de se pensar em prejuízo financeiro, pessoal e material. Claro, não é fácil para ninguém, com esta falta de empregos, com a inflação salgando a vida da gente, com os preços aumentando dia a dia no supermercado. Mais uma vez os pobres são os que mais padecem. É a vida nos dando lição. Nesta hora, confiando em nossos “retrovisores” devemos nos unir sempre que for necessário, enfrentarmos os vendavais da vida juntos. Tantos vendavais ou todos, não importam quantos. Para isso acredito que todos têm o melhor, um coração pronto para atender aos mais necessitados. Uma fé tão forte que nos dá esperança e força, uma união e solidariedade tão grande que nos fortalece. Hoje, ironicamente, usando o mesmo trajeto, olhei pelo retrovisor e novamente enxerguei o meu passado que não mais acenava, todavia, desta vez me precavi e segui viajem sem reclamar dos fantasmas que já adormeciam sobre as esbranquiçadas nuvens.


 
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