Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

PAI, sob a ótica da celeridade e do bem servir

terça-feira, 21 de agosto de 2012

O artigo que escrevi na semana passada foi dedicado ao meu saudoso pai.  Era 12 de junho, “Dia dos Pais”. Coincidentemente, o artigo que hoje escrevo já estava pronto naquele dia, e por sinal, falava também de PAI, não o pai presente ou ausente do qual teci alguns comentários. O artigo que escrevi naquele dia intitulado: “O PAI sob a ótica da celeridade e do bem servir” e que hoje publico rendo minhas homenagens ao Governo de Goiás por esta feliz iniciativa. Esse PAI do qual resolvi também tecer alguns comentários veio ao mundo para monitorar o serviço público, desburocratizar, dar unidade, eficiência, racionalizar gastos, prestar contas e avaliar o desempenho dos agentes no controle social da gestão pública. O PAI que vou delinear nesta pequena coluna de jornal foi apresentado ao servidor público em sessão solene e naquele ato o seu idealizador o denominou de Plano de Ação Integrada.

Há muito tempo que a Administração Pública precisava de um controle administrativo mais eficaz, pois ela exerce suas funções por meio de seus agentes, órgãos, entes e atividades públicas, garantindo a direta e imediata realização plena dos fins alçados pelo Estado e esta, sob a ótica dos administradores públicos o plano de ação pode assumir duas vertentes: a primeira repousa na ideia de servir e executar; a segunda envolve a ideia de direção ou gestão. Nas duas visões obviamente há a presença de relações de subordinação e hierarquia.

Administrar para muitos significa não só prestar serviços bem como executá-los. Também pode afirmar que governar é o exercício da vontade com o objetivo de obter um resultado útil a coletividade, não obstante sabermos que figura na Administração Pública assim como na Administração Privada as atividades que dependem de vontade externa, individual ou coletiva, sempre vinculada ao princípio da finalidade.

 
O artigo 37 da Constituição Federal de 1988 elenca os princípios inerentes à Administração Pública, que são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A função desses princípios é a de dar unidade e coerência ao Direito Administrativo, controlando as atividades administrativas de todos os entes que integram a federação brasileira (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e isso foi absolutamente obsevado pelo grupo de trabalho que idealizou o PAI.

No que tange aos aspectos gerais da reforma administrativa, a proposta constante no PAI – Plano de Ação Integrada do Governo Marconi Perillo, é possível constatar que, em cada item, eles são formados por etapas de implementação onde se incluem projetos prioritários, fontes de recursos, desburocratização e monitoramente intensivo.

Vislumbra-se mais na leitura do Plano que o seu objetivo visa alcançar um novo modelo administrativo que será composto por um conjunto de ações positivas que o Governo vai programar visando acelerar o desenvolvimento econômico e social do Estado de Goiás, substituindo o então modelo burocrático vigente, reputado como ineficiente e ultrapassado, também melhorar a eficiência do serviço público com a desburocratização, monitoramento intensivo dos programas idealizados visando à obtenção de mais eficiência na utilização dos recursos disponíveis, assim como, coibirem o desperdício e racionalizar o gasto público.

Uma das características que visualizamos no PAI é a integração dos programas de modo que todos fiquem subordinados a ele, com o fito de tornar os serviços estatais mais eficientes e de forma que possa desenvolver uma cultura gerencial nas organizações públicas, principalmente no controle e qualidade do gasto. Nesse parâmetro há de se destacar a flexibilidade administrativa, através da diminuição e até mesmo fim da burocracia do modelo anterior que emperrou e emperra a máquina administrativa, e de certo modo, prejudicava e continua prejudicando a participação ativa da população no controle administrativo, por meio da prestação social de contas e avaliação de desempenho dos agentes públicos no controle da gestão pública.

Fica clarividente que o PAI tem um objetivo primordial que é modernizar o serviço público, buscar novas metas e alcançar objetivos que são: o crescimento econômico e atender melhor o cidadão com uma excelente prestação de serviços. Entretanto para a consecução dessa empreitada é necessário equipar os órgãos com aparelhos mais sofisticados, dar qualificação profissional e aperfeiçoar a mão de obra para executar com perfeição esses serviços.

Quanto à aplicação do ponto eletrônico que é uma das metas do PAI essa exigência pode esbarrar num princípio bem simples e conhecido da população: a não assiduidade, a morosidade; a inércia; a improdutividade de uns que desanimam aqueles que trabalham bem e zelam pelo bom andamento e celeridade dos serviços lhes atribuídos. Ainda existem aqueles servidores que dizem ter “costas quentes” e não estão nem aí para esse tal de ponto eletrônico. Existem aqueles que são nomeados para cargos de primeiro, segundo e terceiro escalão que chegam ao trabalho e o ponteiro do relógio já está apontando para o sol do meio dia. Existem aqueles que fazem de cegos e nem  relógio tem, todavia, recebem mais que a  gente o sol, a lua, e ainda têm tempo de brincar de esconde-esconde com o Gasparzinho num castelo assombrado e sob o uivo de ensurdecedor dos ventos. Pontos para esses, quiçá, deveriam valer também e isso se acontecesse seria um grande exemplo para todos e daria ânimo aos trabalhadores descontentes.

O Governo deve atinar para essas nuances e por outro lado, voltar também suas ações para o treinamento e reciclagem profissional, e, assim fazendo, alcançará o objetivo proposto pelo PAI que é executar com desenvoltura e competência os programas instituídos, abrindo espaços necessários para a participação efetiva deste mesmo servidor junto ao seu superior, assim como, junto ao seu setor produtivo. O trabalho conjunto entre Administração e Servidor, sob a ótica da celeridade e do bem servir, é claro que resultará num atendimento de excelente qualidade e no estabelecimento de prioridades entre si de modo que possa ocorrer um perfeito ordenamento do sistema de serviços ora propostos pelo Governo através do PAI e que serão geridos pelo próprio servidor.

Tudo em Nome do Pai

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Amanheci inquieto e de certo modo atormentado pela saudade que tremulava na minha massa cefálica e dilacerava meu coração já machucado pela engrenagem da velha máquina corpórea, sobre a qual não consigo obter respostas de como funciona por mais que a gente insista. Tenho uma filosofia diferenciada, onde procuro inserir na minha vida a segurança, a paz, a amizade e respeito ao ser humano. Hoje, nesta manhã de inverno, 12 de agosto, “dia dos pais”, entre um gole de café com leite e um pedaço de pão francês, começo a observar a grande diferença entre a saudade e a ausência. Muitos as confundem, outros a torna única, alguns pensam erroneamente, mas, tudo é a mesma coisa em se tratando de saudade de um pai que partiu há décadas deste mundo para viver numa outra dimensão.

A única imagem que carrego dele aconteceu num final de tarde quando estava na garupa de seu cavalo e ele me disse: “Filho, quando cavalgar à noite e tiver medo, cante bem alto que o mal espanta”. Esta frase ficou gravada em minha memória, como ficou também o seu corpo estirado no chão, dias depois, morto, queimado por fios elétricos de alta tensão. Devo confessar que nem chorei, porque hão de compreender que era apenas uma criança e para mim aquilo era surreal, incompreensível. Um filme de terror a mim devia ser proibido. Diria até que o que senti era apenas uma forma heurística, uma verdade que não aceitava e que podia me inculcar ou quedar-me diante de um exercício de alquimia, mas era pequeno demais para entender aquilo e sobre a existência ou não de coisas filosofais. Eu era apenas um menino-diamante que necessitava primeiro ser carbono, ter a temperatura elevada para me tornar valioso, pois a ausência nem sempre evolui para a saudade, mas em relação ao meu pai, as duas evoluíam sim.

Sentir saudade do que nos faz bem ameniza o coração; sentir saudade daquele que um dia nos fez sentir vivos, nos acalenta, nos provoca sorrisos e até choros com algumas palmadas, mas é bom. Sentir saudades das conversas, de sua voz ao longe gritando e campeando o gado; sentir saudade dos pequenos gestos, das grandes ações é inesquecível. Sentir saudade das histórias contadas à beira do fogão de lenha enquanto os biscoitos eram fritos na panela de ferro é gratificante, assim como, fazia bem o cheiro do mato verde e das cores de flores do campo. Saudade que me é importante e que todo mês de agosto comemoramos. Falta que dói, mas, sei que nunca o terei de novo.

A ausência de um pai que abandona o lar não traz saudade, gera esquecimento. Tem pai que se diz presente, mas, o seu amor está sempre ausente. Tem pai que está presente, é amado e distribui amor aos seus entes queridos. Quanto aos ausentes, o cotidiano os enterra, diluem as lembranças, revira as páginas da vida que jamais queremos abrir. A ausência de um pai deixa as páginas amarelas, cria mofo, e ao relermos as linhas, constatamos não ser mais necessário, pois a escrita nada nos trás de bom. Não há mais o ornamentado palco da vida e nele, a arte do suspense, da trama que já era prevista e o fim… Ah o fim… Não quero ler ou reviver essas páginas corroídas por traças e amareladas pelas intempéries do tempo.

Quando há saudade e é a que sinto, não haverá fim… Porque não há ausência, mas uma presença distante, talvez do outro lado do mundo, numa dimensão qualquer, do outro lado da vida, porque acredito na existência dela do lado de lá, mesmo não existindo palavras, olhares e nem toques. É um mistério que foge a compreensão do homem. Aqui no Planeta Terra ainda há a alegria de olharmos para céu e enxergarmos entre as nuvens raios de sol que nos remete de volta à realidade; existe a alegria de colhermos a cada dia a flor da certeza e plantá-la em terreno fértil onde poderemos regar com a verdade do sentir. Quando há saudade a espera é apenas mais uma etapa, mas, tudo vale à pena… Quando se trata de ausência passa-se a sentir a indiferença do outro, e isso dói e fere a nossa alma. Quando não há mais o interesse, quando ficamos em silêncio, quando não há mais a partilha entre o ser humano e tudo vira um emaranhado de figuras distantes, ai sim é uma grande ausência.

A saudade de meu pai por mais que enfraquecesse meu coração não me deixou solitário. Ao contrário, me fez ir à luta e honrar o seu nome, pois sabemos que no jogo contínuo das aparências, a vida segue, como as semanas seguem, alternando os dias, as noites e as esperanças. Mas nada que faça cócegas no cerne, nada que perpasse a casca. A vida segue assim como segue a dor que sinto no ombro e o coração com o seu descompasso que tenta diminuir o vazio que existe dentro. Os planos são muitos, a execução é difícil, mas não desisto, nem solto de vez o leme como gostaria, mantenho-me ainda com a enferrujada bússola, com algum norte, alguma inteligência para além da lamentação. Talvez isso me mantenha em pé, com a cabeça próxima de alguma magnitude.

Nesta manhã de 12 de agosto novamente senti saudade, entretanto, não quero mais sentir a dor da ausência, pois se assim for é porque não era, porque foi efêmero, foi ilusão, foi apenas uma escrita que não chegou a ser uma história. Não quero transformar minha saudade em ausência porque isso chegaria à resposta que não quero ter e se a vida trouxe a minha alma as certezas de uma procura, não quero que ela se perca na incerteza de uma chegada.

A primeira carta do menino da porteira.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

                                                                              Era uma tarde de sexta-feira. O céu estava coberto por nuvens negras gigantescas. Um prenúncio de chuvas abundantes e não se via mais sinais de raios de sol. Começou a cair uma chuva fina enquanto eu descia ao porão acompanhado de minha avó Catarina. Pendurei o chapéu Panamá e a capa de couro sobre um pedestal de ferro e em seguida abri o baú de madeira envelhecido, na tentativa de encontrar um documento de meu saudoso avô. Ao manusear os papéis já corroídos pelo tempo e sentir nas narinas o cheiro de mofo fétido e ácaros que se soltavam ao vento, deparei com uma carta já amarelada e corroída por traças. Era a primeira carta de Fortunato, mais conhecido naquela região como “o menino da porteira”, que enviara a Polliana Barteli. 


O menino da porteira de quem falo não é aquele sem nome, homenageado por cancioneiros, numa ficção sertaneja, cantado em prosa e verso sob a batuta de maestros e o acorde de sanfonas e violas caipira. Nem é aquele que abriu a porteira para a boiada passar, que viu a poeira baixar, ouviu o som do berrante e ou saiu pulando para apanhar uma moeda atirada por um boiadeiro errante. O menino de quem falo abria sim a porteira, mas a do coração para receber o amor daquela menina que sempre passava a galope montada num cavalo branco acenava-lhe com as mãos e que conhecera à beira de um pequeno riacho. O menino da porteira de quem falo era real e os caminhantes e boiadeiros sempre o via no mourão da porteira ansioso à espera de sua amada. O menino de quem falo tinha quase a mesma vida que as demais pessoas, a diferença é que morava na roça e para sobreviver, cuidava da horta, capinava quintal, tratava das galinhas e ordenhava as poucas vacas para ajudar o pai conseguir o “pão de cada dia”. Pai que dava duro na lida no pequeno sítio e se esforçava para mandar os filhos para a escola. Mas, aquele menino, numa tarde qualquer, estava pendurado na porteira quando Polliana apontou na estrada de chão poenta, trajando uma calça jeans, uma camiseta vermelha e uma bota comprida que nunca tinha visto. Estava linda! Mas, naquele dia não parou e sentada na carroceria da camioneta apenas acenou com as mãos e partiu...

De repente, um mau pressentimento abateu-lhe o pensamento. Desceu da porteira e apressadamente insistiu que parasse, pelos menos por um segundo, mas nada, o pai dela sorriu sarcasticamente e acelerou desdenhando o amor que pairava em nossos corações.  Ela tentava balbuciar algumas palavras. Fez a leitura labial e entendeu como a um adeus! Detrás da poeira que se esvaiam pelo espaço, o sol da manhã parecia emitir raios efêmeros, talvez se sentindo cúmplice de um amor que iluminara por longos meses e que naquele dia parecia findar-se.

Com a carta mão, a primeira de muitas que não obteve resposta, li em voz alta devida a surdez de minha avó, mas embargada, por se tratar de um amigo, poeta brejeiro, que deixou o seu rincão sem contabilizar os dias perdidos e pelas trilhas da vida seguiu rumo incerto, mas, sempre com o pensamento voltado à busca de um amor perdido. Fortunato, não era o badalado menino da porteira, mas, para Polliana era e ele sempre estava lá sentado mourão à sua espera. A sua primeira carta já expressava todo o seu sentimento e que assim dizia: “Neste momento que escrevo a lua já completa a metade de sua rota. A obscuridade em minha volta é interrompida apenas pela sua luminosidade que invade o vão da janela. Eu e o meu sabiá preso na gaiola somos velados apenas pelo silêncio da noite e sequer escutamos o Curiango que costumeiramente canta topo da serra. O galo Barnabé adormece na torrinha, os pássaros noturnos e a coruja emudecem como que sentindo sua falta neste recanto. O seu rosto angelical ainda se encontra gravado em minha mente e os momentos de nostalgia que outrora os colocava no palco da vida, hoje perecem se convergir rumo a um mundo incógnito, assim como seu rosto que muitas vezes vi refletir por detrás das aspirais de fumaça que saíam da pequena chaminé. Sei que nunca serei para ti aquele “menino da porteira” tão cantado por artistas sertanejos, mas, apenas um menino que abriu a porteira do coração e não deixou ninguém entrar: só você!” 

 
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