Amigo leitor (a)

Amigo leitor (a). Quando lemos um livro, ou qualquer texto, publicados ou não, que são sinônimos do prazer, por mais simples que forem, sejam reais ou surreais, nos permite exercitar a nossa memória, ampliar nossos conhecimentos e nos faz sentir as mais diversas emoções, por isso, sensibilizado, agradeço a sua visita ao meu Blog, na esperança de que tenha gostado pelos menos de um ou que alguns tenha tocado o seu coração. Noutros, espero que tenha sido um personagem principal e encontrado alguma história que se identificasse com a sua. PARA ABRIR QUALQUER CRÔNICA OU ARTIGO ABAIXO É SÓ CLICAR SOBRE O TÍTULO OU NA PALAVRA "MAIS INFORMAÇÕES. Abraço,Vanderlan

Será que Deus tem FACEBOOK?

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Certo dia li um pequeno texto onde uma pessoa postou uma frase dizendo que ao invés de agradecimentos a Deus através internet ela preferia orar ou ir à igreja, afirmando, ao final, que Deus não tem Facebook. Concordei em parte quando ela disse que ELE não tem Facebook e sabe por que concordei? Concordei porque Deus está em todos os lugares, até na internet. Concordei porque Deus é a força que nos une e orienta nossas palavras. Cada sociedade vê a figura do Criador à sua maneira. Os seres humanos, de certa forma, também. Para muitos cientistas Deus é a lei que governa o tempo e o espaço - a natureza em sua acepção mais profunda. Para os ateus, Deus é uma ilusão, mas quando sofre um acidente as primeiras palavras que surgem são: “Meu Deus do Céu!” “Minha Nossa Senhora!” Para nós, crédulos, Ele é simplesmente o amor, a caridade. "Quem ama habita Deus; ao mesmo tempo, mas Deus habita também em quem o ama". Por outro lado, se cada um de nós é livre de dizer o que entende sobre uma notícia, o comportamento de uma figura pública ou a atuação de um amigo próximo, é fundamental que tenhamos o bom senso de parar para pensar no possível impacto que pode causar nossas palavras ou postagens. Ao escrever, eu penso assim, eu faço sempre assim. Especialmente quando as “notícias” estão longe de me dar certezas sobre o que realmente aconteceu. Portanto, não deixe de postar suas orações ou enviar mensagens pelo Facebook ou outro meio de comunicação sobre coisas Divinas; mensagens de amor, paz, fé e esperança aos seus semelhantes. Você não sabe o quanto que faz bem às pessoas que estão do outro lado da telinha, às vezes acamadas, enfermas, sem nenhuma condição de irem à igreja. Apascente o seu coração, não carregue pesos além do que seus ombros possam suportar, e não os sobrecarregue e nem se torture também se alguém te criticar por publicar mensagens de amor e fé, pois quem poderá machucar no meio do cominho não é você e sim, quem não consegue levar mensagens bíblicas ao seu semelhante.

Quando estiver diante de um texto, seja ele acompanhado de imagens ou sem imagens, a melhor maneira de tentar se antecipar a um possível adversário nos jogos mentais do dia a dia é imaginar as intenções dele: "Será que o Deus dele é o mesmo meu!” Será que ele pensa da mesma forma como eu penso? "Difícil não é caro leitor? O cérebro humano é uma máquina, particularmente complexo e extenso, principalmente quando se trata deste assunto.

A prudência está em priorizar o que realmente valerá a pena carregar, pesos desnecessários só ocupam espaço e gera cansaço aos ombros. Divulgue somente o que te faz bem, lute somente pelo que te faz feliz, corra somente atrás de seus sonhos e busque se puder somente de Deus. Sabe caro leitor, sempre procuro não desfiar minha vida ou esmiuçar minhas palavras, não sou de falar muito, tenho aprendido a preservar o que cabe somente a mim, e com isso, talvez, tenho me protegido da maldade, julgamento e inveja alheia, e sou feliz assim... Sou tão sincero que não sei fingir o que não sou.

A interpretação do que escrevo cada um poderá fazer, mas me preocupo é com que Deus poderá pensar ao meu respeito ou daquilo que escrevo. Quando escrevo, priorizo me agradar primeiro, pois assim me farei feliz todos os dias, mas nunca me esqueço de levar uma mensagem de fé e esperança ao outro lado da telinha. Não sou perfeito e nem sempre acerto, mas sou uma pessoa imperfeita que apesar dos erros, tenta acertar... Faço de minha história um livro aberto, onde só sabe e vive comigo quem me ama e me quer bem... Procuro ser o protagonista de minha história, mas o autor certamente é Deus. E pode acreditar que no meio dos emaranhados de letras posso estar indicando um caminho a seguir, caminhos que podem existir flores, e às vezes, serem mais bonitos do que aqueles que você procura seguir. Não se iluda com caminhos largos e cheios de cores, pois tudo que vem fácil escapole da gente fácil. O caminho que tem pedras, também tem belezas, afinal, as rosas também têm espinhos, e não deixam de ser lindas e de suave aroma. Vá, compartilhe suas vitórias e derrotas com seus amigos, trilhe o caminho cheio de pedras, pois elas lhes servirão como alicerce, e quando chegar lá no fim entenderá que as pedras eram o impulso que você precisava para chegar mais longe.

A vida é uma caminhada longa, onde poderá ser o mestre e aluno... Tem dias que escrevemos, ensinamos e voltamos a escrever, postamos textos, mas nem todos têm a capacidade de entender ou aprender. Sábio é aquele que sabe que sempre tem algo para ensinar, mas terá muito mais a aprender.

Sabe de uma coisa? Não espere das pessoas e não pense que elas serão iguais a você em relação ao modo de agir e sentir, porque criar expectativas só nos leva a decepção e nos machucam. Algumas pessoas gostam de praticar o "egoísmo" e acham que não precisam usar reciprocidade com o próximo... É ruim, sabemos, mas vale muito à pena desapegar, não se importar, precisar ao nosso lado somente de quem nos ama e acima de tudo, nosso Pai Celestial... São essas pessoas que jamais irão nos decepcionar porque tem bom senso. Enquanto praticamos o desapegar, priorizamos a nossa felicidade, evoluímos e crescemos quando percebemos que não precisamos de quantidade para ser feliz, mas de qualidade. Talvez tudo isso faz parte da palavra chave.

No mar da vida ou no mundo virtual a gente não precisa navegar só, aliás, sozinho não chegaremos a lugar nenhum... Clame a Jesus e se tens vontade da fazer através da internet faça e peça para Ele subir em seu barco, lhe ajudar a escrever uma mensagem de fé, te ensinar a manusear os remos quando você estiver cansado, te acalmar diante da tempestade que tenta te afundar, parar o vento que tenta te atingir e não te deixar desanimar diante das adversidades da vida. Confie a Ele o controle do seu barco digital ou não, e pode ter a certeza de que será guiado em águas tranqüilas e em paz chegará ao seu porto seguro, pois é lá que estão suas vitórias, então, irá olhar para o mar que atravessou e dirá: "Foi difícil, mas Jesus esteve sempre comigo controlando minha vida, as palavras digitadas nesta parafernália eletrônica, assim como, no meu barco imaginário”. “Eu Venci.”


O poder maledicente da lingua

quinta-feira, 23 de julho de 2015

                                                                       Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.
                                                                                                                                                                                                                      (Mateus 12:36)
Geralmente uma pessoa dinâmica, vencedora, bem quista na sociedade e que possui muitos amigos, reconhecidamente produtivos, inteligentes, bem sucedidos, tanto na vida pessoal como profissional, causa inveja a outros. Então, você que está nesse estágio da vida, é bom ficar alerta, esperto e observar mais os atos das pessoas que o cerca e que se dizem amigas. Certo dia, alguém que sofrera calúnia me pediu que elaborasse um artigo e comentasse sobre essas pessoas que costumam falar mal dos outros pelas costas. Sensibilizado com aquela pessoa que se sentia hostilizada e até porque em nossa sociedade é comum ouvir isso, escrevi este pequeno texto e o enviei no afã de fazê-la entender que realmente deve ficar mais atenta, observar mais, olhar fixamente nos olhos das pessoas, principalmente nos daquelas que porventura a fofoca ou impropérios chegaram ao seu conhecimento, no entanto, por mais que procurei fazer isso, de saber que a pessoa que me pediu era e é justa, amiga, pratica o bem sem olhar a quem, infelizmente cheguei à conclusão que talvez de nada adiantasse, pois do outro lado ainda existem pessoas que carregam esse hábito, ou para ser mais direto, o péssimo habito de falar mal dos outros pelas costas. E não é só falar mal. É falar mal sem motivo.

Não importa o lugar em que elas se reúnem, pode ser numa entidade cultural, em mesas de bar, durante uma confraternização qualquer e ou mesmo em organizações nas quais participam e lutam para o seu desenvolvimento. É público e notório que o hábito de falar mal dos outros está presente em todas às áreas da sociedade cotidianamente. É de abismar! Somente quem já foi vitima de fofocas sabe o mal que esta prática causa e os traumas que deixam na vida das pessoas. A fofoca abre verdadeiras feridas na alma dos que são vitimas. É infinitamente enorme o numero de fofoqueiros que habitualmente temperam suas “historias” com pitadas de veneno. Sem pensar duas vezes, a moral, a ética e o bom costumes dos outros são postas em cheque; pessoas maldosas que se julgam juízes chegam ao ponto de até querer decidir ou tentar influenciar o destino de alguém.

Caro leitor: Quanto é difícil a gente ver numa rodada de conversa predominar o elogio, alguém falar bem de outro, enaltecer suas virtudes. Quem conversa muitas vezes esquece-se de falar dos seus próprios defeitos. Para ele não tem graça elogiar o outro, não fica interessante. Pode até causar certo mal-estar. Geralmente quando alguém faz um comentário elogioso, ele próprio ou alguém fala logo em seguida: "Ah, Fulano é ótimo mesmo, mas também tem esse outro lado assim, assim, assaz…" Outras ainda dizem assim: tudo que existe neste local aqui fui eu que realizei, é obra minha, mas na realidade, apenas quer se vangloriar de uma coisa que nem foi ele que fez e jamais conseguirá fazer. É, e quanto a isso, a pessoa que me solicitou que elaborasse este texto, ao ouvir falar mal de uma pessoa amiga, disse que até se sentiu mal porque ela o conhece, sabe o que ele realizou e continua realizando, além é claro, de conhecer bem o caráter dele.

Pessoas que falam mal das outras, não posso precisar o percentual, são absolutamente infelizes, afinal, alguém que tem como sua maior preocupação a vida alheia, além de não ter o que fazer deve realmente ser muito infeliz. É comum pessoas assim, serem potencialmente um vulcão de mentiras além de não pouparem ninguém. Falam mal do chefe, do companheiro de trabalho, da faxineira, do mecânico, do médico, do operário, do irmão, do amigo e algumas chegam ao cúmulo de falar mal até dos próprios pais. Confunde sem a menor cerimônia os indivíduos e suas funções, não diferenciam o homem do profissional. Na Bíblia, Salmo 34:13, encontramos este provérbio: Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem dolosamente”.

Particularmente conheço algumas pessoas que tem esse péssimo hábito, e que faz do falar mal dos outros, o seu verdadeiro emprego, ou mantença dele. Esta pessoa vive tão envolvida com a fofoca que chega mesmo a acreditar no próprio engodo. Aliás, ultimamente, pessoas já dissertam impropérios até sobre minha pessoa, algumas que já me conhecem há anos, outras, sem ao menos ter o prazer de conviver comigo ou me conhecer melhor. A pessoa que tem como hábito, esse tipo de conversa que exala veneno, atribui cinicamente todos os seus fracassos ao sucesso alheio e a sua maior realização é obter êxito ao tentar ofuscar o brilho de outras pessoas.

Como o que colhemos é exatamente o que plantamos, costumeiramente, gente assim vive muito mais que as outras, desta forma seu sofrimento também é maior e de uma intensidade sem limites. Isso a gente presencia todos os dias, como alguém que poderia dizer-se que era seu “amigo”… mas, no entanto… Todavia, infelizmente, existem pessoas que nunca mudarão, pois não conseguem calar-se, colocar um zíper na boca, e fazem do ódio, do rancor e da inveja o eterno combustível de suas vidas. É bom lembrar que todo e qualquer acontecimento, tem no mínimo duas versões e não devemos jamais, deixar passar a oportunidade de ficarmos calados quando não sabemos realmente dos fatos ocorridos. Assim, além de sermos sensatos, evitamos a injustiça e a maledicência. Em geral as pessoas falam dos inimigos publicamente, já dos amigos, só pelas costas.

Fofocar nada mais é que uma necessidade de se elevar e isso são feito à custa do rebaixamento alheio. Esse comportamento é fruto da competição e da inveja. O prazer de falar mal de alguém existe porque equilibra o mal-estar do invejoso diante da alegria, do sucesso ou da competência do outro. “Queria estar no lugar do seu colega”… O maledicente sofre de profunda inferioridade, não suporta o brilho das outras pessoas. Por não ter luz própria, só consegue brilhar roubando a luz do outro, se tornando um intrigante personificado. Esses infelizes devem ter tomado aulas com Maquiavel, tamanha a mordacidade que emprega.

Existe um ditado popular que diz assim: “falem mal, mas falem de mim”. Com relação a esta frase eu prefiro que me esqueçam, até porque quem se importaria comigo de verdade, falar para mim, não de mim. E pra ser mais sincero digo que as pessoas que vêm perambulando pelos silenciosos corredores da maledicência, que têm esse hábito, que jamais vêm de cabeça erguida e nem olha nos seus olhos, lanço o desafio de apresentar um motivo, um apenas, de proferir as inverdades ditas contra ti. Contudo, geralmente as pessoas que falam mal, ao serem indagadas do real motivo nos quais ela destila o veneno para com a pessoa, gagueja e não sabe dar a devida resposta. Então, resta-me finalizar dizendo outro texto bíblico: Senhor, livra-me dos lábios mentirosos e da língua enganadora”. (Salmo 120: 2)


Uma espera tensa, mas prazerosa.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Quando ficamos à espera de algo extremamente importante costuma trazer certa tensão. Esse algo traz à tona sentimentos que exigem da gente muita paciência e dependendo da situação até orações e pedidos ao Pai Celestial.  Quando falo em longa espera ou orações, estou falando do nascimento de meus netos gêmeos Davi e Letícia que estão a caminho, e, enquanto a família os espera ansiosos, para aquietar o meu coração o jeito foi pôr-me a escrever. Logicamente o título ou tema acima foi inevitável e não era pra menos. Essa espera é, sem dúvida, angustiante, mas de certo forma prazerosa; uma espera que requereu de mim muita apreensão, e nessa contagem regressiva o jeito foi  contabilizar o tempo, dias, horas e minutos que restam para o nascimento deles e me preparar pra o que der e vier pela frente, mas certo de que tudo correrá bem e que cada um possa se esforçar o suficiente para dar o seu melhor e no momento certo, tudo venha a ocorrer da forma que todos esperam. Sabemos serem raros esses sonhos – o nascimento de gêmeos, cujas expectativas às vezes não serão condizentes com a realidade em que vivemos.

Ao fim da angustiante ou prazerosa espera, precisamos separar o que é mesmo uma satisfação daquilo que, na verdade, já vinha fazendo parte do nosso mundo fantástico: a vinda de gêmeos, que há meses, de uma forma ou outra, estamos nos preparando para recepcioná-los e que cheguem sadios e ponto final. Nesse ponto final ou fim de uma espera onde algo pode se tornar surpreende de forma positiva, caberá somente aos pais decidirem como criá-los, continuarem acreditando no poder da oração e voltarem a sonhar, sem precisar esperar.

Está próximo o fim da ansiedade da espera, está próxima a sensação da ausência, da expectativa de ver in loco, de tocar naqueles corpinhos recém-nascidos, enfim, aqueles meses de gestação pareciam transformar numa eternidade. Corações vão se amiudar, mas quem pode segurá-los no ninho como se fossem passarinhos empenados que também vêm para contemplar o azul do céu e o longínquo infinito como um mundo novo a ser desbravado?

Distantes da mamadeira e da submissão paterna uma dia ganharão o mundo. Não importa para onde eles irão, afinal, este mundo a eles pertencerão. A força física e a irreverência da juventude lhes serão peculiares. Da beleza sou suspeito de falar, pois ela é herança de família. Quantas foram às noites que, no silêncio de um fingido sono, lado a lado, os pais passaram boa parte rolando de um lado para o outro, pensando como estão as pessoinhas acomodadas no útero com zelo e carinho? E onde a mãe foi buscar tanta força para seguir em frente com a gravidez conseguida por inseminação artificial como se, o seu caso fosse normal como as outras, mas não foi?

Até o nascimento tudo bem. Depois podem acontecer vôos curtos, pois vão e voltam do colo ao berço e vice-versa. Logo crescerão e são dois seres humanos. Vão estudar fora, longe dos olhos e aí o bicho pega. No início, a mãe poderá até tentar controlar a vida deles como se possível fosse. Mas logo ela percebe que seus rebentos querem liberdade, quer ser dono de seu próprio nariz. Quer correr o próprio risco e provar, para ela e para o mundo, que sabe se cuidar e não precisa mais da tutela de ninguém. É nessa hora que eu procuro pensar em algumas palavras apropriadas e ensinamentos aprendidos ao longo da vida. Tais como: “criamos nossos filhos para o mundo, os entregue para Deus cuidar, porque nossa parte nós já fizemos. “Filhos são como flechas: uma vez lançadas, nunca mais voltam ao ponto de partida. “Filhos, nem tê-los, nem perdê-los”. Eis a questão.

O tempo desprendido aos pais é curto. Eles, assim como eu, foram como os meus filhos, têm pressa. Sabem que quando se tornarem adolescentes a prioridade é dos amigos. É pura realidade. Os pais, principalmente a mãe, se contentam apenas com um beijo na chegada e outro na partida, quase sempre no último minuto do segundo tempo, quando já anunciada a segunda e última chamada para o embarque para seguir a estrada de sua vida. Com o coração em pedaços ela diz: Vão com Deus, meus filhos, vivam com intensidade seus momentos porque o mais importante da vida é a largura e não o comprimento, mas fiquem sempre sabendo que estarei sempre à espera.  





Os migrantes

terça-feira, 7 de julho de 2015

Quantas vezes sentimos no coração a vontade férrea de voltar no tempo, reavaliar decisões, ou mudar de atitudes? Esta vontade pode aflorar-se quando estamos diante da felicidade, tristes ou decepcionados com alguma coisa. No que diz respeito aos amores deixados por nós migrantes, isso ganha um peso bem significativo, pois quem migra mesmo saindo de uma região inóspita nunca a esquece… Este modo de pensar pode ser estranho, mas não é, pois quando num final de tarde sentei-me naquele tronco, ainda bem conservado naquela praça, veio à minha memória momentos saudosos, gratificantes e até certo ponto inesquecíveis, e aos poucos, senti-os se desgrudando da minha massa cefálica, trazendo-me lembranças que a borracha do tempo não conseguiu apagar. Ao andar pelas ruas construídas de paralelepípedos, o que parecia esquecido, ia e voltava à minha mente na velocidade da luz, e sem pedir licença, soltava flashes impregnados delas, ora de momentos de alegria, ora de momentos de tristeza, ora de amores, ora de desamores, cujas imagens iam se tornando reais a cada passo, enquanto as que não eu conseguia recordar se debatia na região recôndita do meu cérebro de forma evasiva, surreal, abstrata, contraditória, confusa, que eu não conseguia compreender. Coisas que eu não conseguia lembrar, talvez porque não me interessasse tanto ou sentia que não passavam de idéias vagas que às vezes vinham de uma coisa que achava bonita, não sabia sua forma, não passava de um mero sonho e não condizia com a realidade em que vivia. Difícil é não cair em contradição ao tentar explicá-la agora, pois antevejo que é bobeira minha fazê-lo entender este detalhe nesta pequena folha de papel.

Já vivi cenas pitorescas que pareciam transitar do passado para o presente, mas todas em direção do futuro… Nasci numa fazendinha de meu avô à beira do Rio São Domingos dos Olhos D’água, e quando um dia resolvi retornar, alguém que eu conhecia perguntou: Mas quem é você? Eu te conheço? Será que minha fisionomia tinha mudado tanto e a dele também? Eu já estava com cabelos esbranquiçados, ele não, mas era bastante calvo e o rosto carcomido pelas intempéries do tempo. Era o presente se confrontando com passado. Éramos duas pessoas tentando esmiuçá-lo, desvendar o que passou e que agora estava presente ali a olho nu; que o encontro foi possível de se realizar, pois o passado passou, e naquele instante nada importava, estávamos perto demais para que não nos lembrássemos de nossos rostos, de nomes e apelidos e dos jeitos de moleques que fomos. Os nomes não se mudam somente os rostos e jeitos mudam, porque trazem rugas de tempo e lugares distantes.

Naquele rincão tudo parecia como antes, nada mudara. Terrenos ainda férteis se espalhavam e à beira da estrada ainda se podiam fazer cumprimentos, ouvirem conversas e recebermos abraços fraternos… O tempo que se foi me levou como levaram outras crianças que migraram com as quais eu brincava nas ribanceiras do Rio São Domingos e que hoje a gente não se conhece mais. Com elas ou com todas elas, era quase impossível não compartilhar das alegrias, das brincadeiras, dos jogos e das brigas ocorridas junto àquela areia esbranquiçada que escorou ali na beira do barranco, não seguiu seu caminho e ainda estava lá escurecida por tantos anos sem as brincadeiras de crianças.

Não só eu, mas quantas pessoas migraram ou migram de uma região para outra, mas nada importa agora mesmo sabendo que muitos migraram e somente alguns por questões financeiras não conseguiram retornar ao lugar de onde saíram. Eu fui e continuo um migrante. Ao voltar a minha bela Cidade dos Pomares, como em outros lugares em que vivi, foi possível encontrar gente que ainda dizia: Pensei que nunca mais voltaria a este lugar. Outras, porém, mesmo vendo a distância física se coadunar com outras distâncias, insistem, sonham em rever, cedo ou tarde, o lugar que deixou como eu fiz e faço sempre, mesmo sabendo que coisas nefastas possam estar inundando a minha cabeça para não festejar a minha volta. Mas a volta para alguns pode até se tornar uma utopia, literalmente. Eles podem até voltar para sempre, mas, definitivamente, ninguém retorna para o lugar que deixou, porque só pedaço de antes podem ser encontrados, os quais, se juntados, formam um novo lugar, que é o mesmo, mas que já é outro, mas que ainda é o mesmo… Outras pessoas, mesmo sem saber que reproduzem o mito do eterno retorno, voltam mortas, para morrer, quase sempre, para sempre. Uma morte lenta, bem antes de o coração bater pela última vez.

A dor da morte gela o peito do migrante quando diante dos olhos do passado se olha se pensa e se diz: Nunca o vi, ou não me lembro. Sim, ali, depois de morto, é possível morrer de novo, depois de uma morte há tempo anunciada: o dia da partida.

Se retornarem para sua cidade natal é claro que as ruas serão as mesmas, as casas, talvez, podem não ser, assim como a igreja, que podem estar cercadas por um muro eletrificado, até mesmo porque a cidade cresceu, aumentou a população, os amores, ódios, criminalidades, traições e separações. Nos bancos da praça ainda podem ser ouvidas as fofocas, como também saudações calorosas desejando bom dia, boa tarde e boa noite, que às vezes contrastam com o voo do beija-flor, com os cânticos dos pássaros que fazem das flores, jardins e das árvores o seu habitat.

Quando voltei a minha bela Cidade dos Pomares e sentei naquele tronco que há tempos fora jogado naquela praça, tentei recuperar imagens de um passado distante e ali na quietude da tarde, resolvi deixar de ser um migrante e acolhê-lo, abraçá-lo, e junto com o presente, apresentá-los ao meu futuro, mesmo que a ordem nem sempre fosse tão linear na migração, pois nela se mudam as pessoas, como também mudam os tempos e os lugares: tudo migra ou tudo muda junto, provocando bifurcações em tempos e espaços, em galhos que depois não se juntam mais a não ser quando toda a árvore tomba jogando sobre a terra frutos apodrecidos, folhas secas, galhos e troncos se espalham misturando-se ao chão… Vem o homem pega o tronco, corta-o junto com os galhos, entrelaça-os nos braços e os jogam no fogão à lenha para esquentar-se do frio, e mais tarde, poder cozinhar e servir aos amigos migrantes com esmero um saboroso arroz tropeiro.



 
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