Fora de órbita.

segunda-feira, 25 de julho de 2016


Eu queria que todos estivessem aqui neste exato momento que escrevo. Eu queria que todas as pessoas amigas observassem se o tempo me rodeia ou se estou a orbitar; se algo orbita à minha volta, se estou sendo influenciado por alguém deste mundo ou por um ser desconhecido, extraterrestre. Neste instante me sinto fora de órbita, é como se eu estivesse realizando uma trajetória curva em torno de mim mesmo, sob ação de uma força estranha vindo de um espaço que não consigo definir no universo. Estou como aquele sujeito que descansa à sombra de uma árvore florida, sem pressa de sair ou qual direção a tomar. Eu queria que todos estivessem aqui neste meu recanto nostálgico, saíssem do outro lado de seus monitores e aparecessem da forma como os vejo para me ajudassem a ficar em órbita, em minha órbita.

Eu procuro sempre me manter calmo mesmo fora de órbita, porque de outra forma como descobriria onde vocês orbitam e a fórmula secreta que uso para decifrar e buscar as pistas que coloco através das palavras que lanço na telinha do meu computador. São mistérios eternos, faço delas quebra-cabeças indecifráveis, charadas insolúveis para que eu possa entendê-los e vocês a mim. Na realidade, ao escrever, não procuro ser sabichão, nem manter-me ignorante, bobo, e com as mãos leves, mas calejadas, poder alcançar o outro lado da telinha e cumprimentá-los, agradecê-los. Eu queria que fosse assim, escrever pouco, enrolar um pouco mais, mas não consigo, pois o mundo gira à minha volta roubando-me preciosos minutos e aí seria tarde demais se eu não saísse dessa minha órbita e me comunicasse com vocês.

Para dizer a verdade eu queria todos vocês em um só movimento orbital eterno de translação desenhassem contornos reais e surreais, expandindo-os até a minha órbita e não me deixassem fora dela, vigiando a minha loucura, e alimentando-a, sei lá como. Eu queria que todos estivessem ao alcance das pontas de meus dedos, mas sei que é impossível, pois estão do outro lado que nem sei onde fica. Eu queria dar uma pausa pausar, mas ainda vejo sorrisos se transbordarem, novas mensagens, curtidas, então, o jeito é continuar na minha órbita e aí pergunto a mim mesmo: será que todos fazem como eu ou como nós, escrevemos, lemos e procuramos interpretar ou entender o sentido dado ao texto por menor que seja.

Eu queria parar de escrever, dar uma pausa por um bom tempo, mas certo dia, alguém do outro lado da telinha reclamou, e não foi primeira, nem a segunda vez..., então o jeito foi continuar, mesmo que muitos não venham gostar daquilo que escrevo, ou talvez, tenham preguiça de ler. É normal, talvez o tempo deles seja escasso. Foi no início do ano que pretendi parar, pois até nós, simples escribas, cansam daquilo que escrevem, pois algumas palavras vão ficando repetitivas, mas, enfim, a paixão pela escrita me move de tal maneira que inundem o lago dos seus olhos e seus reflexos, ora bisonhos, mas cheios de nostalgias, são derramados no coração, que ao receber essa ducha cheia de mensagens amorosas, bate compassado e me acalma. O bom seria poder conhecer pessoalmente todas as pessoas amigas virtuais, para, imbuído de uma vontade férrea, incontrolável, mesmo que seja para um simples cumprimento ou confirmação do semblante, do sorriso, ou quiçá, saber pelo menos o que dizer sem tropeçar nas palavras. Hoje, eu queria desacelerar o tempo pra fazer durar a doçura, o respeito, o carinho que é ter vocês no meu rol de amigos, mesmo sendo virtuais, mas, infelizmente, não posso, pois no momento me sinto fora de órbita.


2 comentários:

  1. Impulso irresistível nas entrelinhas da vida e dos sentimentos obrigando os viventes a viver e os escritores a escrever... O que fazer?! continuar vivendo e escrevendo, ora essa!

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    1. Verdade! Pensei em dar uma pausa, mas não resisti. Senti fome de escrever

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