A segurança além das grades...

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Os atos de violência que vem acontecendo nos presídios brasileiros são mais perniciosos que as catástrofes naturais, como os furacões e terremotos, porque ao contrário das vítimas de um desastre natural, as de violências praticadas por detentos pertencentes a facções, se sentem intencionalmente escolhidas como alvos de uma crueldade de difícil controle. Esta situação que vem ocorrendo em vários presídios despedaça as crenças sobre a confiabilidade entre pessoas e desperta a insegurança intramuros, crenças que as catástrofes naturais deixam intactas, mas em presídios não. O mundo social está se tornando um lugar perigoso, onde os próprios seres humanos, se assim podemos dizer, são ameaças potenciais à sua própria segurança. Todos os dias a gente vê noticiados em jornais e televisão crueldades, matança e chacinas indescritíveis praticadas por facções criminosas que infestam os presídios, as quais ficam registradas na memória do tempo, marcando as vítimas, e quando fatais, as próprias famílias deles, como se fossem cenas de um filme de terror que nos faz encarar o medo como qualquer coisa semelhante ao próprio ataque traiçoeiro do mal que vem afligindo não só o Brasil assim como em todo o mundo.

A sociedade organizada e a polícia instalam câmeras de segurança com capacidade de desenvolver capturas faciais adequadas para o reconhecimento automatizado do indivíduo para que os delitos sejam esclarecidos num curto espaço de tempo, que são caras e onerosas. Não obstante essa assertiva de policiamento via câmeras, entende-se que outros instrumentos de apoio à investigação precisam ser empregados para permitir a captura ou descrição dos criminosos, bem como a inserção de dados biométricos dos envolvidos em agressões, mortes ou quaisquer outros delitos internos, cujo material auxiliará de forma efetiva e rápida a identificação positiva dos indivíduos em arquivos criminais de porte e com isso evitarão entrar nos presídios drogas, armas, objetos cortantes, celulares e outros. O retrato falado situa-se como um destes instrumentos, importante na elucidação de crimes porque além da televisão, temos a internet para divulgar essas fotos. Entretanto, além da confecção, que depende de razoável precisão biométrica, tem-se que abrir uma divulgação intensiva para interação com fontes de informações públicas e pesquisas que transforme o produto gráfico em identificação positiva do suspeito em arquivos fotos-criminais.

Não me lembro de nos últimos tempos ter tido um ano com tantos crimes violentos e macabros aqui no Brasil. Não só a matança nos presídios, mas vemos pais e mães que matam filhos, filhos que matam pais, amigos que matam amigos, maridos violentam suas mulheres, mulheres que esquartejam maridos, pais que estupram as próprias filhas, menores que roubam e matam porque sabem que não cumprirão penas e ainda sorriem diante das câmeras de TV. Contabilizo essas perdas aos amigos que foram assinados covardemente e que durante décadas eu cultivei suas amizades em meu coração. Restou-me, então, durante este lapso de tempo, orar por essas vítimas e momentaneamente, até sonhar que um dia uma borboleta pudesse pousar em minha mão, todavia, o que poderia ter se tornado apenas um desejo, se materializou, se tornou real, pois quando li certo dia num jornal, na coluna policial, eu tive que quedar-me inerte sobre a poltrona e dias depois, felizmente, sentir um alívio quando vi noticiar que a polícia tinha localizado o criminoso que matou o meu amigo.

 O interessante é quando vemos lençóis e vestimentas desses criminosos penduradas nas grades das celas não enxergamos nenhuma peça que pertençam aos criminosos de “colarinho branco”; não vemos vestimentas ligadas às facções, nenhuma peça daqueles que praticam o peculato de toda a espécie; não vemos presos como outro elemento qualquer; não vemos políticos que praticam a corrupção ativa e passiva, desvio de verbas públicas ou a errada aplicação de recursos, fraudes em concorrências, prevaricações, desmandos administrativos, nomeações ilegais, concussão, cerceamento à liberdade, homicídios e tantas outras mazelas. Na realidade, a maior parte destes crimes não vem à tona e os que surgem são abafados pelos próprios mecanismos estatais ou por influência política.  Destarte, o banditismo, armado com armas de grosso calibre, metralhadoras e granadas, explodem caixas de bancos, outros, às vezes, matam somente para ouvir o gemido do desafeto; elementos saem às ruas e deixa a população em polvorosa, que intimidada, ela se tranca dentro de sua própria casa, não podendo sequer sair às ruas, enquanto a polícia persegue pessoas incautas que são jogadas nas prisões ao lado dos piores marginais.

Caro leitor, tudo o que se vê é fruto de uma política criminal errada, injusta, implantada através de uma legislação esdrúxula, defasada, irresponsável e que precisa ser modificada urgentemente pelo Congresso Nacional. O juízo jurídico colocado em prática pelo legislador funciona como um juízo de valor, não se limita a comprovar a existência das causas, mas, valora-as, para fins de repressão, o que pode ocorrer, em muitos casos, em vez de extinguir ou reduzir o crime, venha estimular ou eliminar um e criar outro. Daí urge, para amenizar um pouco esta situação, além da prática da religiosidade entre os presos, também o trabalho prisional intramuros, com incentivo especial à formação de mão de obra especializada, por maiores de cursos profissionalizantes, em parcerias com escolas técnicas públicas e privadas e ainda, a construção de presídios mais humanizados com o objetivo de desafogar a lotação excedente, cujo ambiente atual deteriora mais ainda a mente humana. Em fazendo isso, acredito que trará mais socialização aos presos e segurança aos cárceres.


Nestas minhas andanças pelas periferias da região metropolitana de Goiânia sempre me preocupei com o ser humano, apesar de que, algumas vezes, sentir-me incapaz de solucionar algumas situações encontradas e, quando isso acontecia, recorria e recorro a amigos, porque é meu jeito de ser, de uma pessoa temente a Deus e que sempre carreguei e carregarei comigo o princípio básico de fazer o bem sem olhar a quem, frase que sempre norteou a minha caminhada.

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