Entre trancas, troncos e barrancos

quarta-feira, 30 de maio de 2018


É assim que a gente leva a vida. Quando conseguimos tirar a tranca que nos prende por dentro, mais adiante tropeçamos num tronco ou despencamos num barranco. Nesta crise em que estamos passando, tanto financeiramente como politicamente, sentimos revelar dentro de nós a força de inquietas almas, que querem vencer, sobrepor obstáculos, que, mesmo consciente das fraquezas e das dificuldades encontradas, conseguem conhecer o caminho da perseverança, do prosseguir, do continuar, do ir até o fim.

Seria ótimo se fosse tudo muito fácil na vida de um cristão. Durante a caminhada dele para Deus nada sai do lugar, tudo permanece tranquilo como um lago, calmo como a brisa, e como descansar numa rede frente à praia. Na verdade, às vezes, como bom cristão, eu experimento outra realidade. Sinto-me trancado dentro de mim mesmo e aos “trancos e barrancos”, eu ouso cair, mas levanto-me, pra continuar a enfrentar as batalhas do cotidiano, que sabemos sem fim, e no meu cansaço que não descansa, labuto para começar ou recomeçar tudo de novo, no desejo constante de ser fiel; caminhar sem forças, esperando sempre além de mais além do que a gente almeja, às vezes conseguimos ir mais longe do que nossos olhos possam enxergar, andar a esmo e testemunhar tudo que estiver desabando, sem aviso prévio, sem chance de voltar.

Abrindo a tranca, pulando os troncos caídos na estrada de nossa vida é um verdadeiro martírio, é como a gente viver num mar agitado por ondas funestas, diante de uma ventania de medos e de uma experiência onde não temos como apoiar o cansado corpo ou mesmo o coração desgastado pelas intempéries do tempo e o sangue que circulam em nossas veias. Nesta crise quem quer “sombra e água fresca” não deve se meter com cúmulo do absurdo. Não é verdade?

A verdade é porque Deus tem a capacidade de nos desinstalar continuamente de nossas seguranças, de fazer o mundo girarem de cabeça para baixo, de testar os limites da nossa lógica, de desfazer qualquer planejamento em fração de segundos e de recomeçar, minutos depois, todo o processo. Tudo isso porque Ele mandou seu filho Jesus Cristo para nos salvar. Então, se Ele perder o controle das nossas vidas, o mundo pode cair e desabar aconteça o que acontecer, e seja o que for, temos que prosseguir em busca de Sua Graça e que nada possa impedir que a vontade Dele se cumpra em um coração sofrido a ir até o fim.
Quanto mim, quando menos tenho forças, para receber a Graça curvo-me diante da minha pequenez, como a um grão de mostarda. Gosto de conversar baixinho com DEUS para que escute pelo menos um pedido meu não por presunção, mas por vocação, e mesmo que o mundo venha abaixo, quero, desejo e preciso prosseguir em busca do meu desiderato, nem que tenha que quebrar a tranca que prende a mim mesmo, de retirar os troncos da estrada da minha vida que me impedem de seguir em frente e alinhá-los um a um, transformando-os em uma ponte rígida para que eu possa ultrapassar todos os barrancos e limites que a vida impõe.



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