Procurando respostas para o meu silêncio

quarta-feira, 29 de agosto de 2018


“Palavras erradas costumam machucar para o resto da vida, já o silêncio certo pode ser a resposta de muitas perguntas”. (padre Fábio de Melo). Ao me lembrar desta frase preocupei-me e antes de começar a escrever. Procurei uma posição mais confortável para manusear o mouse. Acomodei-me na poltrona giratória, fiquei parado por alguns minutos, fechei os olhos e concentrei-me amparado pelo silêncio que orbitava à minha volta. Com a mente alimentada por algo diferente notei que a minha vida também girava e eu me tornava um mero arrendamento provisório - pequenos parênteses entre dois insondáveis infinitos, mas antes que caluniassem o meu silêncio e o meu escrito, respirei o ar que penetrava pela janela e de forma arguta, olho a lua soberba rodeada de estrelas num universo sem fim; ouvia o meu próprio silêncio e procurava respostas pra ele. Lembrava de outra frase, este dita por Pascal: "O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora". Novamente senti um baque na memória e tudo que orbitava ao meu redor continuava inerte, mas, pareciam rir de mim. Voltei à escrivaninha e olhei fixamente para o monitor e notei que ainda não havia nenhuma frase lá.

Novamente, respirei fundo. Coloquei os dedos sobre o teclado e minha mão direita pousou sobre mouse e sem pestanejar manuseie-o para que o cursor me auxiliasse nas entrelinhas do meu silêncio que também pairava sobre o monitor. Silenciei-me e tudo que girava em minha órbita silenciou também porque sabia que podia ouvir a voz de Deus e ELE me fazer enxergar o universo que eu veria através da janela onde pude atingir o ápice mais alto do pensamento que um ser humano pode alcançar. Todavia, parecia sentir que faltava algo aos seres humanos naqueles momentos de lucidez. Analisei a situação atual da humanidade, assim como, de que forma todos poderiam colaborar, mesmo alguns com tenra idade. Imaginei um mundo sem corrupção, sem ira, sem ódio sem inveja e sem maldade, foi difícil, mas imaginei. Só a honra de cada cidadão cumprindo seus direitos e deveres com serenidade e sempre em busca do bem comum poderia trazer paz. Pensei realmente na paz em plenitude que pode gerar e em como alcançá-la aplicando no dia a dia certas atitudes. Acreditava e ainda acredito que não seria tão difícil e de certa forma maravilhoso se fosse possível acontecer. Qualquer um pode colaborar com um comportamento honroso e só assim sentir-se-á que a vida terá sentido de verdade. Entendo que cada um tem que cumprir a sua parte e de alguma forma, proporcionar paz, pois em fazendo isso, todos verão a felicidade que isso traz.

Quando escrevo a palavra “às vezes” é como estivesse colocando nas entrelinhas um silêncio imenso e maravilhoso, carregado de um olhar complacente e sorriso enigmático, de pensamentos imperfeitos de frases sem sentido e sem nexo. Quando digo que “às vezes” procuro a melhor resposta para o meu silêncio é porque vemos ocorrer no mundo um turbilhão de maldades, homens e mulheres mutilados em razão de guerras entre nações e facções; famílias inteiras soterradas, crianças retiradas de escombros... Aí não tem como ficar em silêncio e o grito de revolta vêm sem a gente perceber.

Por favor, não queiras que eu compartilhe com vocês quando estiver assim. Quando me silencio e não respondo ao que questionam ou me revolto em relação a uma resposta que não consigo dar é porque a minha mente está conturbada, cheia de piedade pelos que sofrem essas atrocidades, pelos orgulhosos, pelos vaidosos, pelos que não sabem olhar para cima e que só enxergam as miudezas da vida, pelos que se angustia por qualquer besteira, que na realidade, essas pessoas não sabem ser humildes. Mas, afinal, como podemos definir o silêncio dos que sofrem ou dos humildes? Quanto a esta pergunta ninguém definiu melhor e sabiamente quanto o Sr. Emmanuel, guia de Chico Xavier: "Humildade é o reconhecimento de nossa pequenez diante do Universo". Melhor definição como esta não podia ter porque ele se colocava como a um grão de areia. A humildade de que se fala não deve ser confundida com servidão ou subserviência, pois ela é filha da sabedoria e é através do silêncio do saber que obtemos a melhor resposta. Olhar a vida com humildade e aprender escutar o seu silêncio é acordar para uma realidade: quanto mais crescemos, quanto mais nos elevamos, quanto mais nos conscientizamos da nossa diminuta condição diante do Cosmo, quanto mais vivemos olhando sem rumo, ora pra frente, ora pra trás, ora para os lados ou para o chão não conseguimos perceber a misteriosa grandiosidade que se encontra sobre suas cabeças.

A melhor resposta sobre tudo isso é mantermos em silêncio e refletir, assim como, a melhor atitude que devemos tomar diante do espetáculo do mundo é manter esse silêncio e regozijar, pois tudo é um mistério para nós. A verdade é que o infinitamente grande e o infinitamente pequeno se confundem e nos assustam. Às vezes nos espantamos com o espetáculo sideral e não nos lembramos que dentro dele há também um universo imenso, formado de trilhões de células, desconhecido também de todos nós. É preciso, vez por outra, olhar as estrelas no céu, a lua e o sol cumprindo suas rotas ou o universo em si e fazer uma reflexão sobre a nossa vida e a pobre e ridícula vaidade do ser humano.


1 comentários:

  1. Excelente texto, leva-nos a uma reflexão profunda sobre a nossa pequenez diante do universo.

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