Retrato da Violência

quarta-feira, 24 de abril de 2013


Os atos de violência que vem acontecendo são mais perniciosos que as catástrofes naturais, como os furacões e terremotos, porque ao contrário das vítimas de um desastre natural as de uma violência se sentem intencionalmente escolhidas como alvos de uma maldade. Este fato despedaça as crenças sobre a confiabilidade das pessoas e a segurança do mundo entre elas, crenças que as catástrofes naturais deixam intactas. O mundo social torna-se um lugar perigoso, onde os seres humanos são ameaças potenciais à sua própria segurança. Todos os dias se veem estampados nos jornais crueldades indescritíveis praticadas pelo homem e na memória do tempo ficarão gravadas as sua vítimas, e quando fatais, as próprias famílias, como se fossem cenas de um filme de terror que nos faz encarar o medo como qualquer coisa semelhante ao próprio ataque traiçoeiro do mal que vem afligindo o mundo.

A sociedade organizada e a polícia instalam câmeras de segurança com capacidade de desenvolver capturas faciais adequadas para o reconhecimento automatizado do indivíduo e esclarecimentos do delito num curto espaço de tempo, que são raras e onerosas. Não obstante essa assertiva de policiamento, entendemos que outros instrumentos de apoio à investigação precisam ser empregados para permitir a captura ou descrição dos dados biométricos dos envolvidos em delitos criminais, auxiliando de forma efetiva e rápida a identificação positiva dos indivíduos em arquivos criminais de porte. O retrato falado situa-se como um destes instrumentos, importante na elucidação de crimes. Entretanto, além da confecção, que depende de razoável precisão biométrica, depende também de divulgação para interação com fontes de informações públicas e pesquisas que transforme o produto gráfico em identificação positiva do suspeito em arquivos fotos-criminais.

Infelizmente, dados estatísticos não mentem e mostram que o estado de Goiás tem o 15º maior índice de homicídios no país, são 30 assassinatos a cada 100 mil habitantes, número maior que a média nacional, que é de 26. No Brasil, o índice diminui, enquanto o ritmo dos homicídios em Goiás cresce ano após ano. Esses são alguns dados divulgados pelo Ministério da Justiça e da Saúde, com base no estudo descrito no Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, realizado pelo Instituto Sangari e divulgado há alguns meses. Na lista de municípios goianos mais violentos estão, entre outros, Aparecida de Goiânia, Luziânia, Anápolis, Águas Lindas, Valparaíso e Rio Verde. O documento faz uma análise da violência entre os anos 1980 e 2010. Em razão disso, a população goiana vive insegura e sofrem com o aumento das ocorrências de roubos, assassinatos de moradores de rua, de jornalista, corrupção, estupros, pedofilia, violência policial, violência contra a mulher, tráfico de drogas, de pessoas e de tantas outras mazelas. Apesar dos dados alarmantes, a segurança pública se mantém ineficaz, todavia, em razão dos últimos acontecimentos, o Governador de Goiás e o novo Secretário de Segurança Pública sentiram a necessidade de substituir o Comandante Geral da PM, e desde que este novo Comandante assumiu já podemos vislumbrar a sua preocupação com a criminalidade, onde propôs de imediato a substituição de todos os comandantes regionais e a criação de uma Tropa de Elite, consoante notícia veiculada no Diário da Manhã, edição do dia 03 de abril findo, com o objetivo de essa ação se transforme numa atuação efetiva e seja feita de forma preventiva e ostensiva em busca de soluções para diminuir os casos de violência no Estado.

Ao lembrar-me dos episódios ocorridos no ano de 2012, que será para sempre lembrado como um ano de crimes horripilantes. Não me lembro de nos últimos tempos ter tido um ano com tantos crimes violentos e macabros. Pais e mães que matam filhos, filhos que matam pais, amigos que matam amigos, maridos violentam suas mulheres, mulheres que esquartejam maridos, pais que fazem estupram as próprias filhas e até pessoas que vendiam de carne humana nas ruas. Contabilizo estas perdas aos amigos que foram assinados covardemente e que durante décadas eu cultivei suas amizades em meu coração. Restou-me orar por essas vítimas e momentaneamente, até sonhar que um dia uma borboleta ia pousar na minha mão, e o que poderia ter se tornado apenas um desejo, se materializou, se tornou real, pois quando li o jornal na coluna policial, tive que quedar-me inerte sobre a poltrona e dias depois, felizmente, sentir um alívio quando noticiava que a polícia tinha localizado o criminoso. 

Ao ler a matéria do Diário da Manhã, senti bastante esperança, mas, certo de que o tempo tinha passado sem ser notado, talvez usando as asas poderosas de uma águia quando esta está em busca de sua presa, mas a desesperança não levou a vontade que venho cultivando durante décadas para desenvolvê-la em prol de minha cidade e quiçá, para todo o estado de Goiás. Nestas minhas andanças pelas periferias sempre me preocupei com o ser humano, apesar de que, ás vezes, sentia-me incapaz para solucionar as situações encontradas e, quando isso acontecia, recorria e recorro a outros amigos, porque é meu jeito de ser, de uma pessoa temente a Deus e que sempre carrego e carregarei comigo o princípio básico de fazer o bem sem olhar a quem que sempre norteou a minha caminhada.

Artigo publicado no Diário da Manhã, edição do dia 17 de baril de 2013

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